28/06/2009

Saudação ao Lançamento das Teses do XIV Congresso do PCB

Por: Mário Maestri, 60, historiador, comunista sem partido [marxista-revolucionário].

Agradeço aos camaradas Rodrigo Fonseca e Ivan Pinheiro pelo convite, em nome do PCB, para dizer algumas palavras no lançamento, em Porto Alegre, das Teses do XIV Congresso do Partido Comunista Brasileiro. Convite que constituiu uma honra e privilégio, sobretudo devido ao caráter que avalio como histórico, não apenas no que refere ao Brasil, do núcleo da elaboração oferecida à discussão, materializado nas teses sobre a “Estratégia e a Tática da Revolução Socialista no Brasil”.

A humanidade vive momentos dramáticos. Em fins dos anos 1980, a vitória da contra-revolução neoliberal confiscou duramente conquistas sociais históricas dos trabalhadores, restaurando a ordem capitalista nos Estados onde a burguesia fora expropriada. As sequelas objetivas e subjetivas para o mundo do trabalho foram imensas. O avanço e ditadura do capital, em sua fase senil, já materializam a dramática alerta de Rosa Luxemburgo, no início do século 20, de que a derrota do socialismo abrirá inexoravelmente o caminho ao reino da barbárie.


Impõe-se, portanto, a imprescindível superação das contradições capitalistas e reorganização da sociedade a partir dos valores do mundo do trabalho, ou seja, a racionalidade, solidariedade, fraternidade, trabalho não alienado, etc. Para tal, torna-se indispensável a difícil e complexa construção das condições subjetivas e objetivas que apóiem o moderno operariado, na sua tarefa histórica de acaudilhar os trabalhadores da cidade e dos campos e as classes intermediárias como um todo, na luta pela superação da organização social capitalista.


Entre os instrumentos fundamentais para a facilitação daquele processo, destacam-se sobremaneira, por um lado, uma reflexão radical que desvele as essências e contradições profundas das formações sociais em questão, por outro, os organismos que transformem essa ciência proletária em consciência, organização e movimento. Ou seja, em palavras breves, é urgente a construção de programa e de partidos revolucionários, instrumentos imprescindíveis para a boa solução do confronto histórico entre o passado e o futuro.


As teses “A estratégia e a tática da revolução socialista no Brasil” apresentadas pelo comitê central do PCB à discussão de seus militantes e dos revolucionários do nosso país, constituem valioso documento. [http://www.pcb.org.br/] Por um lado, comportam refinada análise sintética e concreta das contradições históricas e de classe da formação social brasileira, com destaque para o presente, e, por outro, substancial proposta de intervenção revolucionária. A seguir, me referirei a esse documento, em forma sumária e, portanto, necessariamente seletiva e redutora.


As teses abrem-se com rica crítica e autocrítica das visões etapistas – frente-populistas – da revolução que propuseram no passado, devido aos chamados resquícios escravistas ou semi-feudais da antiga formação social brasileira, a precedência de revolução democrática e anti-imperialista, em aliança e sob a direção da burguesia dita democrática e industrialista, para apenas, concluída está última, avançar programa socialista sobre a direção proletária. Estratégia internacional que não pode certamente ser imputada a um mero erro de avaliação política, responsável por tão graves derrotas, no Brasil e no mundo.


Nas Teses, a superação substancial dessa proposta dá-se através de refinada retomada da visão marxiana de “revolução permanente”, que assinala a imprescindível realização da revolução socialista e proletária, para o cumprimento das próprias tarefas democráticas. O documento destaca pertinentemente que, mesmo no passado europeu distante, quando da “aliança” dos trabalhadores “com a burguesia” então revolucionária, “contra os setores feudais”, Marx lembrava que “o proletariado deveria manter sua independência e autonomia” para transformar “a luta democrática em luta socialista”.


Uma proposta que se dá no contexto de sólida definição da vigência do programa socialista no Brasil. Um país onde, lembra o documento, a exploração social se deve essencialmente por excesso e não por falta de capitalismo, devido à hegemonia plena do capital monopolista, nacional e internacional, em forte integração. Uma revolução socialista que deverá ser necessariamente realizada, para seguir seu curso normal, através da constituição de “bloco histórico” dirigido pelo moderno proletariado que reuna os trabalhadores rurais e urbanos, os setores médios proletarizados e as massas subproletárias.


Em oposição à habitual construção de programas socialistas para serem agitados nos momentos cerimoniais, as Teses lembram a necessidade de que a estratégia condicione e determine sempre e a cada momento a tática, rompendo com a subordinação do geral às exigências oportunistas do particular. Exigem, igualmente, na mais estrita retomada da visão revolucionária e marxiana, a necessária refundação radical do Estado, através da expropriação dos grandes meios de produção, postos a serviço da coletividade, sob o controle democrático dos trabalhadores.


Nesse processo, é lembrada a necessidade dos oprimidos de se preparem à inevitável oposição violenta dos opressores à sua emancipação, negando as propostas de coexistência pacífica, de superação democrática do capitalismo. Políticas que causaram repetidas hecatombes entre as populações trabalhadoras, ao desarmá-las diante da fúria armada dos opressores, exercida sempre nos momentos de crise social profunda, como nos casos exemplares do Brasil e do Chile.


Nesse relativo, apenas agregaria que a centralidade política operária exigida pelas Teses determina igualmente como absolutamente estranhas à tradição comunista revolucionária as aventuras putschista e vanguardistas, urbanas e rurais, iguais às de 1935 e 1969-75, realizadas por vanguardas, por mais bem intencionadas que sejam, à margem da decisão e da ação das massas trabalhadoras da cidade e do campo. Ação, esta sim, que pode assumir as mais variadas formas táticas.


Igualmente em resgate da mais lídima tradição marxiana e leninista, as Teses negam as visões e idealizações burocráticas do Estado, essencialmente anti-socialistas. Nesse sentido, registram explicitamente a necessidade de, na procura da construção de nova organização estatal, operária, popular e democrática, que se aponte sempre à necessidade da superação-destruição do Estado, lutando-se para a concretização das condições nacional e internacional para tal processo.


As Teses não constituem mera agitação de princípios gerais, por mais corretos que sejam. Pretende e destaca-se como aplicação criativa do marxismo revolucionário à formação social brasileira, para orientação da luta pela sua emancipação. Nesse sentido, definem sinteticamente a formação do Estado burguês, no contexto da Revolução de 1930, e sua consolidação, através do primeiro interregno democrático, na Ditadura de 1964-85 e, sobretudo, quando do retorno à ordem constitucional, consubstanciada na Constituição de 1988. Período no qual a ditadura de classe [democrática] se consolidou e se consolida através de legitimação das suas instituições entre os explorados.


Na discussão da atual conjuntura, as Teses apresentam precisa crítica do processo de inexorável degeneração do já limitado programa democrático popular do Partido dos Trabalhadores. Processo que levou a essa organização a constituir-se, finalmente, como instrumento particular da execução da ditadura do grande capital monopolista, nacional e internacional, sem diferenciação de essência com os partidos burgueses tradicionais na oposição.


As Teses realizam igualmente precisa e implacável análise da cooptação dos largos segmentos partidários, sindicais, administrativos, etc., de origem popular, pelo capital, e suas consequentes atuações em favor deste último. Esses setores são assinalados como parte integrante dos aparatos de manutenção da ditadura democrática do capital sobre a população brasileira e definidos como inimigos dos trabalhadores.


Agregaríamos apenas a necessidade de ajuntar, a essa sensível e precisa caracterização, a enorme influência subjetiva e objetiva da vitória da contra-revolução mundial neoliberal de fins dos anos 1980, no processo de degeneração de partidos, programas, sindicatos, lideranças, intelectuais, etc., no passado, integrantes, mais ou menos efetivos e coerentes, do campo do trabalho.


Sobretudo, as Teses delimitam a ação dos trabalhadores à política do Bloco Proletário. Bloco porém que supere, na sua atuação, as limitações da luta e do programa estratégico através da construção, junto a todos as “forças anticapitalistas” do Brasil, de “programa de transição”, que apresente reivindicações democráticas e econômicas urgentes. Reivindicações que, na sua própria enunciação/materialização, fragilizem o capital, fortaleçam o bloco dos trabalhadores e aprofundem as lutas pelo socialismo. A proposta da construção de poder proletário em oposição ao burguês [“duplo poder”], na luta pelo socialismo, constitui instrumento permanente de análise das Teses.


A urgência das necessidades da luta anti-capitalista, da qual dependem, em um sentido geral e histórico, a própria sobrevivência da humanidade, exige, como assinalado, programa e partido revolucionários para os trabalhadores. A vitória do capital foi e tem sido facilitada pela dramática fratura ocorrida, sobretudo em fins dos anos 1920, no movimento e no programa comunista internacional, através de todo o mundo e no Brasil.


Ao apresentarem à discussão as Teses, os camaradas da direção do Partido Comunista Brasileiro avançaram as condições essenciais para a soldadura dessa ruptura subjetiva e objetiva ocorrida no movimento comunista internacional, como apenas assinalado. O documento “A estratégia e a tática da Revolução Socialista no Brasil” constitui proposta de sentido histórico não apenas para a luta de classes no Brasil. Portanto, impõe-se a complexa e não certa compreensão plena e geral do sentido profundo do proposto. Assim como a também difícil mais ampla materialização possível das perspectivas abertas. A história do movimento comunista internacional como um todo é também rica de oportunidades perdidas, pagas duramente pelas classes trabalhadoras e populares.

Vivemos momento histórico em que se abrem possibilidades para a discussão da reunificação dos comunistas revolucionários, em torno da luta intransigente dos princípios do internacionalismo e da emancipação socialista dos trabalhadores e trabalhadoras. Portanto, gostaria de finalizar relembrando jovens militantes comunistas como Mário Pedrosa, Lívio Xavier, Fúlvio Abramo e Bejamin Péret, que, em fins dos anos 1920 e inícios de 1930, organizaram-se no Brasil na pequenina Liga Comunista Internacionalista, em defesa do mesmo programa e dos princípios gerais agora propostos, nas Teses, com singular radicalismo, concretude, precisão e, por que não registrar, elegância textual. Tenho certeza de que, desde o paraíso da lembrança inesquecível para onde vão todos os lutadores socialistas consequentes, nos gritam, contentes, avante, camaradas, os proletários e oprimidos nada temos a perder, a não ser seus grilhões!

Porto Alegre, quarta-feira, 10 de junho de 2009

FONTE: PALAVRAS ACESAS

A LUTA A PARTIR DOS LOCAIS DE TRABALHO, MORADIA, ESTUDO

PARAR A PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO PARA MANTER E AMPLIAR DIREITOS.

De 10 a 14 de agosto a Intersindical estará em diversos estados na Jornada Nacional de Luta .

Os porta-vozes do governo dentro do movimento sindical como a CUT, Força Sindical , CTB entre outros comemoram a retomada da produção registrada no último período como se isso tivesse alguma consequência positiva real para a classe trabalhadora.

Mesmo com a pequena retomada na produção e a diminuição do desemprego, as demissões não pararam e a rotatividade aumenta. Isso quer dizer que os patrões fizeram as demissões em massa no final de 2008 e primeiro trimestre de 2009 e em alguns setores retomam as contratações, só que agora com salários menores.

Exatamente a estratégia patronal que se confirmou. Demitir, diminuir salários, continuar a demitir e depois numa próxima rodada contratar por salários inferiores. A maior parte das centrais sindicais se tornaram mediadoras dos interesses do Capital e dessa maneira impuseram nessa crise mais uma derrota a setores importantes da nossa classe, como os acordos que passaram pela redução salarial, banco de horas, suspensão dos contratos de trabalho (lay-off) .

A partir dessa frágil retomada, o Capital vai exigir muito mais de quem ainda não perdeu seu emprego. Os índices oficiais do próprio governo e dos setores patronais mostram que a intensificação no ritmo de trabalho aumentou, ou seja, os trabalhadores agora trabalham por três, as empresas impõem horas-extras e as condições de trabalho pioram.

Mais uma vez parte do movimento sindical e popular tenta ocultar a realidade da classe trabalhadora, tendo como objetivo ajudar o capital a retomar seus lucros.

Em março os atos promovidos pelas centrais sindicais exigiam a mudança da política econômica e a diminuição da taxa de juros, o resultado desse silencio em relação ao que o Capital está operando no processo de produção, foi a medida do governo Lula que garante a isenção do IPI para os carros e os produtos da linha branca.

DIMINUIR A TAXA DE JUROS PARA ESCONDER A TAXA DE LUCRO DO CAPITAL VINDA DA EXPLORAÇÃO ?

Os lucros extraordinários que obtiveram as grandes multinacionais antes de sua crise, continuam tendo sua base real no processo de exploração da força de trabalho da classe trabalhadora. A crise de agora é um bom exemplo, pois demonstra o processo cíclico e periódico pelo qual o Capital percorre. Para ganhar a concorrência as empresas investem cada vez mais investimentos na parte constante de seu capital (equipamentos cada vez mais modernos e novas tecnologias) e menos em sua parte variável e produtora de valor (a força de trabalho).

Mas a grande maioria das centrais sindicais não se arrisca em discutir que mesmo com a queda da taxa de lucro, as mercadorias produzidas estão carregadas de valor e portanto, de lucro a partir do trabalho da classe trabalhadora. Enquanto isso se movimentam em defesa do governo através de atos contra a CPI da Petrobrás, uma ação oportunista da direita que privatizou tudo quanto pode mas não discutem que o governo Lula tem implementado uma política privatista a seu modo.

Através da Parcerias Publica Privada , sem contar que a própria Petrobras já está em boa medida nas mãos do capital privado através de ações na Bolsa de Valores seja no Brasil e fora daqui como nos EUA e cumpre muitas vezes um papel imperialista em países da América Latina como a Bolívia.

POR ISSO A INTERSINDICAL ESTARÁ NA SEMANA DE 10 A 14 ORGANIZANDO PARALISAÇÕES NA PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS

Para além do Banco Central, mais do que marchas é preciso retomar a luta a partir do local onde o Capital ataca nossa classe.

Por isso entre 10 e 14 de agosto metalúrgicos, sapateiros, operários na construção civil, servidores públicos, bancários, entre tantas outras categorias que se organizam na Intersindical estarão em mobilização em defesa do emprego, dos salários e direitos.

Nos diversos estados onde estamos organizados a preparação da jornada de agosto já começou. A nossa 2◦ publicação a revista “ Crise, a Classe no olho do furacão” tem sido um importante instrumento de formação e organização da jornada.

Juntos com os setores do movimento sindical e popular que não renderam a política de parceria com os patrões e governo estamos organizando nos estados e regiões onde estamos presentes a semana da jornada nacional de lutas.

Não nos pautaremos pelas divergências que não impedem a unidade para essa mobilização, como também não nos submeteremos a atos que têm o objetivo de ocultar da classe trabalhadora a verdadeira luta que temos que travar nesse período.

POR NENHUM DIREITO A MENOS
PARA AVANÇAR NAS CONQUISTAS
ACUMULAR FORÇAS NA JORNADA DE LUTA
RUMO A GREVE GERAL
AQUI ESTÁ A INTERSINDICAL.

26/06/2009

Simonal: quando a arte e alienação colidem

“Ninguém sabe o duro que dou”

Em primeiro lugar, é preciso dizer que “Simonal: ninguém sabe o duro que dei”, documentário dirigido por Cláudio Manoel, do grupo Casseta & Planeta, Micael Langer e Calvito Leal, é imperdível. Não só por suas qualidades artísticas, mas também pelo seu tema.

Quem ver o filme poderá entender por que Wilson Simonal (1938 – 2000), negro e filho de uma empregada doméstica, transformou-se, sem dúvida alguma, em um dos mais importantes cantores de nosso país. Aliás, mais do que um intérprete e compositor, Simonal foi um “showman”, capaz, como poucos, de cativar e empolgar o público com seu repertório ousado, onde samba, rock, música pop e influências diversas da música negra se encontravam e se renovavam.

Uma figura marcante, capaz de levar mais de 30 mil pessoas ao delírio num histórico show realizado no Maracanazinho, ou de manter espectadores grudados na tela, nas suas muitas aparições na televisão, durante os anos 1960. Um personagem tão influente que, diga-se de passagem, inspirou o nome de toda uma geração de jovens negros que nasceram naquela década.

Tudo isso está num filme primorosamente dirigido, recheado com depoimentos e imagens de época. E que, acima de tudo, não deixou de colocar o dedo numa das feridas ainda abertas dos tempos da ditadura: o envolvimento de Simonal com o famigerado Departamento de Ordem Social e Política (Dops), cuja repercussão fez com que o cantor “caísse em desgraça” no cenário musical brasileiro.

Genialidade artística e atrocidade política

Antes de entrarmos nesta história, cabe lembrar que genialidade artística, origem na pobreza e o fato de pertencer a um setor oprimido estão longe de servir como “vacina” ou atestado de isenção contra atrocidades políticas.

Apenas para citar dois exemplos mundialmente famosos, basta lembrar que o “doido” surrealista Salvador Dalí delatou o seu colega de movimento e cineasta Luis Buñuel, provocando sua demissão do Museu de Arte Moderna de Nova York, quando o último se encontrava exilado nos EUA e, depois, apoiou efusivamente a tirânica e sanguinária ditadura espanhola de Franco. Já o homossexual Marcel Proust, autor do fantástico “Em busca do tempo perdido”, nunca escondeu seu ultra-conservadorismo político.

Infelizmente, Simonal também merece local de destaque nessa infame galeria. Independentemente de “exageros” e da possível contribuição do racismo e do “preconceito de classe” (como veremos abaixo) nas dimensões que a história tomou, o fato é que o cantor foi diretamente responsável pela prisão e tortura de seu contador, Raphael Viviani, que, depois de mover uma ação trabalhista contra Simonal, foi acusado de roubo pelo cantor.

Isso em pleno ano de 1971, quando o mais canalha dos ditadores, o general Garrastazu Médici, promovia uma guerra de extermínio contra a esquerda brasileira.

O episódio está todo no filme, com um comovente depoimento de Raphael; falas de Jaguar e Ziraldo, que alimentaram a polêmica nas páginas do Pasquim e, inclusive, de gente (cuja postura política dispensa comentários) como Pelé e Chico Anysio, dentre outros. Estes tentam limpar a barra de Simonal, apontando um suposto “patrulhamento da esquerda” como responsável pelo tristíssimo fim da carreira do cantor, que nunca se recuperou do baque, tornou-se alcóolatra e morreu de cirrose num quase total esquecimento.

Talvez que seja daí que brote a maior força e beleza do filme. Ao contrário de se posicionar ao lado daqueles que, hoje, querem fazer uma revisão da história, chegando a falar numa tal “ditabranda” (irmã gêmea de perigosas bobagens como a tese de “racismo cordial” que circula pela mídia), “Simonal: ninguém sabe o duro que dei” pode ser visto como uma tentativa honesta de resgatar a importância artística do cantor e recolocá-lo na história da música brasileira, algo que fica particularmente evidente nas falas finais de seus filhos, os também músicos Max de Castro e Simoninha.

Um “alienado útil”

Apesar de também não ser enfático neste sentido, é possível ver no filme que o destino de Simonal foi traçado por ele próprio e teve origem numa outra “desgraça”: a alienação.

Na primeira cena em que o vemos, Simonal conta uma “piada” que é sintomática em relação ao quanto ele se rendeu à lógica do sistema: seu anjo da guarda teria lhe dito “ou vai ser alguém, ou vai morrer crioulo mesmo”. E sua obsessão por “ser alguém”, e não “um crioulo”, não tinha limites e lembra em tudo a trajetória dos atuais jogadores de futebol e pagodeiros.

A fortuna que ele acumulou nos primeiros anos de carreira foi gasta em carros de luxo, badalação, ostentação e loiríssimas acompanhantes.

Alienando-se de sua origem, de sua negritude e da própria situação política que o país atravessava, Simonal colocou sua genialidade e talento a serviço de quem ou daquilo que lhe pagasse mais. Algo que marcou, inclusive, parte de seu repertório e entrevistas, recheados de citações machistas, homofóbicas e, salvo raras exceções, totalmente equivocadas do ponto de vista racial.

Endinheirado, transformou sua origem pobre em arrogância; famoso e influente, preferiu a “pilatragem” à crítica; excluído socialmente, rendeu-se ao “ufanismo” da ditadura e, quando se viu ameaçado, buscou auxílio entre seus poderosos contatos.

O fato de que a ditadura tenha se aproveitado disso, principalmente através da figura do inspetor do Dops Mário Borges, que, em entrevista à imprensa, apontou Simonal como informante, não é de causar surpresa. A postura do cantor, ao não negar a história, mas pelo contrário, propagandear que “era assim com os homens”, é exemplar de sua alienação e irresponsabilidade.

Tributo e justiça histórica

Por fim, seria também irresponsável de nossa parte não lembrar que o fato de Simonal ter sido um negro que invadiu o mundo dos brancos, flertou com suas mulheres e alcançou um “status” inimaginável para o filho de uma empregada doméstica, em muito contribuiu para que ele tenha sido jogado para o limbo da história.

Isso, de forma alguma, pode ser utilizado como “justificativa” ou “desculpa” para o asqueroso papel que ele cumpriu, mas, justiça seja feita, não pode ser uma coincidência que um bando de outros artistas que tiveram relações ainda mais promíscuas com os militares tenham passado ilesos ao período democrático.

Melhor teria sido que Simonal tivesse deixado como herança apenas sua música suingada e sua genialidade como cantor. Mas a história não é feita de “se” ou “talvez”. Porém, também é feita de contradições.

E, neste sentido, Simonal foi um poço sem fundo. Algo que, no documentário, fica melancolicamente marcado em um de seus mais belos e constrangedores momentos.

Cercado de loiras bailarinas e tendo um “carrão” ao fundo, Simonal pede licença para dedicar uma canção que fez (juntamente com Ronaldo Bôscoli) para seu filho recém-nascido: “Tributo a Martin Luther King”. Uma música cuja letra, lamentavelmente, o próprio Simonal nunca assimilou:

Wilson H. Silva (AQUI)

24/06/2009

INTERSINDICAL E CONLUTAS-ELEIÇÕES NO SINSPREV-SP E A PELEGADA DO MTL.

MAIS UMA VEZ DERROTAMOS OS GOVERNISTAS E SEUS AUXILIARES:
CHAPA 1 VENCE AS ELEIÇÕES NO SINSPREV-SP
Às 05h15min da manhã de segunda-feira (dia 11) encerrou-se a apuração das eleições no Sindicato dos Trabalhadores na Saúde e Previdência do estado de São Paulo.
A chapa 1 composta pela Intersindical, Conlutas e CSOL derrotou a chapa governista da CUT e a chapa auxiliar dos pelegos nessa eleição formada pelo MTL.
O resultado é o que segue:
CHAPA 1 ( Intersindical, Conlutas): 2.911 votos
CHAPA 2( MTL): 500 votos
CHAPA 3 ( CUT): 2270 votos
Nulos: 125 votos
Brancos: 52 votos
Durante os dias das eleições mais uma vez pudemos constatar a degeneração da CUT e de seus auxiliares.
Foram calunias à atual diretoria, mentiras nos jornais de campanha, além do total desrespeito a categoria ao se mostrar como um setor que estava lutando pelas 30 horas e contra a produtividade. Quando na realidade defendem a proposta do governo.
Tentaram ganhar a eleição na mão grande e na base da mentira ( prática recorrente do MTL), mas não parou por aí, dessa vez contaram com um apoio extra vindo de um setor que na retórica diz combater a política de parceria com os patrões e o governo.
O MTL (uma corrente interna do PSOL) lançou chapa com o objetivo claro de ajudar a CUT a derrotar a chapa da atual direção. No interior do estado os mesários da Chapa 2 (MTL) foram emprestados pela CUT. Na capital o “comitê” político tanto da chapa 3 como da chapa 2 funcionava na tenda dos bancários montada em frente à sede antiga do Sinsprev. As propostas encaminhadas para comissão eleitoral tanto da CUT como do MTL eram apresentadas e defendidas conjuntamente.
Mas a categoria mais uma vez se movimentou para não entregar seu Sindicato nas mãos dos pelegos e do governo.
Agora a tarefa dessa gestão que se inicia é retomar a organização nos locais de trabalho como prioridade, garantir que as instancias de direção funcionem e ampliar a luta em defesa das 30 horas, contra a produtividade, por nenhum direito a menos rumo a novas conquistas.

INTERSINDICAL- INSTRUMENTO DE LUTA E ORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA

Fonte:http://intersindical.org.br/noticias_det.php-id=44.htm

20/06/2009

BEM UNIDOS FAÇAMOS

O resultado final, para todos os núcleos e regionais, está previsto para o dia 23 de junho.
Para aliviar a espera, se deliciem com o poema de Eugène Pottier, transformado em música por Pierre Degeyter.

O QUE NOS MOVE E NOS UNE.

14/06/2009

APOIO À CHAPA 4- NÚCLEO SÃO GONÇALO

Luis Ieski CIEP 249
Acácia C.M CASTELO BRANCO
Agenor de Matos CIEP 052
Alex Santos CIEP 050-PABLO NERUDA
Américo José Veloso CIEP 425
Antonio dos Reis C. E TRASILBO FILGUEIRAS
Ari E.M Almirante Alfredo Carlos Soares Dutra
Bárbara Alice Batista CIEP 413
Carlos Alberto de Oliveira CIEP- 050-PABLO NERUDA
Carlos Henrique da Cunha Kautscher E. M ALBERTO TORRES
Catarina K. Cardoso CIEP 408
Cláudio de Almeida CIEP 050 - PABLO NERUDA
Djalma Gonçalves Lima Filho CIEP 052
Ediel E. M ALBERTO TORRES e E.. M LUIZ GONZAGA
Edileuza S. da Silva
Edson Pimentel
Elenice Gomes Lemos CIEO 052
Gelta Xavier UFF
Gilcimar Viana Soares CIEP 408
Ivette da Silva Soares Aposentada
Joel C.E Tarcisio Bueno
José Batista Devillart CIEP 246
José Emídio Bandeira CIEP 050-PABLO NERUDA
Jose Manoel Faria CIEP 412
Jose SILVA C . E SANTOS DIAS
Karla Cristina S Pereira C.E PANDIÁ CALÓGERAS e C.E LUIZ PALMIER
Lonildo José Manhães C.E Melchiades Picanço
Luciana da Silva Ferreira C.E TRASILBO FILGUEIRAS
Márcia Jane de A. Pacheco CIEP 408
Marcos Cesar UERJ
Maria do Socorro- C.E SANTOS DIAS
Maria do Socorro Rede: Estadual e Municipal
Marília CIEP 041
Marta Urânio CIEP IPIÍBA
Paulo Roberto C.E Melchiades Picanço
Paulo Roberto da C. Kautscher C. M CASTELO BRANCO
Rosa da Cruz Portela CIEP 052
Rosane de Matos Farizel Rede: Estadual e Municipal
Rosane Mendonça Campos E. M Luiz Gonzaga
Rosangela Ornelas CIEP MORA MAGALHÃES
Senhorinha Ferreira de Souza CIEP 052
Sonia Maria da Silva C.E NILO PEÇANHA
Sônia Maia
E. M CASTELO BRANCO
Sueli da Silva Tavares CIEP 052
Vânia Cristina M. Esteves CIEP 408
Wilcimar Thomaz
UNIDADE CLASSISTA
E.M ALBERTO TORRES

12/06/2009

UNIDADE CLASSISTA APOIA A CHAPA 4


PORQUE A UNIDADE CLASSISTA APOIA A CHAPA 4


As eleições para o SEPE acontecem em meio a uma conjuntura que coloca os trabalhadores deste estado em luta contra adversários poderosos: os governos municipal e estadual ocupados por prefeito (PDT) e governador (PMDB), ambos da base aliada do presidente (PT), com missão de desmontar o sistema público de educação, privilegiando, num futuro próximo, os “barões” do ensino privado. Por outro lado, Aparecida Panisset e Sergio Cabral têm o apoio irrestrito do governo federal, Luis Inácio da Silva, o Lula, nesta tarefa de transformar a educação pública em item de mercado.

Paralelamente, os integrantes da chapa 4 tem que enfrentar sindicalistas que confundem suas posições. De um lado aqueles que misturam os destinos dos partidos políticos com os caminhos sindicais. De outro, antigos companheiros de batalhas passadas os quais, equivocadamente, pretendem transformar nosso sindicato em cabide político para projetos pessoais.

Nesse contexto, nós da Unidade Classista, apoiamos a chapa 4 por ver nesse conjunto de sindicalistas a manutenção de uma tradição de luta e resistência, a preocupação com a defesa dos interesses dos profissionais da educação, a construção de uma política que contemple uma aliança com pais e alunos do sistema público de educação, para que possamos fazer da educação, verdadeiramente, mais um instrumento de libertação do povo brasileiro.

Apoiamos a chapa 4 por compreender nesses profissionais, militantes que compreendem por fundamental a unidade dos professores, profissionais administrativos, alunos e pais para o enfrentamento a política de desmonte da educação pública, para enfrentar a forte ofensiva dos governantes do Estado e do município, que “somando forças” com o governo federal, vêem na educação mais um espaço para manobras políticas favorecendo os interesses privados em detrimento ao público.


Unidade Classista - RJ

Unindo a Classe, Construindo a Luta.

Construindo a INTERSINDICAL


Unidade Classista – Rua Teotônio Regadas N° 26, sala 402 – Lapa, Rio de Janeiro – RJ - unidadeclassistarj@gmail.com

08/06/2009

QUEM SOMOS?





QUEM SOMOS?



Somos profissionais da educação, professores e funcionários, que atuamos a muitos anos na rede estadual e municipal. Uma parte de nosso grupo pertence a atual direção, onde se tornou oposição, outros já atuaram em direções anteriores e existem aqueles que pela primeira vez se apresentam. O que nos uni é a vontade política de resgatar o nosso sindicato, especialmente em nosso núcleo municipal, que podemos afirmar já foi um dos maiores formuladores do nosso sindicato. O que nos une é o desejo de trazer de volta a sua militância, a sua participação e encerrar o continuísmo de um grupo, hoje majoritário na CHAPA 1, que ao longo dos últimos anos implementou uma lógica equivocada à luta da categoria levando-a ao isolamento e ao afastamento de muitos companheiros da militância em nosso sindicato. O que nos une, colegas, é o compromisso político de impedir que um grupo governista, hoje majoritariamente na CHAPA 2, assuma o nosso sindicato para imobilizá-lo diante das políticas privatistas dos governos de Lula, Cabral e Aparecida. Finalmente, somos educadores dispostos a enfrentar, com vocês, uma boa batalha e, sobretudo, com a sensibilidade de ouvi-los.


ACESSE:




07/06/2009

VISÕES DIFERENTES, UM BOM MOMENTO PARA EXPLICITÁ-LAS

VISÕES DIFERENTES, UM BOM MOMENTO PARA EXPLICITÁ-LAS


Nossas diferenças com o grupo majoritário da direção do núcleo do SEPE-SG, hoje CHAPA 1 são políticas. Pretendemos construir uma direção que priorize o debate político e respeite todas as correntes de pensamento, o que hoje não existe. Vamos lutar por uma direção que resgate antigos ativistas e que forme novas lideranças, você já deve ter percebido a ausência de antigos companheiros nas lutas da categoria. O SEPE não têm dono foi e sempre será uma construção coletiva. Queremos construir uma direção que una a categoria rumo a unidade não só com o funcionalismo municipal e estadual como MUSP (movimento unificado do servidor público), mas também de toda classe trabalhadora. Aliás, reafirmamos ser o MUSP uma importante organização, mas que depende para seu crescimento do fortalecimento das entidades que o formam, como por exemplo, o SEPE que hoje precisa ser fortalecido. Resgatar a nossa militância, resgatar princípios deve ser a nossa primeira tarefa. Queremos uma direção que respeite as lideranças de funcionários, pois o SEPE reúne todos os profissionais de educação. Vinte anos de unificação, somos todos educadores. Acreditamos em uma direção que respeite os princípios éticos do movimento da classe trabalhadora, onde o debate político se sobreponha as denúncias vazias e ao assédio moral aos companheiros e companheiras. Não acreditamos na justiça burguesa dos patrões, acreditamos na justiça dos fóruns da classe trabalhadora.

06/06/2009

O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (PDE).

Aos profissionais da educação que lutam diariamente na defesa de uma escola pública com qualidade social, democrática e popular.

À professora Gilcilene que, em um trabalho de verdadeira militante, escreveu e organizou esta cartilha materializando o convênio do projeto de extensão e de pesquisa com o SEPE/RJ.






Boa leitura e vamos à luta!

Direção Colegiada do SEPE-RJ


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