Morreu um dos símbolos do PSTU. Na madrugada de 28 de setembro, uma embolia pulmonar levou Teresa Bastos no Rio de Janeiro. Militava desde 1982, sempre emotiva, sempre apaixonada. Teresa passional. Teresa irreverente. Teresa.
Com ela se foi uma parte da vanguarda que dirigiu as grandes greves bancárias da década de 80. Grandes assembléias, o centro do Rio fervilhando com piquetes.
Lá se foi um dos dirigentes que souberam manter o partido na cinzenta década de 90, quando tantos pararam de militar. Muitos quadros importantes do partido de hoje foram formados por ela.
Há seis anos descobriu que tinha esclerose múltipla. Estava condenada por uma doença neurológica degenerativa, que pouco a pouco lhe tirava os movimentos. Logo ela, uma agitação permanente.
Veio a parte mais triste. Cada mês com menos força e coordenação motora. Já não conseguia andar, passou a usar uma cadeira de rodas. Mas existe uma beleza escondida no fundo da tristeza. Ela seguiu fazendo o que podia pelo partido até seus últimos dias. Seguia e seguia... Teresa brigona. Teresa.
Lembro do ato de aniversário dos 15 anos do partido no Rio. Ela foi ovacionada sentada em sua cadeira de rodas. Os olhinhos brilhavam.
Nesse mundo capitalista, valores como a dignidade e a moral viraram raridade. A força demonstrada por Teresa para enfrentar a doença veio mostrar a todos que a dignidade é possível. A solidariedade incansável de Zeca, seu companheiro, lembrou como a moral proletária é necessária.
O Rio teve uma manhã cinzenta, em plena primavera. Parecia um sinal de respeito com o funeral. Ao redor do caixão, velhos militantes sem vergonha por ter lágrimas nos olhos. Outros que já não militam ou que militam em outros partidos. Gente nova que a conheceu já na doença. Teresa os juntou pela última vez.
Fala Elisia, antiga companheira. Lembra de sua última reunião há menos de uma semana. Teresa estava preocupada com a greve geral na França. Cyro mostra o presente que comprou em uma viagem para ela. Faz questão de entregar, mesmo com atraso. É uma caixinha de música, dessas que se gira uma manivela e toca a Internacional. Zeca fala em nome de todos nós. Mais que um companheiro. Um gigante, frágil pela perda.
Os funerais têm seus símbolos. Os religiosos têm suas orações. Os militantes têm punhos para o alto, a bandeira do PSTU estendida sobre o caixão. A homenagem dos que seguem na luta que foi a vida da que se foi.
Um partido não é somente seu programa, sua política, seus estatutos. O partido é feito também de suas tradições. Teresa morreu. Agora, sua dignidade e seu exemplo moral são partes das tradições do partido que ajudou a construir.
FONTE : PSTU