AO TRABALHADOR

Santa musa liberdade 
Seja tu a minha guia. 
Que as fagulhas do teu fogo 
Ilumine a poesia 
Pois em versos vou contar 
A história de um dia. 
Peço a tua proteção 
Deusa da fraternidade 
Para desfazer mentiras, 
Esclarecer a verdade 
Sobre o primeiro de maio 
E a luta por igualdade. 
Introduza em minha mente 
A certeza da vitória 
Que os lutadores antigos 
Construíram na memória 
Para que eu possa narrar 
A verdadeira historia. 
Modelando cada verso 
Passo a história adiante. 
Foi no primeiro de maio 
Que classe deu passo avante, 
Mostrando que era possível 
Construir novo horizonte. 
A classe trabalhadora 
Em escala mundial 
Reverencia seus mártires 
Nesta data especial: 
Primeiro do mês de maio 
Seu dia internacional. 
Esta data teve origem 
Numa greve industriaria. 
Na cidade de Chicago 
Fez-se uma greve unitária. 
Pra reduzir a jornada 
Lutou a classe operária. 
Falavam assim lideranças 
Daquela ação sindical: 
- Estamos todos unidos 
Nesta luta social. 
Precisamos nos livrar 
Do julgo do capital. 
- A redução da jornada 
É tarefa muito urgente. 
Vamos unidos lutar 
Por uma vida decente. 
O trabalho é pra viver 
E não pra ficar doente. 
Naquele tempo a jornada 
De um dia de labor, 
(assim se diz do trabalho 
De quem produz o valor), 
Era de dezesseis horas 
Sugando o trabalhador. 
Nas oficinas, nas fábricas 
E nas minas de carvão 
Dezoito horas de trabalho 
Dava mais lucro ao patrão. 
Morria novo o operário 
Devido à exploração. 
Por um minguado salário 
Em rituais desumanos 
Empregavam-se crianças 
Para trabalhos insanos 
Fazendo com que morressem 
Na linda flor dos seus anos. 
Quem chegava à fase adulta 
E trinta anos atingia, 
Apesar da pouca idade 
Ao capital não servia, 
Devido à precariedade 
Do trabalho que fazia. 
Vitimados por doenças 
Oriundas do trabalho 
Ficavam sem o sustento 
Vivendo de quebra-galho 
Aumentando a mendicância 
Deste vil sistema falho. 
Não mais suportando o peso 
Da repressão patronal 
Lá na América do Norte 
Aquela ação sindical 
Construiu a grande greve 
De feição nacional. 
Os operários faziam 
Grandes mobilizações. 
Debatiam uns com os outros 
As reinvindificações. 
A luta por oito horas 
Já ganhava multidões. 
Oito horas de trabalho 
Oito horas de lazer 
Oito horas para dormir 
Para as forças refazer. 
Dividindo assim o dia 
A vida terá prazer. 
Oitenta e seis era o ano (1886) 
O século era o dezenove, 
A classe mobilizada 
Em assembléias resolve 
Por as oitos horas lutar, 
Grande protesto promove. 
Foi no primeiro de maio 
Grande greve deflagrada 
E Chicago amanheceu 
Com a produção parada. 
A classe trabalhadora 
Estava mobilizada. 
Houve grande passeata 
Pelas ruas da cidade. 
A força policial 
Com muita brutalidade 
Reprimiu o movimento 
Com irracionalidade. 
Mais de cem trabalhadores 
Ali foram trucidados. 
Líderes do movimento 
Depois foram enforcados. 
Eles são os nossos mártires 
E são reverenciados. 
Mas é preciso voltar 
No tempo para entender 
Que já na antiguidade 
A história nos faz ver 
Que já tinha quem quisesse 
Maior tempo de lazer. 
Todas as sociedades 
Do presente e do passado 
Que meios de produção 
É de caratê privado 
Existe alguém que explora 
E alguém que é explorado. 
Na antiguidade clássica 
O regime era escravista. 
Tudo era propriedade 
Do senhor escravagista. 
Até a filosofia 
Tinha esse ponto de vista. 
Falando de ferramentas 
Platão disse que são três: 
- As mudas, como o martelo 
E as que mugem como a rês 
E há também os escravos 
Que falam como vocês. 
Portanto o escravo era 
Instrumento de trabalho. 
Apanhava e era morto 
Ao cometer ato falho. 
Trabalhava a exaustão 
Até ficar um frangalho. 
Chegando à Idade Média 
Temos servos e senhores. 
Servos trabalham a terra 
Mas não são possuidores, 
Da riqueza produzida 
Só ficam com os dissabores. 
Tinham por obrigação 
Trabalhar para o senhor. 
Duravam dezesseis horas 
O seu turno de labor. 
Descanso só aos domingos 
Pra restaurar o vigor. 
Nesse período, o trabalho 
Como era nas plantações, 
A jornada extrapolava 
Todas as limitações. 
Os servos aravam os campos 
De acordo com as estações. 


Teve um Rei na Inglaterra 
Nos idos de novecentos, 
Que falou em dividir 
O dia em três momentos: 
Tempo para a caridade, 
Trabalho e divertimentos. 
Porem este Rei Alfredo 
Era muito exclusivista. 
Sua jornada de oito horas 
Tinha caráter egoísta. 
Não valia para os súditos 
Do sistema monarquista. 
Até chegar ao início 
Da etapa capitalista 
Camponeses e artesãos 
Na luta antifeudalista 
Fizeram grandes revoltas 
Já de caráter classista. 
Durante a longa passagem 
Destes tenebrosos anos, 
Do final do feudalismo, 
(período dos desenganos), 
Prosperaram grandes lutas 
Feitas por italianos. 
Corria o século quatorze (1378) 
Na cidade de Florença, 
Operários tecelões 
Por total perdendo a crença, 
Contra a classe dominante 
Proferiram uma sentença. 
“Poder aos trabalhadores!” 
Assim a sentença afirma. 
Michele di lando, o líder 
A frase assim reafirma, 
Comandado a revolta 
A vitória se confirma. 
Melhor condição de vida 
Eles reivindicavam. 
A redução da jornada 
De trabalho almejavam. 
Tremulando estas bandeiras 
Passo a passo avançavam. 
No decorrer de dois meses 
Assumiram o poder. 
Porem a oligarquia 
Procurou se refazer 
Sufocando o movimento 
Até a luta vencer. 
Numa coincidência histórica 
Aprendizes de artesãos 
Dia primeiro de maio 
Fazem paralisação. 
Foi no século dezesseis 
Trinta e um o ano então. (1531) 
Ainda no mesmo século 
No ano de setenta e nove 
O Imperador espanhol 
Jornada antiga dissolve 
Estabelecendo oito horas 
Lei importante promove. 
Este monarca espanhol, 
(o Rei Felipe Segundo), 
Foi quem primeiro criou 
Com ato firme e fecundo 
Lei regulamentadora 
Para o trabalho no mundo. 
Favorecia aos mineiros 
O Decreto promulgado. 
Em oito horas de trabalho 
O dia foi limitado. 
E a classe comemorou 
O direito conquistado. 
E quatorze anos mais tarde 
Este mesmo governante 
Defendendo que o trabalho 
Não deve ser estafante 
Assina mais um decreto 
Com um teor semelhante. 
Assim dizia o decreto 
Nas suas resoluções: 
“Trabalhadores de fábricas 
E das fortificações 
Só trabalharão oitos horas 
Nas suas obrigações. 

Porem tal legislação 
Era um paliativo. 
O Decreto Imperial 
Não se aplicava ao cativo. 
No tratamento ao escravo 
Era discriminativo. 
Mas a lei foi importante 
Como um marco na história 
Porque quem era explorado 
Acreditou na vitória 
E lutou pra conseguir 
Novo momento de glória. 
Imitando Thomas Morus 
Recriando a utopia 
Nessa luta por oito horas 
Nosso sonho se recria. 
Pois é na literatura 
Que a idéia se irradia. 
O diplomata francês 
Denis Viera publicou (1677) 
Um livro sobre este tema 
Que ao leitor muito agradou. 
Às oito horas de trabalho 
O seu livro divulgou. 
Frei Tommaso Campanella 
Foi ainda mais ao fundo. 
Em um livro de ficção 
Propagandeou ao mundo 
Um sistema de trabalho 
Que seria mais fecundo. 
Escreveu um lindo conto 
Em que prega a igualdade. 
Os humanos nesta história 
Tem mais racionalidade. 
Só trabalham quatro horas 
Para ter felicidade. 
Chama “A cidade do sol” 
Onde habitam os solares. 
Nesta cidade fraterna 
As pessoas nos seus lares 
Vivem com tranqüilidade 
Cultivando seus pomares. 
O livro de Campanella 
Mesmo sendo ficção 
Projetava um novo mundo 
Livre da exploração. 
Por isso foi perseguido 
E jogado na prisão. 
Também outro pensador 
Usando a filosofia 
Na sua obra “Do homem” 
Cria nova teoria: 
- O rico dando ao mais pobre 
O mundo melhoraria. 
Na era do iluminismo 
Esta idéia tinha vez. 
Heveltius! Este era o nome 
Do filosofo francês 
Que pregava a união 
Do operário com o burguês. 
Disse o filosofo: - Têm 
Duas classes sociais. 
Uma é pobre e outra é rica 
Por isso são desiguais. 
Uma vive na abundancia 
E a outra sofre demais. 
- Somente o trabalho intenso 
Tira as privações do pobre. 
O rico, pelo contrário 
Vive nadando no cobre. 
Mas o ócio lhe dar tédio 
Ofuscando seu ar nobre. 
Afirma ainda Heveltius 
Sobre esta realidade: 
- Tira-se um pouco do rico 
Pra quem tem necessidade 
E diminui a jornada 
De trabalho na cidade. 
O filosofo francês 
Apesar de equivocado 
Foi um precursor teórico 
Ao defender no passado 
Reduzir a jornada do 
Trabalho assalariado. 
A produção neste tempo 
Era de outra estrutura. 
O trabalho era explorado 
Dentro da manufatura. 
Já tinha a classe operária 
Mas era ainda imatura. 
Primeira revolução 
Chamada de industrial 
Fez desenvolver a técnica, 
Promoveu o capital 
Surge o proletariado 
Como classe social. 
Sobre isto afirmou Marx 
Em estudo pioneiro: 
- Desenvolve o capital 
E domina o mundo inteiro 
Mas ao se desenvolver 
Ele cria o seu coveiro. 
Sofrem os trabalhadores 
As terríveis condições 
Lá no inferno das fábricas 
Passam grandes privações 
Exercem longas jornadas 
Sofrendo perseguições. 
Com baixíssimos salários, 
Nenhuma estabilidade 
Tinha força de trabalho 
Com abundancia na cidade. 
Patrão, polícia e governo 
Tinham a mesma austeridade. 
Assim dizia um cartaz 
Que o patrão mandou pregar: 
“Quem abrir uma janela 
Ou na fábrica se lavar, 
Ou mesmo acender a luz 
Uma multa vai pagar”. 
Tinha o tráfico de crianças 
Feito pelo capital. 
Eram jogadas nas minas 
Para extrair mineral. 
Da forma que eram tratadas 
Não se tratava animal. 
Disse certa vez um médico 
Analisando as crianças: 
- É penoso vê-las pálidas 
Inchadas sem esperanças 
Pois da nossa raça humana 
Guardam poucas semelhanças. 
O capital na Europa 
Atraiu investidores. 
As empresas faturaram 
Lucros avassaladores. 
E a produção na indústria 
Concentrou trabalhadores. 
Os sofrimentos comuns 
Com as ações conflitavas 
Irmanou trabalhadores 
(reais forças produtivas), 
Transformando suas lutas 
Em revoltas coletivas. 
Como expressão deste quadro 
Muitos intelectuais: 
Saint Simon e Fourier 
Robert Owen e outros mais 
Teorizam e escrevem 
Sobre questões sociais. 
Socialistas utópicos 
Eram estes pensadores. 
Tinha Babeuf e Blanqui 
Outros dois lutadores. 
Das idéias socialistas 
Eles foram precursores. 
Já no ano de dezenove (1819) 
Recomeçaram os reveses. 
Nos idos de oitocentos 
Os operários ingleses 
Organizam suas lutas 
Contra o poder dos burgueses. 
Na cidade de Manchester 
Um fato grave se deu, 
Lá na Praça de São Pedro 
Um massacre aconteceu. 
O General Wellington 
Grave crime cometeu. 
“Episódio de Peterloo” 
Conhecido assim ficou 
Um ataque aos operários 
Que o General comandou 
Disparando seus canhões 
Muita vida vitimou. 
Protestavam os operários 
Contra as péssimas condições 
A que eram submetidos 
Pela classe dos patrões. 
Porem foram reprimidos 
Pelas balas dos canhôes. 
Apesar de derrotados 
Devido alguns pormenores, 
Deram passos importantes 
Por outros dias melhores. 
Foi reduzida a jornada 
De trabalho dos menores. 
Passaram-se alguns anos 
E aconteceram outros fatos. 
Criaram-se as Trade Unions 
Que comandam muitos atos. 
Essas associações 
Hoje são os sindicatos. 
Ao movimento operário 
O patrão é malefício. 
Operário combativo 
Sofre muito sacrifício 
Essa luta assim prossegue 
Tendo sempre novo início. 
Prisões e assassinatos 
Atingem aos dirigentes. 
Mesmo sobre as agressões 
Dos patrões e seus agentes 
O movimento organiza 
As greves mais imponentes. 
Estas manifestações 
Foram de grande valia, 
Pois reduziu a jornada 
De trabalho de um dia. 
Agora “só de dez horas 
É que a jornada seria”. 

No ano de quarenta e oito (1848) 
À luz da jurisprudência 
Foi aprovada uma lei 
Em caráter de urgência. 
Era primeiro de maio 
(outra bela coincidência). 
Não é só na Inglaterra 
Que esta batalha acontece. 
Também em solo francês 
Esta luta prevalece, 
Com greves e barricadas 
A classe operária cresce. 
Final do século dezoito (1796) 
E Gracus Babeuf lança 
“manifesto dos plebeus” 
Que foi impresso na França, 
Diz que a socialização 
Produzirá à bonança. 
O manifesto esclarece 
Para a classe explorada: 
- Nosso verdugo se chama 
Propriedade privada. 
Teremos felicidade 
Se for coletivizada. 
““ Conspiração dos comuns ““ 
Assim foi denominado 
O levante proletário 
Que em París foi defragado. 
O nome de comunismo 
Daí foi originado. 
O capital, como sempre 
Pratica carnificina, 
Reprimiu o movimento 
Com sua sanha assassina. 
Condenou Gracus Babeuf 
A morrer na guilhotina. 
Também merece destaque 
Outro líder operário. 
Foi Felippo Buonarroti 
Grande revolucionário, 
Que lutou em sua vida 
Por um mundo igualitário. 
Como a Fênix, nas cinzas, 
Que na vida se renova, 
A luta dos explorados 
Quando parece na cova, 
Renasce com energia 
E vitalidade nova. 
Os operários franceses 
Suas forças renovaram. 
Um de maio de trinta e um (1831) 
Os serradores pararam. 
A cidade de Bordeaux 
E as máquinas novas quebraram. 
Na província de Lyon 
Milhares de tecelões 
Aliados de soldados 
Promovem rebeliões, 
Neste combate fundaram 
Suas associações. 
A classe se organizava 
Com muito esmero e arte. 
A rebeldia operária 
Explodia em toda a parte. 
Nesse período a França era 
Desta luta um baluarte. 
Nas greves, nas barricadas 
Cresce mais a resistência. 
A classe dos proletários 
Acumula experiência 
E panfletam os escritos 
De combate a opulência. 
Já na década de quarenta (1840) 
Esta luta se agiganta. 
A classe trabalhadora 
Em revolta se levanta. 
Uma greve de cem mil 
A classe burguesa espanta. 
Neste tempo a França tinha 
Um regime autoritário. 
A burguesia corrupta 
Dilapidava o erário 
E a miséria vitimava 
Camponês e operário. 
No ano de quarenta e oito, (1848) 
Vinte e dois de fevereiro, 
Na cidade de París 
Acontece um entrevero, 
E a revolta popular 
Domina o país inteiro. 
O povo parisiense 
Da luta faz a união 
Fortalecendo a trincheira 
Da sua libertação. 
A vanguarda proletária 
Comanda a revolução. 
O escritor Tocqueville 
Fez assim um comentário: 
- É fato muito terrível, 
Demais extraordinário 
Ver nossa rica París 
Sob o domínio operário. 
O rei abandona o trono 
E foge pra não morrer. 
Liberais e socialistas 
Assumem todo o poder 
E fizeram as mudanças 
Que o povo queria ver. 
Pena de morte abolida 
E sufrágio universal; 
Liberdade aos escravos 
Do sistema imperial, 
Foi reduzido a dez horas 
A jornada laboral. 
Na grande revolução 
Que agitou todo o país 
Os trabalhadores foram 
Fundamentais em París, 
Mas no campo, a burguesia 
Fez do jeito que bem quis. 
No campo, domina o clero 
Burguês e reacionário, 
De forma que botou freio 
Em todo avanço operário 
Fazendo retroceder o 
Poder revolucionário. 
Com poder constituinte 
Foi eleito o parlamento 
E a bancada dos burgueses 
Teve grande crescimento 
De forma que sufocou 
O avanço do movimento. 
Com o novo ministério 
De tendências moderadas 
As leis revolucionárias 
Foram logo aniquiladas, 
Desta forma a França teve 
Novas leis implementadas. 
Os operários retornam 
Novamente aos embates. 
Porem os capitalistas 
Sem perder tempo em debates 
Enviam seus batalhões 
Para as frentes de combates. 
Abrem fogo os soldados 
Sobre a grande multidão. 
Mas de três mil operários 
Caem sem vida no chão. 
Quatro mil são obrigados 
A abandonar a nação. 
Os operários franceses 
Com esta revolução 
Incendiaram a Europa 
Contra toda a exploração. 
Até mesmo no Brasil 
Inspirou rebelião. 
A revolução Praieira, 
(ao leitor eu dou ciência), 
Foi revolta popular 
De combate e resistência 
Que foi buscar lá na França 
Uma grande influencia. 
A luta na França foi 
A primeira da história 
Em que a classe proletária 
Chegou perto da vitória 
Este grande aprendizado 
Nós guardamos na memória. 
Nos embates descobriram 
Que os anseios são iguais. 
Assim é que teorizam 
Os seus intelectuais: 
- unidos enquanto classe 
Podem muito e muito mais. 
Aqui homenageamos 
Outros grandes combatentes: 
Louis Blanc e August Blanqui, 
Conspiradores valentes, 
Wilhem Weitling e Proudhon 
Dois teóricos eloqüentes. 
Mas é preciso falar 
Nos versos da poesia 
De dois grandes militantes 
Que através da teoria 
Esclareceram o mistério 
De extração da mais valia. 
Karl Marx e Friedrich Engels 
Estudando o capital 
Desvendaram de que forma 
A riqueza mundial 
Vai parar na mão do rico 
E o pobre passa mal. 
Disseram: - toda a riqueza, 
(fique atento a este dado), 
Resulta de um trabalho 
Que já foi realizado 
Pela ação da mão humana 
No presente e no passado. 
Disseram ainda mais: 
-A partilha é desigual. 
Produzimos a riqueza 
E vivemos muito mal. 
Enquanto passamos fome 
Lucra mais o capital. 
Também em quarenta e oito (1848) 
De uma forma realista 
Escreveram o manifesto 
Do partido comunista, 
O mais importante escrito 
Do ideário socialista. 
Setembro de meia quatro (1864) 
Hotel Saint Martins Hall, 
Capital da Inglaterra 
Teve encontro mundial. 
Foi aí que foi fundada a 
Primeira internacional. 
Primeira Internacional 
Foi uma associação 
Em que os trabalhadores 
Construíram a união 
E fortaleceram a luta 
Da sua libertação. 
Neste encontro Marx disse 
Usando a sabedoria, 
Que a classe trabalhadora 
Por si só é que faria 
A sua emancipação, 
E por isto lutaria. 
Um novo encontro acontece 
Quatro anos mais para frente. 
Delibera uma campanha 
Que extrapole o continente 
Com greves e passeatas 
Envolvendo muita gente. 
O lema desta campanha 
Foi redução da jornada. 
Por isso é que foi lutar 
A classe assalariada. 
No planeta toda a classe 
Foi logo mobilizada. 
Na França, na Inglaterra, 
Dinamarca e Alemanha. 
Também Estados Unidos 
Na Itália e na Espanha. 
Onde havia proletário 
Fez-se uma grande campanha. 
Na França os operários 
Fazem sua força valer. 
Dezoito do mês de março (1871) 
Assumem todo o poder. 
A comuna de París 
Fez o mundo estremecer. 
Desta vez os operários 
Aprenderam a lição: 
Não dividir com burguês 
Do processo a direção. 
Eles mesmos dirigiram 
A sua revolução. 
A Comuna de Paris 
Foi a primeira vitória. 
Para a classe operária 
Foram cem dias de glória 
De um governo operário 
Registrado na história. 
Lá naquela experiência 
Tudo foi socializado. 
Terra para o camponês, 
Casa ao assalariado 
E o controle das empresas 
Para o proletariado. 
A burguesia assustada 
Com aquela rebelião 
Ordenou que os soldados 
Em guerra com outra nação 
Retornassem para dar 
Combate a revolução. 
A nojenta burguesia 
Já bastante enfurecida 
Fuzila trabalhadores 
Que lutavam pela vida. 
Dia dezoito de maio 
A comuna é destruída. 
O massacre foi sangrento 
Cruel e sem piedade. 
Trinta mil fuzilamentos 
Com instinto de maldade 
Amontoaram os cadáveres 
Pelas ruas da cidade. 
Vamos sair da Europa 
E cruzar o oceano 
Para ver como é que anda 
Logo depois daquele ano 
A luta dos operários 
Lá no solo americano 
A classe trabalhadora 
Lá da América do Norte 
Assim como a européia 
Para lutar era forte. 
Enfrentava o capital 
Não temendo a própria morte. 
Com a exploração do trabalho 
Aumentava o capital 
E Chicago já era um 
Grande centro industrial. 
Dava os primeiros passos o 
Movimento sindical. 
Federação do Trabalho 
Era uma organização. 
Tinha a sigla AFL 
E pressionava o patrão 
Porem por ser moderada 
Buscava a negociação. 
“Cavaleiros do Trabalho” 
Era a tendência anarquista. 
Lutava pra derrotar 
A ordem capitalista, 
Autogestão operária 
Era seu ponto de vista. 
Os anarquistas agiam 
Sob a clandestinidade. 
Tinham na linha política 
Muita combatividade 
E os operários lhes davam 
Muita credibilidade. 
A AFL promoveu 
Um concorrido congresso 
No ano de oitenta e quatro (1884) 
Que foi enorme sucesso, 
Daí para frente à luta 
Não teve mais retrocesso. 
O seu líder Frank Foster 
Expôs o seu pensamento: 
- A redução da jornada 
Não virá do parlamento. 
Será conquista da classe 
E luta do movimento. 
E ainda mais ele afirma 
Falando sobre a pressão: 
- Não deve ser no Governo, 
Mas direto no patrão 
Que detém propriedade 
Dos meios de produção. 
E Gabriel Edmonston 
Que era líder marceneiro 
Propôs que em oitenta e seis 
Maio, no dia primeiro 
Trabalhem somente oito horas 
Naquele país inteiro. 
A proposta foi aceita, 
Voto por aclamação. 
Tinham então um ano e meio 
Pra preparar a ação, 
Assim, foram para as fábricas 
Fazer mobilização. 
“Cavaleiros do Trabalho” 
E AFL, em parceria 
Unificam o discurso 
Que toda categoria 
Enquanto classe se unindo 
A vida melhoraria. 
Acreditam as lideranças 
Que agora chegou a vez. 
Explode a onda grevista 
Em abril de oitenta e seis 
E o movimento acumula 
Sua força neste mês. 
Finalmente chegou o dia 
Da luta, tão esperado. 
O silencio era reinante 
Estava tudo parado. 
Primeiro do mês de maio 
Luta o proletariado. 
Estados Unidos, todo 
Houve manifestação. 
Porem Chicago foi centro 
Da maior concentração. 
Foi aí que os patrões 
Reforçaram a repressão. 
Primeiro do mês de maio 
Foi um dia diferente. 
Transporte, comercio e fábricas 
Pararam completamente 
E houve grande passeata, 
Tudo pacificamente. 

O Estado maior burguês 
Que queria confusão 
Ficara desiludido 
Com esta pacificação 
E logo foi planejar 
Uma violenta agressão. 
A greve assim continua 
Aumentando a cada vez. 
Primeira segunda-feira 
De maio, é dia três. 
Comício em porta de fábrica 
A polícia mata seis. 
A raiva e a dor se avolumam 
Nos corações operários. 
Choram pelos que tombaram 
E ficam mais solidários 
Transformando em protestos 
Os seus ritos funerários. 
No final do dia quatro 
Logo assim que anoiteceu 
Uma enorme passeata 
Pelas ruas irrompeu. 
Como queriam os patrões 
O pior aconteceu. 
Uma bomba explodiu 
Matando policiais. 
Foi uma provocação 
De setores patronais. 
Que para a classe operária 
Produziu danos fatais. 
Aconteceu nesta noite 
A brutal carnificina 
Mais cem trabalhadores 
Tiveram a triste sina 
De morrerem ela balas 
Da burguesia assassina. 
Afora estes que morreram 
E centenas de feridos 
Muitos outros foram presos 
E tantos outros perseguidos. 
Os jornais e a justiça 
Os chamavam de bandidos. 
Sete líderes sindicais 
De grande força e expressão, 
Cassados pela polícia 
Sofreram perseguição. 
Logo, logo foram presos 
E jogados na prisão. 
August Spies mais Sam Fielden 
Presos sao rapidamente. 
Oscar Neeb e Adolf Fischer 
Alguns dias mais na frente 
Também são capturados 
Sofrendo barbaramente. 
A polícia americana 
A mando do capital 
Também prende Michel Schwab, 
Outro líder sindical, 
Captura Louis Lingg 
E Georg Engel por final. 
Albert Parsons era o oitavo 
Perseguido combatente. 
Era um autentico líder, 
Da AFL dirigente. 
De orientação socialista 
Era um ativista valente. 
Desde o massacre na praça, 
(O sangrento acontecido), 
A polícia o procurava 
Como se fosse bandido. 
Não o encontrando deram 
Como desaparecido. 
A farsa processual 
Teve continuidade. 
As provas foram inventadas 
Com tamanha falsidade 
De forma que o julgamento 
Foi com muita brevidade. 
Dia vinte e um de junho 
Oito réus vão a juízo. 
Mesmo Parsons não estando 
Foi divulgado o aviso: 
Com as provas, o processo 
Não teria prejuízo. 
Na abertura dos trabalhos, 
O tribunal já lotado, 
Parsons irrompe na sala 
Dizendo: - Vim ser julgado. 
Igual os meus companheiros 
Eu também não sou culpado. 
Testemunhas mentirosas, 
Um juiz tendencioso, 
Um processo fraudulento 
Com um júri indecoroso. 
Era aquele tribunal 
Um patrão muito raivoso. 
Toda a classe dominante 
Na corte tinha presença. 
Os presos, na liberdade 
Não alimentavam crença. 
O juiz em pouco tempo 
Proferiu uma sentença. 
Concluído o julgamento 
Com todos sentenciados. 
O processo foi só farsa 
Para serem condenados 
Alguns a cumprirem penas 
Outros a serem enforcados. 
Spieis fez a defesa 
Dizendo: - Eu chamo a atenção, 
Com o nosso enforcamento 
As chamas só crescerão. 
Vocês apagam fagulhas 
Não apagam a combustão. 
- O fogo do movimento 
Arde nos subterrâneos. 
São milhões de operários 
Irmãos e contemporâneos, 
Afora dos que virão, 
Que são nossos sucedâneos. 
Já Lingg se expressa assim: 
- Digo que morro feliz. 
Os milhões de operários 
Lembrar-se-ão do que fiz. 
Triunfará nossa classe 
Nossa luta é quem nos diz. 
No discurso Parsons disse: 
- A liberdade é o pão! 
Em seguida descreveu 
Aquela conspiração 
Em que coloca o Estado 
A serviço do patrão. 
Em seguida falou Neeb 
Mantendo a dignidade: 
- cometi um grande crime 
Ao propor a unidade 
De todos os balconistas 
E explorados da cidade. 
Dia onze de novembro 
Acontece a execução. 
Speis, Engel, Fischer e Parsons 
Vão ao pátio da prisão. 
Mãos e pés amarrados 
Balançam sobre o alçapão. 
Na noite que sucedeu 
O terrível enforcamento 
Louis Lingg conseguiu, 
Aproveitando um momento, 
Dá cabo da própria vida 
Encurtando o sofrimento. 
Lágrimas silenciosas 
Pelos rostos escorreram. 
Flores vermelhas expostas 
Nas portas apareceram 
Como homenagem simbólica 
Aos seus irmãos que morreram. 
Por isso é que peço a todos 
Não esqueçam a lição. 
É necessário unidade, 
Vale a nossa união. 
Estando nós divididos 
Só fortalece o patrão. 

Paiva Neves 
membro do Comitê Central do PCB 
Maracanaú, Ceará, 10 de fevereiro de 2010.

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