Seja tu a minha guia.
Que as fagulhas do teu fogo
Ilumine a poesia
Pois em versos vou contar
A história de um dia.
Peço a tua proteção
Deusa da fraternidade
Para desfazer mentiras,
Esclarecer a verdade
Sobre o primeiro de maio
E a luta por igualdade.
Introduza em minha mente
A certeza da vitória
Que os lutadores antigos
Construíram na memória
Para que eu possa narrar
A verdadeira historia.
Modelando cada verso
Passo a história adiante.
Foi no primeiro de maio
Que classe deu passo avante,
Mostrando que era possível
Construir novo horizonte.
A classe trabalhadora
Em escala mundial
Reverencia seus mártires
Nesta data especial:
Primeiro do mês de maio
Seu dia internacional.
Esta data teve origem
Numa greve industriaria.
Na cidade de Chicago
Fez-se uma greve unitária.
Pra reduzir a jornada
Lutou a classe operária.
Falavam assim lideranças
Daquela ação sindical:
- Estamos todos unidos
Nesta luta social.
Precisamos nos livrar
Do julgo do capital.
- A redução da jornada
É tarefa muito urgente.
Vamos unidos lutar
Por uma vida decente.
O trabalho é pra viver
E não pra ficar doente.
Naquele tempo a jornada
De um dia de labor,
(assim se diz do trabalho
De quem produz o valor),
Era de dezesseis horas
Sugando o trabalhador.
Nas oficinas, nas fábricas
E nas minas de carvão
Dezoito horas de trabalho
Dava mais lucro ao patrão.
Morria novo o operário
Devido à exploração.
Por um minguado salário
Em rituais desumanos
Empregavam-se crianças
Para trabalhos insanos
Fazendo com que morressem
Na linda flor dos seus anos.
Quem chegava à fase adulta
E trinta anos atingia,
Apesar da pouca idade
Ao capital não servia,
Devido à precariedade
Do trabalho que fazia.
Vitimados por doenças
Oriundas do trabalho
Ficavam sem o sustento
Vivendo de quebra-galho
Aumentando a mendicância
Deste vil sistema falho.
Não mais suportando o peso
Da repressão patronal
Lá na América do Norte
Aquela ação sindical
Construiu a grande greve
De feição nacional.
Os operários faziam
Grandes mobilizações.
Debatiam uns com os outros
As reinvindificações.
A luta por oito horas
Já ganhava multidões.
Oito horas de trabalho
Oito horas de lazer
Oito horas para dormir
Para as forças refazer.
Dividindo assim o dia
A vida terá prazer.
Oitenta e seis era o ano (1886)
O século era o dezenove,
A classe mobilizada
Em assembléias resolve
Por as oitos horas lutar,
Grande protesto promove.
Foi no primeiro de maio
Grande greve deflagrada
E Chicago amanheceu
Com a produção parada.
A classe trabalhadora
Estava mobilizada.
Houve grande passeata
Pelas ruas da cidade.
A força policial
Com muita brutalidade
Reprimiu o movimento
Com irracionalidade.
Mais de cem trabalhadores
Ali foram trucidados.
Líderes do movimento
Depois foram enforcados.
Eles são os nossos mártires
E são reverenciados.
Mas é preciso voltar
No tempo para entender
Que já na antiguidade
A história nos faz ver
Que já tinha quem quisesse
Maior tempo de lazer.
Todas as sociedades
Do presente e do passado
Que meios de produção
É de caratê privado
Existe alguém que explora
E alguém que é explorado.
Na antiguidade clássica
O regime era escravista.
Tudo era propriedade
Do senhor escravagista.
Até a filosofia
Tinha esse ponto de vista.
Falando de ferramentas
Platão disse que são três:
- As mudas, como o martelo
E as que mugem como a rês
E há também os escravos
Que falam como vocês.
Portanto o escravo era
Instrumento de trabalho.
Apanhava e era morto
Ao cometer ato falho.
Trabalhava a exaustão
Até ficar um frangalho.
Chegando à Idade Média
Temos servos e senhores.
Servos trabalham a terra
Mas não são possuidores,
Da riqueza produzida
Só ficam com os dissabores.
Tinham por obrigação
Trabalhar para o senhor.
Duravam dezesseis horas
O seu turno de labor.
Descanso só aos domingos
Pra restaurar o vigor.
Nesse período, o trabalho
Como era nas plantações,
A jornada extrapolava
Todas as limitações.
Os servos aravam os campos
De acordo com as estações.
Teve um Rei na Inglaterra
Nos idos de novecentos,
Que falou em dividir
O dia em três momentos:
Tempo para a caridade,
Trabalho e divertimentos.
Porem este Rei Alfredo
Era muito exclusivista.
Sua jornada de oito horas
Tinha caráter egoísta.
Não valia para os súditos
Do sistema monarquista.
Até chegar ao início
Da etapa capitalista
Camponeses e artesãos
Na luta antifeudalista
Fizeram grandes revoltas
Já de caráter classista.
Durante a longa passagem
Destes tenebrosos anos,
Do final do feudalismo,
(período dos desenganos),
Prosperaram grandes lutas
Feitas por italianos.
Corria o século quatorze (1378)
Na cidade de Florença,
Operários tecelões
Por total perdendo a crença,
Contra a classe dominante
Proferiram uma sentença.
“Poder aos trabalhadores!”
Assim a sentença afirma.
Michele di lando, o líder
A frase assim reafirma,
Comandado a revolta
A vitória se confirma.
Melhor condição de vida
Eles reivindicavam.
A redução da jornada
De trabalho almejavam.
Tremulando estas bandeiras
Passo a passo avançavam.
No decorrer de dois meses
Assumiram o poder.
Porem a oligarquia
Procurou se refazer
Sufocando o movimento
Até a luta vencer.
Numa coincidência histórica
Aprendizes de artesãos
Dia primeiro de maio
Fazem paralisação.
Foi no século dezesseis
Trinta e um o ano então. (1531)
Ainda no mesmo século
No ano de setenta e nove
O Imperador espanhol
Jornada antiga dissolve
Estabelecendo oito horas
Lei importante promove.
Este monarca espanhol,
(o Rei Felipe Segundo),
Foi quem primeiro criou
Com ato firme e fecundo
Lei regulamentadora
Para o trabalho no mundo.
Favorecia aos mineiros
O Decreto promulgado.
Em oito horas de trabalho
O dia foi limitado.
E a classe comemorou
O direito conquistado.
E quatorze anos mais tarde
Este mesmo governante
Defendendo que o trabalho
Não deve ser estafante
Assina mais um decreto
Com um teor semelhante.
Assim dizia o decreto
Nas suas resoluções:
“Trabalhadores de fábricas
E das fortificações
Só trabalharão oitos horas
Nas suas obrigações.
Porem tal legislação
Era um paliativo.
O Decreto Imperial
Não se aplicava ao cativo.
No tratamento ao escravo
Era discriminativo.
Mas a lei foi importante
Como um marco na história
Porque quem era explorado
Acreditou na vitória
E lutou pra conseguir
Novo momento de glória.
Imitando Thomas Morus
Recriando a utopia
Nessa luta por oito horas
Nosso sonho se recria.
Pois é na literatura
Que a idéia se irradia.
O diplomata francês
Denis Viera publicou (1677)
Um livro sobre este tema
Que ao leitor muito agradou.
Às oito horas de trabalho
O seu livro divulgou.
Frei Tommaso Campanella
Foi ainda mais ao fundo.
Em um livro de ficção
Propagandeou ao mundo
Um sistema de trabalho
Que seria mais fecundo.
Escreveu um lindo conto
Em que prega a igualdade.
Os humanos nesta história
Tem mais racionalidade.
Só trabalham quatro horas
Para ter felicidade.
Chama “A cidade do sol”
Onde habitam os solares.
Nesta cidade fraterna
As pessoas nos seus lares
Vivem com tranqüilidade
Cultivando seus pomares.
O livro de Campanella
Mesmo sendo ficção
Projetava um novo mundo
Livre da exploração.
Por isso foi perseguido
E jogado na prisão.
Também outro pensador
Usando a filosofia
Na sua obra “Do homem”
Cria nova teoria:
- O rico dando ao mais pobre
O mundo melhoraria.
Na era do iluminismo
Esta idéia tinha vez.
Heveltius! Este era o nome
Do filosofo francês
Que pregava a união
Do operário com o burguês.
Disse o filosofo: - Têm
Duas classes sociais.
Uma é pobre e outra é rica
Por isso são desiguais.
Uma vive na abundancia
E a outra sofre demais.
- Somente o trabalho intenso
Tira as privações do pobre.
O rico, pelo contrário
Vive nadando no cobre.
Mas o ócio lhe dar tédio
Ofuscando seu ar nobre.
Afirma ainda Heveltius
Sobre esta realidade:
- Tira-se um pouco do rico
Pra quem tem necessidade
E diminui a jornada
De trabalho na cidade.
O filosofo francês
Apesar de equivocado
Foi um precursor teórico
Ao defender no passado
Reduzir a jornada do
Trabalho assalariado.
A produção neste tempo
Era de outra estrutura.
O trabalho era explorado
Dentro da manufatura.
Já tinha a classe operária
Mas era ainda imatura.
Primeira revolução
Chamada de industrial
Fez desenvolver a técnica,
Promoveu o capital
Surge o proletariado
Como classe social.
Sobre isto afirmou Marx
Em estudo pioneiro:
- Desenvolve o capital
E domina o mundo inteiro
Mas ao se desenvolver
Ele cria o seu coveiro.
Sofrem os trabalhadores
As terríveis condições
Lá no inferno das fábricas
Passam grandes privações
Exercem longas jornadas
Sofrendo perseguições.
Com baixíssimos salários,
Nenhuma estabilidade
Tinha força de trabalho
Com abundancia na cidade.
Patrão, polícia e governo
Tinham a mesma austeridade.
Assim dizia um cartaz
Que o patrão mandou pregar:
“Quem abrir uma janela
Ou na fábrica se lavar,
Ou mesmo acender a luz
Uma multa vai pagar”.
Tinha o tráfico de crianças
Feito pelo capital.
Eram jogadas nas minas
Para extrair mineral.
Da forma que eram tratadas
Não se tratava animal.
Disse certa vez um médico
Analisando as crianças:
- É penoso vê-las pálidas
Inchadas sem esperanças
Pois da nossa raça humana
Guardam poucas semelhanças.
O capital na Europa
Atraiu investidores.
As empresas faturaram
Lucros avassaladores.
E a produção na indústria
Concentrou trabalhadores.
Os sofrimentos comuns
Com as ações conflitavas
Irmanou trabalhadores
(reais forças produtivas),
Transformando suas lutas
Em revoltas coletivas.
Como expressão deste quadro
Muitos intelectuais:
Saint Simon e Fourier
Robert Owen e outros mais
Teorizam e escrevem
Sobre questões sociais.
Socialistas utópicos
Eram estes pensadores.
Tinha Babeuf e Blanqui
Outros dois lutadores.
Das idéias socialistas
Eles foram precursores.
Já no ano de dezenove (1819)
Recomeçaram os reveses.
Nos idos de oitocentos
Os operários ingleses
Organizam suas lutas
Contra o poder dos burgueses.
Na cidade de Manchester
Um fato grave se deu,
Lá na Praça de São Pedro
Um massacre aconteceu.
O General Wellington
Grave crime cometeu.
“Episódio de Peterloo”
Conhecido assim ficou
Um ataque aos operários
Que o General comandou
Disparando seus canhões
Muita vida vitimou.
Protestavam os operários
Contra as péssimas condições
A que eram submetidos
Pela classe dos patrões.
Porem foram reprimidos
Pelas balas dos canhôes.
Apesar de derrotados
Devido alguns pormenores,
Deram passos importantes
Por outros dias melhores.
Foi reduzida a jornada
De trabalho dos menores.
Passaram-se alguns anos
E aconteceram outros fatos.
Criaram-se as Trade Unions
Que comandam muitos atos.
Essas associações
Hoje são os sindicatos.
Ao movimento operário
O patrão é malefício.
Operário combativo
Sofre muito sacrifício
Essa luta assim prossegue
Tendo sempre novo início.
Prisões e assassinatos
Atingem aos dirigentes.
Mesmo sobre as agressões
Dos patrões e seus agentes
O movimento organiza
As greves mais imponentes.
Estas manifestações
Foram de grande valia,
Pois reduziu a jornada
De trabalho de um dia.
Agora “só de dez horas
É que a jornada seria”.
No ano de quarenta e oito (1848)
À luz da jurisprudência
Foi aprovada uma lei
Em caráter de urgência.
Era primeiro de maio
(outra bela coincidência).
Não é só na Inglaterra
Que esta batalha acontece.
Também em solo francês
Esta luta prevalece,
Com greves e barricadas
A classe operária cresce.
Final do século dezoito (1796)
E Gracus Babeuf lança
“manifesto dos plebeus”
Que foi impresso na França,
Diz que a socialização
Produzirá à bonança.
O manifesto esclarece
Para a classe explorada:
- Nosso verdugo se chama
Propriedade privada.
Teremos felicidade
Se for coletivizada.
““ Conspiração dos comuns ““
Assim foi denominado
O levante proletário
Que em París foi defragado.
O nome de comunismo
Daí foi originado.
O capital, como sempre
Pratica carnificina,
Reprimiu o movimento
Com sua sanha assassina.
Condenou Gracus Babeuf
A morrer na guilhotina.
Também merece destaque
Outro líder operário.
Foi Felippo Buonarroti
Grande revolucionário,
Que lutou em sua vida
Por um mundo igualitário.
Como a Fênix, nas cinzas,
Que na vida se renova,
A luta dos explorados
Quando parece na cova,
Renasce com energia
E vitalidade nova.
Os operários franceses
Suas forças renovaram.
Um de maio de trinta e um (1831)
Os serradores pararam.
A cidade de Bordeaux
E as máquinas novas quebraram.
Na província de Lyon
Milhares de tecelões
Aliados de soldados
Promovem rebeliões,
Neste combate fundaram
Suas associações.
A classe se organizava
Com muito esmero e arte.
A rebeldia operária
Explodia em toda a parte.
Nesse período a França era
Desta luta um baluarte.
Nas greves, nas barricadas
Cresce mais a resistência.
A classe dos proletários
Acumula experiência
E panfletam os escritos
De combate a opulência.
Já na década de quarenta (1840)
Esta luta se agiganta.
A classe trabalhadora
Em revolta se levanta.
Uma greve de cem mil
A classe burguesa espanta.
Neste tempo a França tinha
Um regime autoritário.
A burguesia corrupta
Dilapidava o erário
E a miséria vitimava
Camponês e operário.
No ano de quarenta e oito, (1848)
Vinte e dois de fevereiro,
Na cidade de París
Acontece um entrevero,
E a revolta popular
Domina o país inteiro.
O povo parisiense
Da luta faz a união
Fortalecendo a trincheira
Da sua libertação.
A vanguarda proletária
Comanda a revolução.
O escritor Tocqueville
Fez assim um comentário:
- É fato muito terrível,
Demais extraordinário
Ver nossa rica París
Sob o domínio operário.
O rei abandona o trono
E foge pra não morrer.
Liberais e socialistas
Assumem todo o poder
E fizeram as mudanças
Que o povo queria ver.
Pena de morte abolida
E sufrágio universal;
Liberdade aos escravos
Do sistema imperial,
Foi reduzido a dez horas
A jornada laboral.
Na grande revolução
Que agitou todo o país
Os trabalhadores foram
Fundamentais em París,
Mas no campo, a burguesia
Fez do jeito que bem quis.
No campo, domina o clero
Burguês e reacionário,
De forma que botou freio
Em todo avanço operário
Fazendo retroceder o
Poder revolucionário.
Com poder constituinte
Foi eleito o parlamento
E a bancada dos burgueses
Teve grande crescimento
De forma que sufocou
O avanço do movimento.
Com o novo ministério
De tendências moderadas
As leis revolucionárias
Foram logo aniquiladas,
Desta forma a França teve
Novas leis implementadas.
Os operários retornam
Novamente aos embates.
Porem os capitalistas
Sem perder tempo em debates
Enviam seus batalhões
Para as frentes de combates.
Abrem fogo os soldados
Sobre a grande multidão.
Mas de três mil operários
Caem sem vida no chão.
Quatro mil são obrigados
A abandonar a nação.
Os operários franceses
Com esta revolução
Incendiaram a Europa
Contra toda a exploração.
Até mesmo no Brasil
Inspirou rebelião.
A revolução Praieira,
(ao leitor eu dou ciência),
Foi revolta popular
De combate e resistência
Que foi buscar lá na França
Uma grande influencia.
A luta na França foi
A primeira da história
Em que a classe proletária
Chegou perto da vitória
Este grande aprendizado
Nós guardamos na memória.
Nos embates descobriram
Que os anseios são iguais.
Assim é que teorizam
Os seus intelectuais:
- unidos enquanto classe
Podem muito e muito mais.
Aqui homenageamos
Outros grandes combatentes:
Louis Blanc e August Blanqui,
Conspiradores valentes,
Wilhem Weitling e Proudhon
Dois teóricos eloqüentes.
Mas é preciso falar
Nos versos da poesia
De dois grandes militantes
Que através da teoria
Esclareceram o mistério
De extração da mais valia.
Karl Marx e Friedrich Engels
Estudando o capital
Desvendaram de que forma
A riqueza mundial
Vai parar na mão do rico
E o pobre passa mal.
Disseram: - toda a riqueza,
(fique atento a este dado),
Resulta de um trabalho
Que já foi realizado
Pela ação da mão humana
No presente e no passado.
Disseram ainda mais:
-A partilha é desigual.
Produzimos a riqueza
E vivemos muito mal.
Enquanto passamos fome
Lucra mais o capital.
Também em quarenta e oito (1848)
De uma forma realista
Escreveram o manifesto
Do partido comunista,
O mais importante escrito
Do ideário socialista.
Setembro de meia quatro (1864)
Hotel Saint Martins Hall,
Capital da Inglaterra
Teve encontro mundial.
Foi aí que foi fundada a
Primeira internacional.
Primeira Internacional
Foi uma associação
Em que os trabalhadores
Construíram a união
E fortaleceram a luta
Da sua libertação.
Neste encontro Marx disse
Usando a sabedoria,
Que a classe trabalhadora
Por si só é que faria
A sua emancipação,
E por isto lutaria.
Um novo encontro acontece
Quatro anos mais para frente.
Delibera uma campanha
Que extrapole o continente
Com greves e passeatas
Envolvendo muita gente.
O lema desta campanha
Foi redução da jornada.
Por isso é que foi lutar
A classe assalariada.
No planeta toda a classe
Foi logo mobilizada.
Na França, na Inglaterra,
Dinamarca e Alemanha.
Também Estados Unidos
Na Itália e na Espanha.
Onde havia proletário
Fez-se uma grande campanha.
Na França os operários
Fazem sua força valer.
Dezoito do mês de março (1871)
Assumem todo o poder.
A comuna de París
Fez o mundo estremecer.
Desta vez os operários
Aprenderam a lição:
Não dividir com burguês
Do processo a direção.
Eles mesmos dirigiram
A sua revolução.
A Comuna de Paris
Foi a primeira vitória.
Para a classe operária
Foram cem dias de glória
De um governo operário
Registrado na história.
Lá naquela experiência
Tudo foi socializado.
Terra para o camponês,
Casa ao assalariado
E o controle das empresas
Para o proletariado.
A burguesia assustada
Com aquela rebelião
Ordenou que os soldados
Em guerra com outra nação
Retornassem para dar
Combate a revolução.
A nojenta burguesia
Já bastante enfurecida
Fuzila trabalhadores
Que lutavam pela vida.
Dia dezoito de maio
A comuna é destruída.
O massacre foi sangrento
Cruel e sem piedade.
Trinta mil fuzilamentos
Com instinto de maldade
Amontoaram os cadáveres
Pelas ruas da cidade.
Vamos sair da Europa
E cruzar o oceano
Para ver como é que anda
Logo depois daquele ano
A luta dos operários
Lá no solo americano
A classe trabalhadora
Lá da América do Norte
Assim como a européia
Para lutar era forte.
Enfrentava o capital
Não temendo a própria morte.
Com a exploração do trabalho
Aumentava o capital
E Chicago já era um
Grande centro industrial.
Dava os primeiros passos o
Movimento sindical.
Federação do Trabalho
Era uma organização.
Tinha a sigla AFL
E pressionava o patrão
Porem por ser moderada
Buscava a negociação.
“Cavaleiros do Trabalho”
Era a tendência anarquista.
Lutava pra derrotar
A ordem capitalista,
Autogestão operária
Era seu ponto de vista.
Os anarquistas agiam
Sob a clandestinidade.
Tinham na linha política
Muita combatividade
E os operários lhes davam
Muita credibilidade.
A AFL promoveu
Um concorrido congresso
No ano de oitenta e quatro (1884)
Que foi enorme sucesso,
Daí para frente à luta
Não teve mais retrocesso.
O seu líder Frank Foster
Expôs o seu pensamento:
- A redução da jornada
Não virá do parlamento.
Será conquista da classe
E luta do movimento.
E ainda mais ele afirma
Falando sobre a pressão:
- Não deve ser no Governo,
Mas direto no patrão
Que detém propriedade
Dos meios de produção.
E Gabriel Edmonston
Que era líder marceneiro
Propôs que em oitenta e seis
Maio, no dia primeiro
Trabalhem somente oito horas
Naquele país inteiro.
A proposta foi aceita,
Voto por aclamação.
Tinham então um ano e meio
Pra preparar a ação,
Assim, foram para as fábricas
Fazer mobilização.
“Cavaleiros do Trabalho”
E AFL, em parceria
Unificam o discurso
Que toda categoria
Enquanto classe se unindo
A vida melhoraria.
Acreditam as lideranças
Que agora chegou a vez.
Explode a onda grevista
Em abril de oitenta e seis
E o movimento acumula
Sua força neste mês.
Finalmente chegou o dia
Da luta, tão esperado.
O silencio era reinante
Estava tudo parado.
Primeiro do mês de maio
Luta o proletariado.
Estados Unidos, todo
Houve manifestação.
Porem Chicago foi centro
Da maior concentração.
Foi aí que os patrões
Reforçaram a repressão.
Primeiro do mês de maio
Foi um dia diferente.
Transporte, comercio e fábricas
Pararam completamente
E houve grande passeata,
Tudo pacificamente.
O Estado maior burguês
Que queria confusão
Ficara desiludido
Com esta pacificação
E logo foi planejar
Uma violenta agressão.
A greve assim continua
Aumentando a cada vez.
Primeira segunda-feira
De maio, é dia três.
Comício em porta de fábrica
A polícia mata seis.
A raiva e a dor se avolumam
Nos corações operários.
Choram pelos que tombaram
E ficam mais solidários
Transformando em protestos
Os seus ritos funerários.
No final do dia quatro
Logo assim que anoiteceu
Uma enorme passeata
Pelas ruas irrompeu.
Como queriam os patrões
O pior aconteceu.
Uma bomba explodiu
Matando policiais.
Foi uma provocação
De setores patronais.
Que para a classe operária
Produziu danos fatais.
Aconteceu nesta noite
A brutal carnificina
Mais cem trabalhadores
Tiveram a triste sina
De morrerem ela balas
Da burguesia assassina.
Afora estes que morreram
E centenas de feridos
Muitos outros foram presos
E tantos outros perseguidos.
Os jornais e a justiça
Os chamavam de bandidos.
Sete líderes sindicais
De grande força e expressão,
Cassados pela polícia
Sofreram perseguição.
Logo, logo foram presos
E jogados na prisão.
August Spies mais Sam Fielden
Presos sao rapidamente.
Oscar Neeb e Adolf Fischer
Alguns dias mais na frente
Também são capturados
Sofrendo barbaramente.
A polícia americana
A mando do capital
Também prende Michel Schwab,
Outro líder sindical,
Captura Louis Lingg
E Georg Engel por final.
Albert Parsons era o oitavo
Perseguido combatente.
Era um autentico líder,
Da AFL dirigente.
De orientação socialista
Era um ativista valente.
Desde o massacre na praça,
(O sangrento acontecido),
A polícia o procurava
Como se fosse bandido.
Não o encontrando deram
Como desaparecido.
A farsa processual
Teve continuidade.
As provas foram inventadas
Com tamanha falsidade
De forma que o julgamento
Foi com muita brevidade.
Dia vinte e um de junho
Oito réus vão a juízo.
Mesmo Parsons não estando
Foi divulgado o aviso:
Com as provas, o processo
Não teria prejuízo.
Na abertura dos trabalhos,
O tribunal já lotado,
Parsons irrompe na sala
Dizendo: - Vim ser julgado.
Igual os meus companheiros
Eu também não sou culpado.
Testemunhas mentirosas,
Um juiz tendencioso,
Um processo fraudulento
Com um júri indecoroso.
Era aquele tribunal
Um patrão muito raivoso.
Toda a classe dominante
Na corte tinha presença.
Os presos, na liberdade
Não alimentavam crença.
O juiz em pouco tempo
Proferiu uma sentença.
Concluído o julgamento
Com todos sentenciados.
O processo foi só farsa
Para serem condenados
Alguns a cumprirem penas
Outros a serem enforcados.
Spieis fez a defesa
Dizendo: - Eu chamo a atenção,
Com o nosso enforcamento
As chamas só crescerão.
Vocês apagam fagulhas
Não apagam a combustão.
- O fogo do movimento
Arde nos subterrâneos.
São milhões de operários
Irmãos e contemporâneos,
Afora dos que virão,
Que são nossos sucedâneos.
Já Lingg se expressa assim:
- Digo que morro feliz.
Os milhões de operários
Lembrar-se-ão do que fiz.
Triunfará nossa classe
Nossa luta é quem nos diz.
No discurso Parsons disse:
- A liberdade é o pão!
Em seguida descreveu
Aquela conspiração
Em que coloca o Estado
A serviço do patrão.
Em seguida falou Neeb
Mantendo a dignidade:
- cometi um grande crime
Ao propor a unidade
De todos os balconistas
E explorados da cidade.
Dia onze de novembro
Acontece a execução.
Speis, Engel, Fischer e Parsons
Vão ao pátio da prisão.
Mãos e pés amarrados
Balançam sobre o alçapão.
Na noite que sucedeu
O terrível enforcamento
Louis Lingg conseguiu,
Aproveitando um momento,
Dá cabo da própria vida
Encurtando o sofrimento.
Lágrimas silenciosas
Pelos rostos escorreram.
Flores vermelhas expostas
Nas portas apareceram
Como homenagem simbólica
Aos seus irmãos que morreram.
Por isso é que peço a todos
Não esqueçam a lição.
É necessário unidade,
Vale a nossa união.
Estando nós divididos
Só fortalece o patrão.
Paiva Neves
membro do Comitê Central do PCB
Maracanaú, Ceará, 10 de fevereiro de 2010.
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