tag:blogger.com,1999:blog-15886366745161206752024-02-07T00:50:34.123-03:00LUTA PELA EDUCAÇAO -DIÁRIO DA CLASSE - SÃO GONÇALO“Instrui-vos, porque precisamos de vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos de vosso entusiasmo. Organizai-vos, porque carecemos de toda vossa força.”
Revista L'Órdine Nuovo - 1º de maio de 1919LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.comBlogger954125tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-56777117167450822692014-02-28T15:20:00.000-03:002014-02-28T15:25:54.787-03:00Educação sitiada: Escolas à serviço da militarização das cidades<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><b><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Especial produzido em parceria entre o <a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/26/educacao-sitiada-escolas-a-servico-da-militarizacao-das-cidades/www.educacaointegral.org.br">Centro de Referências em Educação Integral</a> e o <a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/26/educacao-sitiada-escolas-a-servico-da-militarizacao-das-cidades/www.aprendiz.org.br">Portal Aprendiz</a></span></b><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
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<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
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<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_0sSQqFm9nVSPzTuobjMRCIARSazfR-BUhYyX_4ooTw5ruUMrXebpjQFS61yWVoG8mSGk0Do9fnT5Z3QvqWIqO8qubZzXt3c5VsidEc3fcVx8jYKjZZV359FQSpTCik9LenR4XdfXWGm/s1600/cordao-da-mentira.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_0sSQqFm9nVSPzTuobjMRCIARSazfR-BUhYyX_4ooTw5ruUMrXebpjQFS61yWVoG8mSGk0Do9fnT5Z3QvqWIqO8qubZzXt3c5VsidEc3fcVx8jYKjZZV359FQSpTCik9LenR4XdfXWGm/s1600/cordao-da-mentira.jpg" height="400" width="343" /></a></span></div>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
Por volta de 700 a.C., na Grécia Antiga, Esparta treinava meninos para se tornarem guerreiros. Marcado por conquistas de territórios e conflitos entre povos, o período histórico demandava da cidade-estado indivíduos fortes, disciplinados, obedientes e prontos para o combate. A agoge – como é conhecida a educação espartana – dividia os aprendizes em ciclos, que variavam de acordo com a idade, e tinham por objetivo desenvolver a excelência física e o domínio emocional e psicológico para lidar com as adversidades da guerra. Os garotos passavam toda a infância e adolescência afastados da família e do convívio social. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O anúncio de que até o final de 2014, sob o pretexto de diminuir a violência e melhorar o desempenho dos alunos, ao menos 19 escolas públicas do estado de Goiás serão repassadas à Polícia Militar, trouxe a educação para o centro do debate sobre a militarização da sociedade.</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Criadas a partir de uma parceria técnico-pedagógica entre as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e Educação, envolvendo também as subsecretarias regionais de ensino, as escolas atendem estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, em todos os períodos, a partir de uma estrutura pedagógica rígida, baseada na disciplina individual e coletiva. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Leia mais</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/01/17/pm-vai-administrar-10-escolas-publicas-em-goias-que-terao-mensalidade/">PM vai administrar 10 escolas públicas de Goiás que terão mensalidade</a></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/01/17/pm-vai-administrar-10-escolas-publicas-em-goias-que-terao-mensalidade/"> </a><a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/17/carta-para-florestan-fernandes/">Carta para Florestan Fernandes</a></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/17/carta-para-florestan-fernandes/"> </a><a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/14/policia-agride-estudantes-e-apreende-9-apos-protestos-em-escola-no-interior-de-sp/">Polícia agride estudantes e apreende 9 após protestos em escola no interior de SP</a></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Inseridas em cidades com altos índices de violência – Valparaíso, por exemplo, ocupa o segundo lugar entre os municípios de Goiás, com 80,9 mortes a cada 100 mil habitantes – as instituições de ensino militares são uma promessa do estado para controlar episódios de indisciplina e desvios de conduta, além de ocorrências mais graves dentro ou no entorno das escolas.</span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Para concretizar essa proposta, o projeto pedagógico das escolas prevê que os militares lecionem as disciplinas de “Educação Física” e “Noções de Cidadania”. Esta última aborda temas como a “ordem unida”, orientações de trânsito, Constituição Federal, meio ambiente, etiqueta social, prevenção às drogas e educação religiosa. Além disso, o uso de farda é obrigatório e atrasos às aulas, assim como qualquer desrespeito às regras, geram desconto na chamada “avaliação disciplinar”. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/26/educacao-sitiada-por-dentro-dos-colegios-da-pm-em-goias/">Entenda o funcionamento dos colégios militares de Goiás</a> </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Formação versus Adestramento </span></b></i><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro, a militarização das escolas indica a falência do sistema de ensino brasileiro. “Em um período fundamental de formação, ao invés de educar, você adestra e disciplina. O que o governo de Goiás está fazendo é renunciar à formação dos sujeitos.” </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Essa renúncia engloba ainda, segundo o advogado e coordenador do Programa de Justiça da ONG Conectas Direitos Humanos, Rafael Custódio, a falta de incentivo à reflexão, ao debate de ideias, à criatividade e à tolerância, “saudáveis” na formação de qualquer ser humano e “incompatíveis” com instituições rigidamente hierarquizadas, como é o caso da Polícia Militar. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“Escolas militarizadas podem deixar pouquíssimos espaços de discussão, de divergência e até de tolerância para que seus alunos possam se manifestar como bem entenderem. Acho que devemos nos perguntar se queremos escolas que criem cidadãos de fato, não apenas cumpridores de ordens”, afirma Custódio, que vê na formação baseada em valores bélicos o oposto do que se espera de uma sociedade mais tolerante e que respeita a diversidade. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A diretora do Instituto Sou da Paz, Melina Risso, lembra porém que a rigidez, a hierarquia e o excesso de disciplina presentes no ambiente militar estão presentes em muitas escolas – inclusive aquelas que não são administradas pela polícia. A falta de espaços de diálogo, gestões centralizadas e fechadas para a comunidade, apesar de ferirem determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), são comuns no ensino brasileiro. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“A escola é um universo muito fechado. Em muitos casos, a relação dos alunos com o corpo docente e com a direção é praticamente inexistente. Existem poucos elementos de construção coletiva. Ampliando a visão do que significa esse movimento, podemos dizer que há várias escolas com ambiente militarizado”, aponta Melina.</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Militarização para quem? </span></b></i><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Um aspecto que chama a atenção é a aplicação do modelo militar estar voltado aos jovens pobres que frequentam a rede pública de ensino, já que são eles as principais vítimas da militarização que acontece fora dela. O coordenador de Educação da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO), André Lázaro, vê no sistema das escolas de Goiás mais uma forma de “criminalizar” a juventude pobre. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A educação poderia ser um caminho para a mudança desse paradigma, mas acaba por endossá-lo. É o que acredita Douglas Belchior, que trabalha há anos como educador na rede de cursinhos populares da Uneafro e já conviveu com milhares de estudantes oriundos da rede pública de ensino. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“Vivemos num país racista, desigual, com mais de 500 mil presos. A escola poderia caminhar contra essa lógica punitiva e violenta, dando formação para que os estudantes pensem sobre o mundo em que vivem, tomem decisões. Mas na prática, ela vira um ambiente de reprodução de autoritarismo. Há que se procurar o respeito e o diálogo. Porque os alvos dentro do muro são sempre os mesmos alvos da PM do lado de fora.” </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em consonância com os projetos de militarização encontrados nas cidades – e respondendo à demanda social por soluções rápidas e eficazes para os problemas da educação – o fenômeno parece ter encontrado nas escolas uma oportunidade não apenas de expressar-se, mas também de gerar novos reprodutores dessa lógica. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A professora do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), Vera Telles, se diz impressionada com as “escolas-fortalezas”, que parecem defender as crianças de inimigos exteriores. “Isso acaba por não formar cidadãos, mas indivíduos preparados para enfrentar uma guerra.” </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Segundo a professora, essa gestão evoca a ideia de guerra urbana, na qual as dificuldades da vida cotidiana são tratadas de forma bélica. “Essa lógica dialoga com tendências contemporâneas de militarização do conflito urbano nas metrópoles. As tecnologias de controle vêm em pacotes globais, com zonas de exclusão, drones, vigilância e gestão de multidão.” <a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/04/as-vesperas-da-copa-quem-entra-em-campo-e-a-policia/">Para ela, a Copa do Mundo e as Olimpíadas são exemplos de vetores dessas tendências.</a></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><i><b><br /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Cidades militarizadas</span><br /><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></b></i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Vera identifica nas escolas militares de Goiás uma faceta do que ela chama de “urbanismo militarizado”, fenômeno que transfere a lógica da guerra para o controle do espaço público. Segundo ela, nesse processo, diversos dispositivos de exceção são inseridos na ordem jurídico institucional e aparecem como “normalidade”, mas são “gambiarras de exceção” que suspendem direitos e acionam o poder discricionário do Estado.</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“O Estado tem o monopólio da violência legítima; isso é um axioma da formação das sociedades modernas. Mas ele tem que desativar essa lógica, não fomentá-la. O Estado brasileiro costuma se comportar como operador da vingança, do esculacho, do assassinato de ‘suspeitos’, da violência, do terror”, avalia. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No Brasil, a linha que separa o que é civil do que é militar é frequentemente borrada por pegadas de coturnos. A emblemática frase atribuída a Washington Luís, de que a questão social é uma questão de polícia, nunca deixou de carregar sua verdade com o passar dos anos. No entanto, Vera acredita que o militarismo de hoje não é apenas uma atualização do passado. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“O mais aterrador de tudo isso é que as pessoas, ao terem sistematicamente seus direitos negados, perdem a capacidade de imaginar outras possibilidades de vida, como se fosse a única alternativa enxergar o Outro como um inimigo a ser eliminado”, conclui Vera. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Reportagem: Ana Luiza Basílio, Danilo Mekari, Jéssica Moreira, Julia Dietrich, Pedro Ribeiro Nogueira, Raiana Ribeiro e Roberta Tasselli </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Arte: Vinícius Savron e Mayara Barbosa</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Fonte: <a href="http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/26/educacao-sitiada-escolas-a-servico-da-militarizacao-das-cidades/">http://portal.aprendiz.uol.com.br/2014/02/26/educacao-sitiada-escolas-a-servico-da-militarizacao-das-cidades/</a></span></div>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
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<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span><i>. </i><br />
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KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-14011264803454369142014-02-27T14:00:00.001-03:002014-02-27T18:47:36.740-03:00A FORMAÇÃO DO HOMEM NOVO NA PEDAGOGIA DE ANTON S. MAKARENKO<div style="text-align: justify;">
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<![endif]--><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b>RESUMO </b></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />O presente trabalho visa investigar a concepção pedagógica de Anton Semionovich Makarenko, examinando suas categorias à luz da perspectiva ontológica. O objetivo geral é examinar o processo educativo inscrito em sua teoria e a prática pedagógica, sintetizada pela categoria coletividade, que seria uma nova relação entre a teoria e a prática, em busca de uma educação social que visava à formação do homem novo para a nova sociedade soviética. Analisamos nosso objeto pela perspectiva da ontologia marxiana-lukacsiana, na qual se busca desvelar o real pela relação entre as esferas particulares e os determinantes estruturais do mesmo na constituição da esfera da totalidade social. Dessa forma, classificamos nosso trabalho como teórico-bibliográfico e documental. Num primeiro momento da pesquisa, contextualiza-se o conjunto de fatores históricos, políticos, econômicos e culturais, imediatamente anteriores aos primeiros anos da União Soviética, onde o referido autor construiu sua obra. Prossegue-se com a trajetória biográfica de Makarenko. Adiante, encaminha-se com a análise das obras: Poema Pedagógico; As Bandeiras nas Torres; Livro dos Pais; livro Problemas de La Educación Escolar Sovietica e o texto Metodologia para La Organización del Proceso Educativo; e ainda outros artigos, textos e conferências que selecionamos do autor. Dessas obras, extraem-se as principais categorias de Makarenko para análise: a coletividade, a disciplina, a autodisciplina, a auto-organização, a renúncia, a exigência e a perspectiva. Além disso, faz-se um exame dos princípios filosóficos e pedagógicos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST, relacionando-os às categorias supracitadas. Ao fim do estudo, conclui-se que Makarenko cumpriu um papel significante na formação inicial desse novo modelo de homem: mesmo com resquícios da influência escolanovista e do pragmatismo, todavia, ao contrário dessas correntes, pregava que o processo educativo é feito pelo próprio coletivo em detrimento das vontades individuais. Embora haja intensidade e fecundidade em sua concepção pedagógica, considera-se que sua proposta educacional, que objetivava a formação do homem novo e pleno de todas as suas potencialidades, pondera-se e ressalva-se que Makarenko sinalizava a favor da divisão do trabalho, o que certamente aproxima suas elaborações da concepção de trabalho, não como ato potencializador da totalidade da atividade humana, mas fragmentado em trabalho manual e intelectual, distanciando-se da perspectiva ontológica marxiana-lukacsiana. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /><b> A GÊNESE DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE MAKARENKO </b><br /><br />Seguindo na esteira de Reis Filho (2004) e de sua caracterização do Estado russo imperial e autocrático, verificamos a divisão na qual, de um lado está a nobreza, que concentrava a riqueza e o poder; e, de outro, a massa de camponeses servos8, que compunham aproximadamente 90% da população. Os burgueses, os comerciantes, o clero, os funcionários, os quais constituíam as camadas intermediárias, nesse período das primeiras décadas do século XIX, não era significante em número, dada uma sociedade fundamentalmente agrária e precariamente urbanizada. <br /><br />Examinando a situação da educação russa czarista e nos apoiando em Capriles (1989), verificamos que, na Rússia, segundo o censo nacional russo de 1897, existiam somente 29% da população composta de homens alfabetizados e 13% em relação às mulheres da totalidade da população. Vale ressaltar que, em lugares como nas repúblicas de Tadjiquistão, Kirguizia e Uzbequistão, o total de analfabetos representava 98% da população. <br /><br />Sobre as escolas primárias e secundárias, evidenciamos que, até a Revolução de 1917, eram instituições isoladas, e “dirigidas com critérios feudais, que, em termos nacionais, não relacionavam os seus respectivos programas entre si” (CAPRILES, 1989, p.18). <br /><br />2.1 As contribuições das concepções educacionais dos pensadores russos antes do período revolucionário para a formação de uma pedagogia socialista <br /><br />Praticamente não existia ensino público, uma vez que, em sua grande maioria, as instituições de ensino eram de propriedade de alguns setores da grande burguesia nas áreas urbanas, por exemplo, a escola dos trabalhadores ferroviários, na qual Makarenko irá ensinar. No campo, as escolas eram de propriedade dos latifundiários, somente uma pequena parte era do Estado. <br /><br /> 8 Nesse momento ainda não se tinha abolido a servidão. Somente em fevereiro de 1861 teremos a abolição de mais de vinte milhões de pessoas. <br /><br />Como se pode observar, quem controlava as escolas era, majoritariamente, a Igreja, “A Igreja, além de controlar maciçamente a instrução popular, também era proprietária de um significativo número de estabelecimentos educacionais” (CAPRILES, 1989, p.18). <br /><br />Já o ensino na escola primária clássica, a mais difundida no país, com cerca de 95% dos estudantes, tinha duração máxima de dois a três anos. Quanto ao programa, geralmente todas as matérias eram ministradas por um único professor. Nessas escolas (paroquiais), o ensino se limitava a transmitir o dogma religioso, noções de leitura e escrita, elementos básicos de aritmética e, cotidianamente, o canto religioso. Num pequeno número dessas instituições, para ser mais exato, em apenas 5% do total, segundo as estatísticas oficiais, o ensino perfazia, excepcionalmente, seis anos. <br /><br />Além desses dados, citados nos parágrafos anteriores, trazemos também alguns dados sobre a educação soviética, por Cezar Ricardo de Freitas (2009). Vejamos a seguir: <br /><br />De um índice de analfabetismo em torno de 78%, em 1913, reduziu-se para 8%, em 1934. O número de alunos matriculados em escolas primárias e secundárias era cerca de 7 milhões, em 1913, passando para 26 milhões, em 1934 (PINKEVICH, 1937, p. 399). Até o final da década de 1930, nas cidades, implantou-se o ensino geral de 7 anos. Em 1942, este direito foi conquistado no campo e na cidade e o ‘ensino médio geral’ atingiu níveis importantes. Em 1913, havia na Rússia em torno de 290 mil pessoas com instrução superior, em 1975, esse número passou para mais de 32 milhões. Neste mesmo ano a Rússia se orgulhava do fato de que um livro, a cada quatro editados no mundo, era soviético; um cientista, a cada três, e um médico, a cada quatro, também eram daquele país. Além disso, ‘[...] fue liquidado prácticamente el analfabetismo entre la población adulta: se proporcionó instrucción elemental a 50 millones de analfabetos y a 40 millones de personas que apenas sabían leer y escribir’(FREITAS, 2009. p.117-118.) Diante dessa realidade de milhões de analfabetos, registramos que é Constantin Dimitrievitch Uchinski (1824-1870) o primeiro pedagogo a levantar a questão de uma reforma para a instrução pública em âmbito nacional. Uchinski e seus correligionários lutaram, por décadas, por um ensino leigo, desvinculado do comando da igreja. Esse pedagogo vai, inclusive, influenciar Tolstoi (1828-1910), o qual se torna um grande literato russo, mundialmente conhecido por sua obra Guerra e Paz. O pedagogo se torna, então, um referencial para Tolstoi, tanto no campo da literatura quanto da educação, como veremos a seguir. <br /><br />A proposta de Uchinski era de uma reforma democrática no ensino, a qual visava, não somente a criação de um grande sistema público de instrução, mas, especialmente, normalizar a formação de quadros pedagógicos capazes de continuar suas teorias sobre uma antropologia <br /><br />pedagógica. Uchinski desejava uma educação baseada na cultura popular e nas tradições regionais russas, ou não, ministrada na língua materna de cada povo. <br /><br />Segundo Capriles (1989), Tolstoi (1828-1910) , ao comungar com as ideias de Uchinski, resolveu aplicá-las, abrindo uma escola, em 1859, em sua propriedade, em Tula, a 100 km de Moscou para os filhos dos seus colonos. A escola era gratuita, mas não obrigatória. Além da abertura da escola, Tolstoi escreve uma cartilha (um ABC) para seus alunos, em quatro volumes, contendo noções científicas e contos populares. <br /><br /><b>Tolstoi, com suas obras influenciadas pelo escolanovismo de Dewey </b><br /><br />John Dewey, como um autor de maior representatividade do escolanovismo, tinha uma perspectiva política muito bem declarada: reafirmar o liberalismo para que ele respondesse e, ao mesmo tempo, se adequasse às novas exigências do capitalismo como uma forma, inclusive, de tentar responder às crises desse modo de produção. No entanto, as críticas que realizou sobre a Escola Tradicional, seu caráter erudito, descolada das implicações de uma vida prática, é extremamente contundente e expressa uma concepção de Educação Integrada, que articula o aspecto cultural com as necessidades da sociedade. Essa dimensão de uma Educação Integrada em Dewey foi incorporada pelos autores soviéticos, mas com outro conteúdo para a máxima “educação é vida”; enfatizando a necessidade de que essa educação deveria ter como horizonte a vida na sociedade socialista. Na realidade soviética, a proposta de Educação Integrada, portanto, estava articulada aos desafios de construir o comunismo; este entendido como possível na medida em que o país se modernizasse, superando o atraso em que se encontrava. (FREITAS, 2009, p.182) Desse modo, o escolanovismo irá influenciar Tolstoi e este será responsável por contribuir para a formação de muitos professores, os quais também se apoiavam, a essa altura, em Emílio, na obra clássica de Rousseau e na educação livre. Sua concepção de criança assemelha-se a de Rousseau, “a criança é perfeita, de acordo com a natureza, e que são os homens e a sociedade que a modificam e corrompem” (CAPRILES, 1989, p.21). Veremos, adiante, que Makarenko irá combater tais concepções rousseaunianas. <br /><br />Abrindo um breve parêntese, e ainda sobre a formação de professores (mas já pós- revolução de 1917), houve, inicialmente, a implantação de “um sistema dual para preparar os professores (escola normal de um ano, para formar os professores de ensino elementar, e institutos de professores para formar os professores do nível elementar superior" (RODRÍGUES, 2004, p.311). <br /><br />A pedagogia de Tolstoi também é influenciada pelo pensamento de Uchinski: centrado no aluno; afirmava, ainda, que o professor deveria ser um motivador, nem sempre teve eficácia visto que houve casos “de crianças que freqüentavam muitos anos e não conseguiam aprender a ler nem a escrever” (CAPRILES, 1989, p.21). <br /><br />Os educadores progressistas, sucessores de Uchinski e Tolstoi, buscavam uma solução para pôr em prática as ideias de educação liberal para as crianças, apesar de o czarismo ter derrotado a revolução democrática de 1905-1907 e não haver aplicado nenhuma ação a favor da instrução pública. <br /><br />Muitos educadores se engajaram na luta da instrução pública, entre eles: Piotr Frantsevitch Lesgaft, fundador da educação física científica russa; P. F. Kapterev, pedagogo e psicólogo; Vasili Porfírievitch Vakhterov, pedagogo, criador da “Cartilha russa”, conhecida em todo país e que teve 117 edições até 1917, além de escrever também manuais para educação das crianças. <br /><br />Todavia, foi com E. I. Tikheeva que a pedagogia russa iniciou sua fase de investigar a fundo os atributos da instrução. Sua contribuição, nesse sentido, inicia-se quando a pedagoga apresenta, num encontro de educadores, em Moscou, “uma tese sobre a unidade e a continuidade da educação das crianças em casa, na pré-escola e no primeiro grau” (CAPRILES, 1989, p.23). <br /><br />Com influência das concepções pedagógicas ainda em voga na Europa e nos Estados Unidos, como a de Dewey e Kerschensteiner, surgiram, às vésperas da revolução, três grandes educadores russos que efetivariam, no ensino russo, a aplicação dos métodos das concepções citadas, deixando de lado as concepções atrasadas e czaristas. São eles: Alexandr Zelenko, engenheiro e professor; Louise K. Shleger, pedagoga e revolucionária; e Stanislav T. Chatski, grande especialista em Dewey e intelectual da educação. <br /><br />Louise Shleger, em 1905, já havia fundado uma pequena escola para os filhos dos operários, em Shelkovo, subúrbio de Moscou, escrevendo também um manual dedicado aos professores da pré-escola. Segundo Capriles (1989), existiam cerca de 250 professores da pré- escola em toda a Rússia. A pedagoga soviética dava extrema importância ao jogo no ensino pré-escolar, “pois é através dele que se desvenda o mundo interior de cada criança” (CAPRILES, 1989, p.23). Não foi possível saber se Shleger apoiou-se em Montessori para desenvolver essa ideia de uso de jogos na educação, que seriam aplicados nos primeiros anos da educação soviética. Com efeito, o material dourado, é uma criação montessoriana que caracteriza sua contribuição à educação de crianças, valeria verificar e aprofundar um estudo que examinasse o quanto a concepção de jogo, desenvolvida por Montessori, era distinta daquelas aplicadas por Shleger e outros pedagogos russos desse período; mas, aqui, devido ao recorte do nosso estudo e ao tempo, não iremos nos deter. Ressalvamos apenas que existia um psicólogo russo, Elkonin9, que tinha, como objeto de estudo, o jogo. <br /><br />Podemos ver, abaixo, com Silva (2008), alguns esclarecimentos sobre sua teoria <br /><br />Desta forma, Elkonin (1969) afirma que o elemento principal nos jogos de ação é o papel do adulto. O jogo de ação desenvolvido é sempre um jogo coletivo. Somente em seus graus mais inferiores de desenvolvimento pode ser individual. No jogo de ação, as crianças correntemente reproduzem o trabalho dos adultos, e este, como é sabido, é sempre coletivo. O jogo coletivo é uma forma de vida coletiva, acessível às crianças de idade pré- escolar. E, sobre a base dos jogos de ação se desenvolvem os de movimentos e os intelectuais com regras. (SILVA, 2008, p.149) A importância do jogo para o desenvolvimento da criança está reconhecida por todos. Gorki (apud ELKONIN, 1969, p.514) dizia: “O jogo é o meio para que as crianças conheçam o mundo em que vivem e que elas deverão modificar”. Segundo Makarenko (apud ELKONIN, 1969, P.514): “[...] o jogo tem uma significação importante na vida da criança; para ele é tão importante como para o adulto o é sua atividade de trabalho, o emprego”. Elkonin (1969) ressalta que o jogo, e, sobretudo, o jogo de ação, é o meio fundamental para que a criança conheça de uma maneira dinâmica a atividade das pessoas e as relações sociais entre elas. O jogo influi fundamentalmente na formação do aspecto moral da criança, já que é uma prática de conduta baseada em leis morais, em regras das relações entre os que fazem parte no jogo, as quais estão ligadas estreitamente com seus papéis. No jogo é onde as crianças aprendem com mais facilidade a dirigir sua conduta. (SILVA, 2008, p.149) No jogo se formam tipos mais elevados da percepção, do processo verbal, da imaginação e se efetua o passo do pensamento objetivo a outras formas mais abstratas. Porém, a enorme importância do jogo para o desenvolvimento de todas as facetas da personalidade da criança unicamente pode influir se tem uma boa direção pedagógica (ELKONIN, 1969, p.514-515, apud SILVA, 2008, p.150) Entretanto, pelo recorte de nosso estudo, não adentraremos maiores análises da relação dos estudos de Elkonin com os demais educadores russos e soviéticos, inclusive Makarenko. Continuamos por reafirmar que Dewey exerceu uma enorme influência entre os educadores russos já citados até aqui, e, inclusive, Alexandr Zelenko, após viajar pela Europa e Estados Unidos e desembarcar em Moscou, no ano de 1904, apresenta informações sobre a concepção deweyana aplicadas em escolas em bairros operários nos EUA. <br /><br />Assim, com essas informações de Zelenko, Chatski presta declarações sobre os fundamentos pedagógicos das escolas americanas, as quais defendiam a proposta da educação como vetor de uma mudança ou reforma social (CAPRILES, 1989). Já em 1906, Chatski, Shleger e Zelenko inauguram o Primeiro Centro de Assistência Social de Moscou, que aglutina várias instituições infantis, constituindo uma escola experimental que desagradou o Czar. Esses mestres foram acusados, pelo governo czarista, de ensinarem para as crianças o socialismo e, por isso, foi determinado o encerramento de suas atividades educacionais e a prisão de Zelenko e Chatski. <br /><br />Todavia, após dois anos, em 1908, a escola retomou seu funcionamento e, com a Revolução de 1917, conforme exposto anteriormente, tornou-se oficialmente a Primeira Estação Experimental de Educação Pública, e Stanislav T. Chatski tornou-se diretor desta. <br /><br />Em 1907, como um dos reflexos do “ensaio geral da revolução” , de 1905, o czarismo decretou, formalmente, a obrigatoriedade escolar e criou uma rede escolar primária, até então inexistente; além de autorizar uma Assembleia (Duma), outra reivindicação das elites. O Ministério da Instrução continuou sendo controlado pela Igreja. <br /><br />As escolas médias privadas, que agrupavam a burguesia liberal, inspiradas pelo movimento renovador10, que se espalhava pelo mundo desde 1900, organizaram uma poderosa associação de professores. A disputa entre o Ministério e a Duma, ou “a luta de classes entre a feudalidade e a burguesia” pelo controle da escola, permaneceu até 1915, quando Iganatev se tornou Ministro da Instrução. Discípulo de Dewey, organizou o Ministério da Instrução numa estrutura modernista, que durou até 1918 (LINDENBERG, 1977, p. 263- 264). <br /><br />A organização dos professores foi um dos grandes dilemas que os bolcheviques tiveram de enfrentar pós-1917, pois, assim como uma grande parte dos intelectuais russos, era uma classe contrarrevolucionária (LÊNIN, 1977, p. 43, 97-08, 145-06 - vol I, apud LINDENBERG, 1977, p.264). A grande maioria dos professores permanecia indiferente aos apelos bolcheviques, recusando-se, durante anos, a colocar em prática as recomendações do partido; numa espécie de “sabotagem pela passividade” (LINDENBERG, 1977, p.264). Outros setores da sociedade russa também enfrentaram esse tipo de problema. Houve resistência de alguns trabalhadores, manifestada na lentidão do trabalho, na despreocupação com a qualidade e com a produtividade (REIS FILHO, 1983, p. 60). <br /><br />A reação dos professores, no entanto, tinha outros argumentos que a simples recusa do ideal revolucionário. Tratava-se de que, nos primeiros anos da Revolução, eram os sovietes específicos (“Conselhos para a Educação Popular”) que escolhiam os professores e administravam as escolas. Diante disso, uma parte dos professores reagiu muito mal a essa intromissão das massas nas atribuições educacionais (LINDENBERG, 1977, p. 264). <br /><br />Contudo, foi com Nadejda Konstantinovna Krupskaia que encontramos as bases e fundamentos da educação escolar soviética. Com efeito, ainda em 1899, período czarista e pré-revolucionário, Krupskaia escreveu o livro A mulher trabalhadora, antecipando a discussão do papel da mulher na educação e na vida de um regime socialista, pois, para ela, no socialismo, a mulher “não somente deveria se preocupar em garantir às crianças os meios indispensáveis para a existência, como também, deveria se criar as condições materiais com tudo que fosse necessário para seu desenvolvimento pleno, multilateral e harmonioso” (CAPRILES, 1989, p.24). <br /><br />Em 1905, mesmo com a derrota da revolução democrática, o czarismo cedeu algumas garantias democráticas, tais como, a da liberdade de imprensa, de reunião e de associação. Desde esse período, Krupskaia escrevia muitos artigos com a problemática da educação. Foi uma das intelectuais mais importantes de sua época, falando, fluentemente, vários idiomas, entre eles, alemão, francês e inglês. <br /><br />Nadejda Konstantinovna Krupskaia era oriunda da pequena nobreza, embora desprovida, objetivamente, de dinheiro ou de condições financeiras dignas. Nesse sentido, Krupskaia trabalhou muitos anos como governanta e não se descuidava de seu trabalho; à noite, ainda, estudava, formando-se, mais tarde, numa pequena faculdade para mulheres em São Petersburgo. <br /><br />Examinou as principais concepções pedagógicas de sua época e estudou, detidamente, a obra de Dewey e de outros pensadores escolanovistas, entre eles, Cecil Reddie, da Inglaterra, Edmond Demolins, da França, e Hermann Lietz, da Alemanha. Krupskaia teve influências do pensamento do psicólogo William James, os quais determinavam que a atividade intelectual devia estar subordinada às finalidades da ação. Nereide Saviani (2011) , em artigo recente, trata a questão dos autores que influenciaram Krupskaia <br /><br />Nos limites deste artigo – e do estudo realizado – não foi possível tratar da interlocução de Krupskaya com a literatura pedagógica de sua época, algo que pudesse indicar se e como se apropriou das contribuições de pedagogos burgueses e outros. Há passagens em que ela cita John Dewey, William James e outros, em alguns casos até aceitando formulações ou análises. Porém, da leitura que fiz, não depreendo elementos que justifiquem a crítica, por vezes atribuídas a essa autora, de que teria aderido a propostas pedagógicas predominantes nos Estados Unidos da América e que os Programas Oficiais da URSS, elaborados sob sua coordenação, teriam um quê de escolanovismo transplantado. Outra questão digna de estudo e reflexão é a concepção de escola única. A julgar pela formulação de princípios e pelas propostas de organização e funcionamento do sistema de ensino, não se trata de visão de uniformidade e homogeneidade, mas de unidade na diversidade. Ou seja, não há várias escolas dispersas, mas uma escola, com seus vários ramos, modalidades, graus e níveis, articulados por diretrizes comuns, a serem seguidas segundo as especificidades (SAVIANI, N., 2011, p.35) Quanto a sua opção revolucionária pelo paradigma marxista, Krupskaia formulou seu pensamento para o papel da educação, anunciando que esse processo deveria se “transformar num método científico de produção coletiva fundamentado no trabalho e na autodeterminação dos seus membros” (CAPRILES, 1989, p.25). Veremos, adiante, que será com base no pensamento de Krupskaia que Makarenko irá basear sua concepção pedagógica. <br /><br />Essa visão inédita do universo social, diretamente ligada à reestruturação cultural, proposta pela revolução socialista, levou muito dos marxistas russos, dentre eles o próprio Lênin11, a considerar, inicialmente, que a escola também era uma superestrutura que refletia a sociedade burguesa e estava, por isso mesmo, destinada a desaparecer, nas formas em que era conhecida. Vejamos, abaixo, o que o próprio Lênin diz sobre isso <br /><br />E aqui toda a questão está em que, juntamente com a transformação da velha sociedade capitalista, o ensino, a educação e a formação das novas gerações, que criarão a sociedade comunista, não podem ser os antigos. O ensino, a educação e a formação da juventude devem partir do material que nos ficou da velha sociedade. Só poderemos construir o comunismo com a soma de conhecimentos, organizações e instituições, com a reserva de forças e meios humanos que nos ficaram da velha sociedade. Só transformando radicalmente o ensino, a organização e a educação da juventude conseguiremos que os esforços da jovem geração tenham como resultado a criação duma sociedade que não se pareça com a antiga, isto é, da sociedade comunista (LENIN, 2011, p.367). Por outro lado, a juventude e a nova geração devem saber que a escola não deve apenas ensinar os textos de viés marxistas ou comunistas, e, sim, o conhecimento universal, adquirido e produzido, historicamente, pelo gênero humano. Lênin continua </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /><i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Ver mais em LÊNIN, V. I. As tarefas das Uniões da Juventude (discurso no III Congresso de toda a Rússia da União Comunista da Juventude da Rússia – 2 de Outubro de 1920), Revista HISTEDBR On-line, Campinas, número especial, p. 377-396, abr. 2011. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/41e/doc01_41e_2.pdf>. Acesso em 17 fev. 2012.</span></i> <br /><br />À primeira vista, naturalmente, surge a ideia de que aprender o comunismo é assimilar a soma de conhecimentos que se expõem nos manuais, brochuras e trabalhos comunistas. Mas isso seria definir de um modo demasiado grosseiro e insuficiente o estudo do comunismo. Se o estudo do comunismo consistisse unicamente em assimilar aquilo que está exposto nos trabalhos, livros e brochuras comunistas, poderíamos obter com demasiada facilidade exegetas ou fanfarrões comunistas, o que muitas vezes nos causaria dano e prejuízo, porque esses indivíduos, depois de terem aprendido e lido aquilo que se expõe nos livros e brochuras comunistas, seriam incapazes de combinar todos esses conhecimentos e não saberiam agir como o exige realmente o comunismo (LENIN, 2011, p.367-368). <br /><br />O mais importante para Lênin, e, posteriormente, veremos que também para Makarenko, isto é, a questão central é relacionar a teoria e a prática, na busca da formação do novo homem comunista <br /><br />Um dos maiores males e calamidades que nos ficaram da velha sociedade capitalista é o completo divórcio entre o livro e a vida prática, pois tínhamos livros onde tudo era pintado com o melhor aspecto e estes livros, na maior parte dos casos, eram a mentira mais repugnante e hipócrita, que nos desenhava falsamente a sociedade capitalista. [...]Sem trabalho, sem luta, o conhecimento livresco do comunismo, adquirido em brochuras e obras comunistas, não vale absolutamente nada, porque prolongaria o antigo divórcio entre a teoria e a prática, esse antigo divórcio que constituía o mais repugnante traço da velha sociedade burguesa (LENIN, 2011, p.368). Portanto, a alardeada morte da escola, na verdade é a morte da dicotomia entre teoria e prática. Em uma passagem do texto de Capriles (1989, p.31-32), podemos esclarecer melhor o que já foi dito <br /><br />Com a transformação da sociedade burguesa em sociedade socialista, os mais radicais levantaram a hipótese da "morte da escola" do mesmo modo que, na visão de Friedrich Engels (1820-1895), existiria o "desaparecimento gradual do Estado depois da expropriação dos bens da burguesia". Deste ponto de vista, a função escolar se tornaria uma função natural da comunidade de trabalho, e um dia a escola e a fábrica acabariam por coincidir na sua própria existência. Como mencionado anteriormente, a acusação de que os soviéticos queriam a morte da escola talvez se baseasse nas declarações de Lênin, citadas por nós, no seu discurso: As tarefas das Uniões da Juventude - no III Congresso de toda a Rússia da União Comunista da Juventude da Rússia, realizado em 02 de outubro de 1920. <br /><br /> Todavia, percebemos que Lênin, na verdade, questiona o fundamento da velha escola capitalista para a preparação de outra escola de caráter comunista <br /><br />Que é que devemos tomar da velha escola, da velha ciência? A velha escola declarava que queria criar homens instruídos em todos os domínios e que ensinava as ciências em geral. Sabemos que isso era pura mentira, pois toda a sociedade se baseava e assentava na divisão dos homens em classes, em exploradores e oprimidos. Como é natural, toda a velha escola, estando inteiramente impregnada de espírito de classe, só dava conhecimentos aos filhos da burguesia. Nessas escolas, a jovem geração de operários e camponeses não era tanto educada como treinada no interesse dessa mesma burguesia. Educavam-nos para preparar para ela servidores úteis, capazes de lhe dar lucros, e que ao mesmo tempo não perturbassem a sua tranqüilidade e ociosidade. Por isso, ao rejeitar a velha escola, propusemo-nos a tarefa de tomar dela apenas aquilo que nos é necessário para conseguir uma verdadeira formação comunista (LENIN, 2011, p.368). <br /><br />Dessa relação fábrica e escola, veremos nascer a proposta revolucionária da pedagogia do trabalho na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); todavia, é certo que encontraremos fortes influências de Decroly12 e Kerschensteiner13, este último influenciou vários pedagogos da época que assimilaram “o conceito do ‘trabalho educativo’ ou da ‘formação do homem útil’, mas estes foram rejeitados pelo primeiro comissário do povo para a Instrução, Anatoli Vasili Lunatchárski” (CAPRILES, 1989, p.29). <br /><br />Entretanto, apesar da rejeição por parte de Lunatchárski, outros educadores soviéticos, como<b> Shulgin e Pistrak</b>, desenvolviam a proposta da escola do trabalho, que não deixava de ter referenciais teóricos dos autores citados no parágrafo acima. Sobre a escola do trabalho, trazemos Santos (2009) , que traz contribuições, em sua dissertação de mestrado, as quais analisa a proposta de Kerschensteiner sobre a escola do trabalho de raiz burguesa liberal <br /><br />A proposta de Kerschensteiner foi resposta a uma demanda do movimento de unificação escolar burguesa, ou seja, sua concepção de escola do trabalho no que se refere à ligação entre o mundo do trabalho e a educação orientou-se para os princípios da proposta liberal. [...] parte do pressuposto de que as transformações na instituição escolar são determinadas pelo processo de desenvolvimento do capitalismo e por um projeto político burguês. Assim, reitera o argumento do educador russo A. Pinkevich (s/d) que defende uma “escola do trabalho socialista” ou a “verdadeira escola do trabalho”, afirmando que a proposta de Kerschensteiner repõe a dominação de uma classe sobre a outra. [...] A análise de Luzuriaga (1951) aproxima Dewey e Kerschensteiner não somente pelo fato de que ambos são contemporâneos, propõe modificações no interior da escola, mas também e, principalmente, por fundamentarem suas experiências no “princípio ativo”, assim poderiam ser denominadas como manifestações da escola ativa. Entretanto, é necessário ressaltar que para Dewey o trabalho não era o princípio organizador da escola - tal como Kerschensteiner o elegeu – mas era uma ocupação ativa, assim como o jogo. Ambos - jogo e trabalho - foram considerados por Dewey como exemplos de atividades sociais, as quais deveriam compor o currículo, desde que proporcionassem às crianças o desenvolvimento de resultados intelectuais e a formação de tendências sociais (cf. Dewey, 1959) (SANTOS, 2009, p.18; 34). 12 O. Decroly (1871-1932). Para maiores esclarecimentos sobre os pressupostos do autor, consultar SUCHODOLSKI, Bogdan. A Pedagogia e as grandes correntes filosóficas. 2.ª ed. São Paulo: Centauro, 2004. 13 Kerschensteiner (1854-1932), defensor da escola do trabalho. Ver mais em KERSCHENSTEINER, G. 1961. La escuela del trabajo. In: L. LUZURIAGA Ideas pedagógicas del siglo XX, Buenos Aires, Losada. <br /><br />Portanto, segundo Santos (2009), tendo por base a citação acima na qual consta Pinkevich, há uma diferenciação que os soviéticos vão tentar fazer sobre a escola do trabalho fundamentada no trabalho sob a nova sociedade socialista, aquela de Kerschensteiner. Para Rodrígues (2004), a nova escola socialista estava centrava no valor educativo do trabalho, ou seja, numa sociedade comunista baseada no trabalho compartilhado e produtivo, portanto, a escola tentava conciliar a formação do indivíduo à formação socialista. <br /><br />Até aqui, assinalamos que a educação russa, anterior ao período da revolução socialista de 1917, estava, ainda, em regime de consolidação, lutando por estabelecer-se dentro de um Estado arcaico e autocrata, muito distante da realidade alcançada no período posterior, com a revolução socialista de 1917. <br /><br />Podemos concluir que a educação, na Rússia, no período pré-revolucionário, configurava um embate entre as ideias progressistas, de cunho democrata e escolanovista, de um lado; e a autocracia czarista e sua concepção de educação, de outro. Tais educadores, que nomeamos progressistas, deram significativa contribuição na constituição de um modelo soviético de educação, mesmo que, para isso, se fizesse necessário superar seus limites escolanovistas, que remetem ao liberalismo burguês. <br /><br />Expusemos, nesse texto, a retirada do processo educacional quanto à transmissão dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade, particularmente no caso da escola. Na ausência de um sistema educacional russo complexo, universal e público, a exceção à regra viria a conter-se naquelas instituições particulares que estavam a serviço do czarismo e voltadas à formação da nobreza e da burguesia; e, mesmo nestas, os conhecimentos eram passados com uma imensa dificuldade, além de obedecer a certos limites, uma vez que se mantinham tão-somente aqueles conhecimentos que serviam ao projeto de ampliação de lucratividade do capital para a autocracia vigente. <br /><br />A constituição de um projeto de sistema educacional russo e a tarefa de transmitir os conhecimentos acumulados historicamente pelo conjunto da humanidade, por parte da escola, somente passaria a concretizar-se com o advento da revolução socialista e soviética. Com efeito, as carências e dificuldades, na esfera educacional, constituiriam uma grande lacuna, uma grande ferida no seio da nascente revolução, o que se contrapunha, abertamente, ao princípio da relação entre teoria e prática e estorvaria a constituição de um pensamento crítico e universal, com vistas à formação humana plena e emancipada. <br /><br />Tal nódulo representaria uma das grandes tarefas para o conjunto de educadores, tais como Krupskaia, Pistrak e Makarenko, apenas para citar alguns, do período revolucionário soviético, os quais teriam de resolver essa problemática, dentro de uma concepção pedagógica que defendia, como assinala Jimenez (2001), a partir de Marx, uma articulação entre o teórico e o prático, entre a cabeça e a mão humana, em suma, a formação plena, harmoniosamente omnilateral do ser humano. Ou, ainda, como nos diz Manacorda, “um desenvolvimento total completo, multilateral, em todos os sentidos, das faculdades e das forças produtivas, das necessidades e da capacidade da sua satisfação” (MANACORDA, 2007, p.87). 2.2 Makarenko: vida e obra <br /><br />Anton Semionovich Makarenko nasceu em 13 de março de 1888 na aldeia de Bielópolis, perto de Kharkov, na Ucrânia. Seu pai, Semión Grigórievich, era um operário ferroviário, um pintor, que trabalhava em uma fábrica de vagões, no subúrbio de Kriukov, na cidade de Kremenchug, situada às margens do rio Dnieper, na Ucrânia. De sua mãe, Tatiana Mijáilovna, herda seu otimismo e alegria; ela era uma excelente contadora de histórias, e é dela que nasce a confiança no ser humano. <br /><br />Aos cinco anos de idade, Makarenko já sabia ler, e preferia livros aos jogos infantis. Por seis anos, ele estudou na Escola de Kremenchug, sendo um aluno brilhante e com um grande conhecimento dos clássicos russos e estrangeiros, além de filosofia, astronomia e ciências naturais. <br /><br />Em 1904, com dezesseis anos de idade, tornou-se professor de crianças na fábrica onde seu pai trabalhava, tendo, ele mesmo, procurado esse emprego. Seu relacionamento com os trabalhadores vai marcá-lo por boa parte de sua vida. Ali, pode entender como funcionava, de perto, a exploração dos trabalhadores; e, partilhando suas lutas pela emancipação social, pode compreender melhor sua própria vida. A revolução de 1905 não marcaria somente Makarenko, mas todos os professores os quais entendiam que a autocracia czarista era o grande inimigo dos povos da Rússia. <br /><br />Seus colegas professores assinavam o jornal bolchevique, Novaya Shizn ("Vida Nova"); à noite, reuniam-se para discutir, acaloradamente, os sucessos que ocorriam na luta dos trabalhadores e, felizes, cantavam hinos revolucionários. <br /><br />Em 1911, com a finalidade de tirá-lo da sala de aula, mas também com o intuito de ser observado melhor pelas autoridades, foi nomeado inspetor escolar na aldeia da estação ferroviária de Dolinskáia. Makarenko, todavia, não deixou de influenciar os estudantes com suas concepções educacionais. <br /><br />Em certa ocasião, fez uma apresentação para comemorar a expulsão pelos russos das hordas de Napoleão. Makarenko preparou um espetáculo teatral que mobilizou, não somente as crianças e os estudantes do povoado, mas os adultos também. Durou toda uma noite, no qual arderam, nas estepes ucranianas, as chamas de barris de alcatrão, até o amanhecer, e ouviam-se o trovejar de “canhões” e os gritos da vitória dos vencedores. <br /><br />As "ações militares" terminaram apenas ao nascer do dia, quando, sob os gritos de júbilo dos vitoriosos e do público, conduziram, para a escola, as colunas dos inimigos derrotados e capturados. <br /><br />Do mesmo modo, era durante as noites que Makarenko fazia seu verdadeiro trabalho: reunia-se em torno de um círculo de tendências revolucionárias, composto por intelectuais e trabalhadores ferroviários, os quais, aos domingos, se encontravam num bosque perto da estação. Em 1914, ingressa no Instituto Pedagógico de Poltava, concluindo seus estudos em pedagogia, no verão de 1917, brilhantemente, ganhando, inclusive, uma medalha de ouro do instituto, a recomendação de ensinar e a habilitação para a direção de escolas secundárias. <br /><br />Durante esse período, enviou uma pequena história literária para que Máximo Gorki avaliasse, no entanto, este, ao devolvê-la, incluiu uma anotação que dizia que a história estava escrita debilmente, e que o personagem principal (um Pope14) não tinha nem dramatismo nem sofrimento desenvolvidos claramente, além de que, a descrição de fundo e o diálogo entre as personagens, não eram interessantes. Gorki, então, solicita a Makarenko que procure escrever outra coisa, a fim de que ele, novamente, viesse avaliar. Graças a resposta sincera de Gorki, ele baniu, de sua mente, os sonhos literários. Foi naquela época, que ele também estudou Marx, Engels, e vários pensadores revolucionários. <br /><br />Com a Revolução de Outubro tudo se modificou. Nesse sentido, vale ressaltar que havia um grande problema a ser enfrentado pelos educadores russos: o analfabetismo. Em 26 de março de 1919, Lênin assinou o decreto "Sobre a liquidação do analfabetismo", o qual, segundo Capriles (1989, p.30) obrigava toda a população com idade compreendida entre os 8 e os 50 anos, que não sabia ler nem escrever, a se alfabetizar na língua materna ou na russa, conforme o desejo de cada um. O Estado soviético não só obrigou as pessoas a estudar, mas também criou todas as condições necessárias para que isto acontecesse. Por exemplo: para todos os que estudavam, a jornada de trabalho foi reduzida em duas horas diárias, com a completa conservação do salário. Houve, por três anos, um intenso combate, ocorrido na região de Kremenchug. Mesmo assim, o Conselho de Comissários do Povo reorganizou todas as instituições educacionais da região de Kharkov, nomeando Makarenko como responsável pela escola primária de Poltava. Durante a guerra civil, ocorrida entre 1918 e 1920, em meio a catástrofes, houve intensa produção cultural, conforme nos relata Capriles (1989, p.32) <br /><br />Logo após a criação do Estado socialista, o país atravessou uma segunda crise econômica, agravada, posteriormente, pela eclosão de uma guerra civil (1918-1920), obrigando os soviéticos a mobilizar todas as forças humanas e materiais para a defesa da nação. Ainda assim, o governo soviético determinou que o segundo maior orçamento estatal fosse aplicado na instrução popular; somente o exército teve prioridade absoluta nas despesas provocadas pela guerra e suas seqüelas devastadotas. Em plena catástrofe, no auge da guerra civil, foram editados 115 títulos das obras clássicas da literatura russa, com uma tiragem de seis milhões de exemplares. Ainda sobre a guerra civil na Rússia revolucionária, podemos perceber o quanto o chamado Comunismo de Guerra influenciou Makarenko; o quanto os resquícios e desdobramentos da Guerra Civil geraram influências na pedagogia de Makarenko, tendo em vista a organização de vida e morte contra a contrarrevolução e invasão de tropas estrangeiras. Foram tomadas ações emergenciais para garantir recursos no financiamento do Estado, tais como: a estatização de indústrias que tivessem mais de cinco operários, as colheitas dos camponeses deveriam ser entregues ao governo soviético. Conforme a resistência dos camponeses para entregar as colheitas, a Theca, a polícia política, ia sendo chamada para cumprir as ordens e encontrar a produção escondida. Reis Filho (1983), sobre isso <br /><br />Nesse período, a produção industrial entrou em declínio; em 1920, correspondia a 18% da produção de 1913; e a agrícola, a 30%. A fome sobreveio em 1921. A guerra civil acarretou 8 milhões de mortos, na luta ou vítimas da fome, do frio e das epidemias (REIS FILHO, 1983, p. 90). Como uma das consequências terríveis dessa guerra civil, temos o abandono de milhares de crianças, muitas caindo na criminalidade e negligência. Diante de quadro tão grave, Makarenko propõe uma alternativa, fundando, entre os edifícios de uma fazenda em ruínas, uma instituição modelo para o apoio, o recolhimento e a educação de tais crianças, vítimas do abandono, a qual viria a ser chamada de Colônia Gorki. Sobre o prédio que servirá de instalação da Colônia Gorki, podemos ler uma descrição: <br /><br />Antes da Revolução existia aqui uma colônia de menores delinquentes. Em 1917 ela se dispersou, deixando atrás de si bem poucos vestígios pedagógicos. A julgar por esses vestígios, preservados em surrados livros- didáticos, os diretores pedagógicos da colônia eram velhos militares, ao que parece oficiais de baixa patente reformados, cujas obrigações consistiam em vigiar todos os passos de cada um dos seus educandos, tanto no trabalho como nas horas de recreio, e à noite dormir no aposento contíguo. Pelos relatos dos camponeses vizinhos podia-se deduzir que a pedagogia desses “tios” não primava pela complexidade. A sua expressão exterior se limitava a um instrumento da simplicidade de um porrete (MAKARENKO, 1985, p.16). Após a Revolução de Outubro, a luta contra a delinquência juvenil teve dois componentes intimamente ligados: o futuro de centenas de milhares de crianças e um problema educacional que exigia uma resposta rápida, prática. Para os bolcheviques era uma responsabilidade social. Todas as instituições estavam superlotadas, faltavam recursos e alimentos e bens industriais de todo tipo. No entanto, o Comissariado do Povo de Saúde Pública criou, em 1918, sucessivos decretos para garantir alimentação infantil em cada território. A distribuição e a luta para tirar as crianças da fome e da miséria foram ordenadas à Vetcheká ou Tcheká, e, como o tempo era o inimigo principal, Felix Dzerzhinsky foi responsável pela criação do "Detkomissia", ou Comissão para as crianças. <br /><br />Dada a urgência na resolução dessa grande calamidade, o Comissariado do Povo da Educação (Narkompros) não conseguiu, por si só, resolver a terrível situação, sendo necessária a objetiva colaboração de todos os quadros soviéticos. Com efeito, foi criada uma comissão ligada ao Comitê Executivo Central, envolvendo, claro, Narkompros e uma comissão que representasse todos os departamentos e as agências pertinentes à resolução do problema. <br /><br />Desde que a Detkomissia abordou o Komintern (Internacional Comunista), a fim de constituir o fundo de alívio dos famintos na Rússia, as organizações internacionais conseguiram doações de trabalhadores. Em 1920, 300 mil jovens foram retirados das ruas; outros 350 mil entre 1921-1922. Nessa tarefa, participaram, efetivamente, o Exército Vermelho, os sindicatos e as organizações camponesas. Em 1923, já havia sido alojado um milhão de desabrigados, a maioria formada por crianças. <br /><br />Desse modo, uma vasta rede de instituições educacionais e orfanatos foram, gradualmente, criadas, sendo estabelecidas colônias de trabalho e estudo, bem como comunas da infância de um novo tipo. Um dos educadores presente nessa empreitada foi o revolucionário Anton Semionovich Makarenko. <br /><br />Já na Colônia Gorki, em meio à grande atividade, em 1923, Makarenko se muda com crianças e jovens para a fazenda Tepke e, posteriormente, para o mosteiro de Kuriag, onde desenvolveu suas experiências com cada vez mais jovens, em luta constante com os velhos preconceitos burgueses enraizados nas recém-criadas instituições de ensino. Makarenko conseguiu transformar seus educandos em verdadeiros homens novos para a sociedade socialista. Assim descreve, sobre eles, no último volume do seu Poema Pedagógico <br /><br />Os meus gorkianos também cresceram, espalharam-se por todo o mundo soviético, para mim agora é difícil reuni-los até na imaginação. Como agarrar o engenheiro Zadorov, que se afundou numa das obras do Turcomenistão, como mandar Vershióv, médico do Corpo Especial do Extremo Oriente, ou convidar para um encontro Burún, médico em Iarosláv? Até Nissinov e Zoren, tão garotinhos, até eles voaram embora de mim, vibrando asas, só que suas asas já não são aquelas de antes, as delicadas asas de minha simpatia pedagógica, mas as asas de aço dos aviões soviéticos. E Shelapútin enganava quando afirmava que seria aviador: piloto de avião é também Shurka Jevêli, que não quis imitar o irmão mais velho, que escolheu o caminho de piloto naval no Ártico (MAKARENKO, 1991, p.258). Como consequência da luta contra os preceitos da educação burguesa, ele deixa a Colônia Gorki, e, com o apoio do Comissariado Extraordinário para Assuntos de Segurança (Vetcheká ou Tcheká), entende que é preciso forjar uma nova escola soviética. Então, escreve uma pré-visualização de suas ideias no livro A Marcha dos anos 30, e o romance FD-1. <br /><br />Juntamente com os "tchekistas" (nomenclatura dada aos funcionários da Tcheká), cria a Comuna Dzerzhinsky, em memória de Felix Dzerzhinsky; esse estabelecimento também foi conhecido como Colônia Primeiro de Maio. Ali, ele aplicou seu método, e, com mais tempo, também publicou, durante os anos 1933, 1934, 1935, suas experiências no livro intitulado Poema Pedagógico. <br /><br />Em 1935, Makarenko concluiu seu período na direção da Comuna Dzerzhinsky. O partido e o Conselho de Comissários consideraram adequado o monitoramento de todos os trabalhos educativos que estavam sendo gerados para a erradicação da delinquência juvenil, no sentido de desenvolver um curso de ação, em cada evento específico, que envolvesse o assunto. Makarenko, por sua vez, prosseguindo em suas elaborações, nesse mesmo ano, lança uma edição da peça "Tom Maior", enquanto termina a obra Metodologia para a organização do processo educativo. <br /><br />Até 1937, o pedagogo soviético esteve à frente da vice-direção da Seção de Colônias de Trabalho do Comissariado do Povo para Assuntos Internos da Ucrânia. Makarenko desenvolve, em dois anos, uma enxurrada de atividades, com constantes viagens por várias cidades, nas quais se reunia com conselhos escolares, nas instituições educacionais, dando palestras, desenvolvendo manuais, acolhendo os recém-formados das universidades e explicando-lhes seus métodos. <br /><br />O resultado desses anos foi a publicação do romance Bandeira nas Torres, no qual descreveu suas experiências na Comuna Dzerzhinsky, embora ainda estivesse, gradualmente, sintetizando suas conclusões teóricas. Esse livro será um dos livros utilizados na pesquisa, e, como o Poema Pedagógico, é escrito em forma novelesca. Makarenko reafirmará suas categorias mais importantes de forma esparsa ao longo do texto. Aqui, também, teremos dificuldades na compreensão do que é a teoria e do que é o estilo literário. No panfleto "A honra", ele derramou suas ideias educacionais e estendeu-as para toda a sociedade, conclamando uma renovação na forma de ensino, não especificamente para atender aos chamados menores infratores, mas, na educação de todos os jovens, para a construção de uma nova sociedade, a qual pudesse desenvolver uma nova geração de meninas e meninos a partir de concepções sociais contrapostas à herança maldita recebida do capitalismo. A essa ideia geral, outras mais extensas e bem elaboradas são somadas, posteriormente, culminando com uma produção intitulada O Livro dos Pais. Nesse período, Makarenko edita os artigos literários "Felicidade", "Um caráter de verdade" e "Em missão oficial". Além dos livros, seu projeto educativo pode ser extraído de várias reuniões que decorreram de 1937 a 1939: são oito palestras proferidas em estações de rádio sobre, entre outros temas, o tema da educação na família. Ademais, os temas de seu projeto educacional, tomavam, por base, conversações com diferentes grupos de professores e coletivos de ensino, cartas, artigos de periódicos, reuniões e respostas para alguns professores, trabalhadores, comunidades, famílias, grupos de mulheres. O conjunto desse material foi recompilado por sua companheira Stajievna Galina Makarenko, também uma educadora, sendo alocado em sete volumes. <br /><br /> Em 31 de janeiro, Makarenko é condecorado com a Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho. Porém, para Anton Semionovich Makarenko, não há mais tempo, com 51 anos, o pedagogo soviético morre dentro de um trem, justamente quando ia ministrar mais um desses pequenos cursos. <br /><br /><b>3 A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DE MAKARENKO: RASTREAMENTO DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS </b><br /><br />A pedagogia soviética, referenciada em Krupskaia, e, por sua vez, em Makarenko percebia que a forma de construir o socialismo era através da criação de uma nova base econômica, e da incrementação e fortalecimento do poder operário; mais ainda, e de imediato, era tarefa urgente “educar um novo homem, que pensasse de maneira nova todas as questões, cujos costumes e relações com os demais homens fossem completamente distintos dos do regime capitalista” (FAVORETO, 2008, p.79). <br /><br />Será em Krupskaia (1978) que Makarenko irá basear sua educação pela coletividade. A referida autora será a que tratará da questão da educação comunista da juventude soviética salientará essa fundamentação do próprio discurso de Lênin, em 1920, no congresso das Uniões da Juventude Comunista (Komsomol). Vejamos, a seguir <br /><br />[Lênin] Era partidário de una escuela nueva, socialista. Lenin, alumno de um liceo clásico, prototipo de la vieja escuela secundaria, odiaba a esta escuela divorciada de la vida, donde imperaba el estudio de memoria. Sabía que esta escuela imbuía a los alumnos conocimientos, inútiles en sus nueve décimas partes y tergiversados en la décima parte restante. Exigía que la escuela soviética proporcionara a los educandos lo más necesario y esencial, los fundamentos de las ciencias, que la teoría estuviese estrechamente unida con la práctica y se enseñara a los niños el trabajo manual y el intelectual. Exigía que la escuela soviética no se divorciara de la vida, de la construcción socialista. Lenin deseaba que los alumnos formasen en la escuela una colectividad unida que llevara a cabo trabajo social. De todo ello habló Lenin en el III Congreso del Komsomol en 1920. Todos los escolares de los grados superiores y todos los guias de pioneros y organizadores del Komsomol deben conocer este discurso no de una manera formal, sino para que les sirva de guía para la acción (KRUPSKAIA, 1978, p.61). Portanto, uma das principais preocupações da educação comunista para a formação multifacetária do homem novo é com a relação teoria e prática. Talvez seja por isso que Makarenko escolhe, ao escrever seu livro Poema Pedagógico, sua principal experiência pedagógica dentro da Colônia Gorki, em forma e estilo literários, para mostrar que a educação comunista se confunde com a própria vida. <br /><br />Por sua vez, Tatiana Belinky, na apresentação do livro Poema pedagógico (v.1), pela editora brasiliense (1985), fala-nos que todo o material que dará origem a concepções pedagógicas de Makarenko foi retirado de sua própria vida e de sua própria experiência. Assim, segundo ela, o autor “desvendou o problema da reeducação socialista” e “do nascimento do 'homem novo', e esse novo homem será forjado pelas categorias do coletivo e do trabalho. Reiteramos, também, a dificuldade de extrair a teoria da obra Poema Pedagógico, pois, compartilhando a opinião de Tatiana Belinky <br /><br />O Poema Pedagógico é uma obra artístico-literária singular da criação científica na área da educação. As colocações básicas da sua teoria pedagógica inovadora são apresentadas no livro de maneira não- especulativa, elas nascem do desenvolvimento dos caracteres e personalidades, da dialética das inter-relações do coletivo e dos personagens atuantes no livro, dos conflitos da vida e das situações, numa criativa solução do difícil problema da fusão das imagens artísticas com as colaborações científicas (BELINKY, 1985, p.8). O próprio Makarenko (2010), como veremos na citação abaixo, dificulta nossa situação, pois, ele mesmo, não afirma, e nem desmente, que seu livro Poema Pedagógico seja pura ficção, ou não. Vejamos o que nos diz <br /><br />Eis o meu breve informe sobre o assunto. Bem, que mais lhes poderei dizer sobre os méritos e os defeitos dos meus livros? Há uma questão que talvez tenha interesse para vocês. Dizem que no livro Poema pedagógico não estão presentes nem a imaginação nem a fantasia, que é uma pura cronologia. Um crítico chegou a escrever: “Uma pessoa teve uma vida interessante e descreveu-a. Todo aquele que tem uma vida interessante é capaz de escrever um livro como este, e por esta razão Makarenko não é literato nem artista, mas um cronógrafo”. É evidente que eu me ofendi. Como é isso: não sou literato, mas escrevi um livro? Numa discussão perguntei-lhe: “Por que é que diz que isto é uma simples cronologia?”. E o crítico respondeu-me: “Porque você escreveu tudo o que existia na realidade. No seu livro não há invenção nem imagens sintetizadas”. Então, fiz uma cara séria e lhe disse: “Desculpe-me, mas como é que sabe que no livro não há invenção? Que provas tem de que isto é tudo verdade?”. Ele contestou: “Mas isso vê-se. Pelo seu próprio Zadorov se vê que ele existiu e que você lhe bateu”. “Nada disso! — disse eu. Nem Zadorov existiu nem eu lhe bati; tudo isso é pura invenção”. Ele pode ter acreditado ou não, é lá com ele. Mas não pôde demonstrar-me que eu mentia. Tenho direito de inventar? Tenho. E por isso ninguém me pode acusar se é invenção ou não. Ninguém tem direito de exigir-me que lhe preste contas disso. Mas a vocês direi, a título de amizade, que não há invenção nem no Poema pedagógico nem em Bandeiras nas torres, salvo alguns nomes e várias situações... Esta foi a única questão literária que considerei necessário mencionar (MAKARENKO, 2010, p.116-117). Dito isso, e superando esse primeiro obstáculo encontrado, partimos para a análise de suas obras. Sem dúvidas, uma das maiores dificuldades encontradas por Makarenko foi a precariedade estrutural do regime soviético como um todo. Vejamos um trecho em que explicita tal constatação <br /><br />(...) já sei do que é que você gostaria: que construíssem um prédio novo, colocassem carteiras novinhas, aí então você se poria a trabalhar. Não são os prédios que importam, meu caro, o que importa é educar o homem novo, mas vocês, pedagogos, sabotam tudo: é o prédio que não lhes agrada, são as mesas que não lhes servem. O que lhes falta é aquele... o fogo, sabe – aquele … o revolucionário. Janotas, é o que vocês são (MAKARENKO, 1985, p.11). É dessa relação entre as dificuldades estruturais e a educação do homem novo que Makarenko vai forjar suas categorias. Todavia, é curioso notar que a fala dessa personagem, na citação anterior, remete-nos ao pragmatismo ou à urgência do fazer a todo custo do que se debruçar sobre o problema. <br /><br />Essas são algumas das questões que examinaremos adiante. Em outro trecho de uma fala das personagens, Makarenko parece fazer uma crítica velada aos intelectuais ou ao trabalho intelectual. Lemos, em seguida, “(...) O que eu quero dizer é que vocês só querem saber de leitura, mas se lhes puserem pela frente um ser humano vivo, lá vão vocês: o tal ser humano vivo vai me matar! Intelectuais!” (MAKARENKO, 1985, p.12). <br /><br />A essa aparente crítica ao intelectualismo, ao mesmo tempo, há um atestado de que é necessária a construção cultural do homem novo. Mas, para isso, corre-se com o tempo; talvez seja esse o núcleo da crítica ao intelectual que se nega à ação ou a lidar com a nova realidade revolucionária. A todo instante, relembra-se de que o que era da sociedade anterior já não nos serve mais para nada. Podemos observar <br /><br />- Mesmo antes da Revolução já se sabia lidar com esses vagabundos. Já existiam as colônias para delinquentes juvenis. - Isso não nos serve, sabe... O que foi antes da Revolução não presta para nós. - Certo. Isso significa que temos de criar o homem novo de maneira nova. - De maneira nova, isso mesmo, nisso você está certo. - Mas ninguém sabe de que jeito fazer isso. - Nem você sabe? - Nem eu sei (MAKARENKO, 1985, p.12). Aqui visualizamos algumas contradições, percebemos, de maneira clara, que não se tem um plano organizado para uma educação voltada à formação do “homem novo”. Existe um pressuposto de que caso se esteja criando o novo, então aquele que ensina deve aprender também com quem está ensinando. Essa relação parece ser oriunda das teorias que defendem o escolanovismo. Temos um recorte que trata justamente disso <br /><br />Então faça suas trapalhadas, meta os pés pelas mãos, mas o trabalho tem de ser feito. Faça, e depois veremos. O principal é que, sabe... não se trata de alguma colônia de delinquentes juvenis qualquer, mas, você entende, é a Educação Social... Precisamos de um homem novo assim... um que seja nosso! E você trate de construí-lo. De qualquer jeito, todos têm de aprender. Então você vai aprender, também. Até foi bom você me dizer na cara que não sabe. Pois então está resolvido, e tudo bem (MAKARENKO, 1985, p.13). <br /><br />3.1 <b>A principal categoria: a coletividade</b> <br /><br />A pedagogia de Makarenko irá buscar uma educação social visando à educação do homem comunista, e procurando se distanciar da educação natural, das pedagogias baseadas concepções naturalistas de Rousseau. <br /><br />Em um trecho da sua obra Poema Pedagógico, podemos localizar sua clara opção contrária ao naturalismo rousseauniano. Vejamos <br /><br />Mas tudo isso existia na terra. Nos céus e nas suas proximidades, nos cimos do 'Olimpo' pedagógico, qualquer técnica no domínio da educação propriamente dita era considerada heresia. (...) 'Nos céus' a criança era considerada como um ser cheio de um gás de determinada composição, para o qual nem sequer se tinham lembrado de inventar um nome. Tratava-se sempre, de resto, daquela mesma alma à moda antiga sobre a qual já os apóstolos se exercitavam. Supunha-se (hipótese de trabalho) que esse gás possuía uma faculdade de desenvolvimento espontâneo, que bastava não a entravar. Escreveram-se muitos livros a este respeito mas na realidade repetiam-se todos os preceitos de Rousseau: ‘Tratai a infância com veneração...’; ‘Temei levantar obstáculos à natureza...’ (...) O dogma principal desta religião consistia nisto, nas condições indicadas de veneração e de delicadeza para com a natureza, do gás em questão devia obrigatoriamente crescer a personalidade comunista. A verdade é que, no estado de pura natureza, só crescia o que podia naturalmente crescer, isto é, a ordinária erva daninha dos campos, mas isto não perturbava ninguém, tanto os princípios e ideias eram caros aos habitantes do céu. As minhas objeções a respeito da impropriedade da erva daninha assim obtida nos ditos projetos da personalidade comunista eram qualificadas de pragmatismo vulgar, e quando queriam sublinhar o que eu era no fundo, diziam: ‘Makarenko é um bom prático, mas está muito pouco à vontade na teoria’ (MAKARENKO, 1980, p.147-148). <br /><br />Uma das nossas maiores dificuldades em sistematizar as categorias mais importantes da pedagogia de Makarenko, principalmente nas obras Poema Pedagógico e As Bandeiras nas Torres, foi devido ao fato de que ambas são escritas em forma novelesca. <br /><br />Portanto, não é fácil resumir de forma ordenada e fazer exposição da mesma, pois seu modo de expor sua teoria foi de forma vivenciada, experimental e personalizada, e a isto me refiro tanto aos seus educandos quanto a Makarenko mesmo, pois, para ele, a educação deixa de ser uma abstração pura e simples e ganha carne e osso. <br /><br />Todavia, sobre a categoria coletividade, podemos dizer, claramente, que ele a elege como um fim e um meio fundamental para sua concepção educacional. No texto La colectividad y la educación de la personalidad (MAKARENKO, apud KUMARIN, 1977, p.162), sem tradução para o português, ele nos diz: "Un carácter se puede formar sólo mediante una prolongada participación en la vida de una colectividad bien organizada, disciplinada, forjada y orgullosa". <br /><br />Para Makarenko, o educador é quem cria e organiza a coletividade, mas é a coletividade que realmente educa os indivíduos. <br /><br />Porém, nesse trecho, ele coloca algumas qualidades que o educador deve ter <br /><br />[...] Conclui que a seleção do educador é uma questão de extraordinária importância. O educador deve ser ele próprio bem educado, para trabalhar nesse domínio é preciso saber usar a voz, saber falar com as crianças, em diferentes situações. O educador deve saber organizar, andar, brincar, estar alegre e zangado [...] o educador deve ser um organismo em função ativa cuja atividade deve ser consciente orientada para o trabalho educativo [...] (MAKARENKO, 1986, p.101-103). O trabalho coletivo não era somente trabalhar junto, em um determinado local, para Makarenko, a coletividade não era sinônimo de colaboração simples. Para eles, trabalhar coletivamente correspondia a outro significado: necessitava-se dividir um objetivo comum. <br /><br /> Para alcançar tal objetivo, por vezes, fazia-se necessário uma complexa divisão do trabalho. Todo trabalhador, sob regime soviético, ao desempenhar um trabalho, deveria compreender que a não execução adequada e rápida de sua parte no trabalho iria prejudicar a produção em sua totalidade. Dessa maneira, podemos perceber que Makarenko acaba enveredando pela reafirmação da divisão social do trabalho, como veremos, mais adiante, nesse mesmo capítulo. <br /><br />Portanto, segundo Freitas (2010), rastreia-se os princípios da coletividade em Krupskaia, e, na esteira de Oyama (2010), encontra-se o mesmo em Lunatcharski. Veremos, abaixo, dois trechos que nos comprova nossa afirmação <br /><br />Dessa forma, “[...] a conciencia de que uno es parte de un todo educa y disciplina” (KRUPSKAIA, s/d, p.158). Pode-se apreender aqui a preocupação com critérios que o taylorismo já apontava e que destacamos, anteriormente, em Lênin: a racionalização do processo de trabalho. (FREITAS, 2010, p.144-146) Queremos educar um homem que venha a ser o coletivista da nossa era, que viva muito mais intensamente a sua vida social que os seus interesses pessoais. O cidadão novo deve ter uma ardente percepção das relações político-econômicas, características da construção do socialismo, vivê-las e amá-las, ver nelas o objetivo e o conteúdo da sua vida. A sua atividade, consequentemente, seja qual for a direção em que se exerça (trabalho de organização ou simples trabalho físico), deve constantemente ser alumiada por essa chama e em conformidade com todo o coletivo. O homem deve pensar como nós e ser o órgão vivo e conforme a uma parte desse nós. Todos os interesses pessoais devem ser relegados a segundo plano. No entanto, isso não significa que queiramos apagar as preocupações reais, as preocupações quanto à satisfação das nossas próprias necessidades, do instinto pessoal. Só dizemos que isso deve vir depois dos imperativos da vida coletiva (LUNATCHARSKI, 1988b, p.228, apud OYAMA, 2010, p.113). Portanto, a coletividade tem primazia sobre os indivíduos, mas, segundo Makarenko, prezando e respeitando a personalidade de cada indivíduo. A concepção de Makarenko, nesse sentido, procura fidelizar-se com o pensamento de Lunatcharski e Krupskaia, que, segundo os dois, baseiam-se em Lênin. Assim, podemos observar, segundo Freitas (2010), que, para Krupskaia, o fundamento da nova educação deveria estar pautado no incentivo da solidariedade, da camaradagem, na resolução dos problemas de uma maneira social, e na arte de trabalhar coletivamente. <br /><br />Era necessária uma ética responsável que fosse capaz de ensinar a todos a trabalhar coletivamente, e esse trabalho coletivo deveria ser aplicado em todas as partes, inclusive de forma racional na divisão do trabalho, e do trabalho de cada um perante a coletividade, fomentando a disciplina do trabalho e inculcando uma atitude comunista [...] Krupskaia, baseada em Lênin, pressupunha uma formação política e cultural relacionada à consciência do projeto socialista de Estado, com consciência do processo produtivo em suas diversas tarefas distribuídas no sistema de divisão de trabalho (FAVORETO, 2008, p.80). Mas, para que Makarenko chegasse a essa conclusão sobre a coletividade, ele teve que provar muitos dissabores. O trabalho de Makarenko não foi fácil, considerando que o pedagogo enfrentou uma série de problemas, começando pela sua falta de experiência e conhecimento em conviver com os chamados delinquentes, passando pela resistência dos próprios jovens, manifestada em oposição a ele, somadas as dificuldades econômicas e materiais, além de obstáculos criados por outros educadores e autoridades15, que, além de não compreenderem suas propostas, desaprovavam seu trabalho como professor, pois era considerado controverso. <br /><br />No começo, não sabendo o que fazer, Makarenko e seus assessores recorreram aos livros de pedagogia. No entanto, as teorias educacionais, debatidas por nós nas páginas anteriores, não ofereciam respostas concretas, e, sim, fórmulas retóricas descoladas da realidade. <br /><br />Devido à necessidade de agir rapidamente, pois a cada dia os problemas iam se acumulando (maior número de alunos, roubo, falta de materiais, alimentos etc.), o pedagogo optou por criar alternativas com o que se tinha objetivamente. Educar todos de uma vez, e não cada um separadamente, exigia uma perspectiva igualmente compreensível a todos. <br /><br />Na situação dada, essa perspectiva poderia ser: levantar rapidamente a economia na colônia e satisfazer plenamente as demandas materiais e culturais dos colonos, que já estavam pressionando. <br /><br />A vida deveria ser organizada de modo que os próprios colonos pudessem responder por tudo, desde os imóveis ao plano de produção, à distribuição daqueles que fossem ainda entrar na colônia, à ordem e à disciplina. Eles mesmos deveriam educar-se uns aos outros, exigir respeito, subordinação, merecer estima e mérito, cuidar e ajudar uns aos outros. <br /><br />Finalmente, a colônia passa a ser vista, não como uma soma mecânica de indivíduos, mas como um exclusivo complexo social, ao qual eles deveriam pertencer e se orgulhar, tanto da colônia como dos alunos e dos educadores. Esse complexo seria chamado coletividade. Essa categoria visava, além de tudo o que foi dito neste parágrafo, dar respostas à questão da relação do trabalho e o homem. Vejamos <br /><br />Chegará o dia em que uma verdadeira pedagogia aperfeiçoará esta questão, desmontará o mecanismo do trabalho humano, indicará que lugar nele cabe à vontade, ao amor-próprio, à vergonha, à sugestão, ao temor, à emulação, de que maneira tudo isso se combina com os fenômenos que resultam da consciência pura, da convicção e da razão. A minha experiência, entre outras, afirma categoricamente que a distância entre os elementos de consciência pura e os esforços musculares diretos é bastante considerável, de modo que é absolutamente necessário que estejam ligados por uma cadeia de elementos mais simples e mais materiais (MAKARENKO, 1980, p.145). Makarenko enfatiza que a categoria da coletividade não deve ser somente aplicada às crianças abandonadas, mas na educação das crianças em geral. Para ele, na prática, os fundamentos da educação se dão até os cinco anos de idade; o que se faz até essa idade representa 90% do processo educativo, a outra parte, constante da totalidade de tal processo, a pessoa continua nos anos vindouros, constituintes da formação contínua, mas, em geral, a partir de então só se começa a colher os benefícios oriundos da educação anterior. <br /><br />Esses fundamentos do desenvolvimento cognitivo infantil foram baseados na psicologia soviética, conforme nos conta Capriles (1989, p.35) <br /><br />Especial importância na formulação teórica do ensino marxista tiveram as teses do fisiologista Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936), criador da reflexologia, a teoria materialista sobre a atividade nervosa superior. Pavlov, ao demonstrar que o homem possui, além do primeiro sistema de sinalização, um segundo, que é a linguagem, evidenciou a base fisiológica do pensamento, em cujo desenvolvimento cabe à palavra o papel primordial. Esta concepção do homem e da estrutura psíquica e social forneceu a Lunatchárski valiosos elementos que, posteriormente, seriam determinantes na condução dos educandos e na formulação da ação no coletivo. Corresponderia a Makarenko a responsabilidade histórica, já nos anos 30, de codificar, como uma experiência total, o conteúdo desse princípio, ao enunciar que: ‘A prática pedagógica é a organização do coletivo, para a educação da personalidade no coletivo e, somente, através do coletivo’. Vale ressaltar, no entanto, que, para Vigotski, segundo Shuare (1990, p.48) , Pavlov não saiu dos marcos da compreensão tradicional, empirista e subjetivista do psiquismo. A psicologia de Vigotski opunha-se, diametralmente, à relação estímulo-resposta, defendida pelo fisiologista russo. Com efeito, a relação entre instrumento e signo, considera o decisivo papel da atividade humana, tendo, como protoforma, o trabalho, e, sob essa base, a linguagem, considerada elemento primordial na mediação entre objetividade e subjetividade, tão cara à formação das funções psicológicas superiores. <br /><br />Assim como Duarte (2001), partilhamos a ideia de que a psicologia, buscada por Makarenko, era baseada na historicidade <br /><br />O que significa defender a necessidade de uma psicologia infantil fundada numa concepção historicizadora do ser humano? O que significa defender que o ser humano é histórico? Significa, antes de mais nada, defender que a realidade humana é histórica, isto é, que essa realidade é fruto da atividade social do homem. Admitir a historicidade implica admitir que o gênero humano é resultado da atividade social e da experiência social acumulada nos produtos objetivos e subjetivos dessa atividade. Considerar a historicidade como o aspecto mais importante na definição de ser humano é admitir que o gênero humano pode tomar-se sujeito de sua história, tornar- se sujeito do processo pelo qual a humanidade produz e reproduz a si mesma, por meio de processos objetivos e subjetivos (DUARTE, 2001, p. 308-309). Makarenko importa-se com as diferenças dos traços individuais da personalidade e, por isso mesmo, defende a educação pelo coletivo <br /><br />Os traços comuns e individuais da personalidade formam entrelaçamentos extremamente complexos e, por isso, a tarefa de projetar a personalidade converte-se num assunto extraordinariamente difícil e exige muita cautela. O aspecto mais perigoso continuará a ser, por muito tempo, o medo perante a diversidade humana, a incapacidade de construir um todo equilibrado na base das diferenças. Por isso... cortar todos pelo mesmo molde, meter o ser humano no chavão estereotipado, educar uma série reduzida de seres humanos parece uma tarefa mais fácil do que a educação diferenciada. A propósito, este erro foi cometido pelos espartanos e pelos jesuítas na sua época (MAKARENKO, 2010, p.49). A solução desse problema seria impossível se o resolvêssemos de modo silogístico: para pessoas diversas — diversos métodos. Era mais ou menos assim que pensavam os pedólogos quando criavam instituições para “crianças difíceis” separadas das instituições para crianças normais. E agora também erram quando educam separadamente as moças e os rapazes. Se continuarmos a desenvolver esta lógica pela via da ramificação das particularidades pessoais (sexuais, etárias, sociais, morais), chegaremos rapidamente à singular individualidade que salta aos olhos da palavra oculta pedagógica “criança” (MAKARENKO, 2010, p.49). Evidentemente que eu não tenho em vista e nem sequer tenho forças para fazer este projeto. Parece-me que este tema é digno do trabalho dos cientistas (MAKARENKO, 2010, p.50). Grandes dificuldades nos esperam só no trabalho prático. Sob este aspecto, tropeçaremos a cada passo nas contradições entre certos pormenores e as condições da tarefa, por um lado, e entre o princípio coletivo e o pessoal, por outro. Estas contradições são muito numerosas e poderosas... Por isso, o planejamento da personalidade deve ser precedido de uma análise dos fenômenos intracoletivos e pessoais (MAKARENKO, 2010, p.50). Prosseguindo com a perspectiva makarenkiana de educação, destacamos que, segundo o pedagogo soviético, na idade de cinco anos, a criança tem, como elementos fundamentais para a resolução de seus problemas fundamentais, a medição da severidade e o carinho dos pais. Muitas vezes, estes permitem que a criança faça todo tipo de artimanha, e, às vezes, ao contrário, lhes proíbem até de chorar. Reconhece que há crianças que não param quietas um só momento, importunam com perguntas e não há maneira de ficarem tranquilas. <br /><br />Para tal comportamento, Makarenko, segundo Kumarin (1977), diz que, na realização de sua prática educativa, aprendeu que se deve ser severo, usando um tom muito carinhoso, reconhecendo que ele poderia dizer, com absoluta bondade, carinho e tranquilidade, palavras que empalideciam seus colonos. <br /><br />Severidade, para Makarenko não é necessariamente ter que gritar ou rosnar, isso já tem de sobra, afirma ele, segundo Kumarim (1975). Em contraste, a tranquilidade, a segurança, e a firme decisão, expressadas carinhosamente, têm um efeito maior do que o limitado “saia daqui”, sendo mais eficaz dizer “tenha a bondade de sair”. <br /><br />Relacionando a família com a coletividade, Makarenko defende que, em cada família, deve governar tal ordem, sendo necessário sanar a menor infração a esse regime. As regras devem ser cumpridas desde cedo, quanto menor a idade melhor, e, quanto mais severos forem os pais na sua aplicação, menos violações acontecerão; consequentemente, haverá menos necessidade de recorrer à punição. <br /><br />Makarenko considera que existem boas e más famílias, que ninguém pode dizer nem que a família educa adequadamente nem que a família pode educar como quer. Temos que estruturar uma educação familiar que sirva como um princípio organizativo da escola, e esta como representante do ensino público estatal. <br /><br />A escola deve orientar a família, uma vez que, só é possível a escola ajudar aos pais, quando esta representa toda uma coletividade única, que sabe o que é exigido dos seus alunos e apresenta com firmeza essas exigências. Makarenko defende a tese de que a verdadeira família deveria ser uma coletividade eficazmente administrada; para tanto, a criança deve ser, desde seus primeiros anos, um membro dessa coletividade administradora. <br /><br />A criança deve saber de onde vêm os meios de subsistência da sua própria família, o que se compra, por que eles podem comprar isso, enquanto outras coisas não, e assim por diante. Para ele, é importante incutir nos filhos a preocupação destes pelos pais, educar os mesmos no desejo simples e natural de renunciar a satisfação própria para satisfazer as necessidades do pai ou da mãe. <br /><br />Makarenko prosseguia na formulação de sua tese a partir de suas próprias experiências, descartando, continuamente, os princípios educacionais que recebeu no ensino czarista. Os primeiros meses na Colônia Gorki, segundo ele, foram os mais difíceis, todavia, como ele mesmo diz, “foram também meses de procura da verdade” (MAKARENKO, 1985, p.23). <br /><br />Nesse início, enquanto a guerra civil ucraniana estourava lá fora, Makarenko se “enfiava” nos livros para tentar “salvar” o início da colônia. O incremento dos estudos para encontrar uma solução para a situação anárquica da colônia é relatado desta maneira: “em toda a minha vida eu não li tanta literatura pedagógica quanto naquele inverno de 1920” (MAKARENKO, 1985, p.24). <br /><br />Em sua imersão nos estudos, ele conclui que não há fórmulas livrescas e nem ciência que possa abarcar a realidade pedagógica vivida por ele e seus colegas educadores. Vejamos <br /><br />Aquele era o tempo de Vránghel e da guerra polonesa. Vrángel estava ali nas proximidades, perto de Novmírgorod; não longe de nós, em Tcherkássi, lutavam os polacos; a Ucrânia toda estava infestada de bátkos, chefes dos bandos 'brancos', e muita gente em volta de nós se encontrava sob o feitiço da bandeira de Petliúra. Mas nós, na nossa floresta, de cabeça apoiada nas mãos, procurávamos esquecer os trovões dos grandes eventos e líamos livros pedagógicos. Quanto a mim, o resultado principal dessas leituras foi uma convicção firme, e, subitamente, não sei por que, fundamental, de que nas minhas mãos não existia nenhuma ciência nem teoria humana, e que a teoria tinha de ser extraída da soma total dos fenômenos reais que se desenrolavam diante dos meus olhos. No começo eu nem sequer compreendi, mas simplesmente vi, que eu precisava não de fórmulas livrescas, as quais não poderia aplicar aos fatos de qualquer maneira, mas sim de uma análise imediata e uma ação não menos urgente.(MAKARENKO, 1985, p.24). <br /><br />O desespero de Makarenko deve-se à realidade rica e extraordinária dos fenômenos encontrados na colônia, ou à adesão ao pragmatismo e à teoria rasteira. Vemos, desse modo, o quão perto da teoria marxista estava Makarenko nesse momento, com essas afirmações. Ele não entendia as crianças como se estas fossem uma massa amorfa, como defendia a ciência burguesa; defendia, sim, uma educação que servisse para transmitir conhecimentos capazes de fazer o aluno pensar e raciocinar por si mesmo. <br /><br />O mesmo percebeu que, para educar, o professor tinha que ser capaz de reconhecer a singularidade de cada aluno, levando em conta suas características individuais. A metodologia de trabalho educativo não podia ser reduzida à metodologia de ensino, considerando a primeira como um ramo especial da pedagogia, com suas leis e objetivos próprios. O sentimento comunista do professor, que não esquece sua origem na classe trabalhadora, e, como professor da geração futura, opõe-se ao individualismo, presta um grande serviço à organização da escola como coletividade. Nesse sentido, as escolas teriam que prestar a devida atenção à organização da experiência infantil, à experiência de vida, bem como à criação da nova sociedade. Ainda sobre a organização, Makarenko diz modernizar a gramática russa com o objetivo de democratizar a escrita e, por conseqüência direta, a cultura literária em geral. [...] Foi um dos passos mais importantes da Revolução em termos de destruição dos velhos padrões elitizantes. A decisão atingia um amplo espectro de 152 nacionalidades, espalhadas por todo o território soviético. Destes povos, com suas tradições e particularidades regionais, somente 30 possuíam seu próprio alfabeto (CAPRILES, 1989, p.75). Portanto, com todas essas conquistas e, por outro lado, com tantos desafios pela frente, era fundamental a criação de uma proposta de modelo educacional que unisse a vida do trabalho à vida escolar, a fim de que esta incorporasse os princípios da ciência à rotina do trabalho, fazendo disso um ato consciente, com o objetivo final de eliminar a divisão social do trabalho entre intelectual e manual, concernente à exploração do homem pelo homem. Além disso, visava proporcionar uma formação cultural e espiritual que permitisse, aos homens, o gozo dos bens espirituais produzidos pela humanidade, possibilitando que os mesmos contribuíssem para o conhecimento universal, a partir de uma cultura proletária. <br /><br />Um exemplo dessa tentativa de união da vida do trabalho à vida escolar, segundo a pedagogia de Makarenko, são os primeiros destacamentos dentro da comuna Gorki. Sobre os objetivos da Colônia Gorki e da URSS, ele nos diz <br /><br />Falei-lhes brevemente da colônia Gorki, da sua existência e do seu trabalho. Defini em poucas palavras os nossos objetivos: asseio, trabalho, estudo, uma vida nova e uma nova felicidade humana. Vivem num país ideal, onde não há nem senhores nem capitalistas, onde o homem pode crescer livre e desenvolver-se numa atividade divertida. (MAKARENKO, 1980, p.55) A célula estrutural da colônia era o destacamento, que era composto de 10-12 colonos, liderados por um chefe. Além de destacamentos permanentes, que constituíam a estrutura da coletividade, a colônia tinha uma extensa prática, chamada destacamentos mistos. <br /><br />Este último, formado por um período não superior a uma semana, tratava da execução de um trabalho temporário e eram dissolvidos logo que realizado o trabalho. Essa nova forma de organização da coletividade, criada por Makarenko, consolidou-se numa prática que abriu horizontes para a resolução de tarefas educativas muito sutis e complexas. <br /><br />O Conselho de Chefes nomeava os responsáveis dos destacamentos mistos por rodízio de todos os alunos, por vez, exceto aqueles considerados mais incapazes para exercerem tal atividade. Com os destacamentos mistos, o papel de comandante do destacamento permanente limitava-se um pouco. Esses chefes compunham o destacamento misto como “soldado raso”, e subordinavam-se, durante o cumprimento dessa missão, ao comandante do destacamento misto. Essa estrutura organizacional móvel impediu que a individualidade mais forte se impusesse acima da coletividade. <br /><br />Um problema para Makarenko, acerca do mau funcionamento da coletividade, tem a ver com o professor. Ele considerava que um professor que está constantemente ressentido com problemas educacionais não tem, a sua disposição, técnicas de ensino e literatura educacionais válidas, e, sim, muitas concepções pedagógicas que mais parecem puro charlatanismo: vazias de técnicas, métodos e instrumentos válidos para uso desse mesmo educador. Para ele, os pedagogos que ainda não conhecem a educação pela coletividade, não sabem absolutamente nada de educação, e estão sempre “nas nuvens”. <br />Nessa pedagogia, denominada, por Makarenko, como “Pedagogia do Olimpo”, somente valem as teorias e suas abstrações descoladas da realidade. Para ele, era necessário discutir e relacionar essas concepções burguesas a outras concepções pelas quais se pudesse vislumbrar a criação da personalidade do homem novo. Para tanto, Makarenko tinha algumas intuições, como nos diz Capriles (1989) <br /><br />Já nesse período de sua vida começa a tomar consciência de que o fenômeno pedagógico é, também, uma prática política. Sua capacidade intuitiva faz com que ele compreenda, prematuramente, que o processo do ensino na escola, inserido na produção social, é o que determina a personalidade do indivíduo. Dessa forma, a linha divisória entre o trabalho físico e o mental desaparece, produzindo um ser coletivo a caminho da felicidade. (CAPRILES, 1989, p. 49) Makarenko também não concordava que a educação devia basear-se nas necessidades da criança, pelo contrário, as necessidades das crianças deviam ser direcionadas para a valorização da coletividade, da sociedade, do país e para o sentimento de dever ligado a essas necessidades. Acreditava que o homem não era movido pelas leis da natureza e, portanto, o papel da educação seria educar essa natureza em função da sociedade, de tal maneira que os educadores soviéticos não são servos da natureza, como em Rosseau, mas professores. Makarenko critica, impreterivelmente, as exortações idealistas e naturalistas <br /><br />O ideal abstrato como objetivo da educação não nos convém não só porque o ideal em geral é inatingível, mas também porque, na esfera da conduta, as relações entre ideais estão muito misturadas. (...) O projeto da personalidade como produto da educação deve basear-se nas exigências da sociedade (MAKARENKO, 2010, p.47-48). Ele afirma que o culto da espontaneidade, não só desvaloriza o papel da educação, como também é socialmente nocivo e, portanto, não há alternativa, a não ser o abandono dessa prática. Defende uma educação que exija autodisciplina e auto-organização, e estas, por sua vez, devem ser substituídas por uma disciplina consciente <br /><br />Ao organizar a coletividade básica segundo o critério da produção, convém necessariamente levar em consideração as diferenças etárias. Nas instituições onde não exista uma coletividade sólida e bem organizada e onde ainda não tenha sido criada a disciplina correta (...) (MAKARENKO, 2010, p.51). Makarenko compreende, por disciplina, não a inibição de ações; porém essas ações devem ser abordadas do ponto de vista soviético: devem induzir à superação de dificuldades, devendo ser disciplina de luta e progresso, de inspiração por algo e luta por algo, cujo objetivo esteja expresso no êxito das qualidades de caráter que definem a personalidade comunista. Sobre como seria esse novo homem disciplinado, Makarenko nos diz <br /><br />O cidadão soviético disciplinado pode ser educado somente por meio de um conjunto de influências construtivas, entre as quais devem ter privilégio a educação política ampla, a instrução geral, o livro, o jornal, o trabalho, a atuação social e inclusive algumas que parecem coisas secundárias, como jogos, o divertimento, o descanso. É apenas mediante o conjunto de todas essas influências que se pode conseguir uma educação correta, da qual resultará um autêntico cidadão disciplinado na sociedade socialista (MAKARENKO, 1981a, p. 38). Nesse sentido, considera fundamental a educação da vontade, que é uma capacidade absolutamente necessária para o progresso da comuna e da sociedade, justificando tal assertiva por considerar que, se a criança se habitua a realizar seus desejos sem colocar nunca freios, jamais terá força de vontade. Igualmente, assevera que as crianças devem atingir outras qualidades, tais como honestidade, diligência, eficiência, pontualidade, sentido de subordinação, direção e capacidade de controle, reconhecendo que essas duas últimas qualidades são claramente comunistas. Assim, podemos confirmar <br /><br />A preocupação e a responsabilidade dos mais velhos pelos menores permitem que naqueles se formem qualidades indispensáveis ao cidadão soviético, tais como a generosidade humana, a bondade e a exigência e, finalmente, as qualidades do futuro homem (MAKARENKO, 2010, p.53). Makarenko buscava um novo estilo e uma nova forma de organização, partindo do princípio de que a base da educação é, essencialmente, um processo social e, consequentemente, o homem soviético não poderia ser educado sob a influência de uma única personalidade. Entendia que a essência da educação não estava em conversações com a criança ou na influência direta que um professor poderia ter sobre ela, mas, sim, na organização da vida da criança e do exemplo que é oferecido com a vida pessoal e social. O trabalho educativo, para Makarenko, é, essencialmente, um trabalho de organização. <br /><br />Não devemos falar apenas sobre a formação profissional da nova geração, mas também sobre a educação e um novo tipo de comportamento, de caracteres e de conjuntos de traços da personalidade que são necessários, precisamente no Estado soviético (MAKARENKO, 2010, p.47). Da conferência proferida em 29 de março de 1939, Makarenko elaborou um artigo chamado “De minha experiência de trabalho”. Desse artigo, podemos destacar a categoria da exigência, elemento central na pedagogia de Makarenko, sendo, as linhas que se seguem, baseadas na compreensão do referido texto <br /><br />Exigimos do cidadão soviético uma disciplina muito mais complexa. Não exigimos apenas que ele compreenda com que o objetivo e por que razão tem de executar esta ou aquela ordem, mas ainda que procura-se, ativamente e por si próprio executá-la o melhor possível. Mais ainda, exigimos do nosso cidadão que, em cada minuto de sua vida, esteja pronto a cumprir o seu dever, sem esperar diretivas nem ordens, que seja dotado de iniciativa e vontade. <br /><br />Esperamos assim que não faça senão o que é verdadeiramente útil e necessário à nossa sociedade, ao nosso país, e que nisto se não deixe deter por qualquer dificuldade, por qualquer obstáculo (MAKARENKO, 1981c, p.378). Makarenko era muito exigente consigo mesmo e exigia muito de toda a coletividade. Defendia que cada pessoa que educamos deve ser útil à causa da classe operária. Este princípio, generalizador e necessário, pressupõe precisamente formas distintas para a execução da tarefa de acordo com a variedade do material e as suas diversas formas de aplicação na sociedade. Qualquer outro princípio não é mais do que uma despersonalização. (MAKARENKO, 2010, p.48-49) Nesse sentido, a exigência era exercida através de disputas advindas, não por compromissos estabelecidos em pares, mas por um acordo geral de todas as classes e destacamentos, abrangendo vários aspectos: disputa para saber quem era educado, quem se comportava corretamente etc. <br /><br />Ele mesmo recorria aos arquivos e fazia os cálculos, por exemplo: para o melhor destacamento, vencedor da disputa mensal, dava uma recompensa - seis ingressos, por dia, ao teatro, para todo o destacamento, para os 30 que o integravam, bem como, o direito (contraditoriamente) de limpar os banheiros. O desenvolvimento da lógica da exigência levou a formas altamente originais: a realização dos trabalhos mais desagradáveis era encomendada com caráter especialmente preferencial. <br /><br />De acordo com Kumarin (1977), no funcionamento do coletivo, é essencial o papel do diretor (o mesmo Makarenko), cuja função é orientar, dirigir, organizar e encontrar a essência da urdidura básica que coloque a coletividade como o centro de todo o trabalho. Para ele, o diretor servia como modelo, como exemplo e guia, como o mantenedor do tom, do estilo e das tradições da coletividade, como pai de crianças sem pai, como um amigo de todos os colonos e de cada educador a suas ordens, como companheiro de descanso, de dificuldades e alegrias. <br /><br />Afirmava Makarenko, segundo Kumarin (1977), que não se podia ter nenhuma exigência se não houvesse uma fusão verdadeira da coletividade <br /><br />Perante nós surge a coletividade como objeto da nossa educação. A partir disso, a tarefa de planejar a personalidade adquire novas condições para sua solução. Devemos entregar como produto, não apenas uma personalidade que possua estes e aqueles traços, mas um membro da coletividade, a coletividade com determinada características (MAKARENKO, 2010, p.49- 50). Ao assumir uma escola, como diretor, em primeiro lugar, reuniria os professores, e, chamando-lhes de queridos, exporia suas propostas. Aos professores que se mostrassem insatisfeitos, não importava o quanto estes fossem qualificados, lhes diria que procurassem outra escola. A uma jovem de dezoito anos, no entanto, se ela concordasse com ele, dar-lhe-ia conselhos, considerando que, apesar de ela ainda não ter a experiência necessária, mas com a sua concordância e com vontade de trabalhar, esta, sim, permaneceria na escola e trabalharia como professora, mesmo que fosse preciso ensiná-la. <br /><br />É, portanto, essa concepção de coletivo a pedra fundamental do sistema educativo makarenkiano. Podemos, ainda que inicialmente, detectar no discurso de Makarenko, algumas contradições no que se refere à coletividade <br /><br />Somente o coletivo como um todo pode ser objeto da educação soviética; apenas quando educamos o coletivo podemos contar com uma forma de organização em que a personalidade individual possua, ao mesmo tempo, a maior disciplina e a mais ampla liberdade. (CAPRILES, 1989, p. 89). Na prática, Makarenko dimensionou o verdadeiro sentido da palavra educação pelo processo dialético <br /><br />A pedagogia, especialmente a teoria da educação, é, sobretudo uma ciência com objetivos práticos. Não podemos simplesmente educar um homem, não temos o direito de realizar um trabalho educacional, quando não temos frente aos olhos um objetivo político determinado. Um trabalho educativo que não persegue uma meta detalhada, clara e conhecida em todos os seus aspectos, é um trabalho educativo apolítico. (MAKARENKO, 1986, p. 44) Makarenko viu a necessidade de educar pela experiência coletiva e, assim, desenvolver uma educação comunista de longo alcance. Alcançar os objetivos propostos, incluindo todos os seus componentes, tinha, para ele, um potencial educativo excepcional. O processo educativo makarenkiano é caracterizado pelo respeito do estudante para com os demais, quando este havia assimilado o espírito da colônia, passando a ser colono e fazendo parte de um destacamento, célula básica da organização. Consta, da estrutura desse processo, um conselho responsável pelos destacamentos (chefes), que se reuniam, com frequência suficiente para decidir, juntamente com Makarenko, sobre os muitos problemas cotidianos que surgiam na coletividade, decidindo, igualmente, sobre as punições a serem impostas. <br /><br />É importante destacar que a condição indispensável para o funcionamento de cada unidade e da coletividade inteira é o sentimento de unidade e coesão, porque a integridade da coletividade é condição única de uma boa educação. A exigência constitui outro fator extremamente importante; a renúncia de cada um dos seus membros dos seus próprios interesses pessoais em favor dos interesses da coletividade, outro elo dessa organização, uma vez que o elemento fundamental era o progresso da colônia e o cumprimento do programa estabelecido. <br /><br />O bom funcionamento da colônia dependia, portanto, do bom progresso de cada um dos seus membros, estes, vale destacar, deixavam a colônia no final da sua estadia. A exigência era igualmente importante para os próprios educadores. Quando um aluno não se desenvolve nas suas qualidades pessoais e não cumpre as qualificações de seus estudos, é da inteira responsabilidade do educador. <br /><br />Quando se educa uma pessoa deve-se ter clareza sobre o que sairá de suas mãos, responder aos avanços e retrocessos de cada um, não só dele, mas de toda a coletividade pedagógica. Para ser capaz de obter um produto tão definido, exigem-se planejamentos anteriores. Por isso, para Makarenko (2010), na tarefa de planejamento, devemos ser sempre “extremamente atentos e perspicazes em particular, ainda porque a evolução das tarefas que a sociedade coloca pode se produzir na esfera de pormenores pouco significativos” (MAKARENKO, 2010, p.48). <br /><br />Portanto, em sua obra madura Makarenko dá máxima importância aos planos de trabalho que definam exatamente qual será o resultado final, sendo este o sentido da educação ativa, isto é, estabelecer uma meta e definir os meios que possam ser necessários para obtê-la. A categoria da perspectiva visa o futuro e a felicidade no amanhã, tem que ser motivada continuamente, e de maneira totalmente clara para cada aluno, de forma que este tenha conhecimento do futuro: imediato, em médio prazo e em longo prazo. Vejamos o que nos diz Makarenko <br /><br />É preciso mostrar a cada passo aos educandos que o trabalho e a vida deles é uma parte do trabalho e da vida do país [...] Assim o educando de uma instituição infantil inicia a sua aprendizagem na escola e na produção, interessa-se imediatamente pelo seu futuro [...] (MAKARENKO, 1986, p. 190-191). Em 1936, foi publicada a obra Metodologia para a organização do processo educativo, e, desta obra, extraímos as três categorias consideradas indispensáveis para o desenvolvimento dos objetivos comuns da coletividade, quais sejam: a perspectiva imediata, intermediária e distante. Nessa obra, Makarenko (2002e, p. 312-321) defende essas categorias, assinalando que <br /><br />A busca do objetivo comum coletivo passa por três fases, as quais correspondem a outras três fases no desenvolvimento da própria coletividade. Na etapa de criação da coletividade, a influência organizadora do objetivo se obtém, principalmente, mediante o planejamento de diversas tarefas que se denominam perspectivas imediatas’. Cada perspectiva consiste, como disse anteriormente, em propor aos educandos organizar diversos eventos coletivos como o mencionado jantar fora, uma excursão, a ida coletiva ao cinema ou ao teatro. Isto pode ser feito no regime de responsabilidades assumidas pelos círculos acadêmicos existentes na escola. Neste ponto é muito importante não cometer o erro estrutural de planejar o futuro se limitando somente ao principio de fazer apenas coisas agradáveis; por esse caminho somente forneceremos as crianças um epicurismo absolutamente inadmissível. [...]Entre as perspectivas imediatas também devem ser planejadas algumas que exijam determinados esforços manuais e morais, isto é, uma tensão de trabalho (MAKARENKO, 2002e, p. 312-321). O autor prossegue esclarecendo a relevância de preparar os alunos para a perspectiva intermediária na coletividade <br /><br />Quando a coletividade já está solidamente organizada e quando a opinião social amadureceu e torna-se mais exigente, então é o momento de introduzir ativamente a ‘perspectiva intermediária’. Para isto a coletividade deve se preparar meticulosa e sistematicamente para os próximos acontecimentos. Esta etapa consiste na preparação de uma série de medidas complementares, como por exemplo: balanço geral, encontros com convidados ilustres (grandes figuras internacionais), remodelação de diversos setores de trabalho etc. Os preparativos para acontecimentos solenes são uma perspectiva intermediária importante. Estes eventos não devem passar de dois ou três por ano e devem saturar toda a vida da coletividade escolar. Nesta empreitada devem estar compromissados todos os componentes da coletividade, alunos e pedagogos (MAKARENKO, 2002e, p.317). Por fim, Makarenko identifica a preocupação ativa com o futuro <br /><br />O conteúdo da ‘perspectiva distante’ determina, principalmente, a preocupação ativa de cada aluno com o futuro da sua coletividade; isto é imprescindível; a preocupação relativa ao futuro do nosso país, a União Soviética, ao seu progresso, significa o grau superior na organização das metas futuras: isto significa não somente conhecer este porvir de ouvir falar, não somente falar e ler sobre ele, senão sentir com todas as fibras internas o movimento do nosso país para adiante, suas obras e seus sucessos. Os educandos de uma instituição infantil soviética devem conhecer os perigos reais que ameaçam a organização do Estado; eles têm que saber diferenciar os amigos e os inimigos de sua pátria. Devem entender que a vida de cada um dos educandos é uma parte do presente e do futuro de toda a nossa sociedade (MAKARENKO, 2002e, p.320-321). O trabalho, o componente social da educação, é fundamental nas colônias de Makarenko, as quais configuram, a bem da verdade, colônias de trabalho. Estas são assim consideradas, segundo Kumarin (1977), por razões puramente teóricas, de acordo com a teoria de Marx, uma vez que a tradição marxista defende o trabalho como um elemento básico na vida humana, portanto um componente essencial da educação. Uma perspectiva de educação só pode ser concebida como educação soviética correta se esta consistir em educação para o trabalho, e, de tipo prático, na tentativa de unir a teoria e a prática <br /><br />Quando a coletividade se aglutina como uma família muito unida, só a imagem do trabalho interessa a todos como uma perspectiva próxima de trabalho [...]. É preciso que os planos de produção, as dificuldades de produção sejam do conhecimento de toda a coletividade e para isto é necessário a emulação socialista [...] (MAKARENKO, 1986, p. 185). Devido ao fato de as comunas de Makarenko manterem-se por si mesmas e pelo trabalho de seus colonos, toda a coletividade poderia se vestir, alimentar e divertir. O trabalho não era visto como uma tática educativa, mas uma atividade produtora da riqueza necessária para a colônia e para o país. Nesse sentido, Makarenko se refere ao trabalho como criador de riquezas, produtivo. Um dos objetivos da educação é a formação do hábito do trabalho, desde que o trabalho tenha um sentido social, e não apenas educativo, devendo submeter-se à disciplina social e livre do arbítrio de desejos e vaidades individuais. <br /><br />Quanto ao trabalho de crianças, Makarenko aconselha aos pais que acostumem seus filhos, desde pequenos, a realizar pequenas tarefas que não lhes interessam e que acham desagradáveis, a fim de se acostumarem com o trabalho, não como entretenimento, mas, sim, como uma necessidade social. Makarenko dá extrema importância a essa criação de hábitos <br /><br />Isto é especialmente importante quando se trata de formar qualidades como a paciência, a habilidade para vencer dificuldades prolongadas para superar os obstáculos, não de um salto, mas mediante a pressão constante. Por mais que se esforce em formar as noções corretas sobre o que é preciso fazer, mas não conseguir inculcar os hábitos necessários para vencer as dificuldades mais persistentes, tenho o direito de dizer que não se inculcou nada. Resumindo, o que eu exijo é que a vida da criança seja organizada com uma prática que forme determinados hábitos (MAKARENKO, 2010, p.119). Makarenko diz, com suas palavras, que essa educação será eficaz quando atingir o ponto em que a criança execute tarefas desagradáveis, pacientemente, sem queixas, e, paralelamente com o seu crescimento, adquira uma sensibilidade tal que o trabalho desagradável chegará a lhe proporcionar prazer, pois ela terá a compreensão de sua utilidade social. <br /><br />É oportuno notar que, dentro da coletividade e por necessidade de produção, os trabalhos atribuídos eram sempre especializados e concretos, de modo que Makarenko, em nossas primeiras apreensões de seus postulados, sinalizava a favor da divisão do trabalho, o que, certamente, aproxima suas elaborações da concepção de trabalho, não como ato potencializador da totalidade da atividade humana, mas fragmentado em trabalho manual e intelectual. <br /><br />Portanto, a proposta e o objetivo de conseguir o fim da divisão social do trabalho não se efetiva e, até mesmo confirmando suas atitudes controversas, Makarenko chega a defender a divisão social do trabalho segundo e aos moldes tayloristas. <br /><br />Como indicamos anteriormente, neste mesmo capítulo, Makarenko, pela justificativa de alcançar tal objetivo necessário de produção, aplica e defende uma complexa divisão do trabalho, pois, para ele, todo trabalhador sob o regime soviético, ao desempenhar um trabalho, deveria compreender que a não execução adequada e rápida de sua parte no trabalho iria prejudicar a produção em sua totalidade. Vejamos nas suas próprias palavras <br /><br />Começamos, pois, pelos fios e tamboretes. E como se fazem tamboretes? Dizem que, para se fazer uma cadeira, o aprendiz deve saber confeccionar todas as suas partes, que só assim será um bom oficial. Outros, pelo contrário, afirmam que não: que um aprendiz deve ser especializar em uma peça; o segundo, em outra; o terceiro, a enverniza etc. São estes últimos que estão certos. Mas quando um ‘professor perfeito’ viu esse trabalho, empalideceu, deu-lhe uma síncope: como podem tratar assim o menino? Não faz mais que serrar esta peça, que horror. Sim, o menino não conhece mais do que esta peça, mas serra 200 peças no transcurso de uns minutos: ele trabalha para a coletividade. Nós necessitamos da divisão do trabalho. Atualmente não é tão necessário um oficial que saiba fazer toda a cadeira mas sim um operário que saiba trabalhar com a serra circular e com a debulhadora. Na minha prática dispus de uma coletividade trabalhadora e de um tipo de produção desta natureza (MAKARENKO, 2002, p.396, grifo nosso). Por outro lado, encontramos uma contradição no texto de Kumarin (1977) que afirma que Makarenko assevera que um trabalho que não é acompanhado de uma formação, de uma instrução política e social, é desprovido de qualquer valor educativo e não é mais do que um processo neutro. Segundo Kumarin (1977), Makarenko procurou explorar possibilidades educativas do trabalho, e, nesse sentido, os colonos gastariam parte do dia, na fábrica, trabalhando, e a outra, na escola, estudando. Fazia distinção entre as horas de trabalho e horas de estudo, porque, contraditoriamente, concebia que não existia nenhuma relação entre essas atividades. Vejamos, abaixo, um exemplo de divisão de tarefas e de trabalho cotidiano: <br /><br />Os colonos juncavam de feno fresco o chão do velho carrinho em forma de caixão e recobriam-no com um encerado limpo. Depois de o atrelarem ao melhor cavalo, levavam-no para junto da escada de Kalina Ivanovitch. Naquele momento já em todos os escalões hierárquicos cada um desempenhou O seu papel: o economo-adjunto Dinis Kudlaty tem no bolso a lista das compras a fazer na cidade, o fiel de armazém Aliocha Volkov mete debaixo do feno caixotes, bilhas, cordéis, e outras embalagens (MAKARENKO, 1980, p.9). Makarenko apud Kumarin (1977) dizia que o trabalho não deveria estar ligado ao estudo, e não negaria o valor educativo, tanto do trabalho quanto do estudo, pois era consciente de que ambos determinavam a personalidade, mas se recusava a estabelecer ligações entre eles. A essas contradições podemos também acrescentar o que nos diz Capriles (1989, p.103), que, na pedagogia de Makarenko, “o estudo e o trabalho se completavam sem contradições e numa rara harmonia”. Makarenko fornece detalhes sobre a vida e o funcionamento do exterior das fábricas que funcionavam na Comuna Dzerjinski. Todavia, nunca descreveu o que, de fato, acontecia no interior dessas fábricas. <br /><br />Sua concepção e prática educativa foram tomadas como exemplo para a educação de muitas escolas soviéticos. Foi dessa combinação de teoria e prática, escola e fábrica, que se apostou como futuro do sistema de ensino soviético. <br /><br />Com efeito, o nível dos conhecimentos adquiridos pelos colonos era muito maior do que as crianças que frequentavam as escolas regulares. Também havia a preocupação com a industrialização do campo; e, na Colônia Gorki, possuíam terra e praticavam a agricultura <br /><br />Olia Vorona seguia outro caminho. Olhava nossos campos e os campos em redor com os olhos pensativos, ou mesmo preocupados, de uma komsomol: para ela, dali não saíam só pastelinhos de requeijão, mas problemas também. Os nosso sessenta e cinco hectares, que Schere valorizava com tanto afinco, não lhe faziam perder, e aos seus discípulos também não, o sonho de uma grande exploração com o seu trator a realizar corridas de um quilómetro. Schere sabia falar aos colonos sobre esse tema, e formara-se à sua roda um grupo de ouvintes assíduos (MAKARENKO, 1980, p.18). Sobre esse processo de industrialização e da relação entre trabalho e educação na pedagogia de Makarenko, citamos o trecho abaixo, citado por Capriles (1989) Nesse momento o trabalho produtivo desempenhou grande papel na educação dos jovens e foi à base da prosperidade material da comuna. O êxito comercial da oficina de transformação de madeira foi tão grande que em poucos meses consolidou seu prestígio entre as escolas de trabalho soviéticas. Em junho de 1930, a Comuna Dzerjinski deu um passo revolucionário na história da pedagogia mundial: foi à primeira escola pública em regime de autogestão econômica. Um ano mais tarde, em 1931, o banco estatal concedeu um significativo empréstimo à comuna para a montagem de uma fábrica mecanizada para a construção de furadeiras elétricas. Até então União Soviética tinha que importar estas ferramentas tanto dos Estados Unidos como da Inglaterra, mas os comuneiros de Makarenko, em um mês e meio, conseguiram assimilar a tecnologia empregada na fabricação das furadeiras, copiaram os modelos estrangeiros e os aperfeiçoaram. Os novos modelos pesavam mais ou menos cinco quilos, eram de fácil manipulação e foram batizados com o nome de FD-1. Posteriormente, no dia 7 de janeiro de 1932, foi inaugurada a segunda fábrica da comuna especializada em instrumentos elétricos (CAPRILES, 1989, p.146-147). O autor prossegue destacando pontos que sinalizam a relação entre trabalho e educação, na pedagogia de Makarenko, sendo a atividade dos jovens estudantes, na fabricação de máquinas de fotografia, considerada como um jogo <br /><br />As iniciativas de Makarenko e dos estudantes não tinham limites: uma outra aventura foi empreendida com a finalidade de montar uma fábrica de máquinas fotográficas e, no dia 28 de dezembro de 1932, na véspera de completar seu primeiro qüinqüênio, a comuna apresentou seu primeiro aparelho: a famosa FED, batizada assim em homenagem a Félix Edmúndovitch Dzerjinski, a qual teve merecido reconhecimento internacional pela qualidade da sua fabricação. A FED era composta por mais de 300 peças, algumas com precisão microscópica de até 0,001 milímetros, o que lhe conferia um sistema óptico exato. Ë muito importante lembrar aqui que nessa fábrica, pioneira na União Soviética, trabalhavam unicamente meninos e meninas de 13 a 15 anos de idade, e que, para poder reproduzir a famosa máquina fotográfica alemã Leika, o trabalho "tinha que ser um jogo", de acordo com as palavras de Makarenko. A educação pelo trabalho transformou-se numa educação produtiva, o que em outras palavras significava ter atingido um nível pedagógico bem elevado, pois se alternavam conscientemente os estudos e o trabalho. Nesta época, a comuna já tinha 500 educandos que eram chamados de "operários de choque". Além da dedicação total à educação produtiva, os dzerjinskianos não descuidavam também da cultura geral. Liam os principais jornais e revistas soviéticos praticavam vários esportes, divertiam-se, participavam de debates políticos, enfim, eram realmente felizes (CAPRILES, 1989, p.149-150). Para Makarenko, disciplina é uma meta, um objetivo a ser perseguido, como resultado de um trabalho educativo, através dos meios de educação coletiva para conseguir tal fim. Assim, a disciplina defendida por Makarenko não é uma disciplina cega, arbitrária, de submissão, mas uma disciplina defendida por Lênin16, a disciplina consciente. <br /><br />Dessa forma, cada aluno desenvolvia sua confiança na sociedade soviética. Desde os primeiros momentos em que a coletividade teve de enfrentar os desafios da luta, fosse contra os kulaks ou contra bandos de contrarrevolucionários czaristas, ou se defendendo de assaltantes anarquistas nas estradas, ou contra os especuladores da Nova Política Econômica (NEP), em todas essas lutas acreditavam que tinham ,ao seu lado, a força e apoio do proletariado. <br /><br />Na verdade, o objetivo, em longo prazo, era que, cada menina e menino, se sentisse orgulhoso de ser parte da União Soviética, pois, naquela época, acreditava-se que era um exemplo incomparável e um fenômeno de sociedade socialista que tinha dado início ao comunismo. <br /><br /> Assim, essa disciplina consciente lhes introduzia ao mundo real, cujos conceitos sociais eram muito superiores a concepções conservadoras do capitalismo. Tais conceitos podem ser assim configurados: a) o sentimento de dever e de responsabilidade para os objetivos da sociedade soviética; b) colaboração, solidariedade e camaradagem diametralmente opostas a qualquer tipo de fantasia ou egoísmos individuais; c) personalidade coletivista, com grande domínio da vontade e com vistas sempre aos interesses sociais soviéticos; d) um caráter comunista que lutasse contra a submissão do homem pelo homem; e) uma sólida formação política que faria de cada colono um comunista convicto e um propagandista de seus ideais através de suas ações e suas palavras. <br /><br />Dessa consciência, surge o binômio disciplina e educação, a serviço da mesma causa, que é o coletivo, o trabalho e a instrução com vistas à transformação social. Para fazer de cada aluno pessoas capazes de construir uma nova sociedade, era preciso, não somente inculcar em cada uma delas a confiança no comunismo, mas, também, adequar soluções para uma perspectiva de responsabilidade social, no sentido de obter resultados com os menores equívocos possíveis, uma vez que estes eram construtores da sociedade socialista. <br /><br />Na defesa da coletividade na formação da individualidade, Makarenko assinala que a única tarefa organizativa digna da nossa época, somente pode ser a criação de um método que, sendo comum e único, permita, ao mesmo tempo, que cada personalidade independente desenvolva as suas aptidões, conserve a sua individualidade e avance pelo caminho das suas vocações. É completamente evidente que, ao tentar resolver este problema, ficaremos sem a possibilidade de nos ocuparmos somente da 'criança' isolada. Ergue-se perante nós, imediatamente, a coletividade como objeto de nossa educação. Partindo disto, então, o trabalho de planejar a personalidade adquire novas condições para a sua solução. Devemos entregar, na qualidade de produto, não simplesmente uma personalidade que possua estes ou outros traços, senão um membro da coletividade, com a particularidade de que esta, também, deve ter seus traços determinados’ (MAKARENKO, 2010, p. 49). Makarenko quer, com as palavras acima, responder aos anseios de sua época, nos anos efervescentes da década de 20, na Rússia revolucionária. <br /><br />Vejamos um trecho do texto de Capriles (1989, p.99-100), que retrata esse tema <br /><br />Moscou, em 1923, era um centro intelectual fervilhante, onde a palavra de ordem era o "novo". Lênin já tinha determinado a criação da Nova Política Econômica, a famosa NEP, pelo decreto de 9 de agosto de 1921. Esta importante reforma salvou o Estado da catástrofe. No campo da educação, Lênin já tinha definido o papel do ensino na construção do socialismo, e Makarenko assume, na sua totalidade, a tese leninista que pode ser resumida nos seguintes pontos: 1) Implantar a instrução geral e politécnica gratuita e obrigatória (na qual se ensine a teoria e a prática dos principais ramos da produção) para os jovens de ambos os sexos até os 16 anos. 2) Unir intimamente o ensino ao trabalho socio-produtivo. 3) Proporcionar a todos os alunos alimentação, roupas e material de ensino. 4) Intensificar a ação política e a conscientização social entre os docentes. 5) Preparar para o magistério novos quadros docentes, imbuídos das idéias do socialismo. 6) Incorporar a população trabalhadora numa participação ativa na instrução pública (desenvolver os Conselhos de Instrução Pública mobilizando os que sabem ler e escrever). 7) Promover a ampla colaboração do poder soviético na auto-educação e formação individual dos operários e camponeses trabalhadores (organizar bibliotecas, escolas para adultos, universidades populares, cinemas, estúdios de artes plásticas etc.). 8) Desenvolver a mais ampla propaganda das idéias socialistas (CAPRILES, 1989, p.99-100). Sobre a questão da produção, talvez essa gana e preocupação pela produção devia-se ao bloqueio econômico, sofrido pela URSS, desde 1918, que se desdobrou na fome, despovoamento de cidades e na crescente baixa da produção. <br /><br />Portanto, observamos que, em nossas primeiras aproximações, de que é necessária essa distância temporal, para inferir e, provisoriamente, antevê-las, o conceito de coletividade tinha uma ótica progressiva, dentro dos anos 20. Porém, a partir de meados dos anos 30, ele terá sido apropriado, indevidamente (ou devidamente, ainda não temos elementos suficiente para concluir com certeza), pelo regime burocrático estalinista. <br /><br />Em 1928, era iniciado o período de industrialização e modernização do campo. Com os “planos quinquenais” (1929-1941), a União Soviética foi “esfriando” os ideais do período revolucionário e caminhando firme para a construção do socialismo em um só país. O objetivo dos planos era mais o de criar novas indústrias do que o de controlá-las; priorizando os setores básicos da indústria pesada e da produção de energia, que eram a fundação de qualquer grande economia industrial: carvão, ferro, aço, eletricidade, petróleo etc. Para um país como se encontrava a União Soviética do período, atrasado economicamente, primitivo tecnologicamente, isolado de ajuda estrangeira, a industrialização controlada funcionou de modo impressionante, transformando-a numa grande potência (HOBSBAWM, 1995, p. 371- 372 apud LUEDEMANN, 2002, p. 214). <br /><br />O I plano Quinquenal fixava metas a serem alcançadas, que exigiam dos operários e camponeses enormes sacrifícios. Por outro lado, acirravam-se mais ainda os conflitos entre os trabalhadores das fazendas coletivas e os kulaks (fazendeiros ricos), que se negavam a entregar a produção excedente de grãos. Aumentavam os casos em que as propriedades coletivas eram atacadas e os líderes dos trabalhadores rurais eram assassinados pelos ricos camponeses, na calada da noite. Além de enfrentar a resistência da burguesia rural, o partido, sob direção de Stalin, definiu um plano de coletivização forçada do campo, no qual também os camponeses pobres foram obrigados a deixar suas terras e trabalhar nas fazendas coletivas. (LUEDEMANN, 2002, p. 214). Podemos ver, abaixo, um trecho do Poema Pedagógico que trata desse tema espinhoso <br /><br />- O que eu penso é isto: é terrível o que as pessoas trabalham à nossa volta para não ganharem nada com isso. Para trabalharmos com lucro é preciso que nos ensinem. E quem é que nos há de ensinar: o camponês? Diabos o levem! É difícil ensiná-lo. Vejam, Eduardo Nikolaievitch calculou-lhes tudo e disse-lhes tudo. É verdade. Aí está como é preciso trabalhar! Mas esses trastes não farão nada. Têm que fazer sempre tudo à sua maneira... - E os colonos sabem trabalhar? Perguntou com precaução Spiridon, um rapaz com uma grande boca engraçada. - Os colonos, disse Pavel Pavlovitch com um sorriso triste, os colonos, sabem, são coisa completamente diferente. Olia sorri também, cruzando as mãos como que para partir uma noz, e depois, com um gesto provocante, desvia de repente o olhar para o alto dos choupos. As tranças douradas rolam-lhe dos ombros, seguidas na sua queda pelo olhar cinzento e atento de Pavel Pavlovitch. - Os colonos não se destinam a terra, mas trabalham-na como deve ser, ao passo que os camponeses estão aqui para toda a vida, têm os filhos, e tudo... - Está bem, e depois? - Spiridon não compreende - É evidente, diz Olia num tom de admiração. Os camponeses devem trabalhar ainda melhor, em comuna. - Como é isso, devem? - pergunta amigavelmente Pavel Pavlovitch. Olia fita-o nos olhos com ar irritado: ele esquece-se por um instante das suas tranças para ver apenas aquele olhar severo, quase masculino. - Tem que ser! Não compreendes o que quer dizer ‘devem’? É como dois e dois serem quatro. Karabanov e Burun assistem à conversa. Para eles a questão apresenta apenas um interesse acadêmico, como qualquer conversa acerca daqueles ‘labregos’ Com os quais romperam para sempre. Mas o lado espinhoso da situação diverte Karabanov, que não pode recusar a si próprio uma interessante ginástica: - Olia tem razão: ‘devem’. Quer dizer que é preciso pormo-nos a isso e obrigá-los... - E como é que os vais obrigar? - pergunta Pavel Pavlovitch. <br /><br />- Não importa como! – responde Semião, com calor. Como é que se costuma fazer para obrigar as pessoas? Pela força. Dá-me agora todos os teus mujiks e daqui a uma semana eu faço-os trabalhar como cordeirinhos. E dentro de duas semanas hão de agradecer-me. Pavel Pavlovitch franze as sobrancelhas. - Que é que tu entendes por ‘à força’: aos murros nas trombas? (MAKARENKO, 1980, p.19) Entre o fim de 1929 e a primavera de 1930, o próprio Stalin recebeu cerca de 50 mil cartas denunciando a situação dramática do campo. As dificuldades eram relatadas, inclusive, por membros do partido que participavam das fazendas coletivas. <br /><br />Em um dos relatos, um trabalhador mostra a dificuldade de admitir o planejamento estatal de incorporar cem fazendas pela propriedade coletiva, quando o plano inicial era apenas de doze. As brigadas de operários, enviados para trabalhar nas aldeias com mais de 50 mil habitantes, descreviam as dificuldades encontradas para desenvolver um trabalho coletivo com a participação espontânea dos trabalhadores rurais. No lugar da educação e da participação consciente dos camponeses, a utilização da força, a revolução entrava numa profunda crise de identidade (LUEDEMANN, 2002, p. 215-6). <br /><br />Makarenko, aparentemente, mesmo protegido na Comuna Dzerjinski, sente a necessidade de aplicar seu método da coletividade, não para a educação de novos subordinados, mas para que os coletivos transformassem os alunos, tanto homens quanto mulheres, a fim de serem dirigentes dessa nova sociedade. Todavia, a política estalinista, de coletivização forçada, mostrava que os anos 30 iam radicalizando em direção contrária. Podemos constatar que, segundo Luedemann (2002, p.216), já em 1929, com a expulsão de Trotski da URSS [...], poderia prever o que aconteceria com o proletariado. Todas as formas de contestação e de oposição ao novo plano político econômico, implantado por Stalin, seriam destruídos pela lei, pelo medo e pela violência. <br /><br />Como já dissemos, nos anos 30, a coletividade passou a ter outro significado, extremamente negativo, que era o de subordinação do indivíduo ao coletivo, ao Estado, ao partido, à burocracia soviética, com fins de prorrogar a divisão social do trabalho para sustentação dessa camarilha traidora da revolução proletária. <br /><br />4 <b>A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DE MAKARENKO ESPECIFICAMENTE NO MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA.</b> <br /><br />A institucionalização da escola na Rússia aconteceu quase que concomitantemente com o surgimento da proposta da escola única do trabalho. Foi neste momento histórico que Makarenko tentou consolidar uma teoria educacional com base em suas experiências pedagógicas. A todo instante, apesar de seu experimentalismo pedagógico, ele preocupava-se em afirmar uma ciência da educação, pois principalmente durante os anos 20 havia amplos “debates sobre a orientação científica da educação” (LUEDEMANN, 2002, p.14) entre os educadores que propunham uma nova educação para a formação de um novo homem. <br /><br />Tal educação deveria estar o mais distante possível de uma educação especulativa que trabalhava com uma proposta abstrata para uma educação de uma criança e jovem que só existiam no mundo das ideias. Makarenko defendia uma concepção que rompesse com o absoluto e o eterno, e uma concepção pedagógica baseada na historiciadade do homem <br /><br />O projeto da personalidade como produto da educação deve basear-se nas exigências da sociedade. Este princípio tira imediatamente do nosso produto os paramentos ideais. Nas nossas tarefas não há nada eterno e absoluto. As exigências da sociedade são válidas apenas para uma época cuja duração é mais ou menos limitada. Podemos estar completamente convencidos de que à próxima geração apresentar-se-ão exigências um tanto modificadas e estas modificações serão introduzidas gradualmente, à medida que se desenvolve e se aperfeiçoa toda a vida social. (MAKARENKO, 2010, p.48, grifo nosso) Era à hora do rompimento com a filosofia especulativa e idealista, e o chamado era para a construção de uma pedagogia científica e materialista que contemplasse a formação de um homem concreto. Toda a geração de Makarenko foi formada nestes cursos de magistério que defendiam uma concepção teórica idealista e de subordinação da pedagogia à filosofia e à psicologia. Podemos constatar nessa passagem de Luedemann que “Makarenko foi formado como professor em um curso de magistério cuja direção era dada pela filosofia especulativa e pelo dogmatismo religioso: a criança era um ideal a ser alcançado.” (LUEDEMANN, 2002, p.14). O próprio Makarenko fala sobre sua formação: <br /><br />Farei um breve relato de minha biografia pedagógica e literária. Sou filho de um operário ferroviário, que trabalhou mais de quarenta anos numa fábrica de vagões. Eu também trabalhei nessa fábrica desde 1905, mas como professor, depois de ter obtido a mais rudimentar formação pedagógica: terminei os cursos de um ano numa escola pedagógica primária. Tenho a impressão de que atualmente nem existe uma formação tão primária como essa. Era uma formação tão pobre que só pude assumir o cargo de professor na escola primária de categoria menor, com um salário de 25 rublos por mês. (MAKARENKO, 2010, p. 115) No caso da psicologia houve grandes influências da concepção experimental de Pavlov19, e “a tese da psicologia experimental como orientadora da pedagogia foi ganhando força à medida que se aprofundava a crise do Império Russo.” (LUEDEMANN, 2002, p.15). Todavia Makarenko foi tentando se distanciar e procurava ter outros objetivos, porém reconhecia a tarefa árdua que tinha pela frente na tentativa de criar uma educação comunista: <br /><br />E não nos envergonhamos absolutamente de dizer que, em muitos pormenores do nosso trabalho, somos ainda imaturos, continuamos a ser e não pode ser de outro modo. Seria na verdade presunção afirmar que em apenas vinte anos tivéssemos condições de criar, finalizar e formar uma grande escola pedagógica completamente nova, a escola da educação comunista. Neste campo somos autênticos pioneiros e é próprio dos pioneiros enganar-se. O mais importante é não temer os erros e atuar com audácia. (MAKARENKO, 2010, p. 114) Nesta citação acima retirada de um artigo: “As minhas concepções pedagógicas”, que originalmente era uma palestra que havia sido dada em nove de março de 1939 em um sarau literário-pedagógico (menos de um mês antes de sua morte) mostram uma espécie de autocrítica de Makarenko e uma humildade perante a difícil tarefa de construir uma educação comunista baseada em novos fundamentos educacionais. <br /><br />4.1 Primeiras pistas de como a concepção pedagógica de Anton S. Makarenko chegaram ao Brasil <br /><br />Sobre o caminho percorrido pelas obras de Makarenko da Rússia até o nosso país só sabemos indícios. Retomando René Capriles em sua apresentação do livro, Makarenko: o nascimento da pedagogia socialista, podemos ter indicações que remontam a outros países da América Latina, vejamos a seguir: <br /><br />Em 1952, Víctor Paz Estenssoro liderou na Bolívia uma revolução social que mudou a visão da educação em nosso continente. Quando isso aconteceu, eu 19 Ivan Petrovich Pavlov (1849 —1936) foi um fisiólogo russo. Premiado com o Nobel de Fisiologia de 1904, por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais. Pavlov veio, no entanto, a entrar para a história por sua pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por acaso: o papel do condicionamento na Psicologia do comportamento (reflexo condicionado). Ver mais em SHUARE, M. La psicologia soviética tal como la veo. Moscú:Progresso, 1990.p. 46-49. (ARAÚJO, 2010, p.42) tinha sete anos de idade, estudava em La Paz, num colégio de jesuítas, e ouvia meus amigos mencionarem as escolas comunais indígenas que a revolução havia criado. Poucos anos depois, antes de partir para a Argentina, em 1959, entrei em contato com a experiência de Utama, a primeira iniciativa makarenkiana desenvolvida na America Latina, já no inicio dos anos 30, que criou as bases de uma escola autogerida no altiplano boliviano, com professores e discípulos aimarás. Em seguida fui para Mar Del Plata, onde continuei meus estudos até a universidade. Nessa época 1965, li pela primeira vez o Poema Pedagógico e conheci duas professoras que aplicavam o método numa escolinha, localizada numa vila miséria, a favela argentina com quem muito aprendi sobre Makarenko. Passaram-se os anos e a figura de Makarenko sempre me mesclou à minha visão da America Latina. Visitei quase todos os países do nosso continente e constatei as enormes deficiências existentes em seu sistema educacional. Imaginei que um dia a realidade social latino-americana descobriria, em toda sua plenitude, a proposta defendida por Makarenko. A respeito dele, Paulo Freire me disse certa vez: ”Ele é o pai de todos nós. Ele é tão grande quanto um Fidel, um Amilcar Cabral, um Samora Machel”. Numa outra ocasião, intuí que Darcy Ribeiro, com seu programa ligado aos CIEPs cariocas, caminhava na direção de Makarenko. Infelizmente, essa experiência foi destruída pela direita, que não admite uma educação popular, muito menos uma pedagogia autogerida. Tanto Paulo Freire quanto Darcy Ribeiro são os educadores que mais perto estiveram, no Brasil, da aplicação cabal das propostas pedagógicas de Makarenko. (CAPRILES, 1989, p.9-10) Para Capriles (1989) no Brasil autores importantes para educação brasileira como Paulo Freire e Darcy Ribeiro20 provavelmente tenham bebido na fonte de Makarenko. <br /><br />Os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) citados acima por Capriles (1989) foram criados por Darcy Ribeiro para serem instituições que fizeram a experiência de escolarização em tempo integral, voltadas para as crianças das classes populares, tentando atender as suas necessidades e interesses. <br /><br /> Darcy Ribeiro (1922-1997) autor entre outras obras de O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil (1995). Foi educador, sociólogo, etnólogo, poeta, romancista, antropólogo e político. Depois de abandonar o curso de Medicina, matriculou em 1944 na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Entre 1947 e 1957 trabalhou com o Marechal Rondon no Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Contratado por Anísio Teixeira assumiu em 1957 a direção da Divisão de Estudos Sociais do Ministério de Educação e Cultura. Tornou-se um "discípulo" de Anísio Teixeira na defesa da escola pública e juntos influenciaram o processo de elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961. Foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília e Ministro da Educação e Cultura do governo João Goulart. Após o golpe de 1964, exilou-se no Uruguai, Venezuela, Peru, Chile, entre outros países. Com a anistia, em 1979, associou-se à Leonel Brizola, para reorganizar o velho Partido Trabalhista Brasileiro. Em 1982, como vice-governador do Rio de Janeiro e coordenador do Programa Especial de Educação, criou os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e as Casas da Criança, que integravam o atendimento de saúde e educação a crianças de 0 a 6 anos. Em 1986, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, na tentativa frustrada de implantar os Cieps. Como senador em 1990, foi relator do anteprojeto aprovado da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), que passou a ser conhecida como Lei Darcy Ribeiro. No segundo mandato de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, coordenou o 2° Programa Especial de Educação chegando a marca de 500 Cieps, escolas públicas de tempo integral. http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_darcy_ribeiro.htm acesso em 18 de fevereiro de 2012. <br /><br />Darcy Ribeiro, quando era Secretário da Educação no Rio de Janeiro, no governo de Leonel Brizola. Ele criou-os com o objetivo de proporcionar educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais variadas, em instituições colocadas fora da rede educacional regular. <br /><br />Para Menezes e Santos (2002), estas escolas deveriam obedecer a um projeto arquitetônico uniforme, e acreditavam que, para criar os CIEPs, Darcy Ribeiro havia se inspirado no projeto Escola-Parque de Salvador, de Anísio Teixeira, datado de 1950. No total foram construídos cerca de 500 CIEPs. <br /><br />Os autores, Menezes e Santos (2002) reafirmam que a idéia dos CIEPs considerava que todas as unidades deveriam funcionar de acordo com um projeto pedagógico único e com uma organização escolar padronizada, para evitar a diferença de qualidade entre as escolas. No entanto, o projeto dos CIEPs recebeu muitas críticas, entre elas algumas referentes ao custo dos prédios, à qualidade de sua arquitetura, sua localização, e até sobre o sentido de um período letivo de oito horas. Muitos acreditam que o projeto arquitetônico tinha primazia sobre o pedagógico, sobretudo pela ausência de equipes de educadores qualificados para esse projeto educacional. <br /><br />Apesar desta experiência do CIEPs evocar para si a chamada educação integral, onde a criança passaria 8 horas na escola e teria um tempo para atividades escolares e para outras atividades diversas, é preciso verificar qual ligação realmente esta aplicação teve com a pedagogia de Makarenko, não é o nosso objetivo aprofundar-se neste tema na nossa dissertação, mas fica a indicação de que uma análise aprofundada sobre o assunto merecia ser examinada. Pois para Saviani (2008, p.406-407) a experiência do CIEPs tem um caráter controvertido apesar de serem ensaios de medidas de políticas e educacionais voltadas para o “interesse popular”. Posteriormente completa: <br /><br />As experiências mencionadas, no entanto, esbarraram em sérios obstáculos representados pelos interesses excludentes e pela tradição de descontinuidade que predominam na política educacional de nosso país; e acabaram tendo duração efêmera. De qualquer modo, devem ser contabilizadas como ganhos da ‘década perdida’, pois se trata de tentativas que, em seus resultados positivos, ajudam os educadores a encaminhar formas de política educacional superadoras das desigualdades; e, em seus efeitos negativos, acautelam quanto às estratégias e táticas que devem ser acionadas pra superar os obstáculos aos avanços preconizados. (SAVIANI, D., 2008, p.407). <br /><br />Pois Darcy Ribeiro apesar do seu reformismo foi comunista na juventude e pode sim ter bebido na fonte de Makarenko. Em certa ocasião quando escreveu o prefácio do livro A Magia dos Invencíveis de Ligia Costa Leite (1991), elogia o trabalho da autora e educadora de meninos de rua, comparando-a com o próprio Makarenko: <br /><br />Mas, o que mais se aproximou disso, aqui no Brasil e no mundo, foi a proposta de Ligia ao criar uma escola para a criança de rua, capaz de respeitá-la, de tratá-la com seriedade e de recuperá-la. Essa experiência é comparável à de Makarenko, na Rússia, educador que teve o encargo de salvar as crianças camponesas e citadinas que a revolução encontrou soltas, largadas, perdidas, famintas, como as crianças do Rio, hoje. (LEITE, 1991, p.14) Sobre Paulo Freire21, citado por Capriles (1989, p.10) como “educadores que mais perto estiveram, no Brasil, da aplicação cabal das propostas pedagógicas de Makarenko” faremos algumas considerações sobre essa relação que ponderamos ser equivocada, pois em História das Ideias Pedagógicas no Brasil, Saviani (2008) analisa que “ o horizonte da concepção pedagógica freireana era a sociedade industrial impulsionada economicamente pelo capitalismo de mercado, sob a forma política da democracia liberal em consonância com a visão nacional- desenvolvimentista. (SAVIANI. D., 2008, p.329) E portanto concluímos incompatíveis com o horizonte comunista almejado por Makarenko (2010, p.48) dizia ele “a nossa educação deve ser comunista e cada pessoa que educamos deve ser útil à causa da classe operária.” <br /><br />Todavia podem ainda restar dúvidas sobre a aproximação de Freire com as posições marxistas, ou mesmo com Makarenko (veremos abaixo que sequer Makarenko é citado ou relacionado na bibliografia), ao passo que Saviani (2008, p.331-333) retoma a discussão levantando as referências bibliográficas utilizadas por Freire na sua obra Pedagogia do Oprimido, diz Saviani que apesar de um grande número de autores de tradição marxista compor diversas citações e referenciais os mesmos são utilizados por Freire de forma descontextualizada, vejamos: <br /><br />Vê-se que em Pedagogia do oprimido os autores que integram, de algum modo, a tradição marxista constituem maioria. Além de Marx, Engels e Lênin, temos Rosa Luxemburgo, Lukács, Mao Tse-Tung, Lucien Goldmann, Althusser, Kosik, Marcuse, Debret, Guevara, Fidel Castro, Sartre. No entanto, isso não significa que Paulo Freire tenha aderido ao marxismo ou, mesmo, tenha incorporado em sua visão teórica de análise da questão pedagógica a perspectiva do marxismo. Na verdade é possível reconhecer a matriz hegeliana em sua análise da relação opressor-oprimido, calcada na dialética do senhor e do escravo que Hegel explicita na Fenomenologia do espírito. Quantos aos autores marxistas, eles são citados incidentalmente, apenas para reforçar aspectos da explanação levada a efeito por Freire, sem nenhum compromisso com a sua perspectiva teórica. Se algum conceito é apropriado, isso ocorre deslocando-o da concepção de origem e dissolvendo- o num outro referencial. (SAVIANI, D., 2008, p.332). Continuando em sua análise Saviani (2008, p.332) dá o exemplo de que Freire faz com o “conceito de limite máximo de consciência possível, de Lucien Goldmann” que para Saviani este conceito foi deslocado da sua concepção de origem por Freire. <br /><br />Reafirmando sua tese, Saviani (2008) ainda diz que Freire tem uma concepção que “em suma, apesar do comparecimento de grande número de autores marxistas, a concepção de fundo que preside toda a tessitura de Pedagogia do Oprimido permanece sendo a filosofia personalista na versão política do solidarismo cristão.” (SAVIANI, D., 2008, p.333). <br /><br />Todavia comungamos com Saviani dá importância progressista da obra de Freire para educação brasileira, e mais adiante neste capítulo veremos a apropriação de sua concepção pedagógica no contexto da educação dos sem-terras brasileiros. Portanto conclui Saviani: <br /><br />Paulo Freire foi, com certeza, um de nossos maiores educadores, entre os poucos que lograram reconhecimento internacional [...]. Qualquer que seja, porém, a avaliação a que se chegue, é irrecusável o reconhecimento de sua coerência na luta pela educação dos deserdados e oprimidos que no início do século XXI, no contexto da “globalização neoliberal”, compõem a massa crescente dos excluídos. Por isso seu nome permanecerá como referência de uma pedagogia progressista e de esquerda. (SAVIANI, D., 2008, p.336). Já nas elaborações de Luedemann (2002) podemos encontrar outras pistas. Todavia vale ressaltar que sobre a entrada das obras de Makarenko no Brasil não dispomos de tempo suficiente para investigar alguns rastros da sua possível difusão. <br /><br />Através de Cecília Luedmann encontramos pistas superficiais sobre experiências educacionais que possivelmente tenha utilizados de categorias de Makarenko. No seu livro: Anton Makarenko vida e obra – a pedagogia na revolução, a autora escreve lá, em linhas pouco claras, sobre estas experiências. Vejamos o que ela escreve: <br /><br />A vida e obra de Makarenko têm servido como referencia para muitas reflexões pedagógicas nos movimentos populares, especialmente no MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e de pedagogos comprometidos com a educação da classe trabalhadora ,seja em algumas experiências isoladas no interior de algumas escolas públicas,seja nas escolas de formação de militantes, em sindicatos, associações ou em cursos de capacitação, como a OFOC - Oficina Organizacional de Capacitação. Embora no passado Makarenko tenha sido indicado como uma possível contribuição para a escola brasileira, as iniciativas partiram dos renovadores comprometidos com as lutas da classe trabalhadora, como é o caso de Paschoal Lemme. Das experiências isoladas, podem-se citar exemplos de diretores, coordenadores e professores que procuraram dar algum direcionamento coletivo para a vida escolar. Valeria a pena reconstituir essas histórias, mesmo sabendo que não se generalizaram, não se tornaram hegemônicas. Ou seja, não há na história da escola do Brasil nenhum tipo de escola exatamente como aquela proposta por Makarenko. Há, entretanto, inúmeras experiências, isoladas, que procuraram que levantaram a necessidade de se criar outro modelo de escola, como coletividade. Educadores que procuraram recriar as relações sociais no interior da escola, com intensa participação de alunos, professores e comunidade, trouxeram para o debate as teses educacionais de Makarenko. Há relatos de referência dessa proposta educacional, tanto em instituições de reeducação de crianças e jovens marginais em escolas públicas progressistas, como os ginásios vocacionais escolas experimentais da rede estadual de ensino de São Paulo, quanto em particulares, a exemplo da escola israelense de São Paulo “Scholem Aleichem”, com forte participação de militantes do PCB, ou ainda em experiências em escolas operárias. (LUEDEMANN, 2002, p.30-31). Sobre a escola ou colégio israelense Scholem Aleichem de São Paulo que foi criado em 1949 com o ideário de “buscar a disseminação dos ‘ideais antifascistas e progressistas no cenário social brasileiro, por meio de uma educação pluralista e inovadora’, perfil que manteve até encerrar suas atividades em 1981” (BAHIA, 2010, p.5). Relata-nos Bahia (2010, p.1) que esta instituição era apenas uma das várias que foram fundadas no Brasil, como por exemplo, a “Associação Scholem Aleichem (ASA)” que foi fundada por judeus que vieram ao Brasil “por motivação econômica, mas principalmente em decorrência das ditaduras na Polônia, Hungria e Romênia, a crescente ascensão do anti-semitismo e também em decorrência de suas militâncias nos partidos comunistas e no Bund.” <br /><br />A ASA é criada no ano de 1964 a partir da Biblioteca Scholem Aleichem instituição fundada, em 1915, “por imigrantes judeus originários da Europa Oriental, oriundos de uma imigração pós pogroms ocorridos durante a guerra civil nas regiões do Império Czarista. (BAHIA, 2010, p.1). A própria Tatiana Belinsky foi colaborada e frequentava a instituição, “nos depoimentos de professores como Tatiana Belinsky e Ilina Ortega, respectivamente professoras de teatro e música temos o perfil da escola.” (BAHIA, 2010, p.7). Ainda sobre colégio israelense Scholem Aleichem de São Paulo, Luedemann (2002) conta que recebeu vários exemplares das obras de Makarenko das mãos de Fanny Abramovich, filha de Elisa Abramovich, ambas ex-diretoras da instituição <br /><br />tanto Elisa quanto sua filha e também educadora Fanny Abramovic foram imbuídas da leitura de Makarenko e se inspiraram respectivamente pela ideia de processo e de jogo como iniciais para o desenvolvimento de seu trabalho na escola. A autora ao tratar a idéia de processo mostra que a organização do coletivo de educadores e de educandos é baseada nos conflitos do cotidiano, a educação é inclusiva (todos os grupos étnicos, sem dogmatismo religioso e sem intolerâncias), necessidade do debate pedagógico ao invés do dogmatismo teórico. (BAHIA, 2010, p.6) Além do colégio “Scholem Aleichem” de São Paulo que reivindicava Makarenko no seu método ensino, podemos afirmar que sobre as referidas pistas de Luedemann (2002) que realmente pode-se provar que Pascoal Lemme24 realmente tinha conhecimento e parece ter lido duas obras importantes de Makarenko, o Poema Pedagógico e As Bandeiras nas Torres. Segue abaixo citações do livro autobiográfico de Lemme que denuncia seu conhecimento de Makarenko, diz-nos: <br /><br />A fama da Escola Visconde de Cairu já se alastrava por todos os subúrbios e muitos pais vinham implorar ao professor Teófilo que aceitasse os filhos, muitos expulsos de outras escolas, por mau comportamento e desleixo nos estudos, para que eles tentassem a recuperação. E o desafio era aceito, e quase sempre conseguia obter algum resultado com aquela terapêutica de ensino, trabalho, energia e compreensão. Confesso que mais tarde, quando cheguei a ser professor de história da educação, ao recordar-me da Escola Cairu e de seu fundador, essa obra aparecia-me com muita semelhança com a de Pestalozzi, no seu célebre 22 Fanny Abramovich (São Paulo SP 1940). Escritora de literatura infantil e juvenil, pedagoga e atriz. Filha de mãe brasileira e pai argentino, é descendente de família judaica que imigra para o Brasil. Aos 14 anos de idade, Fanny começa a trabalhar dando aulas particulares. Com 16, matricula-se no curso normal do Instituto de Educação Padre Anchieta, concluindo-o em 1958, no Colégio Batista Brasileiro. No mesmo ano em que inicia o curso normal, passa a lecionar no Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, onde atua por 11 anos. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_item=3 5&cd_verbete=5743. Acesso em 17 fev. 2012. 23 Elisa Abramovich (1921-1963) foi lider comunista, em 1947, elegeu-se vereadora pelo Partido Socialista Trabalhista em São Paulo. Entretanto não chegou a tomar posse. Em 1948, antes da cassação, a bancada comunista era a maior bancada da câmara de vereadores. Os comunistas considerados ilegais buscaram outras legendas. Elisa ingressou na Ofidas (Organização Feminina Israelita de Assistência Social), entidade que cuidava dos judeus sobreviventes do Holocausto. Receberam judeus egípcios vindos do governo Nasser, judeus de vários países árabes, Argélia, Marrocos, judeus russos. Morreu em 1963 aos 42 anos de idade, deixando um legado vital na constituição da escola Scholem Aleichem que dirigiu entre os anos de 1958 a 1962. Sua forte presença no colégio conferiu ao mesmo as características que marcaram a sua história. Autodidata, sua experiência na militância comunista incitou à necessidade de unir teoria à prática, rompendo com o sistema de educação formal. (BAHIA, 2010, p.4-5) 24 Paschoal Lemme (1904-1997) nasceu no dia 12 de novembro de 1904 no Rio de Janeiro, onde também faleceu em 14 de janeiro de 1997. Colaborou nas Reformas da Instrução Pública do Distrito Federal lideradas por Fernando de Azevedo (1927-1930) e por Anísio Teixeira (1931-1935). Quando subscreveu o “Manisfesto”, ele integrava a equipe de Anísio no Distrito Federal. (SAVIANI, D., 2008, p.239) <br /><br /> Instituto de Yverdon, na Suíça, ou com a de Makarenko, nos primeiros anos da Revolução Russa, recuperando menores abandonados, alguns ladrões e até assassinos, o que o educador soviético relata na empolgante obra literária que é o Poema pedagógico. (LEMME, 2004, p.101) Certa vez, na sede da Escola, creio que quando comemorava 35 anos de fundação, lembrava, numa saudação a dona Armanda Álvaro Alberto, o exemplo de um grande educador soviético – Anton S. Makarenko –, autor do Poema pedagógico, uma das mais notáveis obras da pedagogia e da literatura contemporâneas, que ao ter vencido a maior parte das terríveis dificuldades de sua atividade de recuperação de crianças e jovens abandonados, degradados pela guerra, pela fome, pela contra-revolução, explicava o título da última parte de sua obra, em que relatava os tempos mais felizes, da colheita dos frutos de seus ingentes esforços – "Bandeiras sobre as torres": – Quando ocorrem os fracassos, que se toque o rebate para que sejam rapidamente corrigidos. Mas quando surgem as vitórias, que se desfraldem as bandeiras sobre as torres! Aqui também se pode dizer a dona Armanda Álvaro Alberto: – É hora de içar no mastro da Escola Regional de Meriti a bandeira da vitória incontestável! (LEMME, p.116) Retomando Saviani (2008) que faz uma análise sobre a posição dos marxistas ao tempo de Paschoal Lemme que majoritariamente se encontraram sob a política do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Relata-nos Saviani que “o PCB aderiu a interpretação segundo a qual em países como o Brasil era necessário realizar previamente a revolução democrático- burguesa para se chegar, no momento seguinte, à revolução socialista e, daí, ao comunismo.” (SAVIANI, D., 2008, p. 272) <br /><br />Ainda Saviani (2008) justificando o porquê da existência de um vazio de propostas marxistas para educação brasileira para essa quadra histórica, pois por conta da posição política do PCB de que era necessário realizar uma revolução democrático-burguesa preliminarmente a revolução socialista <br /><br />Esta aí, talvez, uma possível explicação de por que não se chegou a uma formulação mais clara de uma concepção pedagógica de esquerda por parte dos comunistas. Com efeito, se o que estava na ordem do dia era a realização da revolução democrático-burguesa, a concepção pedagógica mais avançada e adequada a esse processo de transformação da sociedade brasileira estava dada pelo movimento escolanovista. Cabe verificar em que grau a perspectiva de uma revolução democrático-burguesa assumida pelas forças de esquerda, sob a liderança do PCB, as levou a estar sintonizadas com o ideário escolanovista, enquanto uma concepção pedagógica que traduzia, do ponto de vista educacional, os objetivos dessa modalidade de revolução social. Essa perspectiva pode ser exemplificada com a situação particualr de Paschoal Lemme. (SAVIANI, D., 2008, p. 273, grifo nosso). Portanto a nossa dificuldade de encontrar as obras de Makarenko e a sua concepção pedagógica de maneiras claras entre os marxistas neste período justifica-se perfeitamente com esse trecho de Saviani. Como propor uma pedagogia socialista-soviética baseada em Makarenko para a situação da educação brasileira se o que estava adequado ao Brasil era a orientação “comunista” da revolução democrática-burguesa? <br /><br />E apesar de Paschoal Lemme nunca ter se filiado ao PCB25, sempre esteve muito próximo as suas posições. Segundo Saviani (2008), Lemme escreveu em 1934 junto com Valério Konder26, militante do PCB, um documento intitulado A reconstrução educacional do Estado do Rio de Janeiro e este texto “marca explícita e diretamente algumas diferenças em relação ao ‘Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova’ de 1932” (SAVIANI, D., 2008, p. 273). Dizia Lemme (2004) no seu manifesto “escola ativa, progressista, socializada, única; pública, obrigatória, gratuita, mista e leiga...belíssimo programa, mas não para uma democracia, liberal por definição e capitalista de fato...” (LEMME, 2004, p.244 apud SAVIANI, D., 2008, p.274). <br /><br />Portanto nesta citação acima vemos uma aproximação da concepção marxista da educação como registrou Saviani, e também, por que não registrarmos aqui uma aproximação com a concepção de Makarenko. Todavia segundo Saviani (2008, p.274), Lemme não “se considerava ‘um estranho no ninho’ entre os Pioneiros da Educação Nova” muito pelo contrário “declarou que se sentia plenamente integrado no meio deles”. E sobre Lemme e os educadores marxistas majoritários da década de 1930 podemos concluir conforme Saviani (2008) <br /><br />De fato, ainda que Paschoal Lemme tenha expressado uma consciência clara da diferença que separava os marxistas dos ecolanovistas, ele não via incompatibilidade na atuação conjunta de liberais e marxistas no campo da renovação educativa. (...) Esse entendimento de Paschoal Lemme parece em consonância com a visão do PCB que fazia convergir, ainda que por motivos e com objetivos distintos, marxistas e liberais em torno da necessidade de realização da revolução democrático-burguesa. Ora, na medida em que a concepção escolanovista, tal como expressa no ‘Manifesto dos Pioneiros’, representava a revolução pedagógica correspondente à revolução democrático-burguesa, compreende-se que, na década de 1930, o escolanovismo tenha hegemonizado as posições progressistas, aí inclusas as correntes de esquerda. (SAVIANI, D., 2008, p.275). Aqui encerramos as possíveis difusões iniciais das obras de Makarenko no Brasil, mas de maneira nenhuma damos por encerrado este trabalho investigativo, muito pelo contrário merece-se investigar mais a fundo e fazer uma verificação mais demorada sobre este tema. Todavia passamos agora a adentrar na apropriação da concepção de Makarenko entre os 25 Ver mais sobre a relação de Paschoal Lemme e o PCB em Favoreto (2008,2009). 26 Valério Konder (1911-1968) foi um intelectual brasileiro, filiado ao Partido Comunista, que em 1935 pronunciou-se publicamente a favor da Aliança Nacional Libertadora, sendo posteriormente perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Foi preso vinte vezes e afastado de sua função pública no Departamento Administrativo de Saúde Pública (DASP). Valério Konder morreu em fevereiro de 1968, após seis meses num leito hospitalar. Foi casado com Ione Coelho com quem teve três filhos: Leandro Konder, Rodolfo Konder e Luíza Eugênia Konder. http://pt.wikipedia.org/wiki/Val%C3%A9rio_Konder acesso em 18 de fevereiro de 2012. <br /><br /><span style="font-size: small;"><b>movimentos sociais do Brasil. </b></span><br /><br />4.2 Makarenko nos princípios filosóficos e pedagógicos do MST. <br /><br />Diante de seu exemplo e de sua tentativa de construir uma nova educação para um novo homem Makarenko foi apropriado por movimentos sociais aqui no Brasil. Entre eles, e o mais conhecido, o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra27. Esse movimento reivindica entre suas referências educacionais a obra de Makarenko, onde em suas diversas instituições de ensino afirma aplicar a concepção makarenkiana, por exemplo, nas escolas dos diversos assentamentos espalhados pelo Brasil e em particular no Instituto de Educação Josué de Castro - IEJC pertence ao Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária – ITERRA. <br /><br />O Instituto é uma Escola do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e ministra vários cursos de capacitação. O documento “Método Pedagógico” elaborado pelo ITERRA é baseado no “caderno de educação nº 8” que é um dos documentos mais importantes do MST: <br /><br /> (...) Caderno de Educação n. 8, produzido pelo Setor de Educação do MST e que apresenta na própria capa (rodapé): Reforma Agrária: semeando educação e cidadania. Esse documento surgiu da necessidade de reedição do Boletim da Educação n. 1, Como deve ser uma escola de assentamento, escrito em agosto de 1992, pois o referido Boletim foi o mais citado, num levantamento realizado junto ao Coletivo Nacional do Setor de Educação, como um dos materiais mais importantes para o estudo e divulgação da proposta de educação do MST nos estados. (1999: 3). (RABELO, 2005, p.112) Detectamos através de Rabelo (2005) a enorme importância desse referido documento por conter seus princípios filosóficos e pedagógicos. A autora no capítulo 3 de sua tese de doutoramento faz uma análise minuciosa e exaustiva deste Caderno de Educação nº 8 do MST, e este será utilizado por nós para identificar os pressupostos do setor de educação do MST, e qual a influência da teoria de Makarenko sobre os mesmos. Temos como suporte para tal tarefa a tese da professora Josefa Jackline Rabelo que em seu terceiro capítulo examina em 27 O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, foi criado formalmente no Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra, que aconteceu de 21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel, no estado do Paraná. (CALDART, 2003, p.51) 28 Cadernos do ITERRA, Ano IV - Nº 09, dezembro de 2004. Instituto de Educação Josué de Castro. Método Pedagógico. <br /><br /><br /><br />detalhes os tais pressupostos filosóficos e pedagógicos da chamada Pedagogia do Movimento29. Segundo Rabelo (2005, p.111) o chamado caderno nº 8 é “um importante documento citado na maioria das publicações sobre a educação do MST”, portanto justificamos o nosso recorte por esse material. <br /><br />Todavia antes iremos analisar e listar alguns autores que por diversos vieses tem textos, artigos, dissertações e teses acerca dessa temática relativa a estudos sobre o MST. Há uma vasta publicação sobre a relação do MST e a educação, e no nosso recorte trataremos dos autores que se seguem. <br /><br />Dentre os autores utilizados no estudo estão aqueles que são do próprio MST, tais como, Caldart (2001; 2002; 2003); Stédile (2006); MST (1999; 2004).Outros estudos abrangem um conjunto de dimensões diretamente ligadas à valorização dos sujeitos envolvidos na luta pela terra e, de um modo ou de outro, na perspectiva do exame de suas propostas educacionais, sejam escolares ou não, são eles: Almeida (2007); Bauer (2008); Cericato (2008); Costa (2001); Costa (2002); Figueiredo (2008); Princeswal (2007); Witcel, (2002); e, pela crítica, trazemos Duarte (2000; 2001); Facci (2007); Oyama (2010). No entanto, é pela crítica ontológica marxiana-lukacsiana que qualificamos o debate de nossas ideias a partir de autores, Rabelo (2005) e Tonet (2010), os quais entendem que o caminho mais adequado para o resgate do caráter revolucionário do marxismo implica em apreender o legado de Marx como uma ontologia do ser social. <br /><br />Em seu livro sobre o MST, Carlos Bauer tenta apurar as origens das teses educacionais do MST: <br /><br />Até onde pudemos apurar, para seus educadores implica a apropriação de instrumentos político-metodológicos que estejam à altura da construção de uma hegemonia cultural, e este parece ser o próprio sentido de sua existência como educadores populares, fortemente influenciados pelo trabalho e propostas da educação libertadora de Paulo Freire e outros pedagogos socialistas, como Makarenko ou Mariátegui (BAUER, 2008, p.83-84) O referido autor, Bauer (2008), faz a relação da atuação dos educador-militantes do MST com seus princípios filosóficos e pedagógicos tendo como por base Paulo Freire, Makarenko e Mariátegui, entre outros. Veremos mais adiante outros estudiosos da pedagogia o MST tem uma pedagogia, quer dizer, tem uma práxis (prática e teoria combinadas) de como se educam as pessoas, de como se faz a formação humana. A Pedagogia do Movimento Sem Terra é o jeito através do qual o Movimento vem, historicamente, formando o sujeito social de nome Sem Terra, e educando no dia a dia as pessoas que dele fazem parte. E o princípio educativo principal desta pedagogia é o próprio movimento, movimento que junta diversas pedagogias, e de modo especial junta a pedagogia da luta social com a pedagogia da terra e a pedagogia da história, cada uma ajudando a produzir traços em nossa identidade, mística, projeto. (CALDART, 2003, p.51-52) do MST também afirmarem essas referências. <br /><br />Em sua tese Rabelo (2005, p.99) destaca “A obra de Paulo Freire também aparece como relevante na proposta educativa do Movimento. Seus educadores assinalam a importância da Pedagogia do Oprimido, relacionando suas idéias com o processo de educação”. Mas Rabelo (2005) nos mostra certas semelhanças entre Freire e a pedagogia das competências: <br /><br />Com efeito esse autor [Freire] vem sendo trabalhado cotidianamente nas práticas e elaborações dos documentos do MST. Nesse misto de práticas e documentos do Movimento, encontramos uma certa aproximação das idéias de Freire ao modelo das competências, especialmente, quando em seu livro Pedagogia da Autonomia trata de supostos saberes necessários à prática educativa do professor. (RABELO, 2005, p. 100) Mas adiante Rabelo afirma “que as idéias de Freire mantenham em alguma medida, afinidades com o que Duarte (2000) denomina Pedagogias do aprender a aprender – o que deve ser considerado um limite importante de sua obra” (DUARTE, 2000 apud RABELO, 2005, p.100). <br /><br />Em sua dissertação Figueiredo (2008) também relaciona não apenas Freire, como Marx, Engels, Gramsci e Lênin relacionando-os entre si nos pressupostos do MST, mas, no entanto não lista Makarenko <br /><br />Já para Freire reforça a pauta pela luta em busca da educação como a única forma de libertar o oprimido, que é fazer com que ele se liberte da sua própria opressão, fazendo-se grupo (FREIRE), pois ninguém se liberta sozinho. Hoje, o MST se firmou como um dos grandes movimentos sociais de resistência ao sistema. É o que mais se fortaleceu nos últimos tempos, e graças a uma renovação de conceitos revolucionários, que, em muito, se fundamentam nos princípios de Marx & Engels, Gramsci e Paulo Freire. A ação, a prática, como critério de avaliar a objetividade do conhecimento, é insistentemente clara em Marx, Lênin, e Gramsci. A ruptura radical da filosofia da práxis, em relação ao pensamento filosófico positivista, indica exatamente que é fundamental refletir, pensar, analisar a realidade com o objetivo de transformá-la. (FIGUEIREDO, 2008, p. 41). A educação dentro dos Assentamentos e Acampamentos do MST é focada na realidade social, visando a um sujeito que constrói o movimento conforme princípios político-ideológicos de transformação social que orientam o MST. A educação, como um meio transformador, e tomada como um direito social, move a luta pelo cumprimento das leis que não “saem do papel”. (FREIRE, 1983, p.18 apud FIGUEIREDO, 2008, p. 70). Todavia existem autores que afirmam que a referência em Makarenko pode ser facilmente observada especialmente na forma de organização do MST, nos assentamentos e destacadamente nos cursos de formação do próprio movimento. Cyra Malta Olegário da Costa em sua dissertação nos relata suas conclusões acerca de um curso de formação feita pelo <br /><br />MST: <br /><br />A metodologia do curso está muito relacionada com a organização do coletivo. O grupo de alunos composto por profissionais de nível médio e superior forma uma brigada que no decorrer do ano intercala atividades teóricas e práticas. Falar da prática de funcionamento do curso, nos remete a buscar referência junto a Makarenko e sua metodologia pedagógica. Este pedagogo russo que tem na organização do coletivo um dos princípios da sua metodologia considerando-o como um organismo vivo (COSTA, C., 2001, p.30, grifos nossos) Sabemos que Makarenko (1985) se empenhou na construção de um método geral para desenvolvimento e organização dos coletivos, dentro da coletividade maior que era segundo ele a própria sociedade soviética. Mas sua metodologia não era apenas um método de instrução escolar, como a citação acima de Costa (2001), sua metodologia coletiva deveria seguir para a preparação de valores para a vida comunista. <br /><br />Em sua dissertação “MST e a proposta de formação humana da Escola Nacional Florestan Fernandes30 para a classe trabalhadora: uma síntese histórica”, Marcelo Princeswal faz uma análise da concepção de formação humana que é desenvolvida pelo MST buscando principalmente examinar a proposta da Escola Nacional Florestan Fernandes, todavia ressalva que “mesmo tomando uma escola como referencial empírico, entendo que a formação dos integrantes do MST não se restringe à educação formal e que a luta social configura-se como princípio educativo” (PRINCESWAL, 2007, p.10). <br /><br />O referido autor em sua dissertação também irá corroborar em relação à presença de Makarenko nas referências educacionais da Escola Nacional Florestan Fernandes que segue os princípios pedagógicos e filosóficos do MST: <br /><br />No entanto, no presente capítulo nos limitaremos à trajetória da formação escolar e às concepções que balizam a educação no Movimento, pois são de grande relevância para a compreensão dos princípios e da pedagogia construída, que marcam os objetivos e o modo de funcionamento dos cursos desenvolvidos pela Escola Nacional Florestan Fernandes. Antes, porém, discutiremos alguns conceitos fundamentais que norteiam a concepção da formação humana do MST. Destacamos a importância que a categoria trabalho assume no Movimento, como anunciado nos princípios filosóficos e pedagógicos da educação, baseado na teoria de Marx e de outros pensadores como Gramsci, Pistrak e Makarenko, que mantêm grande influência nas novas formas de produção e na organização coletiva, engendrando o “novo 30 Inaugurada em janeiro de 2005, a Escola Nacional Florestan Fernandes - ENFF representa a síntese histórica da formação engendrada pelo MST durante os 23 anos de atuação no cenário político brasileiro, com o principal objetivo de formar quadros para o constante desenvolvimento da organicidade interna, bem como para o conjunto dos movimentos sociais brasileiros e da América Latina. A ENFF é responsável por centralizar as diversas experiências no campo de formação superior desenvolvidas pelo Movimento, sejam elas em convênios com as universidades brasileiras ou nos cursos livres realizados na própria sede da Escola. (PRINCESWAL, 2007, p.6). sujeito coletivo”. Neste sentido, cabe discorrer sobre o caráter do trabalho tanto por seu aspecto humanizador quanto pelo aspecto alienante que assume no modo de acumulação capitalista. (PRINCESWAL, 2007, p.56-57, grifos nossos). Princeswal (2007) recorre a Caldart para enumerar as referências teóricas dos pressupostos do MST <br /><br />Acredito que trabalhamos com vários teóricos importantes, como por exemplo, Marx, Pistrak, Makarenko, José Martí, Gramsci, dentre outros. Trabalhamos a questão da relação teoria e prática a partir de Paulo Freire e de sua Pedagogia do Oprimido, pois os professores começam a entender melhor esse vínculo entre teoria e prática quando eles percebem a sua experiência de vida e sua experiência de educador. E quando há essa experiência tão densa aliada a questão teórica, por exemplo, com a Pedagogia do Oprimido, eles, partindo do seu cotidiano, conseguem fazer o diálogo com suas experiências. Esse processo é bonito e rico de se ver. (Roseli Caldart). (RABELO, 2005, p. 142). O MST vai buscar na proposta de construção do novo homem de Makarenko, uma de suas bases teóricas, para a construção de sua própria proposta de educação. Assim dizia Makarenko “comecei a ampliar minha proposta sobre uma educação nova partindo do coletivo para poder formar uma personalidade humana livre, sem a escravidão econômica.” (CAPRILES, 1989, p.76). <br /><br />Como já referenciamos neste capítulo o chamado Caderno de Educação nº8 do MST vai nortear os princípios de toda concepção educativa do MST. E com Princeswal (2007) reafirmamos tal constatação, e vai-se além, pois ele afirma que o caderno nº8 do MST baseia- se em Makarenko. Princeswal (2007) relaciona a tal afirmação, a criação por parte do MST de coletivos pedagógicos e a própria formação permanente dos educadores e das educadoras do MST. Vejamos: <br /><br />O Caderno de Educação nº 8, baseado em Makarenko, aponta que não há um verdadeiro processo educativo sem que se estabeleça um coletivo de professores, a fim de potencializar o planejamento, os estudos, as práticas educativas entre outras atividades. (PRINCESWAL, 2007, p.99, grifo nosso). Parece explícito nesta nossa fonte bibliográfica que a presença das categorias de Makarenko foi apropriada pelo conjunto do MST. Debruçaremos-nos a partir de agora na relação dessas mesmas categorias e sua aplicação no cotidiano pedagógico do MST. <br /><br />A relação prática educativa e engajamento militante pelos coletivos de educadores do MST, afirma Rabelo (2005), parece ser um todo articulado e indivisível. <br /><br />Em sua dissertação, Os sem terra e a educação: um estudo da tentativa de implantação da proposta pedagógica do MST em escolas de assentamentos no estado de São Paulo, Sidiney Alves Costa faz uma análise da proposta pedagógica do MST tentando apreender o que a contribuição do MST tem a contribuir a educação brasileira: <br /><br />A dissertação diz respeito a um estudo da relação entre MST e Educação, ou seja, ao modo como o movimento ocupou-se da história da luta pela terra e de seu percurso nesta história e as conjuga com a história da educação brasileira, principalmente a educação rural, resultando na construção da Proposta Pedagógica do MST. Tratamos de compreender como os Sem Terra se apropriam dos aprendizados informais adquiridos com a luta de seu movimento e como se ocupam da educação formal fornecida nas escolas de assentamentos rurais e constrói uma proposta pedagógica para modificar a educação oferecida nas escolas dos assentamentos. Em outras palavras, este estudo se refere à maneira de os Sem Terra buscarem espacializar sua proposta pedagógica em escolas de assentamento rural e, desse modo, formularem contribuições pedagógicas que não dizem respeito somente às escolas dos assentamentos rurais, mas também à escola rural e à educação brasileira. (COSTA, S., 2002, p.16). Também Costa (2002) recorre a Caldart para fundamentar suas conclusões sobre a educação do MST <br /><br />E assinala a existência de uma dialética educativa no movimento, que tem permitido identificar nos seus membros uma consciência de sujeitos sociais vinculados a uma luta social e a uma luta de classe e a um projeto de futuro − um sentido sociocultural (COSTA, S., 2002, p.22-23). A autora Katia Aparecida Seganfredo Cericato em sua dissertação de mestrado: “Os princípios organizativos e a proposta pedagógica do MST: contradições de sua materialização na Escola Estadual Iraci Salete Strozak” irão examinar como os princípios organizacionais e pedagógicos do MST serão aplicados na escola pública Estadual Iraci Salete Strozak. Entre esses princípios organizativos Cericato nos traz: estes Princípios seriam a manutenção permanente e flexível de uma Organização Coletiva; a Divisão de Tarefas; Disciplina (no sentido de respeitar as decisões das instâncias); o Estudo e a Formação de Quadros. Ainda, a luta de massa (sendo este o princípio que altera a correlação de forças na sociedade) e, por fim, o princípio da vinculação permanente da dirigência com as famílias acampadas e assentadas integrantes do Movimento. (CERICATO, 2008, p.68, grifo nosso) Encontramos em João Pedro Stédile, um dos principais dirigentes do Movimento de trabalhadores rurais sem terras, outros esclarecimentos sobre os princípios do MST: <br /><br />Incluímos dentro do MST princípios organizativos que a classe trabalhadora tinha desenvolvido ao longo da sua luta contra o capitalismo e consideramos esses princípios – e por isso os chamamos de princípios – como necessários para qualquer tipo de organização da classe trabalhadora, independentemente se é sindicato, se é partido, se é movimento social, se é associação de bairro. (STEDILE, 2006, p. 182-183 apud ALMEIDA, p.117, 2007). Em Stédile na citação abaixo podemos ver que ele relaciona os princípios do MST, com a questão da disciplina. Percebemos certa semelhança entre ele e Makrenko: <br /><br />Que princípios são esses? A idéia da direção colegiada, de não ter presidente, secretário, tesoureiro, embora as divisões de função existam; a idéia de direção coletiva; de formação de quadros; de garantir unidade e disciplina, não disciplina hierárquica ou militar, mas disciplina da democracia – se a maioria decide, é preciso que haja unidade em torno desta decisão; a idéia do trabalho de base; da luta de massas; e a idéia da inserção dos militantes e dirigentes em todo este trabalho (...) Isso não é resquício leninista, isso é fruto da experiência histórica de 250 anos da classe trabalhadora contra o capitalismo, e, na nossa aplicação prática nesses 20 anos, eles demonstraram ser necessários. (STEDILE, 2006, 182-183 apud ALMEIDA, p.117, 2007, grifos nossos). Como em Rabelo (2005, p.32) o MST, “apresenta um alto grau de articulação interna e uma organização em âmbito nacional. A disciplina entre seus militantes e a homogeneidade nas suas formas de luta são características dessa organização”. Assim como é muita apreciada a disciplina em Makarenko (1985) <br /><br />Na minha exposição sobre disciplina eu me permiti pôr em dúvida as posturas então aceitas por todos, e que afirmavam que a punição educa escravos, que é preciso dar plena liberdade à criatividade infantil, confiando o máximo na auto-organização e na autodisciplina da criança. Eu me permiti externar a minha profunda convicção de que enquanto não estiverem criado o coletivo e os órgãos do coletivo, enquanto não existirem tradições e não forem criados hábitos elementares de trabalho e de vida, o educador tem o direito, e não deve renunciar a ele, de usar a força e de obrigar. Afirmei também que não era possível basear toda a instrução sobre o interesse, que a educação do senso de responsabilidade e do dever muitas vezes entra em conflito com o interesse da criança, em especial da forma como esta o entende. Eu exigia a educação de um ser humano resistente e forte, capaz de executar também trabalhos desagradáveis e trabalhos tediosos, se eles são requeridos pelos interesses do coletivo. Em última análise eu defendia a criação de um coletivo vigoroso, e, se necessário, severo e motivado, e só sobre o coletivo é que eu apoiava todas as esperanças. Os meus oponentes me jogavam na cara os axiomas da pedagogia e ficavam girando somente em volta da ‘criança’. (MAKARENKO, 1985, p.152-153, grifos nossos) Nesta citação acima de Makarenko (1985), fica claro sua posição contrária as teorias que defendiam o espontaneísmo educativo ou em termos mais atuais a não-diretividade pedagógica, basear a educação conforme os interesses da criança. <br /><br />Makarenko (1985) atribui a sua escolha pelos seus coletivos não apenas para enquanto método de instrução escolar, mas como preparação para a vida comunista, na forja da personalidade comunista. Com os valores necessários a vida social soviética, utilizando suas categorias como a exigência, a renúncia, a auto-organização, a auto-gestão, e nesse ponto segundo o autor a disciplina decorreria como conseqüência educativa. Makarenko critica seus oponentes que se baseavam na concepção de criança, naturalista rousseauniana e pragmatista de Dewey, sobre isso vejamos <br /><br />Diversos psicólogos de grande valor, reunidos principalmente no centro de Genebra do Instituto Jean-Jacques Rousseau, dirigidos por Claparède e Bovet, elaboraram os princípios de uma pedagogia que não apresentava, nem impunha, um ideal e normas, mas que devia ser uma “pedagogia funcional”, uma pedagogia a que não cumpria estabelecer e impor um programa, mas unicamente despertar o interesse e a curiosidade da criança. Que não devia exigir, recompensar e castigar, mas sim organizar o centro de atividade da criança; que não devia limitar e inibir, mas libertar e sublimar; uma pedagogia cujo objetivo não era preparar para a vida, mas acompanhar a própria vida da criança. Este aspecto absolutamente clássico de caráter psicológico, da pedagogia da existência constituiu-se numa época em que o pragmatismo desenvolvia uma concepção do mesmo gênero, embora com algumas diferenças. Dewey (1859- 1952), partindo de concepções diferentes das de Claparède, ocupou-se como ele da questão dos objetivos da educação. De fato, os objetivos da educação- tal como para a pedagogia funcional advém do próprio processo de desenvolvimento da criança num meio ambiente. Não se pode - escrevia Dewey - relacionar o desenvolvimento da criança senão com a educação posterior, quer dizer “o processo educativo não tem qualquer objetivo fora de si mesmo”. De acordo com este princípio, a educação deve atuar como fator que organiza as experiências da criança; no decurso do desenvolvimento destas experiências devem-se formar o espírito e a moral. (SUCHODOLSKI, 1977, p.53-54) Ainda sobre a organização do coletivo e a educação coletiva para adequação dos valores e hábitos para a criança concreta de Makarenko para a nova sociedade <br /><br />Isto é especialmente importante quando se trata de formar qualidades como a paciência, a habilidade para vencer dificuldades prolongadas para superar os obstáculos, não de um salto, mas mediante a pressão constante. Por mais que se esforce em formar as noções corretas sobre o que é preciso fazer, mas não conseguir inculcar os hábitos necessários para vencer as dificuldades mais persistentes, tenho o direito de dizer que não se inculcou nada. Resumindo, o que eu exijo é que a vida da criança seja organizada como uma prática que forme determinados hábitos. (MAKARENKO, 2010, p.119) Portanto a organização coletiva para Makarenko visava o objetivo maior que era a formação humana de um novo homem. Para o MST podemos vincular a citação anterior com a seguir, onde se complementa os esclarecimentos sobre a organização coletiva do MST em base a uma coletividade orgânica almejada, vejamos: <br /><br />Essa organização é política, pedagógica e essencialmente educativa, na medida em que estabelece um ‘enraizamento numa coletividade em movimento, acaba se constituindo como uma referência de sentido que está além de cada Sem Terra, ou mesmo além do seu conjunto e que passa a ter um peso formador, decisivo, no processo de educação dos Sem Terra.’ (CALDART, 2001, p. 214 apud CERICATO, 2008, p.68, grifo nosso) <br /><br />Novamente percebemos a utilização das categorias de Makarenko para referendar seus princípios organizativos, políticos e educacionais. O chamado Setor de Educação31 do MST é o responsável pela elaboração teórico-prática do Movimento e podemos perceber sua vinculação com Makarenko. <br /><br />Contestam a ordem social pelo conjunto do que fazem nas ocupações, nos acampamentos, nos assentamentos, nas marchas, na educação de suas crianças, jovens e adultos; pelo jeito de ser de sua coletividade que projeta valores que não são os mesmos cultivados pelo formato da sociedade atual; fazem isto, sobretudo, pelo processo de humanização que representam e pelos novos sujeitos que põem em cena na história do país” (CALDART, 2001, p. 210 apud CERICATO, 2008, p.67, grifo nosso). Nesta análise de Cericato (2008) a autora afirma que todos os atos do MST se baseiam numa construção de uma vida coletiva, deve-se ter como objetivo inclusive a produção coletiva com finalidade objetiva da sobrevida das famílias acampadas e das assentadas, a chamada coletividade, enquanto organismo vivo (e neste sentido tem o mesmo significado em Makarenko) organiza e “materializa a luta social e a torna a própria experiência pedagógica e de identidade do MST” (CERICATO, 2008, p.80) <br /><br />[...] exatamente porque aciona o Movimento como princípio educativo e se mistura com outros processos potencialmente conformadores: a relação com a terra, o trabalho, a construção de novas relações sociais de produção no campo, a vida cotidiana em uma coletividade, a cultura, a história, o estudo [...] a luta mesma, afinal, transfigura-se ou desdobra-se em cada uma destas dimensões que se produziram como pedagogias ao longo da história. Por isso, o próprio movimento da luta é o grande educador dos Sem Terra (CALDART, 2001, p. 219 apud CERICATO, 2008, p.80, grifo nosso). Um exemplo prático da aplicação dos princípios filosóficos e pedagógicos do MST baseado na aplicação da coletividade (FIGUEREIDO, 2008) nos mostra no exemplo abaixo vinculado a Pedagogia da Alternância32 de Caldart: <br /><br />A organização escolar é uma das principais características pelas quais a Pedagogia de Alternância do MST se diferencia da pedagogia das Escolas Oficiais. As organizações populares estão firmadas na gestão coletiva: educandos, monitores e funcionários, mensalmente, realizam uma avaliação para mudança das ações que se mostraram pouco eficientes em termos de condução das atividades. Sempre se desenvolve um novo planejamento, e quantos forem necessários, para o bom desempenho das propostas e para o crescimento da coletividade. Os aspectos pedagógicos, como os políticos, administrativos e orçamentários se subordinam à decisão do grupo. Todos 31 Setor de Educação: Existe estruturado desde 1986, mas havia experiências educacionais de forma isolada nos acampamentos e assentamentos em vários estados. (CERICATO, 2008, p.75) 32 O processo de ensino e aprendizagem segue o princípio de alternância e flexibilidade, organizando-se as etapas do curso em Tempo Escola, que se constitui nas atividades de estudo presenciais, e Tempo Comunidade apresentado como a etapa de complementação de estudo e trabalho de campo dos educandos, que devem aproveitar esse momento para desenvolver sua pesquisa, além de participarem das atividades de militância e organização do MST (RABELO, 2005, p.204.). assumem em conjunto as exigências de um processo decisório. (FIGUEIREDO, 2008, p.116). Entendemos por ambiente educativo tudo o que acontece na vida da Escola, dentro e fora dela, desde que tenha uma intencionalidade educativa, ou seja, foi planejado para que permitisse certos relacionamentos e novas interações. Não é apenas o dito, nas o visto, o vivido, o sentido, o participado, o produzido. (Caderno de Educação nº 8, 1999, p. 22) Aqui também podemos observar nas palavras de Caldart (2003) uma definição de coletividade na visão da autora e do próprio MST: <br /><br />O MST é uma coletividade. E nela os Sem Terra aprendem que o coletivo é o grande sujeito da luta pela terra e também o seu grande educador. Ninguém conquista sua terra sozinho; as ocupações, os acampamentos, os assentamentos, são obras coletivas. A força de cada pessoa está em sua raiz, que é a sua participação numa coletividade com memória e projeto de futuro. É fazendo parte do coletivo e de suas obras que as pessoas se educam; não sozinhas, mas em relação umas com as outras, o que potencializa o seu próprio ser pessoa, singular, único. (CALDART, 2003, p.57, grifo nosso) Em Figueiredo (2008) registramos seu destaque em relação a formação da coletividade por parte do MST vejamos o que nos diz: <br /><br />Os membros do Movimento, através da luta pela reocupação de suas terras perdidas, formaram uma coletividade com nome próprio; e esta, aos poucos, passa a ocupar um lugar de destaque na luta de classes que se desenrola no Brasil contemporâneo. Significa isso, para um integrante da nova coletividade, que ele faz parte de uma luta social – sempre a luta pela terra - historicamente carregada de significados políticos e culturais. (FIGUEIREDO, 2008, p.40, grifo nosso). O próprio Makarenko (2010) coloca em termos o objeto de sua educação, e da educação comunista, a coletividade: <br /><br />A única tarefa organizativa digna da nossa época pode ser a criação de um método que, sendo comum e único, permita simultaneamente que cada personalidade independente desenvolva suas aptidões, mantenha a sua individualidade e avance pelo caminho das suas vocações. É evidente que, ao dar início à resolução deste problema, já não podemos nos ocupar com uma só “criança”. Perante nós surge a coletividade como objeto da nossa educação. (MAKARENKO, 2010, p.49, grifo nosso) Com Witcel (2002) vemos que a autora também segue numa defesa dos princípios educativos da educação do MST. No trecho abaixo observamos que segundo a autora o MST segue corretamente seus pressupostos filosóficos baseados em Makarenko e no seu coletivo: <br /><br />Nossa organicidade nos trouxe três lições principais: a) a importância de redimensionarmos a utilidade e aproveitamento de tempo: tínhamos o tempo para o trabalho de sobrevivência e sobrava um bom tempo para os estudos; b) aprendemos que a questão da organicidade interna esta intimamente ligada ao desenvolvimento do ambiente educativo e da intencionalidade pedagógica. Uma das maiores preocupações no decorrer do curso era de seguir as linhas orgânicas do MST; c) o coletivo assimilou com o passar das etapas que era preciso ter uma organicidade interna para atingirmos o objetivo do curso, construindo um guia para nossas ações e posturas, sintetizando no Regime Interno da Turma. (WITCEL, 2002, p.11.) Aqui podemos recordar Makarenko (1977) em As Bandeiras nas Torres onde ele retoma Lênin, quando nos anos iniciais revolucionários, buscava os princípios de uma pedagogia onde o proletariado deixasse de ser comandados para ser comandantes. <br /><br />Makarenko nesse período parecia se preocupar em como manter a participação ativa das massas, desenvolvenda-as na educação do homem novo para a construção da nova sociedade socialista. <br /><br />Os tais homens novos deveriam adquirir a capacidade de comandar a sua própria vida, a produção, o consumo e todos os outros aspectos da vida coletiva. Para isso era necessário desenvolver a categoria da disciplina: <br /><br />No inicio não conseguimos conseguir compreender com clareza a questão da disciplina, mas com o passar do tempo fomos assimilando que a disciplina é que media a convicção e a consciência ideológica da turma, no sentido de fazer mais e melhor, ultrapassando o que previam os encaminhamentos conscientes, Havia uma relativa observância das decisões tomadas e do cumprimento dos deveres. Aprendemos que a disciplina era parte do processo organizativo, porque era possível avançarmos na organicidade sem ela. (WITCEL, 2002, p.11.) A essa referida organicidade, que na verdade é a própria organização do coletivo dos trabalhadores rurais sem-terras só poderia ser aplicada com uma rígida disciplina. Vejamos como Makarenko (2010) trata o tema sobre disciplina: <br /><br />Outra questão de importância extraordinária é a disciplina que a todos preocupa e inquieta. E apesar disso até agora na nossa prática atual fala-se da disciplina como da disciplina de inibição. Mas será esta a essência da disciplina soviética? A disciplina da inibição exige: não faça isso, não faça aquilo, não chegue atrasado à escola, não atire os tinteiros contra paredes, não falte ao respeito ao professor; podem ainda ser acrescentadas mais algumas regras com a partícula “não”. Esta não é a disciplina soviética. A disciplina soviética é uma disciplina que induz a vencer as dificuldades, a disciplina da luta e do progresso, a disciplina da aspiração a algo, a luta por algo. É deste tipo de luta que necessitamos na realidade. (MAKARENKO, 2010, p.121). Não temos elementos suficientes para afirmar que a disciplina desenvolvida no MST condiz com os pressupostos baseados em Makarenko. Visto que Makarenko subordina a disciplina com outra categoria estratégica que é a perspectiva. A perspectiva da construção de uma sociedade comunista. Continuamos abaixo sobre o problema da disciplina em Makarenko (2010) páginas adiante <br /><br />Agora perguntam: de que instrumentos dispomos para desenvolver estas qualidades? Para o camarada aprender a dar ordens não existe outra forma a não ser a de se exercitar no mando; e exercitar-se não como se fosse um jogo, uma brincadeira, mas de modo que o não cumprimento de uma ordem resulte em fracasso e o camarada responsável deva explicar-se perante a coletividade. É isto, camaradas, o mais importante que queria dizer- lhes. É preciso organizar a coletividade de tal forma que se eduquem qualidades reais e verdadeiras da personalidade e não qualidades imaginárias. É isto o que somos obrigados a fazer e, nestas condições, o método individual terá um efeito muito mais forte, mais belo e adequado. Se não houver coletividade e educação coletiva, com o método individual surge o risco de que eduquemos indivíduos e nada mais. (MAKARENKO, 2010,p.123). <br /><br />4.3 Os Novos Paradigmas Da Educação na concepção educativa do MST <br /><br />Não é somente obras e princípios marxianos que referenciam os pressupostos filosóficos e pedagógicos do MST. Já tratamos anteriormente neste capítulo do próprio Paulo Freire que influencia bastante a concepção pedagógica do MST, sendo ele é o principal autor utilizado na prática educativa do movimento. <br /><br />Tentando descobrir seu caminho o MST vem incorporando “pedagogias” e ensinamentos de diversos educadores e professores tais como Anton Makarenko, José Martí e Josué de Castro. Mas vem do educador pernambucano Paulo Freire a maior inspiração para a prática educacional do Movimento. Relendo e recriando elementos das freirianas “pedagogia do oprimido”, “pedagogia da liberdade” e “pedagogia da autonomia” o MST, numa “crítica prática” aos formatos mais tradicionais dos cursos de Pedagogia e à concepção de educação ainda dominante na universidade, está construindo um modo de formar educadores, cuja marca simbólica tem tido o nome de “pedagogia da terra”. (MST, 2004, p.59, grifo nosso). Todavia apesar de Paulo Freire e Makarenko, veremos em páginas mais adiante claramente outras influências de outros paradigmas na análise feita por Rabelo (2005) do curso Pedagogia da Terra. Aqui uma breve descrição sobre o mesmo ITERRA e a UERGS. O parecer de credenciamento da UERGS foi aprovado pelo Conselho Estadual de Educação, em 09 de outubro do mesmo ano. (RABELO, p.202, 2005) Caldart a autora da chamada Pedagogia da Terra discorre sobre a relação do curso com o Movimento e esclarece-nos sobre esse processo educacional: <br /><br />O processo da formação da identidade coletiva dos sujeitos da Pedagogia da Terra tem como pedagogo principal o próprio Movimento Social: estes educandos não seriam o que são e como são, e nem estariam neste curso, se não fosse a sua participação no movimento. É ele que aciona, organiza e da o tempero da atuação das diferentes matrizes pedagógicas presentes no processo de educação destas pessoas: a cultura, o trabalho, a situação de opressão e a resistência a ela, o próprio estudo... (CALDART, 2002, p.97-98, grifo nosso) Encontramos em Costa (2002) uma explicação didática sobre a proposta pedagógica do MST, em que ela divide em forma e estrutura, vejamos do que se trata: <br /><br />Entendemos que o MST criou sua forma de ver e conceber a educação e, ao mesmo tempo, organizou uma estrutura coletiva para realizar a expansão desta educação. A este conjunto que inclui a Proposta Pedagógica do MST (forma) e os coletivos (estrutura) para implementá-la (a proposta) denominamos espacialidade da Proposta Pedagógica do MST. (COSTA, S., 2002, p.15, grifo nosso). Contudo apesar da iniciativa progressista da Pedagogia da Terra, Rabelo (2005) adverte que se pode perceber “que os objetivos propostos pelo curso parecem não se diferenciar das tendências atuais presentes nas reformulações curriculares dos cursos de Pedagogia em geral.” (RABELO, 2005, p.203). Os chamados novos paradigmas da educação estarão também presentes nesse curso. <br /><br />Tomando como critério de análise o número de indicações de autores mais conhecidos dentro do campo da educação e das ciências humanas e sociais em geral, o conjunto dos ementários e da bibliografia básica dos componentes curriculares (disciplinas), que perfez uma média de 48, nos levou à percepção de que as obras de Paulo Freire são as mais presentes, somando 9 indicações, seguida por 6 indicações para Dermeval Savianni, 4 para Karl Marx, Edgard Morin, Pierre Bourdieu, Octávio Ianni, Moacir Gadotti e Carlos Brandão; 3 para Vygotsky, Mariano Enguita, Roseli Caldart, Tomáz Tadeu Silva, 2 para Eric Hobsbawm, Florestan Fernandes, Antonio Gramsci, Anton Makarenko, Ana Teberosky, Emília Ferreiro, Jean Piaget, Henri Wallon, César Coll, Miguel Arroyo, José Carlos Libânio, Ricardo Antunes, Pablo Gentili e Danilo Gandin. Com apenas 1 indicação temos autores como Gyorgy Lukács, Mário Alighiero Manacorda, Jürgen Habermas, Antônio Nóvoa, Leonardo Boff, Ernest Mandel, José de Souza Martins, Acácia Kuenzer, Viviane Forrester, Luís Carlos de Freitas e Jacques Delors. Em suma, na proposta curricular do Curso de Pedagogia, observamos que a presença do marxismo nesse curso, se resume a uma média de quatro indicações. Se somarmos as indicações de Marx, estas estão presentes em apenas três disciplinas assim distribuídas: História da Formação Social e Trabalho Educação com uma indicação e Sociologia da Educação com duas indicações. Nas outras 45 disciplinas não se observa a referência desse autor, assim como de outros do campo do materialismo histórico-dialético, que são fundamentais para o desvendamento do real numa articulação entre as singularidades do campo da educação e formação do educador com a totalidade social. O quadro apresentado acima, já põe em evidência a presença de pensadores do campo dos novos paradigmas das ciências sociais e, especificamente, da educação, basta ver que Morin, por exemplo, conta com o mesmo número de indicações que Marx e que são superiores às de Gramsci e Lukács. (RABELO, 2005, p.206-207). Podemos perceber que a concepção do MST também por diversas vezes recorre à cidadania e apresentam acordos com os chamados novos paradigmas da educação. Atestamos na citação abaixo retirada da dissertação de Sidiney Alves Costa (2002) <br /><br />A Proposta Pedagógica do MST foi elaborada à medida que os Sem Terra perceberam que conquistar e ampliar o número de escolas não foi suficiente para implementar uma forma ou maneira de educar que cultivasse e projetasse a emancipação e a cidadania de seus membros. Diante disto, os Sem Terra iniciaram a construção de coletivos para refletir o que queriam com a escola de assentamento e decidiram que as mudanças na instituição escolar devem vinculá-la ao projeto social dos Sem Terra, portanto, assim como o projeto foi uma elaboração coletiva também as ações de mudança na escola devem ser. (COSTA, S., 2002, p.15, grifo nosso). Apesar da crítica que podemos fazer ao curso Pedagogia da Terra Rabelo (2005) ressalva baseada em Roseli Caldart, que é a autora da Pedagogia do Movimento, que também haveria pontos a se considerar: <br /><br />Nessa perspectiva, o processo de materialização dessa identidade de formação ajudaria a cultivar uma identidade coletiva dos educandos, procurando formá-los como sujeitos humanos e como sujeitos sociais, que assumem, trabalham e compreendem a historicidade e as contradições do próprio Movimento, não tolhendo as transformações desses sujeitos, mas procurando provocá-las. (RABELO, p.209-210, 2005). Portanto podemos considerar que a Pedagogia da Terra não pode ser um fim em si mesmo, ela deve se tornar uma práxis: a Pedagogia do Movimento: <br /><br />A Pedagogia do Movimento se produz no diálogo com outros educadores, outros educandos e outros movimentos pedagógicos. Foi exatamente na interlocução com pessoas e obras preocupadas com a formação humana, que conseguimos refletir sobre o MST como sujeito pedagógico. Desde esta nova síntese continuamos nosso diálogo com teorias e práticas da formação humana, e uma reflexão específica sobre o ambiente educativo de nossas escolas. (CALDART, 2003, p.52) A pedagogia da terra como práxis. A práxis é a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem alterá-la, transformando-se a si mesmos. É a educação que, para se aproximar de maneira mais conseqüente, precisa da reflexão, do autoquestionamento, da teoria; e é a teoria que remete a ação, que enfrenta a desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-os com a prática. ”(Konder,1992). (CALDART, 2002, p.92) A autora define, “o Movimento é do jeito que coletivamente as pessoas vêm produzindo a identidade Sem Terra, e fazendo a luta pela Reforma Agrária que enraíza e fortalece esta identidade. (CALDART, 2003, p.53).” <br /><br />Podemos refletir então que educar é também partilhar significados e ferramentas de cultura (expressão de Jerome Bruner apud Arroyo, 2000); é ajudar as pessoas no aprendizado de significar ou ressignificar suas ações, de maneira a transformá-las em valores, comportamentos, convicções, costumes, gestos, símbolos, arte, ou seja, em um modo de vida escolhido e refletido pela coletividade de que fazem parte. Isto quer dizer, entre outras coisas, que educar as pessoas é ajudar a cultivar sua memória, é conhecer e reconhecer seus símbolos, gestos, palavras; é situá-las num universo cultural e histórico mais amplo, é trabalhar com diferentes linguagens, é organizar diferentes momentos e jeitos para que as pessoas reflitam sobre suas práticas, suas raízes, seu projeto, sua vida... (CALDART, 2003, p.55) No entanto esta citação anterior de Caldart na verdade condiz com que Rabelo (2005, p.55) diz sobre estas questões, que “toda essa parafernália de princípios funda-se na perspectiva liberal de educação enquanto um instrumento importante para a redução das desigualdades sociais, aliada ao resgate da identidade cultural dos povos”. <br /><br />Rabelo (2005, p.55) continua mais adiante falando sobre “a essência dessa proposta que busca apresentar e orientar uma reforma na educação que atinge de morte a educação” E reafirmamos com Tonet (2010) <br /><br />Por isso mesmo, pensamos que, na educação, o foco deveria estar situado na realização de atividades educativas que contribuam para a formação de uma consciência revolucionária. Trata-se de nortear tanto a teoria como as práticas pedagógicas no sentido da emancipação humana e não no sentido do aperfeiçoamento da democracia e da cidadania. Pois a questão é formar indivíduos que tenham consciência de que a solução para os problemas da humanidade está na superação da propriedade privada e do capital e na construção de uma forma comunista de sociabilidade. (TONET, 2010, p.51) Portanto concordamos a crítica de Rabelo (2005, p.55) que essas formulações de escola cidadã, democrática, participativa, tolerante, responsável, que estão no MST vem de uma “perspectiva da Unesco, representante bem obediente das demandas do Banco Mundial, que, por sua vez, corresponde fielmente às ordens do seu mandatário maior, o capital, é trazer a educação e, conseqüentemente, os educadores, para o seu lado.” Neste sentido parece que o MST não passou imune a esse processo <br /><br />Trata-se de um severo processo de envolvimento manipulatório do campo da educação, no sentido de aliviar os graves problemas sociais causados pela crise estrutural do capital, no sentido de amenizar os confrontos sociais. Todos agora são chamados a participar nesse processo de reforma da educação, sem distinção de cor, raça, credo, gênero ou classe social. ( RABELO, 2005, p.55) Portanto já contaminada pelos os apelos dos novos paradigmas da educação, a coletividade referenciada pelo MST e Caldart, baseada em Makarenko vai dar lugar à chamada cooperação, pois segundo Cericato (2008) vai haver muitas resistências que irão fazer rever estes princípios do coletivo <br /><br />Tendo em vista a resistência dos assentados à forma de coletividade proposta, há muito já manifestada, a CONCRAB, na década de 90, começa a discutir e reavaliar a proposta. A partir de então, o MST passa a enfatizar que não interessa se a produção é individual ou coletiva, pois a forma da cooperação é secundária, o fundamental é o ato de cooperar. Todavia, os objetivos centrais políticos do Movimento não são alterados, já que a cooperação deve possibilitar ao mesmo tempo o desenvolvimento econômico e social e o desenvolvimento de valores humanistas e socialistas. “A cooperação que buscamos está vinculada a um projeto estratégico que visa à mudança da sociedade, ela é uma ferramenta de luta na medida em que contribui com a organização dos assentados [...], a liberação de pessoas para a luta econômica e principalmente para a luta política” (CONCRAB - Caderno de Cooperação Agrícola n. 5. doc. cit. em SCHEREINER, 2002, p. 407-10 apud CERICATO, 2008, p.91, grifos nossos). Este recuo programático ao nosso modo de entender tem relação com os limites reformistas do MST, tendo em vista que a classe camponesa não é o sujeito histórico revolucionário34, e suas reivindicações de reforma agrária ora são conseguidas por dentro do sistema do capital em crise, com diversas limitações a bem da verdade, faz com que esse Movimento não vá de fato as raízes do problema. À medida que o camponês consegue a terra ele torna-se um pequeno proprietário e dessa maneira como dar sequência a aplicação de uma coletividade aos moldes socialistas de Makarenko, sem superar o capital? Essa contradição é localizada por Cericato, vejamos: <br /><br />Esse fato é importante para compreendermos dois momentos: primeiro, um período em que o MST se estabelece como articulador das mediações entre indivíduos e coletividade que se reúnem a partir de necessidades coletivas; depois, com o objetivo concretizado, que é a posse da terra, vem, em conseqüência, a dispersão das famílias e as relações coletivas são então diluídas, ou pelo menos não ocorrem com tanta expressividade como no período de acampamento. (CERICATO, 2008, p.126). <br /><br /> A classe operária continua dominada pela concepção de mundo reformista/individualista e, portanto, ideologicamente está desarmada para fazer frente ao aprofundamento de sua exploração e despreparada para assumir sua identidade de sujeito revolucionário. (LESSA, 2008, p.271). <br />Mesmo localizando as contradições do MST Cericato (2008) conclui com uma defesa da proposta pedagógica e educacional do Movimento, que se percebe neste trecho, e acaba referendando as proposições que desembocam na cooperação: <br /><br />Apesar das contradições apontadas, percebemos a partir da história dessa escola que ela tenta impor-se à estrutura e à determinação Estatal capitalista. Seus métodos, práticas e relações vivenciadas anunciam a possibilidade de uma mudança, denotam a esperança na mudança. Mesmo ciente de todas as limitações impostas àquele fazer pedagógico: um sistema opressor, a precariedade do assentamento, a falta de material, a ‘resistência’ dos professores, permanece a ousadia em lutar pela transformação. Mas essas experiências conseguem extrapolar os muros da escola, perpassar o isolamento do assentamento e modificar relações mais amplas? Assim, percebemos que enquanto a sociedade basear sua existência no modo de produção capitalista, as práticas de cooperação e solidariedade não serão vivenciadas na totalidade. (CERICATO, 2008, p.204, grifo nosso). a proposta pedagógica exige que ser forme os Sem Terra como um sujeito de um mundo em processo de transformação, em movimento, e não de um mundo estanque. Mesmo porque, este entrelaçamento entre o rural e o urbano foi efetuado pelo capitalismo, e não é a realização da reforma agrária ou de uma educação diferente que vai ameaçar tal ligação, o que o MST espera é que a educação sirva para que os Sem Terra possam enfrentar os desafios que deles são exigidos tanto no campo – produção e venda dos produtos e gerenciamento do lote de reforma agrária – como na cidade – negociação com os compradores, fornecedores e agências de crédito ou mesmo para viver na cidade e trabalhar para si ou nos escritórios e nas associações do movimento com sede nos centros urbanos. (COSTA, S., 2002, p.208). Não obstante em Rabelo (2005, p. 215-216) que em sua tese realizou várias entrevistas com integrantes e dirigentes importantes do MST, além de analisar profundamente seus documentos relacionados com os princípios teóricos da concepção de educação do movimento, nos diz que <br /><br />Ainda mais, em seus princípios, consignados nos documentos e nas entrevistas dos educadores, o Movimento afirma que sua educação pretende formar pessoas capazes de articular, de forma competente, teoria e prática. Esse aspecto nos leva, em alguma medida, ao modelo das competências, sistematizado pelos consultores da Unesco e da ONU, como o mais dinâmico, abrangente e complexo, sendo capaz de habilitar o trabalhador para a sociedade globalizada e em constante mudança. Assim, apreendemos que essa ideologia parece perpassar o ideário da formação do educador do MST. [...]Como exemplo dessa aproximação, é válido lembrar que a educação do MST é orientada, conforme demonstramos, para o trabalho e para a cooperação. Com esse princípio, o MST assume, de certa forma, em sua proposta pedagógica, a dimensão do aprender a conviver, presente no modelo do aprender a aprender, que se caracteriza pelo eixo da cooperação. (RABELO, 2005, p. 215-216, grifo nosso) <br /><br />Dito de outro modo constata-se que na esteira de Rabelo (2005) a categoria da cooperação acaba sendo originada nos pressupostos dos novos paradigmas da educação, distanciando-se das categorias de Makarenko, e aproximando-se da Unesco <br /><br />Nesse sentido, avaliamos que, mesmo recorrendo à articulação entre teoria e prática, visando uma ação transformadora, a proposta educacional do MST parece não fincar o devido distanciamento entre seus postulados e objetivos e as diretrizes da Unesco - ONU, no campo da educação, fazendo uso das noções de competência, cooperação, deixando de insistir na crítica radical à lógica capitalista, dificultando, assim, a tarefa de distinguir o horizonte apontado por um e outro ideário. (RABELO, 2005, p. 215-216). Mesmo sabendo das dificuldades que se tem de não capitular aos novos paradigmas educacionais do MST, que muitas vezes parece se contradizer como no trecho abaixo de Caldart <br /><br />Para o MST esta não tem sido uma batalha fácil: cultivar e recuperar valores humanos como a solidariedade, a lealdade, o espírito de sacrifício pelo bem estar do coletivo, o companheirismo, a sobriedade, a disciplina, a indignação diante das injustiças, a valorização da própria identidade Sem Terra, a humildade... (CALDART, 2003, p.55) Esta contradição se agrava mais por conta da falta de uma perspectiva clara por parte do MST de superação do capital em crise estrutural <br /><br />Ressaltamos, mais uma vez, que as influências dos novos paradigmas do campo da formação docente não é uma particularidade das propostas educacionais do MST. Essa perspectiva é prioritária nos curso de graduação e pós-graduação das universidades brasileiras. E, como a proposta em tela é uma parceria com uma universidade, não poderia ser diferente. (RABELO, 2005, p. 220). Não há como, dentro da lógica do capital, estabelecer relações de igualdade, solidariedade e cooperação, pois essa lógica é regida pela desigualdade e exploração. Atribuir à educação a tarefa de formar consciências ecológicas e solidárias, baseadas numa ética universal é, no mínimo, ingênuo e utópico, já que a educação como mediação ideológica responderia às crises econômicas no momento em que é responsável por apresentar soluções diretas ou indiretas, como por exemplo, ao problema da qualificação do trabalhador. (RABELO, 2005, p.108). O próprio Makarenko traz a necessidade de cultivar os valores necessários para o novo homem da nova sociedade comunista, para ele algumas qualidades necessárias para este novo homem seriam ser assíduo, ordenado, disciplinado, valente, honesto, entre outros que condizem com a personalidade comunista que seria seu objetivo final para sua educação coletiva <br /><br />Mas estará resolvida a questão relativa aos objetivos e às tarefas da educação? Este é outro problema que necessita ser particularizado. Dizemos que o rapaz deve ser assíduo, desenvolvido,ordenado, disciplinado, valente, honesto, firme e muitas outras palavras boas. Esta formulação não define ainda os nossos objetivos. Os nossos objetivos são especiais: devemos formar um comportamento comunista. Por outras palavras, os nossos objetivos só podem ser expressos nas qualidades do caráter que definem a personalidade comunista e estas qualidades devem formular-se muito detalhadamente, com precisão.Vejamos o que sabemos sobre as qualidades do caráter de uma pessoa coletivista, de um indivíduo com um comportamento comunista. Que ideias temos sobre tal pessoa? Se dissermos que é honesta, que deve ter força de vontade e ser enérgica, isto aindanão quer dizer nada. A nossa honestidade exige uma unidade positiva entre os trabalhadores, o respeito a cada trabalhador pela sua pequena coletividade e pela coletividade formada por toda a sociedade soviética, o respeito pelos trabalhadores de todos os países. Só neste contexto falamos da honestidade. Necessitamos de uma instrumentação especial das qualidades morais. E são estas qualidades especiais da personalidade moral as que devemos formar. Tomemos, por exemplo, uma qualidade tão importante como a diligência. No nosso país, cada cidadão deve ser diligente; a diligência de uma pessoa não pode prejudicar a de outra pessoa. Isto significa que a nossa diligência é uma qualidade moral e que o requisito da diligência é um requisito moral. E devemos educar cada cidadão levando isso em conta. Vejamos outro conceito, o da pontualidade. No nosso trabalho educativo, a pontualidade, como qualidade de caráter de um verdadeiro comunista, deve ser considerada quando a pontualidade do chefe e a do subordinado constituírem uma mesma qualidade moral.Vejamos outras qualidades do caráter, como a capacidade deorientação, a habilidade para orientar com rapidez na situação mais complexa, para atuar com a maior precisão e calma, com segurança, sem gritos, sem histeria, sem pânico, sem chiadeiras, qualidades que devemos obrigatoriamente trabalhar em nosso processo educativo. Finalmente, tomemos outra importante qualidade do caráter, qualidade puramente comunista, como a de saber subordinar-se ao camarada — não ao rico, não ao patrão, mas ao camarada — e a de saber dar ordens ao camarada. Somos camaradas, amigos, mas há momentos em que eu tenho o direito de dar ordens. Neste caso, eu devo saber ordenar e você deve saber obedecer, esquecendo que há um minuto éramos amigos. Esta qualidade do caráter só pode ser desenvolvida no nosso país, onde não há classes exploradoras, onde não há o poder emanado da força econômica, da propriedade, da manipulação...Devemos infundir todas estas qualidades nos nossos jovens. Eu mencionei muito poucas qualidades, as muitas necessárias. (MAKARENKO, 2010, p. 121-123). Portanto retomando Rabelo (2005) podemos afirmar que o MST é eclético: <br /><br />Nesse contexto, ainda analisando as referências apontadas pelos entrevistados e pelos documentos, que incidem diretamente na metodologia do MST, percebe-se que essa é baseada numa concepção eclética de ensino, que contempla tudo aquilo que entende como positivo em uma variada gama de educadores, de diferentes correntes pedagógicas, combinando sem as devidas demarcações teórico-metodológicas que vão desde o existencialismo cristão de Paulo Freire, passando pelo construtivismo de Piaget, no qual inclui indiscriminadamente Vigotski, chegando aos teóricos ligados ao Marxismo. (RABELO, 2005, p. 221, grifo nosso). Embora mesmo que o MST não fosse eclético e só se fundamentasse nas obras dos teóricos marxistas mesmo assim teríamos as limitações apontadas pelos autores abaixo </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ao contrário do que se possa pensar, a teoria marxista-leninista para uma escola socialista e revolucionária não é exequível nesta sociedade capitalista. Diferente do que tem sido feito com as teorias pedagógicas de Krupskaia, Lunatcharski, Makarenko, Pistrak, Vigotsky, e Sukholinski – todos colocados no “leito procustiano” (onde algo é forçado a entrar onde não cabe, esticando-o ou encolhendo-o) – as contribuições de Lenin, tanto quanto as desses autores, à construção de uma pedagogia socialista não podem ser aplicadas na sociedade capitalista para transformar a ordem por dentro da ordem.(CARVALHO, 2005b, p.114 apud OYAMA, 2010, p.143- 144.) Não se pode pensar na aplicabilidade da ‘pedagogia de Makarenko’, pois ele educou jovens marginais e, em geral, órfãos, sob uma disciplina tida como militar, hoje inviável. O que se pode buscar em sua obra é o eixo norteador de seu trabalho. O que importava era a educação social, que levaria à superação do egoísmo, que andava de braços dados com o individualismo, e ambos em oposição ao coletivismo. Este significava, a seu ver, a ‘solidariedade do homem para com a sociedade’ (FACCI, 2007, p.174) Por conseguinte conforme Rabelo (2005) precisamos de uma crítica radical <br /><br />Nesse sentido, a crítica radical nos ensina ser preciso que o movimento sindical e os movimentos sociais, dentre os quais devemos destacar o MST, reconheçam a unidade entre as repercussões econômicas e político-sociais da educação, qualificando, assim, sua intervenção na política educacional. Compreendemos que dessa forma será possível partilhar da idéia da liberdade gestada pelo trabalho, fazendo com que esses movimentos voltados para os interesses históricos da classe trabalhadora avancem para uma concepção de escola unitária, síntese entre formação para o trabalho manual e formação para o trabalho intelectual. (RABELO, 2005, p.104). Que esta escola unitária como nos diz Rabelo (2005) perspectivada não para dentro deste sistema do capital, mas para uma sociedade sem classes que comporte uma educação conforme diz Makarenko (2010) sob uma perspectiva que sirva para organizar a experiência infantil conforme as necessidades de uma nova sociedade. Onde esta escola seria uma instituição social de ampla participação das crianças e jovens, lugar de formação para uma nova sociabilidade, de subordinação entre iguais dentro de uma autogestão sem classes sociais. Buscando formar as novas gerações para a organização da coletividade comunista e assim forjando sua personalidade. <br /><br />5<b> CONSIDERAÇÕES FINAIS</b> <br /><br />Ao término deste trabalho, sem ter a pretensão de esgotar aqui a discussão, algumas considerações podem ser feitas. Inicialmente consideramos importante para o desenvolvimento da pesquisa o levantamento feito por nós da situação anterior a revolução de 1917 da educação escolar russa, trazendo a tona todos os autores importantes neste processo e fazendo um levantamento das suas concepções que se contrapunham a educação escolar czarista. <br /><br />Sem esquecer os demais autores que influenciaram a educação escolar soviética, percebemos que as principais ideias fundamentavam-se no escolanovismo e em seu principal autor, Dewey, referência não só para pensadores russos anteriores a revolução soviética como pelos próprios soviéticos como Krupskaia e Lunatchárski, todavia de modo distinto do núcleo teórico escolanovista. <br /><br />Makarenko defendia uma concepção de educação centrada na coletividade e no objetivo de preparar a personalidade do homem novo comunista. Neste sentido rompia com o absoluto e o eterno das concepções educacionais burguesas, e fundava uma concepção pedagógica baseada na historiciadade do homem. Nesse sentido citamos em Suchodolski (2010, p. 22-23) ao fazer referência aos pressupostos da pedagogia da essência “as afirmações fundamentais da pedagogia da essência, isto é, a submissão do homem aos valores e aos dogmas tradicionais e eternos.” Vejamos o que defendia Makarenko: <br /><br />O projeto da personalidade como produto da educação deve basear-se nas exigências da sociedade. Este princípio tira imediatamente do nosso produto os paramentos ideais. Nas nossas tarefas não há nada eterno e absoluto. As exigências da sociedade são válidas apenas para uma época cuja duração é mais ou menos limitada. Podemos estar completamente convencidos de que à próxima geração apresentar-se-ão exigências um tanto modificadas e estas modificações serão introduzidas gradualmente, à medida que se desenvolve e se aperfeiçoa toda a vida social. (MAKARENKO, 2010, p.48, grifo nosso) Makarenko era um otimista incorrigível dizia que “nos livros e nas obras da revolução reside já a pedagogia do homem novo. Em cada pensamento, cada movimento, cada sopro da nossa vida ressoa a glória do novo cidadão do mundo” (MAKARENKO, 1981, p.9). Para ele a educação do homem novo era desenvolver nestes mesmos um pensamento novo que tratassem das questões da sociedade socialista de maneira nova, pois as relações entre os homens não podiam ser iguais as relações anteriores do sistema capitalista. Manacorda (2002) sintetiza o pensamento de Makarenko fazendo uma análise de que no século XX, mais precisamente após a Revolução Russa, a pedagogia soviética de Makarenko, propunha a conexão entre instrução e trabalho produtivo, a educação dos sentimentos e o coletivo. Segundo Manacorda (2002) o trabalho, a colaboração, e perspectiva de alegria a todos os homens eram os métodos e os fins da pedagogia de Makarenko. Portanto Makarenko buscou desenvolver um método que respondesse ao seu tempo histórico <br /><br />A única tarefa organizativa digna da nossa época pode ser a criação de um método que, sendo comum e único, permita simultaneamente que cada personalidade independente desenvolva suas aptidões, mantenha a sua individualidade e avance pelo caminho das suas vocações. (MAKARENKO, 2010, p.49) Para Makarenko era preciso fundamentar e criar uma propositura de um modelo educacional que unisse a vida do trabalho com a vida escolar. Dessa maneira ele busca uma nova relação entre a teoria e a prática. A nosso ver, Makarenko tenta articular, assim como Marx, a objetividade com a subjetividade sob a regência da objetividade. Pois para Marx a objetividade e a subjetividade são construções sociais e ou resultados da atividade humana. Esta nova relação é nesse sentido uma proposta de escola que passe a ser uma coletividade total e única na qual teriam que estar organizados todos os processos educativos e cada membro dessa coletividade sentisse forçosamente sua dependência com relação a ela. Todavia essa pretensão de Makarenko não será alcançada. <br /><br />Vimos que sua proposta será influenciada por pensadores anteriores a revolução soviética, como Tolstoi com suas obras, e este influenciado pela “escola nova” de Dewey. Todavia Makarenko faz uma inversão do que é proposto no método escolanovista o qual está centrado no aluno ativo e em suas subjetividades individuais. Com Makarenko a educação centra-se no coletivo e no objetivo de preparar a personalidade do homem novo comunista. Com efeito, somente com o advento da revolução socialista e soviética se pode sistematizar e constituir na Rússia um sistema educacional com a tarefa de transmitir os conhecimentos acumulados historicamente pelo conjunto da humanidade pela via escolar. Suchodolski ao se referir aos primeiros anos da revolução assinala que: <br /><br />Desde os primeiros anos, o governo soviético realizou um trabalho sistemático no sentido de elevar o nível do ensino e ampliar o seu alcance social. Esse trabalho se realizou através das seguintes fases erradicação do analfabetismo, obrigatoriedade da educação primária para todas as crianças e introdução da educação universal na escola de quatro anos. À medida que essas tarefas foram se realizando, os objetivos se tornaram maiores: o prolongamento da educação primária e obrigatória e a reestruturação do ensino médio. Assim se criaram as bases para a tarefa posterior, isto é, a generalização da instrução de grau secundário. (SUCHODOLSKI, 2010, p.161) É dessa relação entre as dificuldades estruturais e a educação do homem novo que Makarenko vai forjar suas categorias, tais como, a coletividade, a disciplina, a autodisciplina e a auto-organização (disciplina consciente), a renúncia, a exigência e a perspectiva. É notável que em alguns momentos de sua trajetória Makarenko nos remete ao pragmatismo35 ou a urgência do fazer a todo custo em vez de se debruçar sobre o problema em questão. <br /><br />A princípio Makarenko não tem um plano organizado para uma educação comunista voltado a formação do “homem novo”. Tudo parece estar começando do marco zero. Existe um pressuposto que se está criando o novo então àquele que ensina deve aprender também com quem está ensinando, essa relação parece ser oriunda das teorias que defendem o escolanovismo. Seus adversários trataram justamente disso: “Makarenko é um bom prático, mas está muito pouco à vontade na teoria.” (MAKARENKO, 1980, p.147-148) <br /><br />Estes argumentos de seus adversários provêm ao nosso modo de entender, com a opção de Makarenko pelo estilo novelesco da maioria de suas obras. Essa também foi uma das nossas maiores dificuldades de sistematizarmos as categorias mais importantes da pedagogia de Makarenko, principalmente nas obras, Poema Pedagógico e Bandeira nas Torres, porque ambas são escritas em forma novelesca. Encontramos dificuldade em resumir de maneira ordenada tais elaborações uma vez que a exposição de sua teoria foi feita de forma vivenciada, experimental e personalizada, e a isto me refiro tanto no que se refere a situações vividas por seus educandos quanto a Makarenko mesmo, pois para ele a educação deixa de ser uma abstração pura e simples e ganha carne e osso. <br /><br />Assim como Capriles (1989) e Luedemann (2002) recorreram às demais obras de Makarenko, também recorremos a estas para compreender sua teoria na totalidade. Como apontamos em nosso texto na introdução, as várias obras escritas noutro estilo, nas quais a teoria se mostra mais claramente é que darão suporte necessário a nossa pesquisa. Para além das controvérsias de Makarenko, vemos sua crítica às chamadas pedagogias idealistas. <br /><br />Makarenko identifica que para haver um bom funcionamento da coletividade devem- se substituir essas pedagogias idealistas, as quais, para ele são concepções pedagógicas que mais parecem puro charlatanismo. Para Makarenko os professores e pedagogos que ainda não 35 Por pragmatismo entendemos que são ideias e atos que somente são verdadeiros se servem de solução imediata de seus problemas. O sentido de que tudo está na utilidade – ou efeito prático – qualquer objeto, ato ou proposição. Ver mais em Dewey Democracy and Education (Democracia e Educação) conhecem a educação pela coletividade, não sabem absolutamente nada de educação, e estão sempre nas nuvens. Nesta pedagogia, denominada por Makarenko como “Pedagogia do Olimpo” só valem as teorias e suas abstrações descoladas da realidade. Para ele era necessário discutir e relacionar essas concepções burguesas com outras concepções pelas quais se pudesse vislumbrar a criação da personalidade do homem novo. Para tanto, Makarenko tinha algumas intuições como nos diz Capriles (1989): <br /><br />Já nesse período de sua vida começa a tomar consciência de que o fenômeno pedagógico é, também, uma prática política. Sua capacidade intuitiva faz com que ele compreenda, prematuramente, que o processo do ensino na escola, inserido na produção social, é o que determina a personalidade do indivíduo. Dessa forma, a linha divisória entre o trabalho físico e o mental desaparece, produzindo um ser coletivo a caminho da felicidade. (CAPRILES, 1989, p. 49) Porém, a bem da verdade, Makarenko não alcançará o fim da divisão social do trabalho, pelo contrário veremos adiante que ele defenderá o método taylorista. Entretanto Makarenko combate com todo o afinco a educação individual, afirmando que o culto a espontaneidade não só desvaloriza o papel da educação, como também é socialmente nocivo e, portanto, não há alternativa a não ser o abandono dessa prática. Defende uma educação que exija autodisciplina e auto-organização, e estas, por sua vez, devem ser substituídas por uma disciplina consciente <br /><br />Ao organizar a coletividade básica segundo o critério da produção, convém necessariamente levar em consideração as diferenças etárias. Nas instituições onde não exista uma coletividade sólida e bem organizada e onde ainda não tenha sido criada a disciplina correta (...) (MAKARENKO, 2010, p.51) Assinalamos que Makarenko compreende por disciplina, não a inibição de ações, porém estas ações devem ser abordadas do ponto de vista soviético: devem induzir à superação de dificuldades, devendo ser disciplina de luta e progresso, de inspiração por algo e luta por algo, cujo objetivo esteja expresso no êxito das qualidades de caráter que definem a personalidade comunista. Nesse sentido, considera fundamental a educação da vontade, que é uma capacidade absolutamente necessária para o progresso da comuna e da sociedade, justificando tal assertiva por considerar que, se a criança se habitua a realizar seus desejos sem colocar freios nunca terá força de vontade. <br /><br />Igualmente assevera que as crianças devem atingir outras qualidades, tais como honestidade, diligência, eficiência, pontualidade, sentido de subordinação, direção e capacidade de controle, reconhecendo que estas duas últimas qualidades são claramente comunistas. Ele afirma que além da preocupação e a responsabilidade dos mais velhos pelos menores têm que se formarem outras “qualidades indispensáveis ao cidadão soviético, tais como a generosidade humana, a bondade e a exigência e, finalmente, as qualidades de futuro homem de família e tantas outras.” (MAKARENKO, 2002, p.284) <br /><br />Makarenko busca uma nova forma de organização, partindo do princípio que a base da educação é essencialmente um processo social e, conseqüentemente, o homem soviético não poderia ser educado sob a influência de uma única personalidade, portanto a saída seria a coletividade onde este homem seria educado por várias personalidades que sintetizaram em uma personalidade comunista. Makarenko entende que a essência da educação não estava em conversações com a criança ou na influência direta que um professor poderia ter sobre ela, mas sim na organização da vida da criança e do exemplo que é oferecido com a vida pessoal e social. O trabalho educativo, para Makarenko é essencialmente um trabalho de organização. <br /><br />Não devemos falar apenas sobre a formação profissional da nova geração, mas também sobre a educação e um novo tipo de comportamento, de caracteres e de conjuntos de traços da personalidade que são necessários, precisamente no Estado soviético. (MAKARENKO, 2010, p.47) Destacamos que Makarenko ao elaborar a categoria da exigência que é um elemento central na pedagogia da coletividade, buscava equacionar a formação do homem novo, uma vez que Makarenko era muito exigente consigo mesmo e exigia muito de toda a coletividade. Nesse sentido, a exigência era exercida através de disputas advindas não por compromissos estabelecidos em pares, mas por um acordo geral de todas as classes de aula e destacamentos, abrangendo vários aspectos, disputa para saber quem era educado, quem se comportava corretamente, etc. Afirmava Makarenko que não se podia ter nenhuma exigência se não houvesse uma fusão verdadeira da coletividade. <br /><br />Perante nós surge a coletividade como objeto da nossa educação. A partir disso, a tarefa de planejar a personalidade adquire novas condições para sua solução. Devemos entregar como produto, não apenas uma personalidade que possua estes e aqueles traços, mas um membro da coletividade, a coletividade com determinada características. (MAKARENKO, 2010, p.49- 50). Nesse contexto, cabe-nos dizer que a exigência visava estabelecer um construto educativo que forma um homem novo para uma sociedade nova, comunista. Porém existem três categorias que são consideradas indispensáveis para o desenvolvimento dos objetivos comum da coletividade são: a perspectiva imediata, intermediária e distante. Sem a perspectiva do alcance dessa nova sociabilidade comunista era ilusório construir valores para o homem comunista. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em face do exposto, podemos concluir que Makarenko também não concordava que a educação devia basear-se nas necessidades da criança, pelo contrário, as necessidades das crianças deviam ser direcionadas para a valorização da coletividade, da sociedade, do país e ao sentimento de dever ligado a essas necessidades. <br /><br />Acreditava que o homem não era movido pelas leis da natureza e, portanto, o papel da educação é educar este homem em função da sociedade, de tal maneira que os educadores soviéticos não são servos da natureza, como na educação liberal baseada em Rosseau, mas professores. Makarenko critica impreterivelmente as exortações idealistas e naturalistas: <br /><br />O ideal abstrato como objetivo da educação não nos convém, não só porque o ideal em geral é inatingível, mas também porque, na esfera da conduta, as relações entre ideais estão muito misturadas. A amabilidade ideal, o administrador ideal, o político ideal constituem conjuntos muito complexos, por assim dizer, de pequenas perfeições e determina das predisposições e aversões. As tentativas para sintetizar os objetivos da educação numa fórmula breve não demonstram mais do que um absoluto divórcio com todo tipo de prática concreta e específica. Por esta razão, é muito natural que semelhantes fórmulas não tivessem criado nada na vida real, no nosso trabalho vivo. (MAKARENKO, 2010, p.47-48) Reafirmamos que para Makarenko (2010) na defesa da coletividade é que se forma a individualidade a única tarefa organizativa digna da nossa época, somente pode ser a criação de um método que, sendo comum e único, permita, ao mesmo tempo, que cada personalidade independente desenvolva as suas aptidões, conserve a sua individualidade e avance pelo caminho das suas vocações. É completamente evidente que, ao tentar resolver este problema, ficaremos sem a possibilidade de nos ocuparmos somente da 'criança' isolada. Ergue-se perante nós, imediatamente, a coletividade como objeto de nossa educação. Partindo disto, então, o trabalho de planejar a personalidade adquire novas condições para a sua solução. Devemos entregar, na qualidade de produto, não simplesmente uma personalidade que possua estes ou outros traços, senão um membro da coletividade, com a particularidade de que esta, também, deve ter seus traços determinados. (MAKARENKO, 2010, p.49) Nesse sentido reiteramos que Makarenko quer com estas palavras acima responder aos anseios de sua época, nos anos efervescentes da década de 20 na Rússia revolucionária. Todavia pudemos observar, em nossa análise inicial, que o conceito de coletividade terá uma ótica progressiva dentro dos anos 20, porém a partir de meados dos anos 30 ele terá sido apropriado indevidamente (ou devidamente, ainda não temos elementos suficiente para concluir com certeza) pelo regime burocrático estalinista. <br /><br />Nos anos iniciais da Revolução de Outubro, e nos anos 20, Makarenko encontra-se em um momento bastante fértil em sua produção, como também de flexibilidade para a constituição de uma verdadeira pedagogia socialista, pois, uma vez afastado da visibilidade da Comissão de Instrução Pública, pode desenvolver um trabalho inédito na URSS, mesmo que em 1928, fosse condenado por essa mesma instituição e afastado da direção de seus trabalhos. Na Comuna Dzerjinski a qual era subordinada não a comissão de Instrução Pública e sim a Tcheká do exército vermelho, Makarenko ainda pode desempenhar os preceitos da coletividade. <br /><br />Contudo, nos anos 30, a coletividade passou a ter outro significado no regime estalinista, “a subordinação do indivíduo ao coletivo, ao Estado, ao partido, à burocracia e, finalmente, ao ‘guia genial dos povos’, Stalin.” (LUEDEMANN, 2002, p. 239). Desta forma denotamos que, pela apropriação da burocracia estalinista, o conceito de coletividade tornou- se mesmo a negação do indivíduo enquanto sujeito ativo de suas possibilidades históricas. <br /><br />Mesmo com essa ressalva posta nos parágrafos anteriores há manifestações para a aplicação da teoria pedagógica de Makarenko em dias atuais. Com efeito, no Brasil a experiência educativa de movimentos sociais e populares utiliza a pedagogia makarenkiana, e no caso de nosso estudo, o MST. <br /><br />No entanto, acreditamos assim como Oyama (2010) que não é possível transpor a teoria de Makarenko para uma sociedade de classes <br /><br />Há também aqueles que procuram repetir as experiências educativas de natureza socialista, aplicando-as na sociedade capitalista ou na realidade educacional brasileira (CARVALHO, J. de O. et al, 2007). Neste caso, Carvalho, F. M. de (2005b, p.114) se posicionou da seguinte forma: Ao contrário do que se possa pensar, a teoria marxista-leninista para uma escola socialista e revolucionária não é exequível nesta sociedade capitalista. Diferente do que tem sido feito com as teorias pedagógicas de Krupskaia, Lunatcharski, Makarenko, Pistrak, Vigotsky, e Sukholinski – todos colocados no “leito procustiano” (onde algo é forçado a entrar onde não cabe, esticando-o ou encolhendo-o) – as contribuições de Lênin, tanto quanto as desses autores, à construção de uma pedagogia socialista não podem ser aplicadas na sociedade capitalista para transformar a ordem por dentro da ordem. ( OYAMA, 2010, p.143-144) Todavia como foram estudados por nós no capítulo três, várias experiências, como os ginásios vocacionais e escolas experimentais da rede estadual de ensino de São Paulo, e em particulares, a exemplo da escola israelense de São Paulo “Scholem Aleichem”, com forte participação de militantes do PCB, ou ainda em experiências em escolas operária, tentaram transplantar a teoria de Makarenko por dentro do sistema do capital, ou pior misturando tal teoria de Makarenko com outras de diversas matrizes não marxistas. <br /><br />Em seu Caderno de Educação nº 8, que é um dos documentos mais importantes do MST, Makarenko é referenciado nos pressupostos filosófico-pedagógicos da educação produzida pelo Movimento, e em nosso capítulo três encontramos explicitamente a presença das categorias de Makarenko, podendo asseverar que estas foram apropriadas pelo conjunto do MST. Expomos que o MST criou e organizou uma estrutura coletiva para realizar a expansão de sua educação, constituindo um conjunto unitário que inclui a Proposta Pedagógica do MST, que seria a forma, e os coletivos, que seriam a estrutura, para implementarem a mesma. Afirmamos neste mesmo capítulo que o MST faz esta incorporação de categorias de forma eclética com outras concepções teóricas de matrizes ideológicas diversas. <br /><br />Diferente do MST, nós acreditamos que a plenificação de uma escola unitária do trabalho, assim como acreditam Makarenko e Gramsci, só poderá realmente existir em uma sociedade comunista. Todo educador comunista precisa recuperar o conceito de escola desinteressada (a escola para o universal) entendendo este movimento nos marcos de uma sociedade sem classes com vistas à emancipação humana, o comunismo. Ou seja, uma educação para a emancipação humana. <br /><br />Por fim, não podemos dizer que sua concepção foi hegemônica na URSS e também não podemos afirmar que Makarenko foi um apologista do estalinismo, pelo contrário, sua metodologia pedagógica não foi aplicada conforme seu pensamento e no seu último informe as vésperas de sua morte ele tece uma série de críticas sobre a situação das escolas soviéticas. Makarenko (2010) afirma que quando realizou suas visitas em várias escolas soviéticas, viu que ainda se praticavam amplamente o método individual. Apenas algumas escolas possuíam experiências progressivas isoladas de professores, alunos, salas de aulas, nunca como uma coletividade. <br /><br />A escola soviética, que Makarenko relatava parecia com a escola antes de período soviético, na qual o processo educativo não conseguia organizar uma coletividade. Criticava que a soma de iniciativas individuais originadas nas salas de aula da escola e suas atividades gerais passava ao largo da coletividade. Para Makarenko o objetivo central da escola não poderia ser o dogmatismo ideológico e suas atividades não poderiam se resumir a uma educação enciclopédica sem relação direta com a própria vida, sendo necessário algo que as escolas não faziam que fosse criar hábitos e costumes nas crianças que seriam os novos homens e mulheres comunistas para a vida social comunista. <br /><br />Não havia segundo o autor uma unidade entre ações e objetivos, e a disciplina aplicada nestas escolas visitadas era a disciplina da inibição, da repressão e do não. Portanto para Makarenko, as necessidades da sociedade socialista, não eram organizadas pela escola, e as crianças não experienciavam a educação coletiva. Nestas instituições escolares não se formavam sujeitos que participassem de sua própria autogestão e, portanto não poderiam criar “uma nova sociabilidade, da subordinação entre iguais da autogestão. Para a formação de uma nova geração, com personalidade comunista, deveria existir um trabalho de organização da coletividade” (MAKARENKO, 2010, p. 42-43). <br /><br />Entretanto, Makarenko marcado pela conjuntura histórica também embarcou na concepção de produtividade do taylorismo e essa contradição só aumentará para nós sua fama de controverso. Assim mostra-nos Luedemann (2002): <br /><br />Em Bandeiras nas Torres, Makarenko narrou, na forma de ficção, os resultados dessa experiência entre os anos de 1932 e 1935, quando então se afastou para trabalhar em Moscou. As experiências revolucionárias no campo da educação caíram no isolamento. A exigência do desenvolvimento econômico acelerado determinou novos fins para a educação soviética: fabricar novos “combatentes” para a URSS. O conceito de produtividade do “taylorismo” e, em seguida do “fordismo” entrou por todos os poros da experiência de Makarenko nesse período. Os educandos passaram a ser chamados de “matéria-prima” e aqueles que não se tansformaram em “coletivistas” foram discriminados com os nomes de “refugos”, “produtos com defeito de fabricação”. (LUEDEMANN, 2002, p.222) Podemos comprovar tal inserção da teoria de Makarenko com as categorias de produto numa passagem de seu texto: “devemos entregar como produto, não apenas uma personalidade que possua estes e aqueles traços, mas um membro da coletividade, a coletividade com determinadas características.” (MAKARENKO, 2010, p.50). <br /><br />A nossa educação deve ser comunista e cada pessoa que educamos deve ser útil à causa da classe operária. Este princípio, generalizador e necessário, pressupõem precisamente formas distintas para a execução da tarefa de acordo com a variedade do material e as suas diversas formas de aplicação na sociedade. Qualquer outro princípio não é mais do que uma despersonalização. (MAKARENKO, 2010, p. 48-49). Portanto com todas as conquistas assinaladas por nós sobre a educação de Makarenko, temos que ressalvar que por outro lado, com tantos desafios pela frente, era fundamental a criação de uma proposta de um modelo educacional que unisse a vida do trabalho, com a vida escolar, a fim de que esta incorporasse os princípios da ciência à rotina do trabalho, fazendo disso um ato consciente, com o objetivo final de eliminar a divisão social do trabalho entre intelectual e manual, concernente a exploração do homem pelo homem. Além disso, visava-se proporcionar uma formação cultural e espiritual que permitisse aos homens o gozo dos bens espirituais produzidos pela humanidade, possibilitando que os mesmos contribuíssem para o conhecimento universal, a partir de uma cultura socialista. <br /><br />Todavia essa proposta e objetivo de conseguir o fim da divisão social do trabalho não chegam a se efetivar e até mesmo confirmando suas atitudes controversas chega-se a um momento mais tarde na sua vida que defende a divisão social do trabalho segundo os moldes tayloristas. <br /><br />Umas das vertentes que nossa dissertação pode indicar é que a categoria da coletividade em Makarenko pode ser uma complexa ramificação do taylorismo. Todavia essa indicação precisa ainda de uma examinada mais profunda e de talhada, que este estudo não teve pretensão de responder, e propomos fazer posteriormente este exame para confirmar ou não tal hipótese. <br /><br />Ainda sobre a questão da produção soviética, talvez essa gana e preocupação pela produção deva-se ao bloqueio econômico sofrido pela URSS desde 1918, que se desdobrou na fome, despovoamento de cidades e na crescente baixa da produção36. Portanto observamos que em nossas primeiras aproximações de nosso objeto acerca da concepção de educação de Makarenko é necessário esta distância temporal para inferir e provisoriamente antevê-las. Que o arcabouço categorial de Makarenko traz as marcas do que Tonet (2010) acertadamente localiza sobre a pedagogia soviética, todos estes pensadores acreditavam que estavam construindo uma sociedade socialista de transição ao comunismo, e fundamentados em Marx. <br /><br />Tonet (2010) afirma que as formulações de Marx sobre a educação foram ou são mal interpretadas (pois são muito datadas, conjunturais) e, portanto Tonet prefere usar uma “arquitetura” geral da sua concepção teórica. Com efeito, Makarenko e os outros pensadores soviéticos ignoram a questão da centralidade do trabalho como fundante, desse modo não tinha como se debruçar seus estudos na perspectiva ontológica que afirma a determinação recíproca entre o trabalho e qualquer outro complexo social, por exemplo entre trabalho e educação. E essa determinação se dá pelo primado da totalidade. <br /><br />Deparamo-nos frontalmente, no caminho de volta de nossa investigação, com diversas contradições de Makarenko. Por exemplo, em seu texto “De minha experiência de trabalho” escrito em 29 de março de 1939, como informe para a conferência de professores da escola da estrada de ferro de Yaroslavl – Moscou, pouco antes da sua morte em 1º de abril de 1939. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Destacamos as citações, as quais se reportam sobre a junção do trabalho manual e intelectual <br /><br />Agora, quando a comuna tem uma excelente fábrica, posta em atividade pelo nosso esforço e que produz a câmara fotográfica “Leika”, posso afirmar isso. Uma fábrica muito boa. O aparelho “Leika” é composto de trezentas peças feitas com precisão de até 0,001mm, ótica exata e complicadíssimos processos de produção desconhecidos na velha Rússia. Só quando vi o trabalho dessa fábrica – e uma empresa assim pressupõe a existência de uma estrutura exata, de normas de tolerância, de normas de qualidade; quando essa fábrica é dirigida por dezenas de engenheiros, tem oficina de desenho etc. – me dei conta do que significava essa produção. Que lamentável me parecia depois o balbucio sobre a coordenação do programa escolar com os processos laborais. Ocorre que o processo de ensino na escola e a produção determinam solidamente a personalidade do indivíduo, porque eliminam a divisão que existe entre o trabalho físico e o mental, formando conjuntamente pessoas altamente qualificadas. (MAKARENKO, 2002d, p.391) Entretanto mais a frente de seu texto ele defende a divisão do trabalho. Makarenko (2002) assinala que para alcançar tal objetivo, por vezes, se fazia necessário uma complexa divisão do trabalho. Todo trabalhador sob o regime soviético, ao desempenhar um trabalho, deveria compreender que a não execução adequada e rápida de sua parte no trabalho iria prejudicar a produção em sua totalidade. <br /><br />Começamos, pois pelos fios e tamboretes. E como se fazem tamboretes? Dizem que, para se fazer uma cadeira, o aprendiz deve saber confeccionar todas as suas partes, que só assim será um bom oficial. Outros, pelo contrário, afirmam que não: que um aprendiz deve se especializar em uma peça; o segundo, em outra; o terceiro, a enverniza etc. são estes últimos que estão certos. Mas, quando um ‘professor perfeito’ viu este trabalho, empalideceu, deu-lhe uma síncope: como pode tratar assim o menino? Não faz mais que serrar esta peça, que horror. Sim, o menino não conhece mais do que esta peça, mas serra 200 peças no transcurso de uns minutos: ele trabalha para a coletividade. Nós necessitamos da divisão do trabalho. Atualmente não é tão necessário um oficial que saiba fazer toda a cadeira mas sim um operário que saiba trabalhar com a serra circular e com a debulhadora. Na minha prática dispus de uma coletividade trabalhadora e de um tipo de produção dessa natureza. (MAKARENKO, 2002d, p.394) É oportuno notar que dentro da coletividade e por necessidade de produção, os trabalhos atribuídos eram sempre especializados e concretos, de modo que Makarenko, em nossas primeiras apreensões de seus postulados, sinalizava a favor da divisão do trabalho, o que certamente aproxima suas elaborações da concepção de trabalho, não como ato potencializador da totalidade da atividade humana, mas fragmentado em trabalho manual e intelectual. </span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /> Não estamos aqui saindo na defesa intransigente da proposta makarenkiana, pois a mesma possui vários problemas como a “questão da defesa da divisão social do trabalho” ou mesmo ainda a defesa do método taylorista (que a jus da verdade é um problema desde Lênin), todavia é necessário pensar à luz daqueles momentos históricos dificílimos, e em processo de construção do socialismo, a guerra e outras mazelas etc. Makarenko como tantos outros acreditava que aquilo era o verdadeiro socialismo e a proposta do coletivo seria a resposta para construção dessa nova personalidade comunista. <br /><br />Concordamos com Tonet (2010) que os aportes teóricos de Makarenko e outros pensadores da educação soviética foram positivos e diversificados, contudo todos “de modo diferente, foram influenciados pelo fato de admitirem, ainda que, muitas vezes, de modo apenas implícito, a idéia de que a revolução soviética tinha sido, ou era, uma revolução de caráter socialista. [...]Por isso mesmo[...] seria possível elaborar uma pedagogia socialista.” (TONET, 2010, p.48). <br /><br />Ainda na esteira de Tonet (2010) concordamos que <br /><br />Qual o equívoco fundamental desse modo de pensar? A nosso ver, o desconhecimento do que significa a centralidade ontológica do trabalho no pensamento de Marx e, especialmente, o que significa a centralidade do trabalho associado – forma específica do trabalho como fundamento do socialismo – no processo revolucionário de transição do capitalismo ao comunismo. No caso da teoria pedagógica elaborada na União Soviética, o problema fundamental consistia em supor que seria possível organizar uma educação que superasse a cisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre teoria e prática e que, portanto permitisse desenvolver amplamente a personalidade humana fundada na forma do trabalho vigente, que se entendia ser a autêntica socialização da economia. (TONET, 2010, p.48) Como Tonet (2010) afirmamos a demonstração daquele processo histórico como um tipo de “socialização da economia, sob o comando do Estado e naquelas circunstâncias, nada tinha a ver com socialismo. E que o pressuposto tanto do socialismo, quanto, por conseqüência, de uma pedagogia socialista, não poderia ser aquele tipo de trabalho.” (TONET, 2010, p.48). <br /><br />Portanto por mais otimista que formos com a teoria de Makarenko, assim como ele o era com a sua própria concepção pedagógica de coletividade não temos como afirmar que sua pedagogia era de fato fundamentada nos preceitos de Marx. Admitimos se mais correto, afirmar ou categorizar como uma pedagogia marcada e forjada pelos limites históricos decorrentes daqueles processos revolucionários que por diversos motivos não avançou ao socialismo. <br /><br />Parece que Makarenko já tinha uma intuição sobre isso em sua tentativa e colaboração, no entanto, não sabia ele, que não frutificariam numa nova sociedade, daí persistiu, assim como tantos outros <br /><br />O quadro geral era deprimente, mas, não obstante, os embriões do coletivo, semeados no decorrer do primeiro inverno, brotavam silenciosamente na nossa sociedade, e era preciso salvar esses embriões a qualquer custo, não se podia permitir que os novos contigentes sufocassem esses brotos [...] O melhor era que eu sempre me sentia às vésperas da vitória, e para isso era preciso ser um otimista incorrigível. (MAKARENKO, 1987, p.75). Ora, sabemos que no socialismo a forma típica de trabalho segundo Marx é o trabalho associado “como já vimos acima. Só esta forma de trabalho pode se configurar como a base material para a superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre teoria e prática e, deste modo, possibilitar a entificação omnilateral do ser humano.” (TONET, 2010, p.48), daí se delineiam os caminhos para uma educação com vistas a emancipação humana. Somente assim podemos pensar em uma educação que articule cabeça e mãos humanas, a teoria e a prática, e que possa dessa maneira alcançar uma formação plena para o gênero humano. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte : Leia na íntegra no link- http://boletimef.org/biblioteca/2947/A-formacao-do-novo-homem-na-pedagogia-de-Makarenko</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">.</span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-48517117800395774182014-02-26T20:49:00.001-03:002014-02-26T21:09:43.390-03:00TESE DA UNIDADE CLASSISTA (PCB)- XIV Congresso Ordinário do SEPE/RJ<!--[if gte mso 9]><xml>
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<![endif]--><b><u><span style="color: black; font-family: Verdana; font-size: 18.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">EDUCAÇÃO E PODER POPULAR</span></u></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CONJUNTURA INTERNACIONAL </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9uDk3FYucmBJacyoPMvdOPs9Q4JL6Qx45J_KmATEP4PNmdGckMTRWX6KMEO19JfwS0yZWo_cEw0JjBqcfND0YmDaG6ZpWWV8F5p7SfrJsLp1np0YubOwWx1Z-LLM88XVPshn7Bcpvf2oK/s1600/unidade-classista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9uDk3FYucmBJacyoPMvdOPs9Q4JL6Qx45J_KmATEP4PNmdGckMTRWX6KMEO19JfwS0yZWo_cEw0JjBqcfND0YmDaG6ZpWWV8F5p7SfrJsLp1np0YubOwWx1Z-LLM88XVPshn7Bcpvf2oK/s1600/unidade-classista.jpg" height="200" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A atual
crise econômica do capitalismo, que vem se desenhando desde os anos 90, tem
caráter sistêmico e estrutural. É uma crise de superprodução e superacumulação
e de realização de mercadorias. Um dos principais fatores responsáveis por esta
crise é a tendência dos grandes grupos econômicos em investir em papéis, para
compensar a tendência de queda nas taxas de lucro, criando assim as chamadas
"bolhas" financeiras. É, sem dúvida, uma crise profunda, que se
estende por todo o mundo, dado o elevado grau de internacionalização do
capitalismo. Já há uma forte recessão na economia mundial, que pode se arrastar
por muitos anos, já tendo produzido efeitos devastadores em diversos países.
Esta crise mostra claramente a fragilidade e a decadência do sistema
capitalista, abalando seus pressupostos econômicos e ideológicos. Muitas
empresas já promoveram um elevado número de demissões e outras, inclusive, já
fecharam suas portas. <span style="background-color: yellow;"><i><b>No entanto, não se deve pensar que se trate da crise
final do capitalismo, pois o capitalismo não cairá de podre. Terá que ser
enfrentado e superado. </b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O
desenrolar da crise dependerá da sua condução política, mas, sobretudo, da
correlação de forças no conflito entre o capital e o trabalho, em âmbito
mundial, e que tende a se acirrar. Assim, cabe às forças revolucionárias lutar
para que as classes trabalhadoras assumam, organizadamente, o protagonismo do
processo de luta, garantindo posições que, ao mesmo tempo em que combatam os
efeitos imediatos da crise, criem as condições para que se acumule - na
contestação da ordem burguesa, na defesa de seus direitos e na obtenção de
novas conquistas, na organização e na consciência das(os) trabalhadoras(es) - a
força necessária para assumir a direção política da sociedade no caminho da
superação revolucionária do capitalismo. Mais do que nunca, está na ordem
do dia a questão do socialismo. Fundamentalmente, a crise é resultante do
acirramento das contradições do capitalismo, agravadas ainda mais pela
aplicação das políticas neoliberais que se impuseram, na maior parte do mundo,
nos últimos 20 anos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O
capitalismo ainda pode buscar fôlego para se recuperar, mesmo em meio às suas
contradições estruturais, como a tendência à concentração e à centralização do
capital em grandes conglomerados mundiais, à financeirização e ao encolhimento
relativo dos mercados consumidores. Mas esta tentativa de recuperação
certamente deverá agravar as contradições e a luta de classes, na medida em que
o capital terá que recorrer ao aumento da expropriação de mais-valia das(os)
trabalhadoras(es), da repressão e criminalização dos movimentos sociais e da
agressividade das guerras imperialistas. A burguesia toma iniciativas
para defender seus interesses, utilizando-se dos aparelhos de Estado. Os
governos de muitos países com peso na economia mundial, inclusive do Brasil,
têm recorrido à intervenção do Estado para salvar empresas industriais e bancos
à beira da insolvência e para incentivar o consumo. Fala-se até em uma
reestruturação, um “Capitalismo do Século XXI”, tentando separar o capitalismo
“bom” do “ruim”. Vários países vêm anunciando, também, medidas de natureza
protecionista, visando garantir o nível de produção, manter e aumentar o nível
de emprego interno, potencializando conflitos de interesses interburgueses. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4ggE86DD0t_ItOPIk7VfijteW5xGM-F1v4Nkwpgsynj7_7a1ePhoeWFCm0A6xtkXfR7hDVIC1uWIEDW2RF_PTOe_JghrKdThB8yM-dxvQuyyqOL6ncR0KPDwD25MihaKvYEtDRnaYJUP4/s1600/EDUCA%C3%87%C3%83O+COMUNISTA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4ggE86DD0t_ItOPIk7VfijteW5xGM-F1v4Nkwpgsynj7_7a1ePhoeWFCm0A6xtkXfR7hDVIC1uWIEDW2RF_PTOe_JghrKdThB8yM-dxvQuyyqOL6ncR0KPDwD25MihaKvYEtDRnaYJUP4/s1600/EDUCA%C3%87%C3%83O+COMUNISTA.jpg" height="400" width="365" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">As medidas
adotadas para superação da crise encontram-se agora em frontal contradição com
o credo neoliberal que apregoava a supremacia do deus mercado na regulação da
economia, cuja hegemonia prevaleceu no mundo nas últimas décadas. Sabemos,
entretanto, que todas estas medidas, voltadas para a defesa exclusiva dos
interesses do capital, terão efeitos limitados e temporários, e não farão mais
do que preparar novas crises, ainda mais devastadoras podendo no limite da
busca da sobrevida recorrer a processos de fascistização ou mesmo à guerra.
Estas são também utilizadas, como forma de destruir forças produtivas,
possibilitando uma aplicação lucrativa para os capitais empregados na “reconstrução”
das regiões atingidas. São essas necessidades da grande burguesia que explicam
a pressão que o governo dos EUA faz para impor sua estratégia hegemônica no
Oriente Médio </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">As(os)
trabalhadoras(es) e os povos têm resistido aos ataques. Até o momento, os
acontecimentos nas diversas partes do mundo são o maior exemplo, tanto das
políticas que a burguesia precisa implementar para resolver a crise a seu
favor, como também do que devem fazer as(os) trabalhadoras(es) para defender
seus direitos e conquistas. O proletariado mundial enfrenta os ataques com
greves gerais, foram de centenas de milhões de trabalhadoras(es) em greve até o
momento; e amplas manifestações, dando um exemplo de combatividade às(aos)
proletárias(os) de todos os países.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Os governos
e Estados capitalistas reagiram à crise capitalista transferindo enormes somas
de dinheiro público para grandes empresas financeiras e industriais. As(os)
trabalhadoras(es), por seu lado, amargaram o desemprego e o aumento da miséria.
Dados do próprio FMI indicam que 53 milhões de crianças em todo o mundo poderão
morrer por causa dos efeitos da crise. Enquanto os Estados capitalistas em todo
o mundo agiram para salvar os lucros das grandes empresas, as(os)
trabalhadoras(es) se debateram com o desemprego e perda da rede de proteção
social. Quem ficou na produção e não foi tragada(o) pelas demissões em massa,
sente na pele o aumento da exploração, pois as empresas tentam recuperar os
seus níveis de produtividade com um número menor de trabalhadoras(es). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A crise
demonstra de maneira cristalina a necessidade de os povos se contraporem à
barbárie capitalista e buscarem alternativas para a construção de uma nova
sociabilidade humana. Em todo o mundo, com destaque para a América Latina, os
povos vêm resistindo e lutando para construir projetos alternativos baseados na
mobilização popular, procurando seguir o exemplo de luta heroica de Cuba, que
se constitui num marco histórico da resistência de um povo contra o
imperialismo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">As
possibilidades abertas de avanço da resistência popular na América Latina a um
patamar superior de retomada da luta revolucionária no continente aliada às
necessidades estratégicas do imperialismo em dominar reservas de recursos
naturais, como água e petróleo, faz com que recrudesçam os ataques aos governos
que procuram fugir a sua órbita, como fez Cuba, onde cinquenta anos de embargo
econômico criminoso foram incapazes de derrotar a determinação do seu povo em
levar adiante seu processo de construção socialista. Diante disto, intensificam-se
os ataques midiáticos e fabricam-se simulacros de movimentos de oposição,
financiados desde Miami, para tentar desestabilizar a heroica ilha e o seu
regime. <span style="background-color: yellow;"><i><b>Mas, o povo cubano sabe que suas dificuldades não têm sido vãs e tem
consciência que o fim do socialismo significa a derrota das conquistas sociais
históricas na saúde, educação, etc. Por isto resiste heroicamente e conta com a
solidariedade das(os) trabalhadoras(es) no mundo todo. </b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A
conjuntura internacional continua marcada por mais uma crise de superprodução
do sistema capitalista. Como sabemos, no capitalismo a produção não se organiza
para satisfazer as necessidades do conjunto da população. As mercadorias, antes
de satisfazer as necessidades das pessoas, devem satisfazer a necessidade de
lucro da(o) capitalista. Todavia, como, para garantir a margem de lucro
perseguida, a burguesia precisa aprofundar a exploração das(os)
trabalhadoras(es), não existe mercado consumidor suficiente para que o lucro se
realize à taxa desejada. Assim, periodicamente, o sistema entra em crise, que,
para ser resolvida dentro da lógica do capitalismo, alimenta os elementos de
uma nova crise.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Para
estimular o consumo, a burguesia aplicou políticas de crédito, das mais
variadas formas: crédito consignado, cartão de crédito, cheque especial, etc.
Todavia, esse mecanismo provocou endividamento acima das possibilidades das
famílias suportarem e uma onda de inadimplência desencadeou a atual crise.
Tentando superá-la, a burguesia aumenta os ataques sobre as(os) trabalhadoras(es),
arrochando salários, retirando direitos, precarizando as condições e relações
de trabalho de todas as formas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Todo esse
quadro nos leva a reflexões fundamentais para o avanço da luta contra o
capitalismo: em primeiro lugar, reafirma-se categoricamente a contradição entre
capital e trabalho como a contradição fundamental a exigir a organização da
classe trabalhadora na luta contra o sistema capitalista. A luta central, pois,
é entre classes, não entre nações. Mais do que nunca, coloca-se na ordem do dia
a estratégia revolucionária de luta pelo socialismo. Em segundo lugar, se as
mutações sofridas pela classe trabalhadora no quadro do redimensionamento
global do capitalismo contemporâneo acarretaram alterações muito expressivas no
conjunto do proletariado, fazendo com que, nos dias atuais, ela difira bastante
do proletariado industrial identificado como sujeito revolucionário do
Manifesto do Partido Comunista, é ainda esse contingente humano de trabalhadoras(es)
que identificamos, por sua posição central no processo de produção de riquezas,
como capacitado a assumir o protagonismo na luta de classes, rumo à construção
do socialismo e da sociedade comunista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<b><u><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CONJUNTURA NACIONAL </span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O atual
quadro político brasileiro possui algumas características que o potencializam a
aprofundar um conjunto de ajustes nas esferas política, econômica e social no
intuito de preparar o país para atender as demandas do grande capital.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Esses
ajustes por sua vez também demandam uma intervenção nas esferas ideológicas,
culturais e, para garantia de manutenção do projeto, a esfera repressiva.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">É possível
identificar essa articulação de um bloco político econômico em diversas
esferas, da econômica, política, social, ideológica e sustentada por um forte
aparato repressivo do Estado.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No plano
econômico, esse setor articula setores da economia brasileira com a burguesia
internacional. Esse bloco capitalista está presente em todas as esferas da
economia nacional, participando ativamente das articulações políticas que
garantam seus projetos. No plano político, esse bloco econômico se materializa
na coalizão de partidos PT / PMDB e seus satélites. O quadro político
brasileiro, a partir de uma articulação política de fina sintonia, possibilitou
vários êxitos na execução do programa de ajustar o Brasil ao momento atual de
grandes eventos e empreendimentos. Exemplificando tal articulação em esferas
regionais, a aliança entre as esferas federal, com a presidente Dilma, Estadual,
com o governador Cabral, e nos grandes municípios com prefeitas(os) alinhadas(os)
ao projeto governista possibilitou avanços favoráveis às elites econômicas e
políticas. Seus projetos encontraram nessa coalizão de partidos sua exitosa
representação de interesses. <span style="background-color: yellow;"><i><b>O bloco governista PT / PMDB e seus satélites
aprofundaram as reformas privatizantes no país, avançando em esferas
estratégicas num debate sobre soberania, tais como o petróleo do pré-sal e os
aeroportos, além de privatizações de estradas, portos e o desmonte do público.</b></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Esse bloco
possui uma blindagem social a partir de setores vinculados a esses partidos com
participação em movimentos sociais, entidades sindicais, movimentos sociais,
populares e estudantis vinculados a esse bloco de poder, tais como a CUT, a UNE
e outras entidades e movimentos, formam uma blindagem de proteção, através de
suas bases sociais aos governos, e indo além, levando ao conjunto dos
movimentos as políticas de governo cumprindo um papel de braço do governo nos
movimentos. Essa blindagem e extensão dos governos nos movimentos procura
consolidar uma pacificação nas lutas sociais, uma conciliação de classes, uma
postura de deixar os movimentos em estado de espera, retirando o protagonismo
das lutas em favorecimento a acordos e conciliações.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No plano
ideológico foi vendida pelo governo e por setores da burguesia nacional e da
mídia a ideia de que o país como um todo iria ser incluído nos benefícios dos
megaeventos, que a população como um todo ganharia, fazendo parte da propaganda
oficial de um país de todas(os), um país de inclusão. Contudo, tal propaganda
se diluiu diante dos primeiros grandes eventos, assim como toda propaganda
oficial se desmanchou diante da realidade de uma política voltada somente aos
interesses do grande capital, e de suas consequências na sociedade, com
exclusão crescente. Tal processo ganhou força numa espécie de reordenamento dos
espaços urbanos. As remoções de moradoras(es) de áreas de interesse direto de
investimentos para os grandes eventos ou em áreas de infraestruturas para esses
eventos, comunidades inteiras sofrendo deslocamentos gigantescos diante da
justificativa de uma pretensa modernidade e de um reordenamento urbano que atende
somente aos interesses do grande capital e de seus investimentos.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Para
garantir essa política, com implicações em esferas sociais, econômicas,
ideológicas e espaciais houve um grande aumento da repressão, numa lógica de
estado mínimo, repressão máxima.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">JUNHO, SUAS LUTAS E O AI5 DE DILMA E
CABRAL</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sem dúvidas
que o acontecimento político mais marcante de 2013 foram as Jornadas de junho. Tendo
seu estopim com as lutas contra o aumento das passagens, a população, os
movimentos sociais, as(os) estudantes, somadas(os) aos partidos políticos da
esquerda representativa ganharam as ruas exigindo seus direitos. Tão logo uma
série de reivindicações adicionou-se a uma causa específica: a luta contra o
aumento das passagens.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="background-color: yellow;"><i><b>Fazendo seu
papel de opressor, o Estado investiu furiosamente contra os manifestantes,
lançando mão de táticas e equipamentos bélicos. Viu-se práticas fascistas
orquestradas pelo Estado burguês: infiltrações de agentes policiais nas
plenárias e manifestações (tendo inclusive a PMERJ invadido uma universidade
federal), abuso de autoridade (agente da PMERJ vociferando termos de cunho
sexista em provocação à manifestante do sexo feminino), prisões arbitrárias
(incluindo a de um deficiente físico), confecção (?) de provas incriminando
manifestantes,</b></i></span> uso de blindados de operação militar, armas químicas (gás de
pimenta), fuzis e até a compra de um blindado especial que emite frequências
sonoras (preciso de confirmação desse dado).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Tais ações
de cunho fascista operadas pelo Estado em nenhum momento pretenderam um golpe,
ou uma quebra de hierarquia. Foram, portanto, planejadas pelo Estado e
asseguradas pela justiça, vide a lei contra o terrorismo, esquecendo-se o
Estado que o executor de tais práticas é o mesmo Estado do atentado no Rio
Centro. Tais tendências fascistizantes, embora aproximem o Estado de um Estado
fascista não se tornam seu eixo central. O Estado lança mão dessas práticas para
a defesa do capital, de seu empresariado, em defesa de oligopólios existentes
no País. Os fascistas são libertados de seu canil e autorizados a cometer tais
barbáries. Assim como a História nos comprova, os fascistas são guardados em
seus canis após a instabilidade liberal.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O germe do
fascismo não ficou restrito – embora fosse o maior contingente – às práticas do
Estado. Também a acompanharam movimentos de extrema direita conclamando o povo
às ruas, levantando suas bandeiras de nacionalismo, moral familiar e religiosa
(?), até a incitação à agressão aos partidos políticos da esquerda
representativa na tentativa de condução do movimento que se pretende horizontal</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Já o Estado
procurou se defender do levante popular nublando seu discurso, usando como
tática a distração. Levantou suspeita de orquestrações de partidos rivais, como
se fossem estes os condutores da insatisfação popular, e não a forma como o PT
conduziu o governo em seus mandatos. Privatizações e contratos de concessão
absurdos, imorais e ofensivos. O leilão dos Campos de Libra foi um dos maiores
entreguismos do governo petista, senão o maior da história brasileira.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O Partido
dos Trabalhadores sugeriu a escolha de seus parceiros de consórcio como uma
independência do capitalismo estadunidense, como se o capitalismo (?) chinês
fosse nos salvar da agressão capital do império do norte, e ambos não fossem
parceiros comerciais.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Com relação
às manifestações populares, o PT se limitou a culpar a mídia pela insatisfação
popular, como se a mesma fosse acima de tudo antipetista e não voltada a seus
interesses políticos particulares (entendendo a mídia como um partido
político*). Mesmo durante as jornadas, viu-se o apoio de aparelhos do PT em protestos
contra a grande mídia (em especial a Globo).</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em seus
discursos, a presidente deixou bem claro o pedido de voto de confiança do
empresariado. Assegurou o conforto de seus parceiros nacionais e prometeu
medidas enérgicas para assegurar a governabilidade em seu mandato. O resultado
foi o aumento da repressão às(aos) manifestantes (incluindo a lei contra o
terrorismo) e privilégios aos parceiros nacionais e internacionais.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Importante
destacar a consonância que as greves das(os) professoras(es), municipal e
estadual no Rio de Janeiro, tiveram com as Jornadas de junho. Foi uma
correlação de forças que deu volume às reivindicações das(os) docentes,
resultando no apoio que as(os) professoras(es) obtiveram da massa manifestante.</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CONJUNTURA ESTADUAL</span></b></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Os governos de Sergio
Cabral e Eduardo Paes – ambos do PMDB – alinham-se ao governo federal em torno
das políticas econômicas e sociais e na organização para os mega eventos que
vão ocorrer na cidade do rio de Janeiro. Todas as políticas implementadas por
ambos nos últimos anos tem como principal objetivo a realização da Copa do
Mundo e dos Jogos Olímpicos, não havendo qualquer ruído de comunicação entre
ambos.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Os mega eventos que
ocorreram e ocorrerão na cidade servem de desculpas para uma suposta
modernização da cidade, que tem por de trás uma proposta de venda da cidade
para o capital, deixando de lado serviços essenciais à população. Enquanto a
vida encarece a passos largos e muitas famílias são removidas de suas casas, as
máfias dos transportes, a privatização da saúde através das OSs, e todo um
conjunto de políticas privatizantes vêm entregando direitos básicos da
população nas mãos da iniciativa privada, que em nome de lucro ignora a
qualidade dos serviços e ainda determina o valor que temos de pagar para sobreviver
numa cidade cada vez mais feita para os ricos. O padrão FIFA dos estádios
superfaturados e inversamente proporcional aos padrões de vida da maioria da
população carioca. Isto tudo com carimbo de Paes e de Cabral.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">A preparação da cidade para
os jogos olímpicos e para a copa teve como um dos seus pilares a entrega da
cidade aos(às) grandes empresários(as) e seus empreendimentos, através de uma
grande reforma urbana para adequar o Rio de Janeiro aos interesses destes(as)
empresários(as). Nesse sentindo, destacamos alguns elementos. O primeiro deles
é a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora, onde o mapa das UPPs
mescla-se ao mapa de áreas onde ocorrerão eventos ou então que possuem
interesses do capital.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Do ponto de vista social,
se num primeiro momento a população carioca e mesmo das favelas mostrou certo
otimismo com esta nova forma de policiamento, amplamente propagandeada e
apoiada pela grande imprensa, num momento posterior, surgem inúmeras denúncias
sobre a UPP, desde a continuidade do trafico de drogas até prisões arbitrárias,
torturas e mortes pelos(as) agentes da UPP, tendo recentemente no caso do
pedreiro Amarildo um exemplo desse fato. As UPPs demonstram uma ocupação
militar das favelas para garantir os interesses econômicos das elites cariocas
e a tranquilidade na execução de seu projeto de cidade.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Uma outra consequência da
política das UPPs foi o da especulação imobiliária, com grande aumento do valor
dos imóveis situados tanto nas favelas quanto no seu entorno, vindo a se somar
na carestia geral que se tornou uma das marcas da cidade do Rio de Janeiro, a
cidade olímpica. O alto custo de vida, de artigos básicos e da moradia
demonstram de forma clara a que projeto esta cidade está submetida: o projeto
do grande capital.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Ainda como parte das
políticas de intervenção no espaço urbano, o governo promove uma ação
fascistizante nas favelas e comunidades do Rio, com políticas de remoções que
deslocam famílias de forma violenta dos seus espaços de moradia, desconstruindo
toda uma estrutura familiar já assentada, mesmo que de forma precária. Tais moradoras(es),
pobres e em geral negras(os), são levadas(os) para lugares bem distantes de
onde moravam, modificando por completo suas vidas, seu trabalho, seu lazer e
círculos de amizades. </span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;"> Toda essa ação dos
governos que privilegia estádios em vez de educação, estacionamento em vez de
vida gerou reações em massa da população. As manifestações de junho mostraram o
descontentamento geral da população com a condição de vida. Manifestações estas
que tiveram nos setores de média e baixa renda o protagonismo. Era um sinal de
que a propaganda do governo e da grande imprensa em torno da cidade e a
realidade estão bem distantes umas das outras. Mesmo que inicialmente de forma
difusa, as manifestações possuíam bandeiras de reivindicações muito claras:
transportes, saúde, educação e o questionamento direto dos investimentos nas
obras da copa. </span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Cabral usou e abusou da
polícia como freio das mobilizações de massas, com forte criminalização das(os)
manifestantes e forte repressão. A política do governo e de seus aliados, em
esfera municipal e federal seria garantida de qualquer forma mesmo que para
isso Cabral tivesse que soltar toda a máquina repressiva contra a população e
contra os movimentos sociais, estudantis e sindicais.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Uma demonstração dessa
brutal violência por parte do Estado foi a forma truculenta como foi tratada a
greve das(os) profissionais da educação, com cassetetes, bombas e gás de
pimenta.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Houve poucos avanços no
processo de negociação das condições de trabalho e vencimento, dando a
impressão para a categoria que a greve de 2013 foi uma derrota. Mas, se
avaliarmos com mais calma, já sem a paixão (ou ódio) do momento, veremos que
houve avanços para a formação política interna da categoria. No inicio, a greve
foi cassada pela atual gestão do governo estadual. Conseguimos através da luta
manter a legitimidade e a legalidade da greve da educação estadual e municipal,
quiçá, o direito de greve de todos as(os) trabalhadoras(es) brasileiras(os). A
representatividade do sindicato foi questionada pelo Estado. Até um sindicato
tirado da cartola, com caráter governista, atrelado e propositivo queriam fazer
engolir. Provamos que o SEPE é o representante de direito e de fato da
categoria nos tribunais e nas ruas, com nossas bandeiras e nossas mobilizações.
Em resposta, seja da SEEDUC ou SME, fecharam todos os canais de negociações,
atrelando a negociação à saída da greve dos profissionais de educação.
Mantivemo-nos firme em nossas trincheiras, forçando a atual secretaria
Municipal de educação a abrir os primeiros canais de negociações, tímidos e a
contra gosto. A SEEDUC foi irredutível até o final.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">O atual prefeito do Rio,
Eduardo Paes, teve que se reportar publicamente e propor um plano de carreira,
cargos e salários para as(os) docentes do município. A categoria resolveu em
assembleia sair da greve e esperar a proposta de Paes em estado de greve.
Quando o PCCS foi proposto pelo prefeito, mostrando que seus interesses não são
para uma educação pública, gratuita e de qualidade, deixando de fora 90% das(os)
professoras(es) do plano. Em uma atitude corajosa e madura, a categoria em
assembleia volta à greve com a mesma força do início, dando continuidade à
luta. Chega-se o fatídico 1º de outubro de 2013, onde nos fez lembrar momentos
da ditadura civil militar: Câmara de vereadores cercada e gradeada, policiais
espalhados(as) pelas ruas e cercando todo o perímetro do Centro do Rio, nossos
gritos, manifestações, passeatas pelas ruas. Por 36 votos foi aprovado o PCCS
de Paes. Nossa categoria e diversos apoiadores se rebelam, até de cima de
prédios históricos da Cinelândia a polícia ataca as(os) manifestantes com
bombas. Os cães estão soltos. Somos perseguidos pelas ruas, vielas e becos da
cidade cantada por maravilhosa (para poucos). Comoção nacional. Todos os meios
de imprensa exibem a carnificina. E para não deixar duvidas do recado dado,
tanto o Estado quanto o Município começam a adotar a tática do terrorismo,
qualificando as(os) profissionais em greve, não mais no código de greve, mas de
falta injustificada, um claro atentado contra o direito de greve, e tais
medidas são acompanhadas de processos administrativos contra as(os)
trabalhadoras(es).</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">Depois da entrada do STF
como mediador, o SEPE assinou a Ata de reconciliação sob pena de multa por cada
dia de paralisação e retaliação das(os) trabalhadoras(es) (processo
administrativo com vistas à demissão e cortes de salário.)</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">O processo de luta entre trabalhadoras(es)
e patrões é árduo e violento. Isso não é diferente quando se trata do
funcionalismo público e entes federados. Estamos falando de um Estado que está
seguindo a lógica das privatizações das suas responsabilidades sociais,
transformando direitos em serviços e mercantilizando a vida. Existem muitos
interesses privados na educação. A luta pela educação pública, de qualidade e
gratuita realizada pela greve de 2013 foi muito importante no posicionamento da
sociedade frente a esta lógica. A pauta se torna pública novamente. </span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">O SEPE sai fortalecido
perante o poder vigente, reconhecido socialmente e entre outros sindicatos e
movimentos sociais, mas devemos ponderar alguns pontos:</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">1 – Se por um lado o
sindicato sai fortalecido externamente, internamente prova-se que existe uma
tensão entre base e diretoria, com vários grupos apontando a burocratização e a
organicidade de alguns dirigentes quase eternos na direção. A grande
fragmentação interna entre as forças políticas que compõem o sindicato derivada
do sistema de eleições proporcionais e, principalmente, da falta de unidade da
ação própria da esquerda na atual conjuntura; isto atrapalhou a necessária
coesão do sindicato nas greves e por vezes a disputa interna prevalece sobre a
ação comum.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">2 – Outro ponto delicado de
se falar é a adesão à greve. Enquanto a rede municipal da capital teve grande
adesão, na rede estadual, a adesão foi baixa e instável. A rede estadual
mostra-se frágil, apesar de uma tradição maior de greves, acampamentos e
piquetes durante as lutas. Corroborando com a tese de tensão entre base e
direção e mostrando que o próprio sindicato deu peso excessivo à greve
municipal e colocando a greve da rede estadual de forma secundária.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">3 – Apesar do PCCS do Paes
ter sido aprovado, começou-se uma frágil flexibilização do processo docente em
sala de aula, dando às(aos) professoras(es) uma pequena autonomia ante aos
imperativos privatistas ainda em jogo dentro e fora da sala de aula.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">4 – Se houve um grande
processo de mobilização e formação política dentro da rede municipal, a rede
estadual mostra que devemos voltar a dialogar mais com a categoria, escutá-la,
interpretá-la e fortalecer suas perspectivas sobre a importância das atuais
lutas.</span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">5 – A grande mobilização
demanda uma política de fortalecimento para, a partir da greve e de todo o
movimento em seu entorno, construir um saldo organizativo para o sindicato e,
principalmente, para a categoria. </span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;">6 – A própria intromissão
do STF na dita mediação, primeiro aclamado de forma quase religiosa, por parte
da categoria, mostrou o caráter de classe do judiciário, apontando os riscos de
judicializar as lutas sociais nas regras da institucionalidade burguesa.
Mostrando os laços umbilicais entre os entes federais, estaduais e municipais,
além da relação íntima entre os poderes da democracia para amalgamar a classe
trabalhadora na ordem imposta pelo capital. </span></div>
<div class="yiv8975696774msonormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-ansi-language: PT-BR;"> Como se deve
observar, muita luta ainda deve ser realizada. Para isso temos que ter um
sindicato que entenda os apelos da categoria e solidarizar com as demais lutas das(os)
trabalhadoras(es) que ainda estão por vir neste ano que se abre de grandes
eventos (e confrontos), bem como eleições federais e estaduais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CONCEPÇÃO SINDICAL</span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">“A
divisão tradicional do movimento dos trabalhadores (partido, sindicato,
cooperativa) mostra-se, hoje, insuficiente para a luta revolucionária do proletariado.
Parecem ser necessários órgãos que tenham condições de abarcar e conduzir à
ação todo o proletariado e, além dele, todos os explorados da sociedade
capitalista. No entanto, por sua essência, esses órgãos, esses sovietes, são,
já no interior da sociedade burguesa, órgãos do proletariado que se organiza
como classe. Com isso, a revolução entra na ordem do dia (...). Quando, porém,
teóricos isolados da extrema esquerda fazem do conselho operário uma
organização classista permanente do proletariado e pretendem que ela substitua
o partido e o sindicato, demonstram não compreender a diferença entre situações
revolucionárias e não revolucionárias e não ter clareza da verdadeira função
dos conselhos operários.” [1] György Lukács</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Historicamente, os sindicatos são importantes
instrumentos de organização e luta da classe trabalhadora. A natureza desse
espaço é eminentemente corporativa, fazendo com que predominem, em sua ação, as
demandas econômicas mais imediatas das respectivas categorias. Nesse sentido, as(os)
comunistas e as(os) anticapitalistas em geral devem contribuir para elevar o
nível de consciência e organização das massas, de modo que os enfrentamentos
sejam lições para a luta revolucionária – ainda que esses enfrentamentos não
sejam o polo central dessa luta, dada a pluralidade política e ideológica das(os)
filiadas(os) e ativistas. “A greve é um exercício de guerra, mas não é a
guerra”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Temos enfrentado no meio sindical correntes e
organizações fiéis à lógica do capital – como no caso do “sindicalismo de
resultados”, que foca apenas na categoria representada, abrindo mão da condição
de classe trabalhadora –, agrupamentos políticos que buscam “pactos” entre
capital/ Estado e trabalho, como (as)os trabalhistas e as correntes da social-democracia,
setores que evitam o confronto de classes e propõem programas rebaixados. No
outro extremo, enfrentamos grupos que concebem os sindicatos como centro
absoluto da luta revolucionária, como aparelhos a serviço de suas correntes
políticas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A Unidade Classista é uma corrente sindical
independente em relação a quaisquer articulações intersindicais hoje existentes
e vem procurando se fortalecer para poder contribuir de forma mais efetiva para
a unidade das demais forças do sindicalismo classista. Entendemos como
necessária a construção de uma Central Sindical como verdadeira alternativa
nessa linha, mas sem artificialidade, hegemonismo nem policlassismo. Contudo,
identificamos como pressuposto a urgente unidade dos setores do sindicalismo
classista pela base. Esse processo deve favorecer, para além do movimento
sindical, a formação de uma frente permanente de conteúdo anticapitalista e
anti-imperialista. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A organização sindical que as(os) comunistas da
Unidade Classista defendem implica em uma profunda e radical avaliação da
estrutura sindical existente e de seus limites, reivindicando a necessidade de
recriar, em outros termos, a forma da ação sindical, rompendo na prática com o
atrelamento próprio das heranças do modelo varguista imposto às(aos)
trabalhadoras(es) contra sua autonomia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Entre as principais bandeiras do movimento sindical
classista de hoje, não podem faltar:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- a redução da jornada de trabalho sem redução
salarial;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- o fim do banco de horas e a taxação das horas
extras;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- a valorização dos salários, pensões e
aposentadorias;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- por estabilidade no emprego, mais ganhos reais em
vez de participação nos lucros e resultados (e da meritocracia e bonificações
no setor público);</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- fim do fator previdenciário;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- contra a precarização das condições trabalho;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- nenhum direito a menos!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A EDUCAÇÃO QUE DEFENDEMOS</span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A educação
pública é um espaço do Estado que tem como um de seus principais objetivos
produzir força de trabalho barata para o mercado, dentro de uma lógica de
Divisão Social do Trabalho, onde certas camadas de renda mais alta ocupam
espaços privilegiados no mercado de trabalho, enquanto as camadas mais pobres
da sociedade, que frequentam a escola pública acabam majoritariamente ocupando
espaços de trabalho mais precarizados. Para manter esta estrutura social, não é
necessário que os governos invistam grandes volumes de verba na escola pública,
mantendo baixos os salários das(os) professoras(es), não investindo em
infraestrutura e mantendo sob controle toda uma estrutura vertical de gestão
escolar para garantir suas políticas. Em outras palavras: <span class="CorpodeTexto1"><span style="color: windowtext; font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Esse caos é programado e é perfeitamente funcional à classe
dominante na sociedade capitalista</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A tarefa das(os)
comunistas é de lutar pela educação pública, gerenciada pela comunidade
escolar, laica, crítica e de qualidade para as(os) filhas(os) da classe
trabalhadora e tentar fazer deste ambiente, um espaço de contra-hegemonia à
lógica do capital. Tal disputa deve se dar tanto na elaboração de currículos,
como na organização da categoria através de todo um processo de consciência. É
por este processo que professoras(es) e funcionárias(os) podem compreender as
questões imediatas que envolvem sua vida até que se entendam como classe social.
É a compreensão de que somente a luta pode construir uma educação que se oponha
aos anseios da classe dominante e atenda a classe trabalhadora, revelando as
contradições do sistema capitalista, bem como os limites que se colocam pra
ela, devemos abandonar então, a ideia de uma pedagogia idealista, que irá resolver
os problemas da sociedade. Somente com uma pedagogia de caráter classista conseguiremos
avançar. As <span class="CorpodeTexto1"><span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: -.1pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">classes
dominadas, a educação e suas(seus) profissionais não terão seus problemas
resolvidos enquanto estiverem agindo de forma fracionada e isoladas(os) do
conjunto da sociedade e de seus problemas gerais.</span></span> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O que
estamos assistindo é um desmonte da escola pública. Um espaço que deixa de ser
alvo de investimentos do Estado no sentido pedagógico e é entendido como
“depósitos” de crianças e adolescentes que devem ser vigiadas(os) e não formadas(os)
para compreender e atuar de forma crítica na sociedade. Um dos exemplos mais
emblemáticos deste desmonte é o esvaziamento do quadro de funcionárias(os),
para dar lugar não só à terceirização, (com funcionárias(os) que não são formadas(os)
para serem educadoras(es), e com salário precário) como a policiais (na rede
estadual por enquanto), que passaram a frequentar o cotidiano escolar. Em
outras palavras, no neoliberalismo no Brasil, avança a passos largos um Estado
penal, em um espaço onde boa parte da juventude negra e pobre se concentra, e
está ali, agora, para ser vigiada. É a criminalização de toda uma geração de
jovens das(os) filhas(os) da classe trabalhadora. Para que a escola cumpra seu
papel não são necessários(as) policiais, mas toda uma equipe pedagógica que
envolve inspetores, funcionárias(os) para administração, cozinheiras(os),
assistentes sociais e psicólogas(os) para dar o apoio necessário não só à(ao) estudante,
como a sua família, estabelecendo uma ponte consistente entre ambos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Soma-se a
esse desmonte, os baixos salários das(os) professoras(es), que necessitam
trabalhar em 3, 4, ou 5 escolas para conseguir completar um salário que lhe
permita viver em condições minimamente dignas. Tantas escolas para dar aula já
compromete a qualidade das aulas, devido à necessidade de vários deslocamentos,
à excessiva quantidade de estudantes, sem que se possa dar a atenção necessária
a cada um delas(es) e ao tempo gasto nas correções de intermináveis trabalhos e
provas. Para driblar este último problema, muitas vezes a(o) docente se vê
obrigada(o) a rebaixar seu trabalho, não utilizando os métodos que acharia
necessários para poder se adequar à realidade de prazos e cumprir com as todas
as exigências que lhe são feitas. Logo, uma política salarial consistente, bem
como ter sua matrícula vinculada a uma única escola são fundamentais para uma
educação de qualidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Para
escamotear os baixos salários, os governos dão bônus para as(os)
professoras(es) quando seus colégios cumprem determinadas metas estipuladas por
ele. Não devemos comemorar estes bônus, mas lutar por maiores salários e que
todas as políticas de reajuste sejam incorporadas a ele, sendo que devemos
pleitear sempre o salário mínimo estipulado pelo DIEESE. No mesmo sentido, a
política de metas deve ser combatida, pois cumprem o papel de aumentar de forma
artificial os índices estatísticos dos governos, e com a perversa, mas antiga
estratégia de dividir a classe trabalhadora, visto que para ganhar bônus e
gratificações, professoras(es) são constrangidas(os) por seus pares a
cumpri-las. Neste quadro, as direções se tornam verdadeiras capatazes para
obrigar o corpo docente a atingir os números desejados pelos governos, sendo
elemento essencial na estrutura. Desta forma, deve ser amplamente debatida a
forma de gestão escolar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Está claro
que a indicação por parte da Secretaria de Educação cumpre um papel nefasto na
educação, pois não só faz das(os) diretoras(os) capatazes do corpo docente,
como rompe com qualquer forma democrática de decisão da comunidade. Sendo
assim, é urgente que lutemos por eleições diretas para direção, mas também não
podemos parar por aí. Devemos pensar em uma forma de gestão por conselhos, com
participação das(os) professoras(es), estudantes, funcionárias(os) e pais de estudantes,
excluindo quaisquer assessorias de empresas e instituições privadas. A direção
é subordinada a este conselho, cabendo executar suas deliberações. Para a
Unidade Classista, esta nos parece a melhor forma de envolver toda a comunidade
escolar nos rumos da educação para a classe trabalhadora, que deve disputar
este espaço ideologicamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Nesta
lógica de disputa contra-hegemônica, a Unidade Classista entende a necessidade
de que toda a comunidade escolar e seu entorno devem participar ativamente da
vida escolar. Esta comunidade compreende tanto as direções eleitas diretamente,
como professoras(es), estudantes, funcionárias(os), pais de estudantes, moradoras(es)
e movimentos sociais de áreas próximas.<span class="CorpodeTexto1"><span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: -.1pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"> Para os problemas sociais, a saída tem que ser
construída coletivamente e rompendo os próprios muros da escola, tornando-se
necessário que todo o entorno dos colégios tenha acesso a eles, podendo
utilizar seus espaços (físico, bibliotecas, entre outros).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="CorpodeTexto" style="text-indent: 0cm;">
<span class="CorpodeTexto1"><span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: -.1pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A contra-hegemonia que precisamos construir será fruto de
um sistema de alianças sociais norteadas pelos verdadeiros interesses da classe
trabalhadora. Tem que ser anti-imperialista e anticapitalista.</span></span></div>
<div class="CorpodeTexto" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Devemos prestar mais atenção em organizações ditas
apartidárias, plurais e “bem intencionadas” na discussão dos rumos da educação
no Rio de Janeiro e voltar todo o conjunto de ações políticas da categoria das(os)
professoras(es) para neutralizá-las. As atrizes e os atores políticas(os)
contidas(os) na ONG “Todos pela Educação”, nas organizações “Instituto
Millenium” e “Escola Sem Partido” formam, na verdade, um verdadeiro partido
político com grande rigor organizativo. De maneira geral reúnem diferentes
setores da sociedade, como gestoras(es) públicas(os), educadoras(es), pais, estudantes,
pesquisadoras(es), profissionais de imprensa e empresárias(os) que trabalham
para a garantia do direito a uma Educação de qualidade. Elas seriam
responsáveis por um melhor funcionamento e comunicação entre poder público,
organizações da sociedade civil e iniciativa privada com o intuito de aumentar
a qualidade da Educação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Alguns exemplos são importantes para revelar a nossa
categoria contra o que efetivamente teremos que nos organizar e lutar. A atual
secretária de educação do município do Rio de Janeiro, Claudia Costin, já atuou
como vice-presidenta da Fundação Victor Civita, ligada ao Grupo Abril, das
revistas Veja e Nova Escola e escreve para o Instituto Millenium. É defensora
das Organizações Sociais (OS), estratégia velada de privatização do serviço público.
Dentre os diversos mantenedores dos grupos “Todos pela Educação” e Instituto
Millenium estão a Gerdau, a Suzano Papel e Celulose, o grupo Abril, Fundação
Roberto Marinho e Fundação Victor Civita e até doadoras(es) como Thor Carvalho,
filho de Eike Batista, além de Bancos como Bradesco e Itaú. O grupo Escola Sem
Partido cujo coordenador é Miguel Nagib, advogado e ex-articulista do Instituto
Millenium, propõe, por exemplo, caçar as(os) professoras(es) que procuram
“transmitir aos alunos uma ‘visão crítica’ da realidade”, chamando-as(os),
claramente, em tom bastante ofensivo, de “um exército organizado de militantes
travestidos de professores que se prevalecem da liberdade de cátedra e da
cortina de segredo das salas de aula para impingir-lhes a sua própria visão de
mundo.” Além disso, a tal instituição apartidária “Todos pela Educação”,
através da voz de sua diretora-executiva, Priscila Fonseca da Cruz, numa
reportagem ao jornal O Globo (01/10/2013) tomou partido, de forma contumaz,
sendo completamente contra a greve das(os) professoras(es) e funcionárias(os).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Na verdade, a coalizão de grandes empresas construiu
essas organizações educacionais apartidárias, plurais e “democráticas” e
orientam as secretarias de educação do município e do Estado com uma única
proposta de educação: educar a classe trabalhadora para ser força de trabalho
da burguesia. Isto fica claro no livro <i>Professor não é educador</i>, de
Armindo Moreira, cujo mote central é o de que a família deve se ocupar da
educação da criança, ou seja, promover sentimentos e hábitos, enquanto o papel
das(os) professoras(es) seria o de fomentar a instrução de suas(seus) estudantes,
isto é, apenas “proporcionar conhecimentos e habilidades para a pessoa ganhar o
seu sustento”.<span style="background: white;"> </span>Fica claro que as
diretrizes básicas compartilhadas por estas organizações giram em torno de uma
concepção de educação supostamente isenta de “ideologias” cuja finalidade
principal é refletir a divisão do trabalho em sala de aula, isto é, fazer das
escolas e das(os) professoras(es) facilitadoras(es) da “natureza
empreendendorista” da(o) estudante, circunscrevendo os conteúdos de sala de
aula à formação de força de trabalho embrutecida por cartilhas e telecursos,
pronta para ser adaptada ao mercado de trabalho. É o que se pode observar em
programas de aceleração de estudo como o programa Autonomia, em parceria com a
Fundação Roberto Marinho, o dupla escola, que conta com a iniciativa privada no
oferecimento da formação profissional da(o) estudante, e o prêmio gestão
escolar que elabora um conjunto de critérios e procedimentos para formação de
conselhos no interior das escolas, visando promover a disputa por prêmios entre
aquelas que melhor desenvolverem sua gestão. As cinco escolas finalistas podem
receber até 10 mil reais de prêmio bem como projetos de educação
profissionalizante em suas escolas. Atualmente o Prêmio conta com a parceria da
Unesco, MEC, Undime, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Instituto
Natura, Fundação Itaú Social, Fundação Victor Civita, Gerdau, Fundação SM e Embaixada
dos Estados Unidos no Brasil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 37.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A escola é uma das instituições principais onde as
identidades de gênero e sexualidade e ideias sobre elas são (re)produzidas,
vigiadas e controladas, e, portanto, as(os) professoras(es) se encontram em uma
posição de extrema importância para combater estereótipos, preconceitos,
naturalizações e estigmatizações. Porém, apesar das recomendações sobre
“orientação sexual” nos Parâmetros Curriculares Nacionais e da instigante
cartilha “Diversidade Sexual na Escola”, os corpos e desejos eróticos das(os)
estudantes costumam ser apagados no âmbito escolar devido à insistência na
mente e nos processos cognitivos. Adicionalmente, as(os) professoras(es)
geralmente são orientadas(os) para não tomar em consideração os gêneros,
sexualidades, raças e classes sociais das(os) suas(seus) estudantes. Contudo,
em vez de ajudar a alcançar um posicionamento objetivo ou neutro, ao intentar
ignorar o corpo e o desejo, as escolas acabam por serem cúmplices na (re)produção
da norma como branco, masculino, heterossexual, classe média, etc.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 41.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Embora não exista nenhuma lei no Brasil que obrigue as
escolas a incluírem a Educação Sexual em seus currículos, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) recomendam que a “orientação sexual” seja um tema
transversal e prescrevem três eixos norteadores: “corpo: matriz da
sexualidade”, “relações de gênero” e “prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis/AIDS”. Na superfície, certas frases dos PCNs parecem reconhecer
que a sexualidade é uma construção sócio-cultural (ou “expressão cultural”, na
terminologia do documento) e afirmar uma certa dimensão histórica (recomendando
que disciplinas como a História incluam conteúdo referente a “como a
sexualidade é vivida em diferentes culturas, em diferentes tempos, em
diferentes lugares”). Porém, em geral os PCNs tendem a tratar a sexualidade
como um dado da natureza, algo inerente e inato; ou seja, como uma base
essencial sobre a qual há certa influência da história e da cultura.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Primeiro, os PCNs não reconhecem que as categorias de
sexualidade que usamos hoje em dia (heterossexual, homossexual, bissexual) são
invenções do final do século XIX, imbricadas com o avanço do capitalismo e do
pensamento religioso (cujas essências também não são questionadas nos PCNs),
que só mudaram de categorias clínicas (frequentemente patologizantes) para
rótulos identitários por volta dos anos 1960. Não reconhecem que na verdade a
sexualidade humana é muito mais ampla do que as categorias que usamos (como
destaca a supracitada cartilha sobre a diversidade sexual) e pode ser pensada
para além de – ou até sem – essas categorias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Segundo, embora os PCNs afirmem que a sexualidade é
uma “expressão cultural” que pode ser influenciada por questões de classe
social, religião, etc., falta uma perspectiva interseccional que vê a
sexualidade como mais de uma série de variáveis que às vezes se cruzam. Falta
reconhecer que a sexualidade é <i>sempre</i> racializada, generificada, influenciada
por classe social, etc. e que essas configurações de subjetividade se
desenvolvem de modo totalmente <i>inter</i>dependente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Finalmente, embora os PCNs pareçam “abertos” ao sexo,
incitando a discussão “livre” sobre ele na escola, também insistem muito na
autodisciplina e no autocontrole – colocam a ênfase na prevenção da gravidez e
das DSTs. Desta maneira, na verdade aumentam o controle exercido sobre as(os) estudantes
– não um controle realizado através de proibições diretas, mas através da
produção de sujeitos autodisciplinados. Adicionalmente, ao não olhar
criticamente para o papel dos interesses capitalistas e machistas das grandes
empresas farmacêuticas atrás dos modos anticonceptivos disponíveis e os
discursos que circulam sobre eles, as prescrições dos PCNs acabam reforçando a
naturalização do sistema heterocapitalista em vez de libertar as(os) </span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">estudantes</span><span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> do determinismo neoliberal heteronormativo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em suma, os PCNs apresentam várias contradições: dizem
que a sexualidade é mais do que biologia, mas enfatizam o lado biológico; falam
da importância de viver plenamente a sexualidade para ter uma vida saudável,
mas insistem no autocontrole.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="CorpodeTexto" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: 0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: EN-US;">A educação sexual deveria ser obrigatória nas
escolas, pois o silêncio só reforça as normas e a marginalização de quem não se
conforma com elas. Ao mesmo tempo, as(os) professoras(es) não devem esperar
mudanças nas leis e nas políticas públicas para realizar mudanças em suas práticas.
Devem ser encorajadas(os) a abandonar um posicionamento supostamente “neutro” e
“apolítico” e a dialogar com as(os) estudantes, pois evitar temas de gênero,
sexualidade, raça e classe social é uma escolha <i>igualmente</i> política que
a de confrontá-los. A educação sexual deve ser abordada de uma maneira laica que
enfatiza a construção sócio-histórico-cultural do sexo, gênero e sexualidade, de
modo interseccional, reconhecendo sua imbricação com a luta de classes. Não
deve simplesmente transferir informações sobre os supostos “fatos” da
sexualidade, mas desnaturalizá-la. Sua finalidade última não deve ser o
autocontrole, mas a conscientização das(os) estudantes para que possam agir
para realizar mudanças sociais. A educação sexual, como a educação em geral,
deve romper com a lógica heterossexista, heteronormativa e heterocapitalista.</span></div>
<div class="CorpodeTexto" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="CorpodeTexto" style="text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: 0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: EN-US;">. </span><span class="CorpodeTexto1"><span style="color: windowtext; font-family: Verdana; letter-spacing: -.1pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm;">
<br /></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-53058040213251060482014-01-08T18:15:00.000-02:002014-01-08T18:15:31.854-02:00Novo golpe no piso do magistério e reação dos professores<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuyjUlLnRXtlrB0ExriU6s0jOMTquxmiKYcvY5kdnkfdObSCJszuIpV3CgjFrTGisNU33ssz6m57iFyaXmwq7B7gtfN3q2_2H-k3BPuCe5zcNbppvpNF8YG-vDBJucFvNvEoNqTcROwi2H/s1600/charge+descaso+educacao+brasil.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuyjUlLnRXtlrB0ExriU6s0jOMTquxmiKYcvY5kdnkfdObSCJszuIpV3CgjFrTGisNU33ssz6m57iFyaXmwq7B7gtfN3q2_2H-k3BPuCe5zcNbppvpNF8YG-vDBJucFvNvEoNqTcROwi2H/s1600/charge+descaso+educacao+brasil.gif" height="330" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><b><a href="http://www.deverdeclasse.org/">Dever de Classe</a> - Professores de todo o País expressam revolta, sobretudo nas redes sociais, contra a política ilegal, imoral e debochada da presidente Dilma (PT), que, mais uma vez, rebaixou o índice de correção do Piso do Magistério, calculado anteriormente para 2014 em 19% e que despencou para 8,32%. A presidenta cedeu aos apelos de governadores e prefeitos, principalmente do PT, PSDB, PMDB e PSB</b>.</span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Milhares de professores da Educação Básica Pública de todo o país expressam revolta com o rebaixamento, mais uma vez, do índice de correção do Piso Nacional do Magistério para 2014. Docentes utilizam-se principalmente das redes sociais para manifestar indignação. E com razão. De acordo com a Lei 11.738/2008, esse reajuste, a partir de primeiro de janeiro próximo, deve ser de no mínimo 19%. Mas Dilma o despencou para apenas 8,32%. Ou seja, uma queda de mais de 58% em seu valor real. A presidenta cedeu às ordens de governadores e prefeitos, sobretudo do PT, PSDB, PMDB e PSB, comandados por Tarso Genro (PT-RS), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE). Nos anos anteriores têm sido a mesma coisa. Em 2013 esse mesmo Piso, que legalmente deveria ter sido reajustado em cerca de 22%, caiu para menos de 10%. <br /><b><br />As velhas e debochadas desculpas de sempre </b><br /><br />Dilma e seus aliados tentam justificar tamanho crime com as velhas e debochadas desculpas de sempre. "Os estados e municípios não podem pagar". "A crise mundial ainda está muito forte". No entanto, não explicam gastos cada vez maiores com mordomias, corrupção e pagamento de juros da eterna dívida pública junto a banqueiros e especuladores nacionais e internacionais. Segundo o site Auditoria Cidadã da Dívida, do Orçamento da União para 2014, R$ 1,002 trilhão (42%) são destinados ao pagamento de juros e amortizações dessa agiotagem. <br /><b><br />CUT, CNTE e centrais fictícias, como CSP-Conlutas, ajudam a consolidar golpes </b><br /><br />Todo ano, governos contam com o apoio dentro do movimento sindical para consolidar golpes contra o Piso dos Professores. CUT e CNTE participam, diretamente, de todas as tramas com o Governo Federal, prefeitos e governadores para rebaixar o piso, em particular quando se trata de aliados do PT ou gestões desse próprio partido. Recentemente, a petista gaúcha Esther Grossi defendeu no programa "Voz da Educação", do Sinte-Pi, essa política de rebaixamento no Piso dos professores. O Sinte-Pi é filiado à CUT e CNTE. Quanto à CSP-Conlutas, como não mobiliza nada nem nos poucos sindicatos que dirige, diz que "a lei do piso não é boa" e que defende mesmo é o "Piso do Dieese". <b>Na prática, essa central fictícia, pelo seu imobilismo, capitula ao cutismo e não atua nem para garantir o rebaixado salário mínimo nacional.</b><br />Professores devem se organizar e denunciar os golpes e seus agentes <br /><br />Diante desse quadro, resta aos docentes de todo o país denunciar esses golpes e seus agentes, em particular a presidenta Dilma e seus aliados nos estados e municípios. Utilize-se as redes sociais e tudo mais que estiver ao alcance. É preciso ainda exigir que os sindicatos do magistério, em particular os organizados na CNTE, saiam do imobilismo e organizem uma greve nacional por tempo indeterminado em todo o Brasil em defesa do Piso dos professores.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte: <a href="http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/44723-novo-golpe-no-piso-do-magist%C3%A9rio-e-rea%C3%A7%C3%A3o-dos-professores.html">http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/44723-novo-golpe-no-piso-do-magist%C3%A9rio-e-rea%C3%A7%C3%A3o-dos-professores.html</a></span></span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-83835396486092205282014-01-01T17:32:00.000-02:002014-01-01T17:32:45.744-02:00Por um Encontro Nacional de Movimentos em luta por uma Universidade Popular!<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><a href="http://ujc.org.br/">UJC</a> - Compreendendo a necessidade da construção de um Encontro Nacional de Movimentos em Lutas por uma Universidade Popular (ENMUP) viemos a público manifestar nosso apoio para que este se realize em agosto de 2014, com o intuito de somar experiências, visões e unificar lutas práticas por outro projeto de Universidade e Educação.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtd6_hv3cGHKs9F999dduYeowoYkYC07d2J2aNFaCkzurFduQcOPz4A7rJbB3mWB35Apw0kEGLZhr5lPIb9MCKKAVRIoQzaSzz0QUYDKplrc_V0WQDRulD3yP35FPPRwf5_e_7aYTwjlID/s1600/UNIVERSIDADE+POPULAR.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtd6_hv3cGHKs9F999dduYeowoYkYC07d2J2aNFaCkzurFduQcOPz4A7rJbB3mWB35Apw0kEGLZhr5lPIb9MCKKAVRIoQzaSzz0QUYDKplrc_V0WQDRulD3yP35FPPRwf5_e_7aYTwjlID/s400/UNIVERSIDADE+POPULAR.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Projeto que denuncie o caráter elitista e conservador existente, e possibilite a construção de um novo modelo de universidade atrelada às demandas das classes populares e em sintonia com a transformação social no nosso país. Por isso, a luta pela Universidade Popular está em movimento. Ela está presente nas lutas por melhores condições de estudo e trabalho, tanto dos estudantes como dos técnicos e professores; nas lutas pelo acesso universal; na disputa pela produção de ciência a serviço das causas populares; nas experiências dos cursos de pré-vestibular e alfabetização de jovens e adultos; na defesa radical do caráter público da educação. Em suma, a luta pela Universidade Popular está presente em todas as iniciativas em que ecoam o grito das necessidades de milhares de trabalhadores dentro e fora da universidade. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Por isso, esta luta não pertence apenas a uma organização, coletivo ou movimento. Trata-se de um projeto histórico a ser revigorado por tod@s aqueles que estejam ao lado dos oprimidos. O ENMUP deve ser uma expressão plural, massiva, democrática e horizontal das lutas que se acirram por todo país, assim como fazê-las ecoar nas universidades e escolas. Temos a certeza de que Fortaleza será o ponto de encontro da rebeldia que floresce na juventude brasileira. A capital cearense irá simbolizar a nacionalização das lutas e a revitalização do projeto de Universidade Popular a ser apresentado para a sociedade brasileira! </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Assinam este manifesto (ainda aberto para mais apoiador@s): </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Central dos Movimentos Populares (CMP) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Corrente Sindical e Operária Unidade Classista </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">União da Juventude Comunista (UJC) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diretoria da Casa do Estudante II UFSM (RS) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">ANDES – Regional NE – 2 </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">DCE UNIFESP(SP) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">DCE UFMS( MS) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">DCE UFRJ(RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">DCE UNIRIO(RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">SINPRO-RIO </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">ADUFRJ(RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder – Medicina Marília (SP) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento dos Trabalhadores Desempregados (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento Favela não se Cala (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fórum da Saúde do Rio de Janeiro (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mandato do vereador Renatinho PSOL Niterói (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação dos Docentes da Faculdade Santa Dorotéia (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Sindicato dos Professores de Nova Friburgo e Região (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Liga de Lutas Urbanas (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico Florestan Fernandes Ciências Sociais </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">UFF/Campos (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico Conceição Muniz UFF/Campos (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento Social Rima Cabrunco (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Bonde da Cultura (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diretório Acadêmico de Sociologia UFF-Niterói (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico de Economia UFF-Niterói (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico de História UFF-Niterói (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento por uma Seropédica Melhor (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação de Moradores do Bairro São Miguel-Seropédica (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação de Moradores do Bairro Vila Real- Seropédica (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grêmio Estudantil IFRJ (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Coletivo Hip Hop Luta Armada (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Site e Jornal "Viva Rocinha" (RJ) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro de Referência da Juventude –CRJ (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação de Docentes do Campus Catalão –AdCaC (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diretório Acadêmico do Campus Catalão (DACC) (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico de Psicologia do Campus Catalão –CAPSICC (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico de Geografia do Campus Catalão –CAGEOCC (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento Camponês Popular em Catalão-MCP (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Núcleo de Educação Popular José Martí – NEP (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação dos Docentes do Campus de Jataí/UFG – ADCAJ/Seção Sindical ANDES (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Associação dos Pós-Graduandos da UFG – APG/UFG (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Cursinho Popular SINAPSE (GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grêmio Estudantil Filhos da Revolução – Colégio Estadual Vila Lobos(GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grêmio Estudantil Carlos Mariguella – Colégio Estadual Waldemar Mundin(GO) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Diretório Acadêmico Francisco de Assis Magalhães do Instituto de Ciências Exatas UFMG.(MG) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento Universidade Pública no Guará(DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grupo de Estudos e Pesquisas Historia, Sociedade e Educação no Brasil – HISTEDBR – GT UnB/CNPq (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Núcleo de Estudos Agrários Desenvolvimento e Segurança Alimentar NEADS/CNPQ/UnB ( DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grupo de Pesquisa e Formação Sociocrítica em Educação Física, Esporte e Lazer – AVANTE (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico de Educação Física da Universidade de Brasília – CAEDF (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento Memória Viva e Cultura Afrolatinas – Brazlândia (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro independente de difusão da cultura e arte – Taguatinga (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Alerta – HipHop – Núcleo Bandeirante (DF) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Escambo Coletivo- Lazer Produtivo e Direito à Cidade- Paulista(PE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Espaço Cultural Caros Amigos/Coco Dos amigos(PE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">BrasCubas- Casa Gregório Bezerra(PE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Centro Acadêmico Caio Amado de Ciências Sociais UFS(SE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grêmio Estudantil do Colégio Albano Franco (SE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Coletivo Um Passo à Frente (SE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">C.A. de Filosofia UECE(CE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">C.A. de Serviço Social UECE(CE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">C.A. de Serviço Social FAC(CE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Sindicato dos Sapateiros do Ceará(CE) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Estagio Nacional de Extensão Comunitária ENEC(PB) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Núcleo de Cultura Comunista da Paraíba(PB) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grupo de Estudos Marxistas Elizabeth Teixeira(PB) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Movimento de Ação Popular (BA) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva/NESC – Escola Latino Americana de Medicina (Cuba) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">CCCP-Coletivo Cultural de Criação Popular(PE)</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte: http://ujc.org.br/ujc/<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></span>KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-49630461413302696122013-11-10T06:57:00.005-02:002013-11-10T06:57:54.170-02:00<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: medium;">Só há um caminho digno: o da LUTA! E a Luta precisa estar organizada. </span><br />
<span style="font-size: medium;">Faça VOCÊ a eleição em sua escola, não
fique esperando ninguém, afinal o SEPE somos NÓS. Eleja o REPRESENTANTE
DE ESCOLA até o fim do ano e envie o(s) nome(s) escolhidos na sua escola
para o SEPE. </span><br />
<span style="font-size: medium;">Vamos fazer o NOSSO sindicato cada vez mais forte e combativo!</span></span><span style="font-size: medium;"><br /></span>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijC2DNa74umkLKOk0xvNZzx0utySW83VPKu574fR-JnTjHgesySOo1uJzuDQS1WrT-fRYKxye-htPomz6REJsmDKGZqWj8dwo3GFWpms56z4LNYA4wbcagabA1oFSucV0ChCeXkJe4kQ-O/s1600/601129_3739461940719_1876118554_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="466" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijC2DNa74umkLKOk0xvNZzx0utySW83VPKu574fR-JnTjHgesySOo1uJzuDQS1WrT-fRYKxye-htPomz6REJsmDKGZqWj8dwo3GFWpms56z4LNYA4wbcagabA1oFSucV0ChCeXkJe4kQ-O/s640/601129_3739461940719_1876118554_n.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJozx1vpEWeD_UFwD7y1Ixy2DbpyvcLpHG7qAn9vLaBdWwfrtOj4G65b_NnWgD4vlRatlUjVvTMPC6xFaEPTTv3smw7MXU91YEM9yIUZoPRs9PEQQ7G19f_MpVQXCbWGdS3LL0zYWb7kPt/s1600/1466151_3739467740864_738392867_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="464" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJozx1vpEWeD_UFwD7y1Ixy2DbpyvcLpHG7qAn9vLaBdWwfrtOj4G65b_NnWgD4vlRatlUjVvTMPC6xFaEPTTv3smw7MXU91YEM9yIUZoPRs9PEQQ7G19f_MpVQXCbWGdS3LL0zYWb7kPt/s640/1466151_3739467740864_738392867_n.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Klh-5gfSN8GEIEELINpXo6ezVKFq8eb-FanyU_3TJTeINH8MwoW3J2UIb7pYkoZ-8GBLiqIukVImXSNodHnhReaDiLJS3Cu_xI3NEF9E5XBnW5neMwCd1waSuTzAi1UVKhgyQFi-fSBm/s1600/1467343_3739463740764_1145741891_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Klh-5gfSN8GEIEELINpXo6ezVKFq8eb-FanyU_3TJTeINH8MwoW3J2UIb7pYkoZ-8GBLiqIukVImXSNodHnhReaDiLJS3Cu_xI3NEF9E5XBnW5neMwCd1waSuTzAi1UVKhgyQFi-fSBm/s640/1467343_3739463740764_1145741891_n.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyjFAUQei39ufvUS_EMxhSTj1CvkSnxfQ6PEHIkYr2rB5583ZyssZZPGCUBke0955G3kx-lewBFgiH5ta1sQoD-jO4s9yjXOgUrPTncO52ZP9q4kiMzST-ZtstpKvMAYERMcRafnHFXFkj/s1600/1469886_3739466260827_1484487652_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyjFAUQei39ufvUS_EMxhSTj1CvkSnxfQ6PEHIkYr2rB5583ZyssZZPGCUBke0955G3kx-lewBFgiH5ta1sQoD-jO4s9yjXOgUrPTncO52ZP9q4kiMzST-ZtstpKvMAYERMcRafnHFXFkj/s640/1469886_3739466260827_1484487652_n.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="font-size: medium;"></span>
<span style="font-size: medium;">Fonte:<a href="http://blogpodegiz.blogspot.com.br/"> http://blogpodegiz.blogspot.com.br/</a></span><br />
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
<span style="font-size: medium;"><br /></span>
<span style="font-size: medium;">.</span>KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-1322962810400250752013-11-07T20:01:00.000-02:002013-11-08T07:07:53.743-02:00A GREVE DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO EM 2013: ENTRE ACERTOS E ERROS, PRECISAMOS AVANÇAR! A LUTA TEM QUE CONTINUAR! <span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWVuxEDo_klj-4K1Q1jOz_ySfJhOWpCkBzWMGEZR4mDOojb6V6D_PamOXYlB9BzA1mdWvRQ_o5t26KoBqQnzw4sP4EsSjMJCL-5B8fllRwciqLBAkRTmKj7ebtOxHxMz5v0CDwKe5xzXcb/s1600/educadores.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWVuxEDo_klj-4K1Q1jOz_ySfJhOWpCkBzWMGEZR4mDOojb6V6D_PamOXYlB9BzA1mdWvRQ_o5t26KoBqQnzw4sP4EsSjMJCL-5B8fllRwciqLBAkRTmKj7ebtOxHxMz5v0CDwKe5xzXcb/s400/educadores.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A greve dos profissionais da educação deve ser entendida no conjunto de mobilizações e lutas que ocorreram no país após<b> “as jornadas de junho”</b>, em que transporte público, saúde, educação de qualidade e a contestação aos investimentos públicos nos megaeventos foram temas recorrentes. Diferentes setores da sociedade não só sinalizavam a sua insatisfação, como também exigiam respostas do Estado.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
Os governos,<b> todos comprometidos com a lógica do capital</b>, apressaram-se em rebater com propostas de redução ou congelamento de tarifas nos transportes, promessas de “reforma política”, destinação de royalties do petróleo para a saúde e educação – privada inclusive. <b>A mídia burguesa fazia sua parte, tentando domesticar as manifestações</b> e condenando os “excessos“, <b>com a ajuda inconsciente – queremos acreditar – de campos equivocados da dita esquerda.</b> Deveria ser tudo passageiro.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> É nesse contexto que os movimentos sociais organizados, sindicatos e partidos políticos comprometidos com a classe trabalhadora assumem um papel fundamental. Era necessário dar continuidade ao clamor popular das jornadas de junho, era preciso qualificar e aprofundar alguns debates, denunciar as falácias dos governos,<b> romper com as falsas verdades da mídia burguesa.</b> Essa luta deveria continuar onde havia começado: nas ruas. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> A nossa greve cumpriu um importante papel: voltamos às ruas com apoio popular, com diversos movimentos sociais organizados que também pautaram a suas reivindicações. <b>Qualificamos o debate sobre educação pública com a população levantando temas como a privatização e a meritocracia, incompatíveis com uma educação de qualidade e com os interesses dos trabalhadores</b>. <i>Nesse aspecto, fomos vitoriosos.</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Tensionamos o estado burguês a mostrar a sua verdadeira face, pois na ausência de argumentos resgatou as antigas práticas fascistas de repressão aos trabalhadores organizados. Ficou claro para a sociedade que essa mesma política de segurança pública que há anos faz vítimas nas favelas também reprime sem limites todos aqueles que ousam se opor à opressão, seja na educação, na saúde ou nas remoções de populações para atender a interesses empresariais.<b> Nossa luta foi e é fundamental.</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b> Contudo poderíamos ter avançado mais. Houve erros de avaliação quanto à dimensão política de nossa greve</b>, que poderia ter sido apontada para todas as redes públicas de educação do Estado do RJ, já que praticamente todas elas são permeadas pela mesma lógica e regida pelos mesmos princípios contra os quais os profissionais da educação se insurgiram.<b> A ausência de uma mediação, papel da diretoria do sindicato, entre as diferentes posições que compõe a vanguarda da categoria gerou desconfianças e inseguranças que minaram o movimento. </b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Nesse sentido, <b>a inexistência de um fundo de greve</b> também mostrou-se aguda, exigindo quase uma disposição à “imolação” dos militantes da greve frente ao crescimento da intransigência e covardia do governo. Soma-se a isso fato de que, por mais que alguns ignorassem, a conjuntura geral não fez com que o movimento da rede estadual deixasse de ter algumas especificidades. Embora situado no momento atual de muitas lutas e grande desgaste dos governos, <b>é marcado também, entre outras coisas, pela memória desmobilizante dos sucessivos erros em greves e paralisações anteriores e pelo afastamento entre grande parte da categoria e o Sepe. </b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <b>Num dado momento, tornou-se gritante um descompasso entre a diretoria do Sepe e a base da categoria. </b>Guardadas as devidas proporções, ficou evidente que havia também muitas divergências de fundo entre os grupos que compõem a própria diretoria. Com suas próprias características, <b>havia ainda grande descompasso no interior da própria base, entre seus diferentes setores, inclusive os que se arrogam a autoridade de falar por toda a base</b>. Não bastasse isso, houve ainda um descompasso entre as greves no município e no estado,<b> as quais, embora simultâneas, estiveram pouco articuladas</b>.<b> A maior parte da diretoria priorizou a greve municipal, causando a sensação de abandono da rede estadual. </b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> A falta de percepção de algumas “correntes” de que a conjuntura era composta por movimentos com ritmos diferenciados e, portanto, demandavam formas de enfrentamento diferenciadas, passou um sentimento de derrota para setores da categoria, <b>especialmente quando a greve se esgotava taticamente.</b> Tudo isso ocorre em meio a uma feroz disputa interna.<b> A disputa interna no sindicato é essencial, mas o que deve estar em primeiro lugar são as necessidades da categoria,</b> sem autofagia. Isso nem sempre foi levado em conta, deixando os militantes em greve expostos. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Além disso, é bom lembrar que uma luta pressupõe a existência de pelo menos dois lados e que as suas consequências não dependem, portanto, apenas das ações de cada um deles isoladamente. Ambos se movem. A resultante de uma luta é síntese de múltiplas determinações, sendo incorreto, portanto, pretender reduzir a um ou poucos fatores. Além dos erros cometidos do nosso lado, não se deve esquecer que o governo age para nos dividir, amedrontar, desgastar, etc., não sendo razoável subestimar em demasia seus meios para tais fins. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <b>Vacilações na condução dos atos de rua criaram feridas abertas.</b> Posições equivocadas – na forma e no conteúdo – em relação a grupos como os Black Blocs, <b>decisões unilateriais</b> e posturas dúbias quanto ao caráter de classe tiveram consequências nefastas,<b> como a criação de um certo clima golpista no seio do Sepe.</b> Houve hesitação até mesmo na relação com a Polícia Militar, por parte tanto de grupos que estão na diretoria do sindicato como de outros que não estão.<b> Por fim, o excessivo peso dado a aspectos jurídicos e parlamentares constitui-se em um erro político,</b> pois trata-se de um estado de classe, instrumento de dominação (por mais mediações e complexidades que apresente), um estado burguês, que sempre utilizará de seu aparato judiciário e legislativo para sua defesa,<b> nunca para a defesa da classe trabalhadora. </b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Acreditamos que um balanço do movimento é extremamente importante e necessário, porém o seu objetivo<b> deve ser o de fortalecer o sindicato, a serviço dos profissionais da educação, de um projeto contra hegemônico de educação, numa perspectiva maior de transformação da sociedade.</b> Hoje temos tarefas prioritárias: intensificar o debate com a base da categoria e com setores organizados dos trabalhadores; assegurar que não haja retaliações aos que participaram da greve;<b> formular propostas profundas para discutir próximo Congresso do Sepe;</b> contribuir para o fortalecimento da categoria em si, superando o imobilismo de grandes parcelas; construir o fortalecimento da categoria para si,<b> extrapolando o corporativismo e a pequena política;</b> fomentar a atuação do <b>Fórum Estadual Em Defesa da Escola Pública</b>, indo além da dimensão sindical e incrementando a luta em unidade com os movimentos que apoiaram nossas pautas nas ruas;<b> fazer a defesa acirrada dos princípios e práticas de sindicato pela base e organização no local de trabalho, desenvolvendo o papel dos conselhos de representantes de escola; massificar a bandeira do poder popular nas escolas</b>, com eleições diretas para diretores, conselho escolar como instância máxima deliberativa e fim dos agentes do governo dentro das unidades; por um plano estadual de educação da classe trabalhadora; contra o privatismo, ampliar o debate por um projeto de educação, associado ao projeto de uma nova sociedade.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Manter viva a chama das jornadas de junho. À luta companheiros!</span></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">UNIDADE CLASSISTA</span></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">; </span></span></b></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-14196379209924831422013-10-19T19:44:00.003-03:002013-10-19T19:54:28.548-03:00O projeto de educação e os seus interesses<div id="ffont">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesSoZlCoeCzo5OAMX3Xyi596jOFeKRVop_sXTgToIGvzfCh4gNZuDTkpkQZ6dz1KJN9SL6L769_32Bh3gQEDTSwZI3EC7COaZ8jIomPlaT7rkcHKgg1khOm_kPk8hwYjG0OCVLubTXiHx/s1600/charge-bessinha_veja-na-privada-da-globo1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="175" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesSoZlCoeCzo5OAMX3Xyi596jOFeKRVop_sXTgToIGvzfCh4gNZuDTkpkQZ6dz1KJN9SL6L769_32Bh3gQEDTSwZI3EC7COaZ8jIomPlaT7rkcHKgg1khOm_kPk8hwYjG0OCVLubTXiHx/s400/charge-bessinha_veja-na-privada-da-globo1.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Vamos ser claros? As Organizações Globo têm muito interesse no governo Eduardo Paes. A postura conservadora e constrangedoramente oscilante dos programas de notícia e jornais ligados a esse grupo em relação às manifestações que tomam o país desde junho já foi suficientemente comentada. Mas o risco que os veículos das Organizações Globo aceitaram correr após a criminosa ação dos governos do município e do estado do Rio de Janeiro contra os professores e a população que os apoiava, destoando de todos os outros jornais e programas de notícias, merece uma atenção especial. </span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Poderíamos começar pelo exemplo mais simples. No domingo, 29 de setembro, a edição do dia seguinte à violenta ação da Polícia Militar que expulsou os professores que ocupavam a Câmara Municipal trazia um caderno especial do “O Globo projetos de marketing” sobre a prefeitura do Rio de Janeiro. Com a chamada “Rio em transformação”, o caderno de oito páginas apresentava um conjunto de informações “apuradas” pela empresa Link Comunicação Integrada sobre as melhorias e os projetos futuros (de melhoria, claro) da cidade maravilhosa sob a gestão de Eduardo Paes. Como a edição de domingo do Globo vai às ruas ainda no sábado, na parte jornalística (não publicitária) do jornal não havia sequer uma linha sobre a violência da noite anterior. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Mas, no caso da greve dos professores, suponho que exista algo mais importante do que a venda de publicidade. De acordo com a avaliação do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), amparado por vários outros pesquisadores e militantes da área de educação, o Plano de Carreira, Cargos e Salários proposto pela prefeitura não é recusado pela categoria apenas por ser desfavorável economicamente. Partindo de uma pauta corporativa, como não poderia deixar de ser em se tratando de um sindicato, a luta dos professores do Rio tem ido além dela, propondo uma discussão sobre a qualidade e a concepção de educação que têm orientado as políticas públicas – e essa é mais uma das razões da adesão e simpatia do conjunto da população à causa. Ocorre que o projeto de educação da prefeitura do Rio incorpora, entre outras coisas, a lógica e a prestação de serviços – paga, diga-se de passagem – do setor privado. E as Organizações Globo têm ganhado muito com isso. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <i><b>Interesse empresariais </b></i></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Prova de que a pauta não é apenas corporativa é o destaque que o movimento tem dado à questão da chamada polivalência, um dos itens do Plano segundo o qual um mesmo professor pode dar aula de mais de uma disciplina. Alterada por emendas votadas pela Câmara, essa prática teria, segundo o próprio Globo, ficado “restrita a projetos experimentais e em áreas comuns: um professor de história, geografia ou português dá aulas conhecidas como humanidades”. É preciso checar o teor do texto final, após as emendas, mas vale destacar que projetos “experimentais” como esses que agora são formalizados num plano de carreiras já são desenvolvidos no município do Rio, contando com a parceria do Instituto Ayrton Senna, a metodologia e o material didático produzido pela Fundação Roberto Marinho (FRM) – aquela mesma que pertence às Organizações Globo. Desde 2010, um programa chamado Autonomia Carioca utiliza o telecurso para “promover a aceleração de estudos e corrigir a defasagem idade-série de alunos entre 14 e 18 anos dos 7º e 8º anos do ensino fundamental”, como explica o site da FRM. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Como descrevi em “<a href="http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=733">Educação pública, lógica privada</a>“, hoje, o programa é voltado para alunos repetentes, que são destacados do seu grupo de origem e reunidos em uma única turma, com funcionamento diferente do resto da escola. Os alunos estudam com um material específico, composto de livros e vídeos produzidos pela Fundação Roberto Marinho, com um professor que, devidamente “treinado”, apenas aplica a metodologia, podendo “responder” por todas as disciplinas. Esse programa, hoje, é usado para “acelerar” a aprendizagem dos alunos considerados “atrasados”. O material mágico, que permite que um único professor dê aula de todas as disciplinas, é vendido para a secretaria municipal de educação. Como instituição sem fins lucrativos que é, a Fundação Roberto Marinho não vende o material – apenas indica as três editoras autorizadas a comercializá-lo – mas tampouco disponibiliza os livros para consulta ou download no seu site, por exemplo. Utilizado não só no Rio de Janeiro mas em vários outros municípios e legitimado pelo Ministério da Educação, o telecurso foi criado para a educação de jovens e adultos, como explica o seu próprio site, mas tem sido adotado na educação de crianças. Além de mobilizar um importante mercado editorial, em que empresas lucrativas retroalimentam a “boa ação” das instituições sem fins lucrativos, essas práticas substituem o professor, trazendo outras referências para a sala de aula. Como opina o professor Roberto Leher, da Faculdade de Educação da UFRJ, na reportagem já citada: “O objetivo de fundo é que as escolas públicas recebam um pouco do espírito capitalista.” Não se trata de um projeto ou uma instituição: o que está em jogo é o esforço de se abrir a porteira para uma política de educação que interessa diretamente a grandes grupos empresariais reunidos no movimento Todos pela Educação, do qual as Organizações Globo fazem parte. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <b>Até as ruas perderem a paciência </b></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> A entrevista que o prefeito Eduardo Paes deu ao RJTV sobre o assunto foi amplamente utilizada pelos telejornais da Globo para desconstruir as reclamações do Sepe. Numa edição no mínimo questionável, em que aparecia primeiro a crítica da representante do Sepe e depois, como palavra final, sem ‘tréplica’, a resposta do prefeito, a emissora permitiu que os telespectadores entendessem que a preocupação do sindicato com essa questão era equivocada, já que, segundo Paes, só os professores que quisessem adeririam ao esquema da polivalência. Reduzido a uma queixa corporativa, de modo que ninguém teve a ideia de perguntar o que isso significa para a qualidade da educação que o aluno está recebendo, o problema parecia resolvido. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> O jornalistas esqueceram foi que, semanas antes, o mesmo prefeito, em entrevista ao jornalista Ricardo Boechat, na rádio Band News, se disse surpreso quando foi perguntado sobre a situação de um professor de geografia que tinha que dar aulas também de história e português, e respondeu que era “inadequado” um professor dar aula de outra disciplina que não a sua. É no mínimo curioso que, tão pouco tempo depois de descobrir, estupefato, que uma prática como essa acontecia na rede, o prefeito a tenha incorporado, formalmente, como item do plano de carreiras proposto para os professores. Mas os jornalistas da Globo, tão profissionais e experientes, não perceberam tamanha incoerência. E o que é pior: não são manipuladores, são maus profissionais, estrelas televisivas disfarçadas de jornalista. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Outra entrevista pingue-pongue com o prefeito, agora com o projeto já aprovado, foi publicada no jornal O Globo do dia 2 de outubro. Um dia após a violência física da polícia sobre os manifestantes e a violência política do prefeito e seus vereadores na votação autoritária de um plano que a categoria rejeitava e sobre o qual não foi consultada, a edição impressa e online chegou a ser intrigante. O Sepe-RJ não teve coluna nem entrevista pingue-pongue, mas ganhou um espaço importante, numa matéria que ‘denunciava’ que parte de seus dirigentes tem vinculação com o PSOL e o PSTU e, por isso, a greve seria liderada por esses partidos. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Para compensar, num esforço de neutralizar as críticas, promover o seu compromisso com a informação e se disfarçar de Mídia Ninja, a Globo divulgou imagens exclusivas de um policial forjando uma cena em que um manifestante portava um morteiro. Denúncia feita, respira-se aliviado e dorme-se tranquilo com o bom jornalismo investigativo: um policial, bode expiatório de um lado, como os Black blocs têm sido do outro, é condenado em nome dos governos do estado e do município. E a violência, física e política, fica sendo resultado do mau comportamento individual de sujeitos descontrolados. Vida que segue. Pelo menos até o próximo protesto. Ou até as ruas perderem a paciência. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">***</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><i><b><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Cátia G<a href="http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed768_o_projeto_de_educacao_e_os_seus_interesses">uimarães é jornalista e doutoranda em serviço social</a></span></span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed768_o_projeto_de_educacao_e_os_seus_interesses"><i><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed768_o_projeto_de_educacao_e_os_seus_interesses</span></span></b></i></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">. </span></span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">. </span></span></b></i></div>
</div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-33135968296361196942013-10-18T22:04:00.003-03:002013-10-18T22:08:21.532-03:00Grupo de Trabalho Nacional de Universidade Popular reunir-se-á novamente para apontar lutas<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Com base na discussão estratégica da Universidade Popular, vem-se elaborando bandeiras de luta específicas e gerais que tem por objetivo construir um amplo movimento nacional de luta pela universidade popular. Nesse sentido, o GTNUP tem um sentido mediador, pois é a ponte entre as lutas dispersas e o movimento nacional que ainda está para ser consolidado. O grande desafio está na constituição de ações práticas que acumulem forças para a ofensiva do movimento universitário. O GTNUP não é uma nova entidade ou organização política. A criação do GTNUP tem a função de manter coeso o grupo de organizadores e participantes do SENUP, para colocar em prática as diretrizes debatidas e aprovadas coletivamente. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5qmSVqUFUlWrmmiyqSRY4A0dgccE6C4pwgZOQYBAUWXNKSrZhYDZddqL0oWxvWDmyKN7Lpy1QXfNnxoBGKiAeBd8Ua0F-uoSYNP11b5gcfxiVw_ymMcdNS9YblHawLNRN0ow_jcSfwwC0/s1600/criar-up.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5qmSVqUFUlWrmmiyqSRY4A0dgccE6C4pwgZOQYBAUWXNKSrZhYDZddqL0oWxvWDmyKN7Lpy1QXfNnxoBGKiAeBd8Ua0F-uoSYNP11b5gcfxiVw_ymMcdNS9YblHawLNRN0ow_jcSfwwC0/s400/criar-up.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Na terceira reunião, que ocorreu em Goiânia em Novembro de 2012, iniciamos um processo de formulação de campanhas e lutas importantes. Na ocasião, formulamos o eixo de luta pela “Produção de Conhecimento para o povo” e contra o PL 2177 – Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que resultou na primeira cartilha do GTNUP: (disponível em: <a href="http://gtnup.files.wordpress.com/2013/07/cartilha.pdf">http://gtnup.files.wordpress.com/2013/07/cartilha.pdf</a>). Também nessa reunião, deliberamos sobre a importância do envolvimento de cada grupo local de luta pela universidade popular na campanha contra a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Agora, na quarta reunião, pretende-se estender os debates e as lutas para outros campos: democracia universitária e extensão popular. Nesse caminho, de análise e apontamentos concretos para a luta, vamos edificando o movimento por uma universidade popular, que deve ser construído em cada espaço de atuação, seja universitário ou popular. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O método de trabalho do GTNUP tem sido o de debates plurais e horizontais, onde nos orientamos exclusivamente pela via do consenso entre as organizações componentes, entidades e militantes. A unidade do GTNUP é produto de um longo processo de maturação política, na qual uma estratégia comum de disputa da universidade tem sido partilhada pelo mesmo campo político de militantes, organizações e entidades. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Neste espaço buscamos compreender a universidade popular como a estratégia necessária para a reorganização do movimento universitário a nível nacional e a partir da base, ou seja, de “baixo para cima”, direcionando as nossas tarefas imediatas no movimento para o horizonte mais amplo de universidade que consiga romper com o domínio do capital e produza conhecimento com e para o povo brasileiro. Essa compreensão abre possibilidades de acúmulo organizativo e ideológico para o movimento, já que cria a necessidade de travar permanentemente essas lutas em novas formas, com mais fôlego e organização formando um bloco ofensivo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAlgGvDPR6u4CfU52xL0zNw1tQrkfQo7QlDS6qaRbeEirc0JJUUE84blDuB6FnPmxzmJ06y4QW_j_YZX4bdaEuo3hOM_aOGylEVzdAj-vwnYsT8qRPN7QAwTv5MXUdu_4IE0PhFbenNVq/s1600/Foto_-_GTUP.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAlgGvDPR6u4CfU52xL0zNw1tQrkfQo7QlDS6qaRbeEirc0JJUUE84blDuB6FnPmxzmJ06y4QW_j_YZX4bdaEuo3hOM_aOGylEVzdAj-vwnYsT8qRPN7QAwTv5MXUdu_4IE0PhFbenNVq/s1600/Foto_-_GTUP.jpg" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Essa estratégia leva em consideração o entendimento de que hoje lutar pela universidade pública, gratuita e de qualidade se tornou limitado para traçar um horizonte de superação da situação atual. É claro que defender e aprofundar o seu caráter público é fundamental. No entanto, a situação colocada exige que identifiquemos os sujeitos da transformação da universidade – que só se transformará ligada a uma ampla luta social – ou seja, os trabalhadores e os setores populares explorados e oprimidos pelo bloco de poder dominante. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nesta atividade reuniremos estudantes, docentes, servidores técnico-administrativos e movimentos sociais. A programação inicial é a seguinte: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dia 18, sexta-feira: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">18h – Análise de conjuntura e avaliação da nossa articulação. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dia 19, Sábado: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">9h – Democracia e extensão popular. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">14h – Organização interna do GTNUP – carta de princípios. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dia 20, Domingo: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">9h – organização do 2º Seminário Nacional de Universidade Popular </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Todos militantes, organizações, movimentos, entidades, estudantes, professores e técnicos, dispostos a luta e construir o projeto da universidade popular estão mais do que convidados. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Criar, criar, Universidade Popular! </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Grupo de Trabalho Nacional de Universidade Popular</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">FONTE: <a href="http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/42622-grupo-de-trabalho-nacional-de-universidade-popular-reunir-se-%C3%A1-novamente-para-apontar-lutas.html">http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/42622-grupo-de-trabalho-nacional-de-universidade-popular-reunir-se-%C3%A1-novamente-para-apontar-lutas.html</a></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">.</span></span></div>
<hr width="50%" />
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-75962872448745579322013-10-17T10:56:00.004-03:002013-10-17T11:06:24.934-03:00DE DERROTA EM DERROTA<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><b><i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">No batido roteiro do poder constituído, a velha e parte da nova mídia, quando não ficam no mais completo silêncio, trazem sempre o mesmo enredo. Qualquer ato político que saia minimamente do domínio oligárquico “tradicional” será desqualificado </span></span></i></b></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">50 mil pessoas defendendo a educação no Rio e só se fala em quebra-quebra, destruição, “porrada, tiro e bomba”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Pelo que lutavam mesmo? Irrelevante. </span></span></b><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwPGAH9dEJkwobT_VGXKkKcrUHZNYUQ5-CAEuimFHo7eJl-06SDfLRuq_6-ykNonEY9FEOTElOe9_D8kjvO_OCzsMX-rEDz2IS5SjuUASvQA6jCiVq_KtquUxfGaaIBbHm4B2nUvo4Hfqd/s1600/ChargeCabralLatuff.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwPGAH9dEJkwobT_VGXKkKcrUHZNYUQ5-CAEuimFHo7eJl-06SDfLRuq_6-ykNonEY9FEOTElOe9_D8kjvO_OCzsMX-rEDz2IS5SjuUASvQA6jCiVq_KtquUxfGaaIBbHm4B2nUvo4Hfqd/s400/ChargeCabralLatuff.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não interessa que o prefeito tenha ignorado por completo as demandas dos profissionais da educação e ainda que tenha dito que os “<a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1353591-professores-grevistas-nao-sabem-fazer-contas-diz-prefeito-do-rio.shtml">professores não sabem fazer contas</a>“, o importante é o ônibus incendiado, os prédios destruídos e a manifestação-espetáculo dos denominados blocos de preto. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não interessa que, dias antes, a polícia, sob o comando do governo estadual, tenha feito o que mais sabe e tenha <a href="http://www.opovo.com.br/app/opovo/brasil/2013/10/01/noticiasjornalbrasil,3138902/policia-volta-a-reprimir-professores-com-violencia-no-rio-de-janeiro.shtml">reprimido duramente os professores</a>, sem que qualquer “baderneiro” tivesse iniciado o confronto.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> <b>Quem eram mesmo os supostos baderneiros? Irrelevante.</b></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não interessa que não só professores estivessem lá – pois havia bancários, bombeiros, estudantes secundaristas e universitários, além de muitos simpatizantes da justa causa dos profissionais da educação. Até artistas e grupos musicais vieram enriquecer a manifestação. Mas o foco de todas as capas dos jornais é o ônibus em chamas, os vidros quebrados e a destruição. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Qual era a pauta dessa greve mesmo? Irrelevante. </span></span></b><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No batido roteiro do poder constituído, a velha e parte da nova mídia, quando não ficam no mais completo silêncio, trazem sempre o mesmo enredo: arruaceiros, vândalos e marginais estragaram uma manifestação legítima, a festa democrática. Ninguém se lembra do que a imprensa dizia dos grevistas, “agitadores”, sindicalistas – os “comunalhas” de sempre - <a href="http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/no-leilao-da-vale-conflito-entre-manifestantes-policiais-9506139">a destruir a Rio Branco</a> depois da <a href="http://revistaforum.com.br/blog/2013/06/justica-reconhece-fraude-na-privatizacao-da-vale-do-rio-doce/">escandalosa privatização</a> da Vale do Rio Doce em 1997? Não foi o MST taxado em capa de revista como <a href="https://www.google.com.br/search?q=revista+veja+MSt&safe=off&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=zE9VUtmnHouh4APn5YHYCw&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1440&bih=771&dpr=1">baderneiro, raivoso ou coisa pior</a>? Não chamaram o estancieiro João Goulart de “comunista” e “subversivo” apenas por ser um trabalhista tradicional? </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nos discurso do poder constituído, qualquer ato político que saia minimamente do domínio oligárquico “tradicional”, que venha a incomodar o seu poder, será desqualificado. São vândalos, irresponsáveis e desordeiros. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Sempre foi assim. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Se há greve nos ônibus vão mostrar o coitado que não pode chegar no trabalho por causa de uns “sindicalistas egoístas”; se é greve de professor, a manchete é sobre alunos prejudicados por aproveitadores cooptados por sindicatos partidários e tendenciosos e sobre famílias prejudicadas porque o pai ou a mão ou a avó teve de cuidar das crianças que estavam sem aula; se é pela descriminalização das drogas, o tom é de “maconheiros filhos de papai que só querem fumar sua erva em Ipanema sem serem incomodados”; se são camponeses lutando por pequeno espaço para plantar no campo, num país com colossal concentração de terras, não passam de “vagabundos ocupantes”, terroristas invasores; se a manifestação fecha uma rua, vão indubitavelmente enfatizar o “direito de ir e vir” dos outros, colocando que é “ditatorial” fechar ruas em protesto. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Enfim, o posterior “avacalhamento” público, distorção e “manipulação” das manifestações pela mídia (incluindo governo) é, certamente, a única regra que se deve tomar como verdadeira ao se expressar nas ruas. A desqualificação de greves, ocupações, manifestos e claro, protestos violentos ou não, é a principal e mais eficaz arma de desmobilização e desarticulação de qualquer manifestação , independente da causa e do número de manifestantes. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Portanto, se a regra é a desqualificação posterior em massa, algumas considerações fundamentais devem ser feitas quanto à atuação popular em manifestações. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Muitos concordaram que, nos idos de junho, houve de fato a necessidade simbólica de “quebrar tudo” como demonstração clara e evidente de descontentamento com a ordem vigente. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O vandalismo [de junho] representou algo há algumas décadas esquecida por nossa população: “a quebra real do paradigma da “inviolabilidade” do Estado e da – ainda que temporária – quebra do seu monopólio do uso da violência legítima. Quebrou o monopólio da violência de forma política, muito diferente dos Estados Paralelos, formados por traficantes em regiões de fronteira, dentro das grandes cidades que não tem pretensão política e ideológica.” (citado pelo autor em “<a href="http://riorevolta.wordpress.com/2013/07/22/vandalismo-e-ruptura/">Vandalismo e Ruptura</a>”) </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Então, na ocasião, praticamente todos os lados apoiaram e exaltaram as manifestações espontâneas pelo país todo, as quais culminaram nos atos de destruição de 17 e 20 de junho por todo o país, seja a esquerda jovem deslumbrada com o “gostinho” de revolução deixado no ar enfumaçado, seja a direita oportunista de plantão querendo usar o momento para derrubar o atual poder que detesta, passando pelos “coxinhas” apolíticos em geral, inconscientemente nas ruas “contra tudo que está aí” sem saber exatamente o que defendem. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Enfim veio outubro e apresentaram-se fatos diferentes. </span></span></b><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dando sequência ao violento “despejo” dos professores manifestantes que <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/09/29/pm-do-rio-retira-a-forca-professores-que-ocupavam-camara-dois-sao-detidos.htm">ocupavam a Câmara do Rio</a>, ocorreu uma grande manifestação de professores no dia 1 de outubro, também seguida por ação violentíssima dos policiais. No esquema do “<a href="http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/foto-pm-debochando-professores-cassetete-quebrado-causa-revolta.html">foi mal fessor</a>“, a polícia desavergonhada de Sérgio Cabral e Eduardo Paes perdeu o pudor e reprimiu como nunca uma das categorias mais sofridas do país, causando indignação nacional e alimentando o fogo da grande manifestação do dia 7 de outubro, em situação semelhante ao ocorrido em junho, quando da excessiva repressão da PM paulista ao Movimento Passe-Livre.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O fato novo apresentado por essa manifestação do dia 1 de outubro foi a atuação expressiva do bloco negro (black bloc). Como muitos presenciaram, os membros do bloco negro foram fundamentais para segurar a ação policial e desviar a atenção da violenta polícia cabralina, dando tempo para que as inúmeras senhorinhas idosas e mulheres, componentes numerosos e mais frágeis entre os professores manifestantes, fugissem dos cassetetes, nuvens de gás e pólvora causadas – neste dia – exclusivamente pela ação policial. Foi a primeira vez que, visivelmente, o black bloc <a href="http://www.viomundo.com.br/politica/black-blocs-a-origem-da-tatica-que-causa-polemica-na-esquerda.html">remontou a sua origem alemã</a> e colaborou efetivamente com outros núcleos políticos, no caso, o sindicato dos professores, fortalecendo todo o movimento naquela ocasião. Não foi por acaso que, após o dia 1° de outubro, os professores e boa parte da esquerda tenham passado a defendê-los publicamente. “Black bloc é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo” era um grito que se ouvia no dia 7.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mas 50 mil pessoas foram às ruas e só se fala em destruição. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Dia 7 de outubro, segunda-feira chuvosa no Rio de Janeiro. A manifestação foi incrível. A pauta específica era o repúdio ao plano de carreira da educação do Eduardo Paes, mas a pauta geral era a melhoria da educação brasileira. Milhares de pessoas, entre professores, bombeiros, artistas, bancários, universitários, secundaristas e simpatizantes. Milhares de mensagens, faixas, cartazes, gritos e cantoria em protestos variados em torno da educação. Até mesmo a UNE-UBES e o PCdoB superaram sua agorafobia adquirida nos últimos anos e estavam lá com suas solitárias bandeiras a engrossar o caldo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">E então, após belíssima marcha pela Avenida Rio Branco, chega-se à Cinelândia. Vale notar que, lembrando muito o evento do dia 17 de junho, a ausência de policiamento efetivo para uma manifestação daquele tamanho só fez crescer a confiança da linha de frente, aumentando a suspeita da tática “terra arrasada” por parte da PM. Certo tempo de gritaria e protesto em frente à Casa do Povo e começa o ritual destrutivo do fronte exaltado e juvenil. Rojões e malvinas contra bancos e, claro, contra a própria Câmara. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No fundo não importa muito quem começou, pois o enredo seria o mesmo, já conhecido de todos. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Que tenha sido um revide, um ataque preemptivo ou uma reação espontânea, a linha de frente das manifestações de sua parte, fez chover bombas, rojões, malvinas, pedras, artefatos caseiros, molotovs e tudo mais que a ritualística de confronto com a polícia tem apresentado. Os dois lados, cedo ou tarde, estavam bem agressivos, e não demorou para que a polícia, mesmo pouco numerosa, avançasse gradativamente na “retomada do território”. Então, em meia hora, a grande manifestação foi dispersada, e surgiram pequenos focos resistentes e radicais espalhados pelo Centro e adjacências. O grosso restante, com suas bandeiras e faixas, voltava para casa sob fortíssima chuva. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Porém, independente dos sentimentos sobre o bloco negro ou até mesmo da justeza de algumas suas práticas – parafraseando Brecht, “O que é uma vidraça de banco diante da criação de um banco?” -, é difícil negar que o “ritual destrutivo” ofensivo, como apresentado no dia 7 de outubro, esteja claramente servindo mais para reforçar o esvaziamento completo das manifestações, especialmente no sentido ideológico-propagandístico, do que para disseminar qualquer apelo por mudanças ou mesmo para angariar mais simpatizantes. A julgar pela capa da maioria dos jornais, pelos editoriais, pelas opiniões propagadas e repercutidas aos montes nas ruas e redes sociais, a velha fórmula de desqualificação já está a pleno vapor. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Como disse <a href="http://www.viomundo.com.br/denuncias/marcio-saraiva-sem-querer-black-bloc-ajuda-direita-antidemocratica.html">Márcio Saraiva</a>: “[e]xiste algo que foge ao nosso controle. A ciência política chama de consequências não-intencionais de uma ação racional. Em outras palavras, a ação é racionalmente correta, lógica, tem um sentido A, mas sem desejar, acaba alcançando um objetivo não desejado que é Y.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Assim, por mais que seja plenamente justificável e até louvável que parte não ignorável da população esteja reagindo agressivamente à opressão cotidiana e violenta do Rio de Janeiro, dando um “basta” real e contundente – e não apenas uma abracinho na Lagoa -, as consequências do basta podem ser desastrosas no médio e longo prazo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">50 mil na rua e só se fala em “vandalismo e depredação”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Seja pelas muitas testemunhas que viram com receio a ação direta dos black blocs mais como “ataque” do que como “revide” contra a repressão da polícia; ou, ainda mais importante, seja pelo evidente enfoque que todo o aparato midiático e governista já está dando na desqualificação das manifestações em “vandalismo”, buscando uma vitimização da polícia e do governo local, a ação violenta dos black blocs e simpatizantes está produzindo exatamente os resultados previstos no enredo tradicional: esvaziamento das pautas e a criminalização das manifestações radicais. E seria bastante ingênuo subestimar o poder de formação de consenso do aparelho midiático alinhado ao aparelho estatal aliado. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">É fundamental lembrar que, tão ou mais importante do que o fato em si, é como o fato é interpretado e repercutido pelos agentes do seu tempo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Sem uma base ideológica e propagandística e sem objetivos claros, a violência simbólica da destruição disruptiva, será capturada por quem bem conseguir fazê-lo, dando-lhe o caráter que quiser, positivo ou negativo. E, em geral, infelizmente será usada para os fins mais retrógrados possíveis. Enquanto voam pedras e foguetinhos contra a polícia, retornam porrada, tiro e bomba. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Se vão ao chão agências bancárias, pontos de ônibus e latas de lixo, o que retorna são leis anti-terrorismo, prisões arbitrárias, presunção de culpa e <a href="http://br.noticias.yahoo.com/aplica%C3%A7%C3%A3o-lei-seguran%C3%A7a-nacional-protestos-%C3%A9-anacr%C3%B4nica-afirma-233754673.html">Lei de Segurança Nacional</a>. Sem saber exatamente o que se pretende construir, a destruição pode apenas abrir caminho para outros que sabem exatamente o que querem e não terão escrúpulos em usar todos os agentes possíveis para seu fim. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Kp2VjLTIO6DlVoijfrhLEOyz-bj9pKzIVuHS5hlzz1kT1Eq99RMHlF5jLD0EMcLr1rnHgsaYF-ZZnGYvNE5Kl8VsMVa8_KP7QO1VE8GoLt3gC7rrOA3Vj58yCANPkNykTHj15Q7_9wsL/s1600/carlos-latuff_eduardo-paes-e-sergio-cabral-filho_educacao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Kp2VjLTIO6DlVoijfrhLEOyz-bj9pKzIVuHS5hlzz1kT1Eq99RMHlF5jLD0EMcLr1rnHgsaYF-ZZnGYvNE5Kl8VsMVa8_KP7QO1VE8GoLt3gC7rrOA3Vj58yCANPkNykTHj15Q7_9wsL/s640/carlos-latuff_eduardo-paes-e-sergio-cabral-filho_educacao.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Além disso, do ponto de vista do confronto em si, é importante lembrar o estrategista Sun Tsu: se nossos adversários e inimigos vêm com verdadeiros exércitos armados, cães e bombas, enquanto nós só temos palavras de ordem, fogos de artifício e muita disposição, nós já perdemos essa batalha. A arma da crítica não supera a crítica das armas, diria outro. Nesse cenário, mesmo que se soubesse exatamente o que fazer depois, é impossível tomar à força a Câmara ou a ALERJ, quiçá o Palácio do Planalto ou qualquer símbolo de comando do governo. Não há a remota possibilidade de isso ocorrer no contexto atual. Além do mais, cabe questionar se isso é desejado: destruir os símbolso de poder, como tomar os espaços de poder, sem um projeto do que ou quem colocar no seu lugar resulta num empreendimento estéril e sem sentido, que somente pavimenta, como dito, o caminho para aqueles que realmente têm um projeto e sabem onde querem chegar. Isso porque nem tem sido necessário ao Estado usar bala de verdade como ocorreu na Turquia e ocorre no Egito. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No contexto atual, a única possibilidade de vitória é a simbólica. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Por vitória simbólica compreende-se principalmente, o constrangimento público e a desmoralização das “verdades do poder constituído” como parte de um processo de tomada de consciência e educação política da população que, envergonhada de sua passividade, (re)descobre sua voz e constrói sua contra-hemegonia em relação ao poder que a domina. O “constrangimento educativo” e a desmoralização aparecem ao tornar evidentes algumas grandes contradições inerentes ao sistema capitalista que se pretende democrático e plural e forçam seus agentes a tomar medidas claramente antagônicas à sua imagem pública. Isto é, os agentes, constrangidos, são levados a tomar medidas claramente anti-constitucionais, a cometer rudezas jurídicas, a fazer apologia à repressão excessiva em plena democracia, a agir com autoritarismo em nome da “liberdade” e claro, a escancarar a promiscuidade das relações entre poder político e poder econômico, como ficou evidente no alinhamento da grande mídia com o governo Cabral-Paes e, claro, no vergonhoso desfecho da CPI dos Ônibus, mostrando que realmente o “<a href="http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/09/capitalismo-democracia.html">Estado não passa de um comitê de negócios da classe dominante</a>”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Por fim, se bater em professores indefesos é um desastre político, como foi e ninguém em sã consciência política apoiaria a prática, bater em professores que dão suporte a “vândalos e baderneiros” é uma história completamente diferente. A deslegitimação específica dos black blocs busca, na verdade, esvaziar o geral das manifestações e, ao mesmo tempo, dar legitimidade à repressão indiscriminada, de “pacíficos ou não”. Assim, é fundamental que a posição violenta das manifestações surja sempre como revide, como resposta e, jamais, como ataque, como assalto e afronta planejada ao poder constituído, caso contrário acaba por esvaziar a manifestação, esconder as reivindicações e as pautas em fumaça e fogo. Elas não parecem constranger o real agressor, ao contrário, lhe dão motivos públicos suficientes para justificar a repressão que o poder queria desde o início. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No nosso contexto, portanto, a vitória simbólica é erguida em geral a partir de uma derrota física; se constrói ao fazer com que o poder constituído atue contra a opinião da população e contra sua própria opinião como poder representativo do povo, gerando mais e mais insatisfação e escancarando mais e mais contradições inerentes ao “capitalismo democrático”. O constrangimento público enfim, deslegitima o poder constituído e fortalece os seus antagonistas, reforça o ímpeto dos radicais, radicaliza os moderados e os “simpáticos à causa”, por fim, força a todos à politização, incluindo os “indiferentes” e “alienados”, algo que, justamente com a educação universal e séria (motivo das manifestações em questão), formam passos fundamentais para a conscientização da população e posição social no conflito de classes. Relembrando o velho chinês: “De derrota em derrota até a vitória final”.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">*Leandro Dias é formado em História pela UFF e editor do blog <a href="http://riorevolta.wordpress.com/">Rio Revolta</a>. Escreve quinzenalmente para <a href="http://www.pragmatismopolitico.com.br/">Pragmatismo Politico</a>. (riorevolta@gmail.com)</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte:<a href="http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/derrota-derrota.html"> http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/derrota-derrota.html </a></span></span></div>
<br />KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-80486035162493740632013-10-16T16:58:00.000-03:002013-10-16T16:58:08.005-03:00O Estado e a violência<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie4fhiNNdnPHPXs_-40dUdDKrCLyWo1bJB_WazHawWOzTXsTsj2vi8s6Vpbxo9Ov6BYKWcR8egIgWUwq7uYEQTtBGPTdmkqphHlyG_nYa057M1iwVvRWO4SVYJwAwrGWB20545n8lyJT_t/s1600/Mauro+iasai.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie4fhiNNdnPHPXs_-40dUdDKrCLyWo1bJB_WazHawWOzTXsTsj2vi8s6Vpbxo9Ov6BYKWcR8egIgWUwq7uYEQTtBGPTdmkqphHlyG_nYa057M1iwVvRWO4SVYJwAwrGWB20545n8lyJT_t/s400/Mauro+iasai.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Por <a href="http://blogdaboitempo.com.br/category/colunas/mauro-iasi/">Mauro Iasi</a>. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<i><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“Nosso objetivo final é a supressão do Estado,</span></span><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> isto é, de toda a violência, organizada e sistemática, </span></span><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> de toda coação sobre os homens em geral”</span></span><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Lenin </span></span></b></i><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A maior de todas as violências do Estado é o próprio Estado. Ele é, antes de tudo, uma força que sai da sociedade e se volta contra ela como um poder estranho que a subjuga, um poder que é obrigado a se revestir de aparatos armados, de prisões e de um ordenamento jurídico que legitime a opressão de uma classe sobre outra. Nas palavras de Engels é a confissão de que a sociedade se meteu em um antagonismo inconciliável do qual não pode se livrar, daí uma força que se coloque aparentemente acima da sociedade para manter tal conflito nos limites da ordem. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A ideologia com a qual o Estado oculta seu próprio fundamento inverte este pressuposto e o apresenta como o espaço que torna possível a conciliação dos interesses que na sociedade civil burguesa são inconciliáveis. A contradição existe no corpo da sociedade dividida por interesses particulares e individuais, enquanto o Estado, ao gosto de Hegel, seria o momento ético-politico, a genericidade como síntese da multiplicidade dos interesses. A este momento político universal se contrapõe o dissenso, a rebeldia, o desvio e este deve ser contido nos limites da ordem, do que resulta que todo Estado é o exercício sistemático da violência tornada legítima. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Desde Maquiavel que a teoria política moderna sabe que a violência não pode ser o instrumento exclusivo do Estado, o uso adequado da violência (para Maquiavel aquele que atinge o objetivo de conquistar e manter o Estado) deve ser combinado com as formas de apresentá-lo como legítimo, o que nos leva à síntese entre os momentos de coerção e consenso, a famosa metáfora maquiaveliana do leão e da raposa. Poderíamos dizer que a violência só é eficaz quando envolvida por formas de legitimação da mesma forma que os instrumentos de consenso pressupõem e exigem formas organizadas de violência. O leão e a raposa são igualmente predadores, suas táticas é que diferem. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A separação entre violência e consentimento, entre coerção e consenso, serve às vestes ideológicas que procuram apresentar o Estado como uma função necessária e incontornável da sociabilidade humana. Nesta leitura ideológica, uma vez constituída a sociabilidade sobre as formas consensuais expressas no ordenamento jurídico, nas normas morais e imperativos éticos aceitos e compartilhados, a violência fica como uma espécie de reserva de segurança para conter os casos desviantes. Assim, a violência é apresentada como exceção e o consentimento como cotidianidade. O Estado é a garantia que a violência será coibida. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nada mais enganador. A violência é resultante da contradição inconciliável que fundamenta nossa sociabilidade e portanto ela é cotidiana, onipresente e inevitável. Ainda que disfarçada de formas não explícitas como nos consensuais procedimentos legais e fundamentos jurídicos, como valores morais ou formas aceitas de ser e comportar-se. Até Durkheim sabia disso quando afirmava que as formas de ser, agir e pensar são impostas coercitivamente e se não percebemos esta coerção nas formas cristalizadas como hábitos não é porque ela não exista, mas porque já foi realizada com eficiência. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mesmo a violência explícita é cotidiana. Ela é explícita e invisível, se mostra para ocultar-se. No preconceito que segrega, na miséria que aparta, na polícia que prende, tortura e mata, na moradia que se afasta, nas portas que se fecham, nos olhares que se desviam. Na etiqueta de preço nas coisas feitas em mercadorias que proíbem o acesso ao valor de uso, no mercado de carne humana barata na orgia de valorização do valor, sangue que faz o corpo do capital manter-se vivo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mas ela também é explícita e visível. No tapa da cara do trabalhador na favela dado por um homem de farda e armado. Na fila de cara para o muro sendo apalpados, nos flagrantes forjados ou não, no saco de plástico na cabeça, na porrada, no chute na cara, no choque nos testículos. Na cabeça para baixo, olhos para o chão, mãos na cabeça, coração acelerado. Na humilhação de ser jogado no camburão, na delegacia, como carga de corpos violentados nos presídios, longe de direitos e mesmo de procedimentos elementares, muito longe de recursos e embargos infringentes. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Um doente aidético, chora em sua cama na enfermaria do antigo presídio do Carandiru e atrapalha o sono do agente penitenciário. É espancado em sua cama com um cano de ferro. O cano da arma na boca da criança que dorme nos degraus da igreja na Candelária. O viciado arrastado à força para o “tratamento”. O louco impregnado de medicamentos. A família que vê o trator derrubar sua casa na remoção para viabilizar a Copa do Mundo de futebol. A mãe que reconhece o corpo de seu filho assassinado no mato e ouve do delegado para deixar quieto e não fazer ocorrência. Ela parou de falar, obedeceu. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mas haveria uma ligação entre esta violência dispersa e multifacetada e o Estado como garantia da ordem burguesa? O Estado parece deixar-se distante disso tudo. Certo que são seus agentes que operam esta violência cotidiana, mas o Estado trata, como cabe a uma universalidade abstrata, de abstrações. Ele traça os planos, as metas, as políticas. Ele elabora o PRONASI, um programa nacional de segurança e cidadania, no qual os objetivos são moralmente aceitos, os meios os melhores e as intenções louváveis, mas os corpos começam a aparecer nas UPPs. O prefeito chora em Copacabana quando o Rio é escolhido para sediar o grande evento esportivo e o trator começa a derrubar casas. A presidente aprova a usina hidroelétrica e as árvores e índios começam a perder seus espíritos e raízes. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Há três anos, depois do primeiro turno das eleições nas quais o PT apoiou a candidatura de Sérgio Cabral ao governo do Rio de Janeiro, Lula discursando na inauguração de uma plataforma de petróleo da Petrobras em Angra disse: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“O Rio de Janeiro não aparece mais nas primeiras páginas dos jornais pela bandidagem. O governo fez da favela do Rio um lugar de paz. Antes, o povo tinha medo da polícia, que só subia para bater. Agora a polícia bate em quem tem que bater, protege o cidadão, leva cultura, educação e decência”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Três anos depois um pedreiro sai de um boteco na Rocinha “pacificada”. É abordado pela polícia militar e levado para averiguações na sede da UPP. Sua cabeça é coberta por um saco plástico, é espancado e toma choques. Epilético, não resiste e morre. Os policiais desaparecem com o corpo. Dez policiais são indicados pelo crime, o governador Cabral e o secretário de segurança Beltrame não estão entre eles. O Estado no seu reino de metafísico está protegido pela muralha da universalidade abstrata, no cotidiano da sociedade civil burguesa onde se estraçalham as particularidades pode-se sempre acusar o erro humano, o desvio de conduta, a corrupção. O Estado então promove seu ritual de encobrimento: vai ser aberta uma sindicância e serão feitas averiguações. Evidente que os dez acusados ou suspeitos não serão sequestrados, suas cabeças enviadas em sacos plásticos e seus corpos desaparecidos. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Na abstração dos direitos somos todos somos iguais. Na particularidade viva da sociedade burguesa somos pobres, pretos, favelados, facilmente identificados para receber práticas discriminatórias em nome da ordem a ser mantida. Ordem e tranquilidade. Na ordem garantida os negócios e acordos são garantidos sem sobressaltos, a acumulação de capitais encontra os meios de se reproduzir com taxas adequadas, o Estado é saneado financeiramente destruindo as políticas públicas e garantindo a transferência do fundo público para a prioridade privatista. A ordem garante que a exploração que fundamenta nossa sociabilidade se dê com tranquilidade. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No entanto as contradições desta ordem, por vezes, explodem em rebeldia e enfrentamentos. Não apenas como nos protestos que presenciamos desde junho, mas também por pequenas explosões e caóticas resistências que vão desde o enlouquecimento e a miserabilidade que se torna incomodamente visível, até o crime. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Professores, universitários do ensino público federal ou da rede estadual e municipal de ensino, que resolvem não aceitar a imposição de um plano de carreira; jovens que se recusam a pagar o aumento das passagens, mulheres exibindo seus seios e jovens se beijando, escudos, vinagres e máscaras; são apenas a expressão mais contundente e parcial da contradição (esperamos ainda que despertem metalúrgicos, petroleiros e outros). Além destas manifestações já estavam lá no corpo doente da cidade, os bolsões de miséria, as favelas, as famílias destruídas, os jovens sem futuro acendendo seus isqueiros para iluminar um segundo de alegria. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O Estado é a trincheira de proteção estratégica da ordem da propriedade privada e da acumulação privada da riqueza socialmente produzida. No centro desta zona estratégica está a classe dominante, a grande burguesia monopolista dona de fábricas, bancos, empresas de transporte, controlando o comércio interno e externo, o agronegócio, as indústrias farmacêuticas e das empresas de saúde, etc. São cerca de 124 pessoas que controlam mais de 12% do PIB do Brasil, os 10% mais ricos que acumulam 72,4% de toda a riqueza produzida. Em seu entorno estão seus funcionários, um exército de burocratas, políticos, técnicos e serviçais de toda ordem que erguem em defesa deste círculo estratégico de uma minoria plutocrata as esferas do poder público e seus aparatos privados de hegemonia. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Na forma de um terceiro círculo de defesa, mas que se articula a este segundo, está um exército de funcionários que executam o trabalho (limpo ou sujo) de manutenção da ordem. Como extrato baixo da burocracia Estatal não compartilha dos altos salários e benesses do segundo círculo, mas isso não os faz diretamente membros da classe trabalhadora por receberem baixos salários e terem que trabalhar e viver nas condições de nossa classe. O ato de um policial militar que estapeia o rosto de um trabalhador na favela é o ato pelo qual ele abdica de sua condição de classe, se alia aos nossos algozes e se torna nosso inimigo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Contraditoriamente, o ato pelo qual uma corporação, como os bombeiros, se levanta em greve por condições de trabalho e salários, é o ato pelo qual rompe com seus chefes e busca aliar-se a sua classe para constituí-la enquanto classe. “O bombeiro é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo”, gritam os trabalhadores que lhes abrem os braços com a infinita solidariedade que constitui a liga sólida que nos faz classe. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Um taxista pega um grupo de professores e pergunta se eles estavam na manifestação contra o Prefeito Eduardo Paes e seus planos de carreira. Diante da resposta positiva o taxista diz: “então não vou cobrar esta corrida, fica como contribuição para a luta de vocês”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O Estado precisa reprimir e criminalizar toda e qualquer dissidência pelo simples motivo de que por qualquer pequena rachadura da ordem pode brotar a imensa torrente que nos unirá contra a ordem que o Estado garante. Ainda que muitos de nós ainda não saibamos disso, o Estado e a classe que ele representa sabem. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A ridícula minoria de exploradores e os círculos de defesa que se formam em torno deles, está cercado por nós, a maioria. Primeiro pelos trabalhadores recrutados pelo capital para valorizar o valor, depois um enorme contingente de trabalhadores que garantem as condições indiretas de produção e reprodução da força de trabalho e logo em seguida pela massa de uma superpopulação relativa cujo papel e pressionar os salários para baixo para manter a saúde da acumulação de capitais. Por isso eles estão armados até os dentes, por isso tem tanto medo de nós. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fica evidente o motivo pelo qual a classe dominante precisa do Estado, a grande pergunta é: para que nós precisamos do Estado? </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A justificativa ideológica quer nos fazer crer que a complexidade da sociedade contemporânea exige um grau de planejamento, técnica, procedimentos sem os quais seria impossível a vida em sociedade e mergulharíamos no caos da guerra de todos contra todos. Ora, como diria Einstein: defina caos! Estamos mergulhados na guerra da burguesia monopolista e imperialista contra todos! Brecht já dizia em seus poemas sobre a dificuldade de governar: “Todos os dias os ministros dizem ao povo como é difícil governar. Sem os ministros o trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima. Nem um pedaço de carvão sairia das minas.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Quem somos nós e porque precisamos deles? Somos trabalhadores, sabemos plantar alimentos, construir casas, fazer roupas e meios de transporte, calçados e todos os tipos de ferramentas, ensinamos e cuidamos de nossa saúde, e como não somos de ferro fazemos músicas e poemas, trazemos a vida para telas e palcos, damos forma ao mármore e ao bronze, nos olhamos e nos apaixonamos e temos filhos tão humanos, tão humanos que carregam a vã esperança de que podemos ser melhores. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Mas isso é utópico, a natureza humana… a natureza humana! Nos gritam os ideólogos. Temos contradições, é verdade. Nós brigamos, divergimos, conhecemos a maldade e os canalhas de toda a espécie. A ordem da propriedade e da mercadoria e o poder que inevitavelmente a ela se acopla transformam nossas contradições em contradições inconciliáveis e criam formas de poder que consolidam uma ordem de exploração. Não querermos abolir as contradições queremos desvesti-las da forma histórica da propriedade e vivê-las humanamente. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Quando tivermos superado esta ordem e um trabalhador hipoteticamente encontrar em um banco de praça o Cabral e o Paes, despidos de toda a autoridade de seus cargos, nus de todo poder com o qual a ordem do capital os ungiu, vai colocar a mão no ombro deles e dizer: “vocês são uns bostas, canalhas mesmo, minha vontade é chamar aquele meu amigo black bloc e te encher de porrada… mas eles não batem em gente, só em coisas. O lanche é as 16 horas e a festa as 20 horas lá na praia, passa lá para a gente vaiar vocês… pelos maus tempos”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">É lógico que eles e seus patrões verdadeiros não vão permitir que isso aconteça, por isso temos que nos constituir como um poder tão grande e definitivo que ninguém possa questionar. Destruir o Estado da Burguesia e construir o Estado dos Trabalhadores que prepare as condições para superar as contradições que exigem um poder separado da sociedade até que consigamos eliminar as classes e constituir uma sociedade sem Estado, autogovernada. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Não precisamos deles (podemos começar fechando o Senado que não vai fazer falta). Não é possível que não possamos fazer melhor que esta porra que está aí. Vai do nosso jeito… nosso porto, por exemplo, pode não ser um “porto maravilha”, porque maravilha para eles é esta cidade horrorosa, desigual e injusta cheia de prédios enormes de cimento e vidro e vazios por dentro à noite, cemitérios com seus túmulos sem ninguém que os habite. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nosso porto teria casas, algumas modestas com o reboco por consertar e a pintura gasta, com janelas abertas e dentro delas pessoas que as fazem humanas. De lá sairiam crianças alegres, saudáveis e alimentadas, indo para as escolas, parques e museus, e nós sairíamos para o trabalho para fazer todas as coisas que sabemos e a noite voltaríamos para nossas casas e cada um trabalharia de acordo com sua capacidade e receberia de acordo com sua necessidade. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nós chamamos isso de comunismo, porque somos comunistas. Chamem do que quiser: socialismo, sociedade libertária, anarquismo, plena democracia… não importa, não somos fetichistas das palavras. Queremos apenas, e conquistamos este direito, participar da luta por ela e em sua construção. Afinal, é isso que nós comunistas fazemos… a mais de 160 anos. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Até quando o mundo será governado pelos tiranos?</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Até quando nos oprimirão com suas mãos cobertas de sangue?</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Até quando se lançarão povos contra povos numa terrível matança?</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> Até quando haveremos de suportá-los? </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Bertolt Brecht </span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><b><br /></b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><b>Mauro Luis Iasi</b> é um dos colaboradores do livro de intervenção <a href="http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/350#.Ulxbs1Ckqjg">Cidades Rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil</a>, organizado pela Boitempo. Com textos de David Harvey, Slavoj Žižek, Mike Davis, Ruy Braga, Ermínia Maricato entre outros. Confira, abaixo, o debate de lançamento do livro no Rio de Janeiro, com os autores Carlos Vainer, Mauro Iasi, Felipe Brito e Pedro Rocha de Oliveira:</span></span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-52540981581910081002013-10-12T17:18:00.001-03:002013-10-12T17:18:44.134-03:00Educação sob o domínio do capital. Estrangeiro<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQx_fsz-WyfGOawCfTfzdM00-9hyphenhyphenvghe7GlO0ocepmIDLsKBXZ45d9LPYtTtzLsprOcdGDeEgh4C5N-bFBP3SlGHeUJ9irv41PiVji_Bw6qTj1AEogh9yHPGnO8M1rQ1cAw7jGA86-YVlF/s1600/ESCOLA+N%C3%83O+%C3%89+FABRICA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQx_fsz-WyfGOawCfTfzdM00-9hyphenhyphenvghe7GlO0ocepmIDLsKBXZ45d9LPYtTtzLsprOcdGDeEgh4C5N-bFBP3SlGHeUJ9irv41PiVji_Bw6qTj1AEogh9yHPGnO8M1rQ1cAw7jGA86-YVlF/s400/ESCOLA+N%C3%83O+%C3%89+FABRICA.jpg" width="326" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ensino superior privado no Brasil apresenta cenário de concentração e domínio de investimentos de fundos internacionais. Como isso pode influenciar a qualidade da educação? </span></span></b><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><b><i><br /><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Por Felipe Rousselet e Glauco Faria</span></span></i></b><br />
<br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No dia 22 de abril deste ano, foi anunciada a fusão das empresas Kroton Educacional S.A. e Anhanguera Educacional, uma transação que resultou em uma companhia cujo valor de mercado é estimado em R$ 14,1 bilhões. No total, o grupo passa a contar com 800 unidades de ensino superior e 810 escolas privadas associadas à educação básica, distribuídas em todos os estados do Brasil. Ainda que a efetivação da negociação esteja condicionada à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), trata-se de uma sinalização forte de uma mudança que vem ocorrendo há alguns anos no ensino superior brasileiro, com a financeirização, movida pelo capital estrangeiro, exercendo um papel relevante nesta nova etapa de concentração das empresas do setor educacional no Brasil. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A criação da companhia foi divulgada alguns dias depois de o Cade ter autorizado a aquisição da Unifec, controladora da Universidade do Grande ABC, pela Anhanguera, anunciada em 2011. Dois anos antes, o<b> fundo estadunidense Advent International</b> havia comprado 28% da Kroton, que depois adquiriu a Iuni Educacional. Uma engenharia sofisticada que resultou na formação daquele que é considerado hoje<b> o maior conglomerado da área educacional do mundo.</b> O modelo societário da nova empresa, a Kroton Educacional, estabelece que, dos 24,1% de ações do bloco de controle, 57,48% ficarão a cargo da Kroton, e 42,52% com os acionistas da Anhanguera. Já os demais 75,9% do capital serão pulverizados no mercado. Rodrigo Galindo, atual presidente da Kroton, continuará à frente da nova companhia, enquanto Gabriel Mário Rodrigues, fundador da Universidade Anhembi Morumbi e presidente do Conselho de Administração da rede de universidades Anhanguera, será o chefe deste conselho. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“A Kroton tem por origem o Pitágoras, de Minas Gerais, e depois se juntou com o grupo Iuni, do Brasil central, e constituiu este aglomerado que se chamou Kroton <b>e que tem um fundo de capital estrangeiro que injeta dinheiro e abriu as ações para o mercado internacional”</b>, conta Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo. “A Anhanguera começou com um conjunto de faculdades isoladas, que tinham esse nome exatamente porque se localizavam nas cidades ao longo da rodovia Anhanguera. Também, a partir daí, foi organizada financeiramente pelo banco Pátria, e no momento de abrir o capital, rodaram o mundo captando dinheiro de vários lugares. Então, na verdade, o que existe nesse cenário é a inserção de capital estrangeiro nesses grupos multinacionais, abertos ou fechados.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">As mudanças na educação superior ganharam força após a redemocratização, em especial depois da promulgação da constituição de 1988, que disciplinou o princípio de autonomia universitária, criando um instrumento importante para as instituições privadas que era a possibilidade de não estar sob a guarda do controle burocrático do antigo Conselho Federal de Educação (CFE), principalmente em relação à criação e extinção de cursos nas sedes e ao remanejamento do número de vagas oferecidas, conforme lembra Helena Sampaio, antropóloga e professora da Faculdade de Educação da Unicamp, no artigo “O setor privado de ensino superior no Brasil: continuidades e transformações”, publicado na Revista Ensino Superior Unicamp. “Essa prerrogativa permitiu à iniciativa privada responder de forma mais rápida ao atendimento da demanda. Entre 1985 e 1996, o número de universidades privadas mais do que triplicou (de 20 para 64), evidenciando a percepção do setor de que instituições maiores e autônomas, com uma oferta mais diversificada de cursos, teriam vantagens competitivas na disputa da clientela em um mercado estagnado”, diz. “Consistentemente, à medida que o número de universidades particulares crescia, o de estabelecimentos isolados diminuía, evidenciando processos de fusão e/ou incorporação de instituições no setor.”</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Assim, houve um movimento que combinou a interiorização das faculdades, com uma capilaridade maior, com a diversificação da oferta de cursos. Mas a normatização que seria crucial para que o ensino superior se transformasse foi o artigo 1º do Decreto 2.306, de agosto de 1997. “Esse artigo dispõe que as entidades mantenedoras poderão assumir qualquer das formas admitidas em direito, de natureza civil e comercial, e quando constituídas como fundações serão regidas pelo Código Civil Brasileiro (art. 24). Ou seja, o artigo permitia às entidades mantenedoras das instituições de ensino superior alterar seus estatutos, escolhendo assumir natureza civil ou comercial”, ressalta Helena em seu artigo. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Antes desse momento de transformações da legislação da área, que também envolveu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1996, as instituições de ensino superior (IES) só podiam existir desprovidas da figura do proprietário, como associações ou fundações. À época, surgiu a possibilidade de poderem captar recursos abrindo seu capital na bolsa de valores. “Desde então, para que a instituição se transforme em sociedade anônima ou limitada, é suficiente que os sócios se reúnam em assembleia e a proposta para a formação da sociedade com fins lucrativos receba a maioria dos votos. Para abrir o capital na bolsa de valores, é necessário que a instituição tenha fins lucrativos, disponha dos três últimos balanços financeiros auditados por empresas credenciadas e tenha um plano de negócios”, explicam Manolita Correia Lima e Fabio Betioli Contel, no livro Internacionalização da Educação Superior (Alameda Casa Editorial). “Até 2007, quatro grupos privados tinham conseguido abrir o respectivo capital no mercado financeiro: Anhanguera Educacional, Kroton, Estácio Participações e o grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro).” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em relação aos três primeiros grupos, o professor de Economia e Finanças Amaury José Alves Aranha explicou, em artigo publicado na página eletrônica da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) no mês de abril (antes do anúncio da fusão da Kroton e Anhanguera), como conseguiram chegar a uma posição de destaque dentro do mercado, reforçando ainda mais a concentração econômica da área. “Foi através das operações de IPO – Initial Public Offering (traduzindo: “emissão pública de ação”), que também é denominado de “mercado primário”, que as empresas captaram expressivos recursos monetários junto ao mercado para posteriores aplicações em seus objetivos de investimentos e/ou expansão. As três instituições de ensino aqui citadas realizaram, além das emissões primárias, as operações de underwriting [emissão de debentures] e captaram milhões de reais que possibilitaram significativa expansão, com aquisição de diversas faculdades em diversas regiões do Brasil e possibilitaram faturamentos bilionários e polpudos lucros.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Aranha segue destacando o crescimento que tais operações permitiram. “O faturamento das três empresas é significativo e elas apresentaram crescimentos nominais em relação ao exercício encerrado em 31/12/2011. A Kroton foi de 91,5 %, quase dobrando a ROL – Receita Operacional Líquida em relação ao ano anterior. A Anhanguera, que vem apresentando bons crescimentos ano a ano, manteve bons níveis de evolução em 2012 em relação ao ano anterior, crescendo 30,4%. A Estácio foi a que apresentou menor crescimento, mas mesmo assim foi de 20,4%. Poucos negócios apresentam tais níveis anuais de expansão econômica, ainda mais considerando um ano em que o crescimento da economia foi ínfimo e inclusive com o Produto Interno Bruto tendo sido batizado de ‘pibinho’.” Isso possibilitou que as empresas continuassem aumentado seu ritmo de aquisições. “O ponto de maior destaque foi a continuidade de aquisição de novas IES pelas empresas educacionais, o que, mais que a expansão do ROL, incentivou a expansão dos ‘lucros’. A Kroton apresentou um crescimento substancial e atingiu 446% em relação a 2011. A Anhanguera atingiu 261%. A Estácio foi a de menor crescimento, mas mesmo assim cresceu 56,3%, mais que proporcionalmente ao seu ROL, que foi apresentado acima com um crescimento de 20,4%”, explica Aranha. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O poder dos fundos </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em todo esse processo de financeirização, um novo tipo de ator surgiu e passou ter voz e vez no mercado educacional: os fundos de investimento. Eles são os protagonistas dessas grandes movimentações no setor e representam a entrada de capital e também de ingerência estrangeira. Esse processo foi iniciado antes mesmo da entrada dos grupos na bolsa de valores, mais precisamente em 2006, quando a estadunidense Laureate International, controlada pelo fundo KKR, comprou a Anhembi Morumbi. Hoje, a Estácio de Sá é administrada também por um fundo, o GP; a Anhanguera, pelo banco Pátria; a Kroton, pela Advent International. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Na composição da nova companhia Kroton/Anhanguera, os fundos Advent e Pátria, já presentes no comando dos grupos atuais, continuarão à frente. Esse protagonismo e a internacionalização não se restringem apenas à área do ensino privado em universidades e escolas, alcançando também a produção de material didático. Em agosto de 2012, a Buffalo Investimentos passou a ter o controle da produção de apostilas e treinamento docente do Universitário e, no mesmo mês, os britânicos da Pearson, o maior grupo editorial do mundo, que tem publicações como a The Economist, adquiriu, em julho de 2010, os sistemas de ensino COC, Pueri Domus e Dom Bosco, que pertenciam ao Sistema Educacional Brasileiro (SEB). </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em entrevista ao portal IG, Gabriel Mário Rodrigues, sócio da Anhanguera e tido como principal articulador da fusão, explicava em linhas gerais o papel dos fundos. “[Hoje] não tem mais dono de empresas. A tendência é não ter mais donos. Os donos são os fundos de pensão e os fundos de private equity feitos pelos bancos”, pontuou. “Um fundo promete determinado resultado para o investidor e, quando ele faz um aporte na empresa, exige que esse resultado possa acontecer. Vai ter sempre a questão de como possibilitar ter um bom produto educacional com o resultado de quem investiu, isso ninguém vai poder fugir. E aí estão os organismos governamentais e órgãos reguladores para tratar a questão”, complementou. Perguntado, na mesma matéria, sobre se o fato de a maioria dos cursos da Anhanguera se encontrarem na faixa mínima aceita pelo Ministério da Educação (MEC) para operar era suficiente, Rodrigues diz que “acha que sim”, afirmando que “a grande questão nossa agora é dar estudo razoável para todos os nossos alunos”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Embora os grandes grupos tenham um olhar otimista a respeito do novo modelo vigente no ensino privado brasileiro, inúmeros acadêmicos e profissionais da área apontam que o novo modelo pode afetar ainda mais a qualidade dos cursos, que já sofre grandes questionamentos desde que se deu sua expansão. Para o filósofo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Vladimir Safatle o sistema no qual grandes grupos de capital aberto na Bolsa de Valores controlam instituições de ensino superior nunca se mostrou compatível com as exigências necessárias para se garantir uma boa qualidade no ensino. “Não existe nenhum local no mundo onde boas universidades sejam gerenciadas por grupos dessa natureza. As que eles gerenciam, geralmente, são de segundo escalão, mesmo nos Estados Unidos”, afirma. De acordo com ele, a internacionalização feita nesse molde, predominantemente mercantil, não traria grandes contribuições para a educação brasileira. “Não vejo em que esses grupos podem colaborar com a luta em prol da qualidade do ensino universitário. Ao contrário, eles vão impondo um regime de avaliação e um regime de rentabilização que, muitas vezes, é contrário ao ambiente necessário para que boas pesquisas sejam realizadas dentro da universidade.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em sentido semelhante, os autores de Internacionalização do Ensino Superior atentam para o risco de se tratar a educação, um direito fundamental, como uma mercadoria qualquer. “Não seria impróprio admitir que se vive hoje um intenso processo de mercantilização ou mesmo de ‘commoditização’ do ensino superior, com as formas de prestação de ensino superior sendo equiparadas a outros produtos negociados no mercado internacional como minérios, grãos etc.” Uma das possíveis novas negociações do setor evidenciam esse caráter. O grupo paranaense Positivo estudava, até o fechamento desta edição, sua entrada na bolsa ou a venda parcial de seus negócios, em especial a área educacional (o setor de informática ficaria de fora da operação). Um dos possíveis interessados pela aquisição seria um consórcio formado pelos fundos de private equity Carlyle Group e Apax Partners, ambos dos Estados Unidos. O primeiro é dono de negócios tão diversos como a rede de venda de móveis Tok&Stok, a agência de viagens CVC, a varejista de brinquedos Ri Happy e a fabricante e varejista de lingerie Scalina. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“Agora, temos a presença de um setor, o das finanças, que reúne investidores de diversas partes do mundo como fundos de pensão, particulares e bancos, que turbinam financeiramente alguns fundos de investimento que saem à cata de novos negócios. Em geral, eles atuam por meio de fusão e reestruturação de empresas. O mesmo fundo que faz a fusão da Sadia com a Perdigão faz a reestruturação da Estácio de Sá”, aponta Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Isso significa dizer que a racionalidade que preside o funcionamento da instituição privada obedece a uma lógica, uma forma de ser do capital financeiro, que é obviamente incompatível com qualquer atividade educacional. E isso é muito mais grave quando estamos falando da formação de boa parte da juventude brasileira, que hoje frequenta alguma instituição de ensino superior.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Outro ponto abordado no livro de Manolita Correia Lima e Fabio Betioli Contel diz respeito ao que eles denominam “geopolítica do conhecimento”. “Algumas poucas nações do globo veem fortalecidos seus respectivos Estados nacionais, suas universidades e corporações transnacionais e conseguem projetar em outros territórios vicissitudes próprias. Encaminham os investimentos externos diretos, valem-se de diferentes estruturas demográficas e de meios técnicos disponíveis para a realização de seus respectivos projetos de poder. No caso da produção do conhecimento, essa realidade parece emblemática: ao invés de diminuir desigualdades, aumenta-as; em lugar de democratização universal do acesso à produção e difusão do conhecimento, faz dele uso privado e corporativo”, afirmam. De acordo com eles, a ingerência de institutos multilaterais como o Banco Mundial ou a Organização Mundial de Comércio (OMC) obstrui a possibilidade de países terem autonomia para definir suas políticas internas, desrespeitando a cultura local e as necessidades nacionais e regionais, afetando a ideia de serviço público e criando uma assimetria ainda maior entre os países do centro, que já possuem uma estrutura universitária consolidada, e os periféricos. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), também vê problemas em relação ao domínio dos investimentos externos na educação superior. “É um perigo muito grande para autonomia no processo de construção de conhecimento no nosso país. Essas universidades, na sua grande maioria, além de só visarem ao lucro e negociarem suas ações em bolsas de valores, não têm nenhum compromisso com o Brasil e nenhum compromisso em produzir conhecimento e fazer pesquisa”, alerta. “Não podemos deixar de lembrar que as diferenças culturais, étnicas e históricas têm de ser tratadas e aprofundadas, e um local para fazer essa análise aprofundada é a universidade, os cursos superiores. Senão, vão trabalhar com o currículo e o padrão mínimos. É tudo o mínimo para oferecer um diploma de curso superior para um aluno que, quando vai para o mercado, sabe-se lá se vai ser aceito.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Leão atenta ainda para a questão dos cursos que são oferecidos por esses grupos. “Normalmente, esses cursos são feitos para atender determinadas demandas que são sazonais. Portanto, são feitos para atender aos interesses do mercado. Terminado o interesse do mercado naquele determinado ramo de conhecimento, essas pessoas vão ficar sem ter o que fazer, e vão ter de voltar à escola”, explica. ‘É claro que você tem de estar atento a formar um profissional que está sempre se atualizando. O que não dá é para construir cursos de nível superior simplesmente para atender uma demanda de mercado, no qual o objetivo maior é o lucro das universidades.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Ensino a distância e atuação do governo </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A preocupação com a internacionalização do ensino superior não inquieta apenas docentes e profissionais da área de Educação. A União Nacional de Estudantes (UNE), por exemplo, participa da campanha “Educação não é mercadoria”, que tem como um dos focos a questão da desnacionalização, foi criada pela Contee em 2007 e mantém sua bandeira até hoje. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Universidades, centros universitários e faculdades particulares que não contam com fundos em sua composição administrativa também demonstram receio. Fernando Costa, presidente da Grupo Educacional Uniesp, reclama da desigualdade em relação à concorrência dos grandes conglomerados. “A gente tem enfrentado concorrência desleal destes grandes grupos. Eles têm um cartel. Hoje, se você pegar os órgãos que até então representavam as mantenedoras e as instituições, quem estão nas presidências? A Semesp [Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo] e outras representam grandes grupos internacionais nas suas presidências e interesses maiores”, argumenta. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Costa sustenta que os grupos que contam com financiamento internacional utilizam instrumentos para tornar a educação menos custosa, como o ensino virtual. “Fico temerário com o ensino a distância. O povo brasileiro, mais de 80%, vem de uma formação do ensino básico que é precária, com uma série de problemas. Não é culpa do aluno, é culpa do Estado que não deu o que é sua obrigação, um ensino de qualidade, com professores em sala de aula bem remunerados, e estrutura adequada. O Brasil não está preparado para ter a modalidade de ensino a distância”, acredita. “O aluno vem de uma formação deficiente, como ele vai conseguir via web ter um aprendizado? Por mais que se tenha um ensino de excelência, ele não foi preparado para isso, essa é a realidade brasileira. Não adianta a gente falar de educação para uma elite, porque essa elite é muito pequena no Brasil.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No artigo “O setor privado de ensino superior no Brasil: continuidades e transformações”, citado anteriormente, Helena Sampaio destaca o crescimento do ensino a distância no Brasil. “Capitaneada pelo setor privado, a oferta de cursos de graduação a distância também cresce em ritmo acelerado, considerando que essa modalidade instalou-se no Brasil apenas em 2000. Em 2008, do total de 727.961 matrículas nessa modalidade de ensino, o setor privado respondia por pouco mais de 60%. Certamente isso não aconteceria sem o avanço das novas tecnologias da informação e comunicação, mas também não teria atingido tais cifras se o setor privado não liderasse a inovação. Para o setor privado, a oferta de graduação a distância significa redução de custos”, diz. Hoje, algumas faculdades têm três ou quatro dias de aula por semana de forma presencial, preenchendo o restante com ensino via web. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Nesse cenário, o papel do governo pode ser crucial. Até porque é por meio de programas de financiamento estudantil como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) que se ampliaram as matrículas no nível superior, nos últimos dez anos, em 110%. “O principal banco que atua nessa área, o Itaú, diz que o que motiva a internacionalização e garante que a taxa de lucro siga em um patamar muito elevado é a existência de um mercado consumidor que, pela concentração de renda no Brasil, não existiria sem o fundo público. O fundo público é o que impulsiona, é o que dirige, é o que guia a expansão do setor privado”, salienta Roberto Leher. “O Fies oferece subsídios enormes em termos de recursos públicos na forma de empréstimos com juros subsidiados. A taxa de juros deve estar em torno de 3%, quando a taxa Selic está em 8,5%. Essa diferença alguém paga, e quem paga é o fundo público.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Leher argumenta ainda que o Fies criou um público consumidor que mantém o mercado aquecido. “O ProUni, com as isenções tributárias, alargou a margem de lucro das instituições mercantis na ordem de aproximadamente 20% Antes, esses recursos eram repassados em forma de impostos e contribuições. Com as isenções, isso vira lucro. A taxa de exploração do trabalho também aumentou muitíssimo, então, a possibilidade de uma margem generosa está garantida pelo colchão que o Estado garante com o Fies e o ProUni. Sem eles, não teríamos esse processo de internacionalização e a chegada dos fundos de investimento.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“Nós, da CNTE, sempre apoiamos o ProUni como uma medida transitória, temporária. Sempre dissemos ao MEC que as universidades que fazem parte do programa teriam de ter qualidade, não sendo universidades que oferecessem cursos de segunda categoria. A isenção que eles estão tendo é um dinheiro que poderia ser investido na educação pública, mas, em razão da situação de termos milhares de alunos e jovens em idade de frequentarem a universidade, e pelo fato de o poder público não ter condições de oferecer as vagas, entendemos que aquilo seria uma saída temporária”, avalia Franklin Leão. “O compromisso com a qualidade da educação oferecida tem de ser política do governo.” </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fernando Costa também sugere que o Ministério da Educação tenha uma postura de diálogo maior com instituições nacionais, muitas delas, de acordo com ele, fragilizadas do ponto de vista financeiro. “O que falta para o setor é apoio do governo. Não é apoio financeiro, que é importante também, mas mais de orientação, supervisão, estar mais próximo. Muitas instituições brasileiras são administradas por professores e famílias de professores. O governo deveria abraçar mais essas instituições”, defende. O MEC não retornou solicitação da Fórum sobre a internacionalização do ensino superior. Em matéria publicada na revista Caros Amigos, quando perguntada sobre a questão, a assessoria de Comunicação do ministério informou que não é sua atribuição fiscalizar entrada de capital estrangeiro ou atuação de investidores internacionais no mercado da educação superior, ressaltando que o funcionamento de IES e a oferta de cursos superiores depende de ato autorizativo do poder público e está sujeita à regulação, avaliação e supervisão do MEC. Em relação ao ensino a distância, anunciou que pretende promover um amplo debate visando à revisão no marco regulatório dessa modalidade de ensino.</span></span></div>
<br />
<i> Fonte:<a href="http://revistaforum.com.br/blog/2013/08/sob-o-dominio-do-capital-estrangeiro/">http://revistaforum.com.br/blog/2013/08/sob-o-dominio-do-capital-estrangeiro/</a></i>KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-32647197072228181482013-10-09T18:03:00.000-03:002013-10-09T18:03:21.087-03:00Movimento Todos Pela Educação, Organizações Globo, Cabral, Paes e Costin: ‘amansar’ os professores com cassetetes para avançar contra a escola pública<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><b>Em homenagem a Emilio Luiz Pedroso Araújo, um defensor da escola pública popular </b></i> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2HzQSTu8ns1tK4XZgi2nlOA_wQHxlG8Ak5fwWHyFZj02kboV2t57kLVeHeel7zoVAFlS5UwCVwSTPH_8xmYrnaEe0GzdxHXXaTO6vOnG5cmPH0JsOEe0eOjtmaOOR3PSjy22ck8uE0Hiw/s1600/RODRIGO+CHINA.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2HzQSTu8ns1tK4XZgi2nlOA_wQHxlG8Ak5fwWHyFZj02kboV2t57kLVeHeel7zoVAFlS5UwCVwSTPH_8xmYrnaEe0GzdxHXXaTO6vOnG5cmPH0JsOEe0eOjtmaOOR3PSjy22ck8uE0Hiw/s400/RODRIGO+CHINA.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O que leva o arco de forças que reúne Sergio Cabral, Eduardo Paes, seus secretários de Educação, respectivamente, Wilson Risolia e Claudia Costin, a acionar o uso ilegal do aparato policial para reprimir bestialmente trabalhadores da educação, em generosa luta em prol de uma carreira que valorize a dedicação ao fazer educacional, a qualificação e a progressão funcional ao longo da vida, possibilitando que a opção pelo trabalho na escola pública seja um estimulante projeto de vida? <br /><br />A mesma indagação pode ser feita sobre os motivos que levam porta-vozes da coalizão empresarial Todos pela Educação (TPE), como Priscilla Cruz, que vêm a público criticar a politização e a ideologização da greve (1), posição ecoada de modo viperino pelas organizações Globo. <br /><br />Todos juntos, governos, lobby empresarial, corporações da mídia, desqualificam a greve por ser motivada por interesses de pequenos grupos e de partidos de esquerda radicais. A despeito do fato objetivo de que os governos Cabral e Paes não abriram negociações sérias e objetivas, prolongando a greve, o discurso da referida coalizão promove uma inversão no nexo causal: se a greve se prolonga é porque assim quer o sindicato, motivado por interesses escusos de pequenos grupos. A monumental assembleia de continuidade da greve, realizada no dia 4 de outubro, reunindo mais de cinco mil corajosos profissionais da educação, evidentemente é uma vigorosa refutação do bolorento argumento da direita repetido, ad nauseam, no período da ditadura e que O Globo, após enriquecer com o apoio ativo ao golpe, agora diz se arrepender. <br /><br />A mensagem implícita é que os governos são justos, ágeis nas negociações, fazem o que podem para atender ao que Risolia e Costin entendem ser “as verdadeiras reivindicações” dos profissionais da educação, ainda que estas estejam em antípoda em relação à pauta aprovada nas concorridas assembleias. Quando se torna evidente que o governo nada irá negociar, o subentendido é que, caso os professores tivessem verdadeiro amor aos seus alunos, a volta ao trabalho seria rápida e resignada. Neste prisma, a continuidade da greve é um gesto hostil aos estudantes e às suas famílias. <br /><br />Tal narrativa é obtusa, mas interessada e coerente em relação ao projeto de contrarreforma da educação pública. O que significa para os profissionais da educação nova postergação no atendimento de suas verdadeiras reivindicações? Significa uma opção por viver dramáticas privações econômicas, ausência de perspectivas para o seu futuro profissional, fadiga pelo trabalho com turmas lotadas e pela precária infraestrutura da rede, como evidenciado no relatório do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (2), (situação igualmente grave na rede estadual), frustração pela imposição de cartilhas e pacotes educacionais que secam toda possibilidade da docência e interditam as suas vozes, jornadas extenuantes que invadem as noites, os finais de semana e mesmo as férias. Não é difícil concluir que a pauta é necessária para assegurar o real direito universal à educação pública! <br /><br />Somente aceitando uma sábia resignação, diz a representante empresarial, os professores serão reconhecidos e valorizados pela sociedade! Conforme a peculiar lógica da diretora da coalização das corporações, quando lutam por uma carreira que fortaleceria a escola pública, os professores se desgastam ainda mais perante a sociedade. Novamente, o implícito: um dia vocês serão valorizados. <br /><br />Confiem em nós! Os governos federal, estaduais, municipais que atuam em conjunto com as corporações, todos estamos com vocês! Quem já esperou um século, pode esperar mais algumas décadas! Quanto à imagem pública dos professores, a representante das corporações nada diz sobre o significado de serem vistos pelo público – pelos estudantes, pais e pelo conjunto da sociedade – levando rudes golpes de cassetetes, bombas lançadas do alto das edificações, jatos de spray de pimenta e balas de borracha. Qual é a imagem que a referida coalizão produz com os seus atos de violência e barbárie sobre os profissionais da educação? O que está sendo dito sobre a dignidade e o respeito a uma categoria tão estruturante da democracia? <br /><br />Por que a reivindicação de uma carreira compatível com a docência, no sentido proposto por Marilena Chauí (3), não teria “relação com os interesses coletivos dos professores” (e dos demais servidores que são imprescindíveis para a rede pública, desde a garantia de alimentação saudável para as crianças e do trabalho profissional na secretaria das unidades escolares, até a constituição de um conjunto de servidores capazes de imprimir profissionalismo e permanência nos atos administrativos indispensáveis para a organização administrativa da rede pública)? <br /><br />Na história da educação pública, a carreira docente sempre compôs o cerne da política pública para a educação. Uma carreira comprometida com a escola pública assegura a autonomia intelectual e a garantia do caráter público da educação, o agir ético como servidor público e a qualificação para se desincumbir dessa elevada função pública. <br /><br />A carreira reivindicada (4) institui as condições para o ingresso do servidor no serviço público de modo impessoal, por meio de requisitos de qualificação profissional, provas e exames de títulos, processo que deve acontecer no bojo do concurso público. Normatiza as regras de progressão ao longo da vida funcional, valorizando a experiência, a dedicação e a qualificação, reconhecendo o esforço do servidor da educação em seguir o seu processo de formação, por meio da especialização, do mestrado e do doutorado. Define as atividades que compõem o rol da docência e das atividades técnicas e administrativas, objetivando assegurar a indispensável autonomia frente aos interesses particularistas de grupos políticos (como o Todos pela Educação), aos interesses puramente mercantis, como na venda de material pedagógico (Roberto Marinho, Alfa&Beto etc.), ao processo de ensino e aprendizagem (recusando o foco no direito à aprendizagem sem ensino), na garantia da formação cultural, artística, científica rigorosa, ampla e universal dos estudantes (combatendo a segregação da educação popular por meio de uma formação minimalista de competências rudimentares, como preconizado pelas avaliações padronizadas) e, não menos importante, na possibilidade de dedicação a uma determinada escola, evitando a condição de professor nômade, hoje instaurada principalmente na rede pública estadual. <br /><br />Finalmente, a carreira normatiza o tempo. Somente assegurando tempo para as atividades fora da sala de aula será possível uma docência criativa, fundamentada na ciência, garantindo as condições objetivas para que os profissionais estejam engajados em estudos coletivos, pesquisas, planejamento das aulas, avaliação qualitativa do trabalho dos estudantes, em diálogo com os movimentos sociais, o sindicato, pais e responsáveis, a comunidade escolar e as universidades. <br /><br />O valor da remuneração, é importante frisar, não é o determinante da carreira, mas, por óbvio, é condição necessária para que a carreira possa garantir a plena dedicação ao trabalho. Somente com remuneração digna é possível o engajamento arrebatador no trabalho pedagógico cotidiano. Tal compromisso é incompatível com o sofrimento advindo da privação econômica, levando os professores a buscarem vários empregos para compor uma renda minimamente compatível com as necessidades básicas da vida. A degradação da carreira não provoca apenas sofrimento econômico, mas psicossocial. A opção pela carreira do magistério, ao ser anunciada por um jovem, provoca reações de comiseração, sugerindo que é uma opção dos fracassados. <br /><br />O projeto de carreira imposto por Eduardo Paes – Claudia Costin (5) é antagônico com o conceito de carreira docente e dos demais profissionais da educação. Em um contexto de vertiginoso aumento na produção científica nas ciências da natureza e nas ciências duras e de grandes desafios diante de problemas que envolvem esses domínios do conhecimento (energia, agricultura, saúde, aquecimento global, biotecnologias), o mestrado e o doutorado nestas áreas nada valem, pois a única pós-graduação stricto sensu reconhecida é na área de educação: física, química, matemática, história, geografia, ciências sociais são ignoradas. Detalhe não irrelevante. Os que realizaram doutorado em educação somente terão seus títulos reconhecidos se a prefeitura tiver recursos! <br /><br />Como se não bastasse tal irracionalidade, somente os servidores em regime de 40 horas poderão ser inseridos no novo plano, restringindo o seu alcance para menos de 10% do total. Objetivamente, os profissionais da educação que ocupam cargos de magistério de 16h, 22 h 30 min e 30 h estão excluídos do enquadramento no Plano. O governo afirma que futuramente poderá abrir novas oportunidades de ampliação da carga horária para 40h, mas tal opção irá depender da disponibilidade financeira e da vontade monocrática da prefeitura. <br /><br />Também os professores do primeiro segmento do ensino fundamental e da educação infantil que realizaram concurso aberto aos que possuíam a formação em nível “normal”, igualmente não poderão ser enquadrados, ainda que tenham nível superior, pois somente os que realizaram concurso para nível superior poderão ser inseridos na nova carreira. <br /><br />A rigor, é um plano que não valoriza a qualificação tão proclamada como indispensável, desconsidera a formação em vários domínios do conhecimento e, ao restringir o universo dos possíveis beneficiados, sobressai um dos objetivos não proclamados do novo plano: a redução do impacto orçamentário do plano. As prioridades, na gestão Paes, estão vinculadas aos negócios imobiliários e aos grandes eventos da cidade-mercadoria. A formação dos estudantes, a carreira dos profissionais, a escola pública são as grandes perdedoras do novo plano. <br /><br />O plano não contempla a valorização funcional ao longo do tempo de carreira, um dos pilares de qualquer carreira magisterial. No lugar de uma valorização por toda vida laboral, no caso da educação básica, ao menos de 25 anos, o plano restringe a onze anos o tempo para progressão, mantendo apenas as quatro classes atualmente existentes. </span> <span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />Examinando as carreiras magisteriais dos países da OCDE, em geral a diferença entre o início e o final da carreira é superior a 300%. Conforme o plano Paes-Costin, após 25 anos de magistério, um professor terá seu salário 26,5% maior do que no início da carreira. Por sua vez, uma Agente Auxiliar de Creche receberá por tempo de serviço, no máximo, 7,7% em toda sua carreira! A “valorização” por formação é desconcertantemente irrisória: depois de cursar pós-graduação, mestrado e doutorado, um professor estará recebendo apenas 15% a mais do que um graduado (6). Um dos princípios mais axiais da luta magisterial, a paridade entre os ativos e aposentados, é desconsiderado, como se os aposentados, após a dedicação de suas vidas à educação, pudessem ser descartados, esquecidos e submetidos a progressivo empobrecimento. <br /><br />Por tudo isso, é possível concluir que a greve dos profissionais da educação pública, iniciada em 8 de agosto de 2013, é um movimento em prol do futuro da escola pública. Alternativamente, a política Cabral-Risolia e Paes-Costin, afinal referenciada, como a do MEC, na agenda do TPE, é incompatível com a escola pública capaz de assegurar uma formação cultural e científica integral, plena, a todos os que possuem um rosto humano. Frente ao projeto em curso, o uso da violência extrema não surpreende, pois, onde houver um professor que se volte contra o pacote educacional que impõe o apartheid educacional, haverá uma voz a ser silenciada: pelos manuais do ABC pedagógico introduzidos por corporações e, sempre que necessário, pela violência policial. O que as forças do atraso não perceberam é que o clamor pela educação pública pulsa nas escolas e nas ruas e o projeto de conversão das escolas em ‘organizações’ dirigidas pelas corporações não passará! <br /><br />Notas: <br />1) Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos pela Educação, Prejuízo silencioso. O Globo, 1/10/13. <br />2) <a href="http://www.tcm.rj.gov.br/WEB/Site/noticias.aspx?Categoria=61">http://www.tcm.rj.gov.br/WEB/Site/noticias.aspx?Categoria=61</a> <br />3) CHAUÍ, M. A universidade operacional. Folha de São Paulo, Caderno Mais! 09 Maio 1999. <br />4) <a href="http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim327.pdf">http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim327.pdf</a> <br />5) <a href="http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim326.pdf">http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim326.pdf</a> <br />6) Informações obtidas a partir do estudo realizado para o mandato do vereador Renato Cinco, PSOL-RJ. <br /><br />Roberto Leher é professor titular da Faculdade de Educação da UFRJ e de seu Programa de Pós-Graduação, colaborador da Escola Nacional Florestan Fernandes e pesquisador do CNPq.</span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-1733402131666108082013-10-02T17:57:00.002-03:002013-10-02T17:57:46.817-03:00A repressão aos professores no Rio escancara a disputa pelo projeto de educação pública no Brasil<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-HxCy4Caihz3yzUusf1ZEFFmQKqvTGvT_0zykGHJP6BvUKUvvddo_nGD3jnlsAGPKZyLsymc8rJfATX9PiGOQQ0CjZfx5QciYJ_V-mmpWXAT5k4q_jp7ShnJLO_0jKE3jpvTpxESthGA/s1600/carlos-latuff_eduardo-paes-e-sergio-cabral-filho_educacao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-HxCy4Caihz3yzUusf1ZEFFmQKqvTGvT_0zykGHJP6BvUKUvvddo_nGD3jnlsAGPKZyLsymc8rJfATX9PiGOQQ0CjZfx5QciYJ_V-mmpWXAT5k4q_jp7ShnJLO_0jKE3jpvTpxESthGA/s400/carlos-latuff_eduardo-paes-e-sergio-cabral-filho_educacao.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O conflito entre professores e prefeitura do Rio envolve muito mais do que uma questão local. <b>Observa-se atualmente a transmutação do autoritarismo com que o prefeito Paes sempre tratou a categoria de professores em violência discursiva e policial.</b> Por quê? Não há uma única resposta para a questão, mas alguns fatores saltam aos olhos para aqueles que têm algum conhecimento do cenário da educação pública na sociedade brasileira na atualidade. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O primeiro ponto que destacaria <span style="color: red;"><b>se refere à postura das organizações Globo frente ao conflito. Sua cobertura jornalística apresentou informações, em várias ocasiões, sem o menor tratamento e rigor ético num sentido de estigmatizar a campanha dos professores e de defender a prefeitura</b></span>. De um lado, apresentava dados distorcidos, entrevistas capciosas e editoriais que colocam os professores como dinossauros ignorantes, avermelhados e corporativistas; de outro defendiam o projeto de meritocracia, responsabilização e privatização que Paes e Costin implementam de maneira extremamente autoritária como a modernidade que pode salvar a educação do país. Trata-se de uma estratégia desonesta de desqualificar o discurso de todos aqueles (inclusive uma minoria de dinossauros avermelhados) que simplesmente discordam que o caminho que a prefeitura tem copiado do modelo americano seja o melhor para a nossa realidade – aliás, pesquisas mostram que não obteve melhora da qualidade nem por lá. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Também vale ressaltar que este é apenas um modelo estadunidense, que não é o único, muito menos a melhor via para se alcançar a universalização da qualidade da escola pública brasileira. A grande maioria dos países bem colocados nas provas internacionais não reza essa cartilha – a famosa Finlândia, primeira nestes testes, prega o princípio oposto. Talvez, este seja um bom modelo para as empresas, mas não necessariamente para a maioria da população que usufrui o serviço. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Esta cartilha vem sendo implementada com maior ou menor intensidade nas redes que cobrem as três principais cidades do país. Tanto nos “States”, quanto aqui,<span style="color: red;"><b> recebe grande apoio de grandes entidades empresariais, que em troca são presenteadas com uma série desonerações e verbas estatais para gerir redes, escolas, criar programas de capacitação de professores, projetos especiais para alunos com problemas, etc.</b></span> Funcionam mais ou menos como certa lógica presente nas indústrias farmacêuticas que priorizam a venda de remédios que atacam os efeitos e o amenizam momentaneamente. Como as causas mais profundas persistem, garantem assim uma enorme reserva de mercado. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="color: red;"><b>Pois bem, as Organizações Globo ocupam um papel central em uma destas organizações empresariais<a href="http://guilhotinada.wordpress.com/Users/Gulherme/Desktop/O%20que%20est%C3%A1%20em%20jogo%20em%20torno%20do%20movimento%20de%20professores%20do%20Rio.docx#_ftn1">[1]</a> que pretendem abocanhar cada vez mais verbas da educação pública, pois além da parte de divulgação das propostas, tem interesse direto na venda de produtos e serviços para o poder público.</b></span> Como a maioria da população nem faz ideia desta discussão, as organizações de professores representam o grande entrave deste projeto de mercantilização da educação pública. Por isso a enorme campanha de desqualificação da classe. Sem corporativismos, é claro que dentro de uma categoria profissional enorme há professores mal preparados, radicalismos, mau-caratismos etc. – o que também ocorre entre advogados, médicos e engenheiros. O que vemos hoje é o mesmo que culpar exclusivamente os advogados pelos problemas da justiça brasileira – um absurdo total. Mas, uma diferença está no peso que se dá às opiniões das entidades que representam as duas categorias. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Como grande vitrine que é, a prefeitura do Rio vem fazendo absolutamente de tudo para passar uma imagem de êxito deste projeto de educação. Por exemplo, dá um golpe imoral para aumentar as notas na avaliação federal. <span style="color: red;"><b>Com o apoio de uma dessas fundações empresariais, criou turmas de aceleração para os alunos com maiores déficits de aprendizagem. Nessas turmas, o professor licenciado tem que dar todas as disciplinas do programa. Esses alunos com mais dificuldades são excluídos das turmas que fazem as avaliações nacionais e assim a nota da rede sobe e o prefeito faz propaganda de sua eficiente gestão.</b></span> Alunos que deveriam ter atenção mais especializada são atendidos por um professor que não fora devidamente qualificado e são jogados as pressas para fora do sistema. Esse é um ótimo exemplo da lógica que guia o projeto de educação ao qual os professores do Rio e de tantas outras cidades do Brasil se contrapõem. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Outro exemplo do autoritarismo e da má fé da prefeitura está no debate sobre o plano de carreira. Os professores tinham saído da greve devido à promessa de estabelecimento de um grupo de trabalho para negociar o PCCS. Dias depois são surpreendidos com uma sórdida manobra em que o prefeito se encontra com os vereadores aliados<span style="color: red;"><b> (os mesmos que inviabilizaram a CPI dos ônibus)</b></span> e encaminha uma proposta de plano com emendas que iriam à votação sem apreciação da categoria docente e da oposição legislativa. Como classificar este procedimento? </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">E pior, o PCCR encaminhado é na verdade a mais autoritária das formas de implemanteção do projeto da prefeitura. Oficializa a ilegalidade dos professores generalistas, restringe os ganhos reais aos 7% de professores 40h e retira os direitos dos demais. Em editorial,<span style="color: red;"><b> o Globo afirma: “há o correto interesse em estimular a jornada de 40 horas por semana, porque, em obediência a decreto municipal, o turno único estará em vigor em toda a rede até 2020 — considerado o melhor pelos pedagogos”. Fala o óbvio, distorce as intenções</b></span>. Os professores sabem que este regime é o melhor para o sistema de ensino. Maquiavélico é se aproveitar de uma demanda gerada pelos docentes e retirar direitos da maioria para que estes sejam “forçados” a migrar de regime. Não é assim que deve ocorrer numa democracia – princípio que os governantes do Rio parecem desconhecer. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Cabe ressaltar aqui o papel da secretária Costin. Antes de assumir o cargo, trabalhou no Banco Mundial, em fundações empresariais para promover a “qualidade da educação” e foi a secretária de educação que implementou a mesma política em São Paulo. Em editorial da semana passada, o Globo disse: </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">“É preciso que a categoria de professores tenha uma visão mais ampla do que se passa hoje no Brasil — o que não serve de justificativa a baixas remunerações. Como o “bônus demográfico” — população jovem proporcionalmente maior —já está sendo resgatado, há um prazo fixo para o salto no desenvolvimento (mais 15 a 20 anos), a ser determinado pela instrução. Se a missão de se qualificar esta e a próxima geração não for cumprida, a ideia do “país do futuro” será passado”. </span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="color: red;"><b>O que foi omitido é que desde os anos 1990, as políticas educacionais brasileiras vêm sendo predominantemente influenciadas pelas modas neoliberais enunciadas pelo Banco Mundial e pelos grupos empresariais internacionais – as quais os nossos adoram copiar.</b></span> A política de educação que Paes e Costin implementam no Rio é só a última moda. Essas políticas vêm sendo questionadas internacionalmente por inúmeras pesquisas há 20 anos, sem apresentar ganhos concretos. Neste período, os professores tiveram pouca influência nas políticas de educação,<span style="color: red;"><b> ao contrário dos grupos empresariais e organizações internacionais</b></span>. E, justamente, por ter essa visão mais ampla, os professores se levantam. Os professores do Rio foram os primeiros a se levantarem mais radicalmente contra esse tipo de política. <span style="color: red;"><b>As manobras rasteiras para aprovar o PCCS sem discussão democrática e a repressão violenta sobre os docentes indicam o que está em jogo. </b></span></span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></span><br />
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Guilherme de Alcantara – Professor da rede pública.</span></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Fonte: <a href="http://guilhotinada.wordpress.com/2013/10/01/repressao-e-projeto-de-educacao/">http://guilhotinada.wordpress.com/2013/10/01/repressao-e-projeto-de-educacao/ </a></span></span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-59769310310323370342013-08-23T09:02:00.000-03:002013-10-03T08:57:37.937-03:00 Uma educação para além do capital <div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCpi9LiuekA6Weqj6BQZCh4QblxaseUZsFgZSov71UeUbauSUhHo8XK1LDwx4qM9KZa6hVWpXBOofNkGsBCq07mDiwdJ4bKkIEZ0T2FDmv3uPSVAzC-CWgH8Q1DXYWJ1q3g1gWKQzFWOpv/s1600/Educa%C3%A7%C3%A3o+Marxista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCpi9LiuekA6Weqj6BQZCh4QblxaseUZsFgZSov71UeUbauSUhHo8XK1LDwx4qM9KZa6hVWpXBOofNkGsBCq07mDiwdJ4bKkIEZ0T2FDmv3uPSVAzC-CWgH8Q1DXYWJ1q3g1gWKQzFWOpv/s320/Educa%C3%A7%C3%A3o+Marxista.jpg" width="291" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">No mês de junho, as manifestações populares ocuparam as ruas de 438
cidades do país. Por volta de 2 milhões de brasileiros protestaram
contra as condições de vida insuportáveis. A questão que desencadeou
todo o movimento, "a fagulha que incendiou toda a pradaria", foi o
aumento das passagens dos transportes urbanos. Entretanto, um sem-número
de outras pautas e reivindicações se incorporaram às passeatas. A
revolta contra a precariedade da educação, da saúde e dos transportes
públicos; a indignação contra o sistema político-eleitoral e a farra com
o dinheiro nas mãos dos governantes; a brutalidade das polícias
militares, em especial nas favelas; os gastos na ordem de bilhões de
reais com construções e reformas de estádios de futebol "com padrão
Fifa". Não restam dúvidas, eles assumiram os golpes desferidos pela
população. A imprensa mudou a forma de noticiar as marchas– se antes
criminalizavam, passaram a aplaudir; suspendeu-se o aumento das tarifas
em várias cidades; os índices de popularidade de vários governantes das
três esferas (federal, estaduais e municipais) despencaram; e o Poder
Legislativo passou a atuar pressionado. Todos os políticos, a partir de
agora, pensarão duas vezes antes de tomar qualquer medida antipopular.
Foram muitas vitórias. E ainda há muitas a conquistar!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O QUE CABE AOS EDUCADORES</span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Neste momento, a nossa principal tarefa é trazer as pautas das
manifestações que tocam a educação para o debate nas greves, nas
comunidades escolares, conversar com os nossos colegas, estudantes e
também os pais. Em todas as passeatas, havia muitos estudantes das
escolas públicas e particulares. Assim, o momento não poderia ser mais
apropriado para discutir todas as mazelas da educação e da sociedade com
eles. Devemos travar com a comunidade escolar um amplo diálogo e
perguntar: o que poderia ser diferente? Que escolas e universidades
queremos? As lutas populares são pedagógicas, elas também educam. O
recuo dos governantes nas tarifas dos ônibus não poderia ser uma aula
melhor sobre como somente os trabalhadores organizados são capazes de
transformar profundamente uma sociedade, vide os exemplos históricos
espalhados por todo o mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A EDUCAÇÃO PÚBLICA</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">As políticas educacionais da rede estadual, da capital e em outros
municípios do Estado são muito parecidas. Todas elas estão amparadas em
princípios meritocráticos, privatistas e punitivos. São bem claras estas
características no projeto de educação no Estado do RJ, representado
por Risolia/ Cabral. O programa de bonificação dos professores por metas
alcançadas trata-se de uma "aprovação automática" disfarçada, pois
premia as escolas que apresentarem menores índices de reprovação. Assim,
troca-se dinheiro por aprovações. Desta maneira, a Seeduc (Secretaria
de Estado de Educação) consegue melhorar as frias estatísticas sem
investir um centavo na educação. A "certificação" de professores também
possui o mesmo perfil meritocrático, já que possibilita um aumento dos
ganhos associado a aprovação numa prova e a frequência em cursos (para
se tornarem repetidores de suas políticas) oferecidos pela Seeduc.
Significa, na prática, enterrar o plano de carreira do magistério
estadual. Além disso, esses programas não incorporam os aposentados como
beneficiados. Por sua vez, o projeto 'Autonomia' (também presente no
município do Rio) expõe as suas características privatistas. Toda a
concepção pedagógica é transferida a uma entidade privada, a Fundação
Roberto Marinho– da Rede Globo. Sabe-se muito bem, esta também possui um
projeto político. A quem cabe o projeto pedagógico da educação pública?
Aos empresários da grande mídia? A última do secretário Risolia soa ao
extremo do ridículo! Ele quis reduzir em 20% a carga horária escolar. De
acordo com a resolução, os discentes assistiriam às aulas da grade, de
segunda a quinta, e na sexta-feira ficariam liberados para frequentar
bibliotecas e realizar atividades extra-curriculares. Uma maneira bem
"criativa" de esconder a carência de professores e afastar-se, de vez,
das propostas de escolas de turno integral. Também é importante ter
clareza sobre o papel dos funcionários (administrativos, inspetores,
merendeiras etc.) numa escola. Sem os mesmos, a escola não funcionaria.
Todavia, os governantes preferem trilhar o caminho da precarização e da
terceirização dos funcionários. A Rede Municipal do Rio não fica atrás.
Muito orgulhosa de ser a maior da América Latina, possui 25% das escolas
em condições precárias, segundo publicação do jornal "O Dia" em 16/ 07/
13. Por esta e outras razões, os educadores da capital se encontram em
processo de mobilização nesta rede. Em vários municípios, a categoria se
mantém em constantes mobilizações, e muitas redes passaram por greves
este ano: São Gonçalo, São João de Meriti, Belford Roxo, Macaé, Rio das
Ostras, entre outras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">EDUCAÇÃO ESTADUAL E MUNICIPAL EM GREVE</span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Atualmente, as Redes Estadual e Municipal do Rio de Janeiro
encontram-se em greve. Trata-se de uma luta na qual estamos inteiramente
inseridos, construindo a mobilização junto às bases e ao Sindicato
Estadual dos Profissionais da Educação. Defendemos:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- eleições diretas para diretores com participação da comunidade escolar;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- fim das políticas meritocráticas (bonificações, avaliações externas, certificação, etc.);</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- toda bonificação deve ser incorporada ao salário;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- combate ao assédio moral;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- contra o fechamento de escolas e turmas, denominado pelo governo como "otimização";</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- uma escola por matrícula (derrubada do veto ao PL 2.220 para a rede estadual);</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- cumprimento da lei de 1/3 da carga horária para planejamento;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- piso de 5 salários mínimos para professor e 3,5 para funcionários administrativos;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">- FORA CABRAL, VÁ COM PAES!</span></b></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Pela Base SEPE/ SINPRO do PCB-RJ*</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">*<a href="http://pcb-rj.blogspot.com.br/2013/08/uma-educacao-para-alem-do-capital.html" target="_blank">http://pcb-rj.blogspot.com.br/2013/08/uma-educacao-para-alem-do-capital.html</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">. </span></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-26345992522026428202013-05-10T08:21:00.001-03:002013-05-10T08:21:15.680-03:00Em 7 Estados, mais da metade dos contratos de professores são temporários<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em sete Estados brasileiros, o número de contratos temporários de professores da rede estadual ultrapassa a quantidade de contratos efetivos (concursados ou estáveis). São eles: Espírito Santo (71%), Mato Grosso (66,1%), Acre (62,9%), Ceará (60,2%), Mato Grosso do Sul (60,1%), Santa Catarina (59,8%) e Paraíba (51,9%). As informações foram obtidas a partir de levantamento do UOL nos microdados do Censo Escolar 2012.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6GXh7k7RUt7G8NvG7sPilB4ULdln6vR54MJ453IdJwF1FqsyQKjZ7Z2evqlFTmQ3a8HtUTjABaL28FAqRPm_jckZWGGECogKBQaYiayPryV39XBgd8J148j7OkKtAmxNbeIKVldNpVIbs/s1600/mapadecaloreducacao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6GXh7k7RUt7G8NvG7sPilB4ULdln6vR54MJ453IdJwF1FqsyQKjZ7Z2evqlFTmQ3a8HtUTjABaL28FAqRPm_jckZWGGECogKBQaYiayPryV39XBgd8J148j7OkKtAmxNbeIKVldNpVIbs/s1600/mapadecaloreducacao.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em média, <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/08/levantamento-do-uol-faz-mapa-de-contratacao-temporaria-de-docentes.htm">três em cada dez contratos nas redes estaduais são temporários</a>, de acordo com o levantamento. As outras modalidades possíveis, segundo o Censo, são: efetivo (concursado ou estável), terceirizado ou em regime de CLT.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Professores com contratos temporários não têm estabilidade e possuem menos direitos que os efetivos e concursados. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo o levantamento, em outras 15 redes estaduais o número de contratos temporários representa de 45% a 20% do total de contratações. Em quatro Estados, o percentual varia de 18% a 14%. O Rio de Janeiro apresenta o índice mais baixo de contratações temporárias, com 3,5%. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/08/contratos-temporarios-de-docentes-prejudicam-desempenho-dos-alunos.htm">alto índice de professores temporários prejudica o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas e o desempenho dos alunos</a>, segundo especialistas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo o promotor de Justiça, João Paulo Faustinoni e Silva, a regra constitucional geral é a de contratação de professores por concurso público. "A Constituição, todavia, admite a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Como a própria norma afirma, não há número razoável para tais contratações, pois devem ser excepcionais e temporárias", diz o promotor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Política permanente</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Luiz Carlos Novaes, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), avalia que sempre haverá professores temporários em qualquer rede. "Os professores se aposentam, saem para estudar, entram em licença maternidade ou licença médica. O índice é aceitável desde que seja temporário. A existência do temporário na rede deve ser transitória, mas não é. Além de ser permanente, ela ainda cresce", diz Novaes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), os números mostram que a contratação de temporários passou a ser uma política de pessoal permanente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alavarse acredita que a redução desse percentual pode ser obtida com um "simples controle" da realização de concursos, por meio da previsão de aposentadorias e situações como licenças médicas e afastamentos. "Não deveria ter nenhum temporário, porque a necessidade de reposição é previsível", afirma o professor da USP.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As <a href="http://educacao.uol.preview.intranet/noticias/2013/05/08/redes-estaduais-tem-mais-contratos-temporarios-de-docentes-do-que-as-municipais.htm">redes estaduais de ensino possuem mais contratos temporários de professores do que as redes municipais</a>. No geral, 31,3% dos contratos das redes estaduais são temporários; já nas redes municipais, o número cai para 25%.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Outro lado</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Questionadas pelo UOL, apenas sete das 27 secretarias estaduais de Educação comentaram os percentuais. De modo geral, elas divergem dos números do Censo ora alegando erro de informação por parte das escolas (cada escola informa os dados diretamente ao MEC) ora criticando a defasagem dos números (que foram coletados em maio de 2012). Veja, <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/08/secretarias-de-educacao-dizem-que-dados-do-censo-escolar-estao-defasados.htm">neste link</a>, as respostas das secretarias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>NOTA TÉCNICA</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
As informações foram obtidas a partir dos microdados do Censo Escolar 2012, com tabulação realizada pelo UOL. Foram considerados todos os tipos de contrato diferentes por professor e por rede. Isso significa que um mesmo professor pode ter mais de uma contratação: por exemplo, pode ser concursado em uma rede estadual e temporário em uma municipal. Foram contabilizados somente os profissionais que exercem a função de "docente" na escola – no banco de dados há também as funções "auxiliar de educação infantil", "profissional/ monitor de atividade complementar" e "tradutor intérprete de Libras", que foram retiradas desta análise. Recortes diferentes podem levar a resultados distintos</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte: <a href="http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/05/08/nota-tecnica-contratacoes-de-professores-da-educacao-basica.htm">Clique aqui para ver a nota completa</a></div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte:<a href="http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/">http://educacadoresemluta.blogspot.com.br/</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.</div>
LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-38366555543849936412013-05-10T08:01:00.002-03:002013-05-10T08:01:32.786-03:00MOBILIZAÇÃO OU GALINHA AO MOLHO PARDO?<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Perplexidade, decepção, vergonha e medo, muito medo foi o que senti ao ver a Assembleia, realizada ontem (08/05/13) na Hebraica, vazia. </span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div style="text-align: justify;">
Caminhamos para o precipício e poucos se dão conta desta realidade, direitos estão sendo solapados, a educação está sendo privatizada e quase ninguém se dá conta da gravidade da situação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWNYgSzKcqXJBf62fiF3eRf5s10UgP7n-iVhTadIShLn5_JjBySmHCtaQiAb2OvwL9To10xfLQ0RccKYnSI0I4YhRfczVmlDCeqiIX_HxWX_wSoXOhXlXPsz_UhDhU1MJdz0Rgln0D_GpU/s1600/punho-do-s-iacutembolo-d.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWNYgSzKcqXJBf62fiF3eRf5s10UgP7n-iVhTadIShLn5_JjBySmHCtaQiAb2OvwL9To10xfLQ0RccKYnSI0I4YhRfczVmlDCeqiIX_HxWX_wSoXOhXlXPsz_UhDhU1MJdz0Rgln0D_GpU/s200/punho-do-s-iacutembolo-d.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A categoria está pulverizada. A força de adesão que tornou possível as greves históricas e os ganhos da categoria se perdeu. O que mudou e produziu esse esgarçamento do tecido docente? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta é simples e pode ser detectada nas redes sociais. Foi o alívio paliativo de pressão da necessidade através de mecanismos que dão a ilusória sensação de sair do vermelho provocado pelos baixos salários através dos “penduricalhos” – GLP, dobras, bônus, ajuda de custo, certificação, etc. que nos tirou a energia da mobilização.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Optando pela via de que “de grão em grão a galinha enche o papo”, parte considerável da categoria iludida se sente, momentaneamente, aliviada da pressão provocada pelos baixos salário e não vê razões para aderir à greve. Essa é a estratégia que vem sendo usada, com êxito, pelos governantes para desunir e enfraquecer a categoria. Ora se as galinhas estão felizes em se esfalfar para viver de grão em grão, vamos mantê-las com um suprimento baixo de grãos, pois uma galinha faminta é submissa e fácil de ser manipulada e amedrontada! Assim o galinheiro pouco a pouco, vai sendo desmontado e as galinhas famintas não percebem que de migalha a migalha, estão caminhando para a panela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É triste, lamentável e vergonhoso ver nas redes sociais que a maior parte da categoria se preocupa mais em saber, quando vai ser jogado o próximo punhado de ração, do que com a destruição da educação e a anulação dos direitos adquiridos em anos de luta. Entrem nas comunidades do Orkut e do Facebook e vejam como a nossa categoria, alienada e miserável se presta a esse triste papel. O que importa é saber com sai o auxílio x, a bolsa y ou a confirmação da promessa (nem sempre cumprida) do bônus z. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto a galinha mantêm os olhos fixos nas migalhas, no alto decretos, leis e portarias estão sendo propostos, votados e aprovados para destruir os direitos legais pertencentes à categoria. Leis não cumpridas como, por exemplo, a data-base; redução de vagas de trabalho com o fechamento de escolas, a otimização de turmas, a implantação do NEJA e do AUTONOMIA e com o ensino à distância. Professores estão sendo substituídos por aparelhos de televisão e computadores, há professores com a carga horária pulverizada em diversas escolas, pagando para ir trabalhar,porque os auxílios transporte e alimentação não cobrem essa demanda. A educação se encontra na mão de leigos caindo, vertiginosamente, em matéria de qualidade e bilhões que deveriam ser investidos nos docentes e nas escolas, estão sendo desperdiçados em propaganda e indo engordar as contas de fundações, ONGS e institutos criadas pela iniciativa privada para abocanhar as verbas públicas destinadas à educação. Nem mesmo o fato das políticas educacionais estarem sendo elaboradas por instituições financeiras internacionais – BID, OMC, PISA - é motivo de preocupação, indignação e revolta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Poucos se dão conta disso, a maioria não percebe que a faca está sendo amolada e a água da panela está quase fervendo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acordem, porque a condição de galinha de molho pardo é irreversível!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
LUTAR E RESISTIR É PRECISO!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte: <a href="http://soseducaopblica.blogspot.com.br/2013/05/mobilizacao-ou-galinha-ao-molho-pardo.html">Blog SOS Educação Pública</a></div>
</span>LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-57155530652250194992013-05-07T20:45:00.001-03:002013-05-07T20:49:25.018-03:00Professores da Bahia derrotam projeto educacional privatista de liberais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não são poucas as lutas sindicais ou populares que terminam com os trabalhadores se sentindo derrotados por não conseguirem suas principais reivindicações. Muitas vezes até mesmo quando se consegue conquistas parciais em uma greve parte dos militantes criticam a direção do movimento por considerar que era possível avançar e obter melhores conquistas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGT5fNoHaFPdkjVhXaTy1LiamEofB-tVDBo-0eqhPrBIq0JMgwVOner2isTebcNdma37vYmwNay47WWjqykuebNebflst6IQSogN-sLLMuVrWzgsTTRmgbAui2XeP0lZ1ZwVo8KfeNBEGw/s1600/LUTAR+NAO+E+CRIME.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGT5fNoHaFPdkjVhXaTy1LiamEofB-tVDBo-0eqhPrBIq0JMgwVOner2isTebcNdma37vYmwNay47WWjqykuebNebflst6IQSogN-sLLMuVrWzgsTTRmgbAui2XeP0lZ1ZwVo8KfeNBEGw/s400/LUTAR+NAO+E+CRIME.jpg" width="359" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu sou um dos que se colocam ao lado do que nos ensina o professor Antonio Cândido ao dizer que todas as conquistas sociais obtidas pelos trabalhadores, desde a época em quem os operários eram mandados ao trabalho sob chicotada na Inglaterra, só foram conquistadas pela luta dos trabalhadores que lutavam por uma nova sociedade, que fosse capaz de derrotar a exploração e a opressão do capitalismo. O problema é quando os próprios trabalhadores deixam de reconhecer que foram eles próprios que conquistaram com luta os direitos hoje existentes, como, por exemplo, quando um operário diz que o 1º de Maio é o Dia do Trabalho e não do trabalhador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E qual o motivo que me levou a escrever sobre isso?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desde o início de 2013 que os educadores de Salvador [capital do estado da Bahia] estão lutando contra a imposição por parte da Prefeitura Municipal de um pacote educacional chamado de Alfa e Beto, que foi lançado em 2003 pelo falecido senador <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Carlos_Magalh%C3%A3es">ACM</a> como o "programa de alfabetização do PFL (atual DEM), do qual o atual prefeito da cidade é Neto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Devolução do Pacote</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sob a direção da <a href="http://www.municipal.aplbsindicato.org.br/">APLB/Sindicato</a> foram realizadas assembleias com grande participação de educadores que votaram por unanimidade a recusa ao pacote. Um ato de protesto realizado em frente à Secretaria de Educação foi marcado pela devolução de centenas de malas com os materiais do pacote.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa luta realizada pelos educadores de Salvador trazia uma marca de fundamental importância para a educação e para o movimento sindical do magistério: não se tratava de lutar por reajuste salarial, por mais importante que seja conquistar um salário digno e justo, mas de afirmar o compromisso com a profissão docente, defender a dignidade profissional e impedir uma política educacional excludente e segregacionista, imposta de forma autoritária à rede municipal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a importância dessa luta foi reconhecida por vários setores da sociedade soteropolitana que passaram a se mobilizar para dar apoio e solidariedade efetiva à luta dos educadores. Parlamentares, universidades, movimentos sociais, sindicatos, grupos de pesquisa, conselhos profissionais, estudantes, publicamente expressaram seu apoio aos educadores e repudiaram o método pelo qual a Prefeitura tentou impor às escolas um pacote educacional comprado a peso de ouro. E a diretoria da APLB/Sindicato teve a sensibilidade política de perceber a importância de ampliar o movimento que não é uma luta que se limita ao âmbito sindical.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a dimensão que tomou a luta dos educadores de Salvador obteve uma primeira e importante vitória no último dia 3 de maio. Nesse dia o Ministério Público da Bahia recomendou que a Prefeitura Municipal de Salvador suspenda imediatamente o contrato de compra do pacote educacional Alfa e Beto, que envolve o valor de R$ 12.330.340,00 (doze milhões, trezentos e trinta mil, trezentos e quarenta reais) apenas para o fornecimento dos kits e a capacitação dos professores e coordenadores pedagógicos em três encontros, que parte dos educadores chamam de adestramento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Ministério Público cancela</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com base em parecer formulado por professoras da Faculdade de Educação da UFBA, as promotoras consideraram incompatível o uso dos materiais do pacote Alfa e Beto de forma concomitante com os livros do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), ambos do Ministério da Educação e sem custo para o município. As promotoras no parecer determinam ainda "a devolução do material adquirido" e "o ressarcimento ao erário de eventuais valores pagos", e estabeleceram o prazo de 5 dias para a Prefeitura cumprir com a determinação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa é uma vitória inicial dos professores, coordenadores e diretores que ousaram se levantar contra o autoritarismo da Prefeitura e o desrespeito às competências profissionais dos educadores municipais. Os educadores de Salvador deram à Administração Municipal uma lição de coragem, de compromisso profissional e de defesa da escola pública, dos direitos dos alunos e de valorização da cultura e da realidade social das comunidades atendidas. Ao negarem esse pacote, os educadores também se colocaram contra uma concepção mercantil e excludente de educação e formação de alunos, que desconsidera a heterogeneidade presente nas salas de aula entre os alunos e despreza o fazer docente, ao transformar professores em aplicadores de atividades pré-formatadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lição para Sindicatos</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><i>E foi, também, uma lição para o movimento sindical de todo o Brasil, que a partir de agora tem uma referência fundamental para se espelhar e incluir em suas lutas a defesa da autonomia pedagógica e do respeito ao que representa o exercício da profissionalidade docente. E essa é uma questão fundamental: um educador que não se valoriza profissionalmente dificilmente luta por condições justas e dignas de vida e trabalho.</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa medida do Ministério Público representa uma primeira vitória, que não é definitiva. A Prefeitura pode não acatar e decidir deixar o processo correr na esfera judicial, apostando na morosidade da Justiça em decidir e na desmobilização dos educadores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E é por esse motivo que retomo o que nos ensina o professor Antonio Cândido: sem luta nada conquistamos e a realidade se transforma em decorrência das nossas lutas. E sem querer ensinar a quem sabe mais do que eu, considero que é importante que a APLB/Sindicato convoque os educadores para discutir essa decisão do MP, discuta com as escolas que aceitaram o Alfa e Beto que esse é o momento de devolver e dizer não a esse pacote, unificando todos os educadores em torno da defesa da autonomia docente e da valorização profissional, e organizando formas de pressionar a Administração a acatar a decisão do MP, cancelando o contrato, exigindo a devolução dos valores pagos, e dando aos educadores o direito e as condições para debaterem e construírem autonomamente a política educacional que interessa às equipes escolares e à comunidade soteropolitana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje podemos dizer que a luta dos educadores da rede municipal de Salvador coloca em um patamar elevado a dignidade profissional do magistério. Mas os educadores também demonstraram que podem ir além, pois a luta apenas começou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Walter Takemoto é educador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fonte: <a href="http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/38153-professores-da-bahia-derrotam-projeto-educacional-privatista-de-liberais.html" target="_blank">Diário Liberdade</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://kautscher.blogspot.com/2007/06/o-que-se-esconde-atrs-do-alfa-e-beto.html"><span style="color: red; font-family: Verdana, sans-serif;"><b>O QUE SE ESCONDE POR TRÁS DO "ALFA E BETO" ?</b></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alfabetização infantil deve ter prioridade, diz José Jorge</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O senador <b>José Jorge (PFL-PE)</b> sugeriu que o governo eleja efetivamente a alfabetização das crianças na rede pública de ensino como a sua principal prioridade na área educacional. Ele disse que o Brasil não vem conseguindo alfabetizar adequadamente a maioria dos alunos das escolas públicas e que o PFL resolveu desenvolver um programa, envolvendo prefeitos e governadores do partido, para que os alunos sejam realmente alfabetizados até o final do primeiro ano do ensino fundamental.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os resultados do Sistema de Avaliação de Ensino Básico (Saeb) do Ministério da Educação mostram, conforme o senador, que entre 60% e 80% dos alunos não atingem os níveis mínimos estabelecidos pelo MEC até o final da quarta série. Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PT-DF), ex-ministro da Educação, apoiou a iniciativa e precisou os resultados do Saeb, indicando que 52% das crianças brasileiras chegam à 4ª série sem saber ler efetivamente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>O programa do PFL, intitulado Alfa e Beto</b>, concebido pelo professor João Batista Araújo e Oliveira, educador há mais de 40 anos e que já foi secretário-executivo do MEC, começou a ser implementado no ano passado em 13 municípios administrados pelo partido, tendo sido incorporado este ano às redes estaduais da Bahia e de Sergipe.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.senado.gov.br/jornal/noticia.asp?codEditoria=21&dataEdicaoVer=20040517&dataEdicaoAtual=20061129&nomeEditoria=Plen%E1rio&codNoticia=21834"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">JORNAL DO SENADO</span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Edição de segunda-feira, 17 de maio de 2004</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-74725034934721134682013-05-07T13:28:00.000-03:002013-05-07T13:28:31.014-03:00MEC disponibiliza curso de francês gratuito<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>As aulas são totalmente on line</b></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os governos do Brasil e da França criaram um programa de aprendizagem para quem tem interesse em aprender francês. O programa é totalmente on line e permite a capacitação dos alunos através de módulos, vídeos, textos e exercícios.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK3JHGK1yzFo9uEtBHJzX336ThYedJEU0kheSU1fc_ypciHAouD7eXM0X9F6N1UlL1dF9P98SmxmRfxBoNMaQQRW-cQ3LhXcwJRP_I2cPQiLFf9m7ZCA_XrVaWZWQKxu6ljMUFlLf0_KO4/s1600/RevoluoFrancesaSimbolo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="506" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK3JHGK1yzFo9uEtBHJzX336ThYedJEU0kheSU1fc_ypciHAouD7eXM0X9F6N1UlL1dF9P98SmxmRfxBoNMaQQRW-cQ3LhXcwJRP_I2cPQiLFf9m7ZCA_XrVaWZWQKxu6ljMUFlLf0_KO4/s640/RevoluoFrancesaSimbolo.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com o MEC, os materiais disponibilizados é para os alunos iniciantes e para alunos de diferentes níveis da língua estrangeira. Um dos métodos utilizados, o 'Reflets-Brésil' é dividido em 24 lições lembrando o formato das telenovelas brasileiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para inciar o aprendizado os interessados podem acessar o<a href="http://francoclic.mec.gov.br/index.php"> site Francoclic </a>. De acordo com a descrição do site, os conteúdos são destinados aos alunos e professores interessados na aprendizagem e no ensino da língua francesa e das culturas francófonas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.radiosociedadeam.com.br/portal/noticia.aspx?nid=122546" target="_blank">Informação Correio</a>*</div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-81103617171881231312013-05-04T18:42:00.002-03:002013-05-04T18:42:24.738-03:00Professores estaduais mantêm greve em São Paulo<div style="text-align: justify;">
<a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agência Brasil</a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - São Paulo – Os professores do ensino público do estado de São Paulo decidiram hoje manter a greve iniciada em 22 de abril. Os professores municipais de São Paulo iniciaram a paralisação hoje. As duas categorias fizeram manifestações na tarde desta sexta-feira.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGGtbW1pLjb32a3BiBeGu9uLluhjFgIaQgPSsUEIr49H5GbBp5IYT0wgjI52pNDmadd9EnJhbx6EuYSN4luSsrYbfteLj_aEFsMMi29TDLTDHCEjnq_RK1GAP-7XhIElAW4o1Q4eeLd5Wb/s1600/LUTAR+NAO+E+CRIME.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGGtbW1pLjb32a3BiBeGu9uLluhjFgIaQgPSsUEIr49H5GbBp5IYT0wgjI52pNDmadd9EnJhbx6EuYSN4luSsrYbfteLj_aEFsMMi29TDLTDHCEjnq_RK1GAP-7XhIElAW4o1Q4eeLd5Wb/s400/LUTAR+NAO+E+CRIME.jpg" width="359" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A assembleia dos professores estaduais aconteceu no vão livre do Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista. Eles seguiam às 17h35, em passeata, até a Secretaria de Estado da Educação, na Praça da República. Os trabalhadores pedem reposição salarial de 36,74%. Por volta das 16 horas, a estimativa da Polícia Militar era de 3,5 mil a 4 mil pessoas participando do ato. Os organizadores falaram em 10 mil pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na noite de ontem, por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que a paralisação, na quinta-feira, atingiu 1,2% do total de docentes, em relação a média diária de ausências, de cerca de 5%. A secretaria informou que o calendário escolar permanece inalterado e que os pais não devem deixar de levar seus filhos a escola.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os professores municipais fizeram manifestação em frente à prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, no centro da cidade. Eles pedem revisão geral anual da remuneração, alteração da lei salarial, fim das terceirizações e contratos de parcerias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A prefeitura apresentou propostas que envolvem aumento de 71,4% no padrão inicial de vencimentos do Plano de Cargos, Carreiras e Salários de nível básico, de R$ 440,39 para R$ 755, e reajuste linear de 0,82% retroativo a novembro de 2011.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As manifestações causaram impacto no trânsito da cidade. No entanto, às 17h42, os congestionamentos, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), atingiam 14% das vias monitoradas, dentro da média para o horário.</div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-85235106041428228272013-05-02T20:02:00.000-03:002013-05-02T20:02:20.770-03:00Eu acuso...<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Caros colegas,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pensei em homenageá-los por esta data, resolvi fazê-lo denunciando nossa "querida" SEEDUC-RJ ao Ministério Público, segue como minha homenagem, abaixo, o inteiro teor da minha denúncia:</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Prezados Senhores,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTmyAEJl3QB2XcJQAyPOUF4nXKV-OlI0gX2vz82je-kI-w6Tpwr9Vki1svC_QPs2yMtuzsUJhdOaA47RQ5NFazax0AW8Fx6lXHPWCELyADMb8OpuwF9_3QRozMeKcTiGgP2Htz2uKn0Ula/s1600/CABRAL+E+A+EDUCA%C3%87%C3%83O.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTmyAEJl3QB2XcJQAyPOUF4nXKV-OlI0gX2vz82je-kI-w6Tpwr9Vki1svC_QPs2yMtuzsUJhdOaA47RQ5NFazax0AW8Fx6lXHPWCELyADMb8OpuwF9_3QRozMeKcTiGgP2Htz2uKn0Ula/s400/CABRAL+E+A+EDUCA%C3%87%C3%83O.gif" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Inspirado no famoso “J’accuse” de Émile Zola quero apresentar minha denuncia sobre as ingerências da SEEDUC-RJ praticada contra a escola pública, professores e alunos, o que todos nós lamentamos. Lamento também não conseguir manter a qualidade literária de Zola em meus arrazoados, nem podia alimentar tal expectativa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu acuso...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de prejudicar substancialmente a educação pública no Rio de Janeiro por criar um péssimo ambiente de relacionamento interpessoal entre os profissionais da educação e a direção das escolas ao transformar esses educadores que antes exerciam a função de diretores de unidades escolares em “gestores” e passou a exigir deles que exerçam a função de “capatazes” dos professores. Antes disso, a relação entre os educadores que exerciam cargo de direção e os educadores regentes de turma era cordial, fraterna e cooperativa, agora é competitiva, hierárquica e punitiva;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de prejudicar a ação didática dos professores ao criar excessivas atividades administrativas para os docentes, roubando-lhes preciosas horas que deveriam ser dedicadas à preparação de aulas, pesquisa e cultivo pessoal para melhor exercício do seu ofício-missão. Parte desse tempo agora é utilizada para lançar notas no sistema “conexão educação” que nenhuma vantagem produz à relação ensino-aprendizagem; que em nada facilita a vida do docente, só a dificulta; que é a repetição de uma tarefa já realizada pelo professor na detalhadíssima confecção do diário de classe, não havendo nada que justifique a necessidade de repetição da mesma. A tarefa de digitar notas do sistema é um desvio de função, já que um digitador é uma mão de obra mais barata e eficiente para efetuar essa operação. Além de não reconhecer esse desatino a SEEDUC-RJ ainda pune o professor que ciente da dimensão e importância de sua missão se recusa a fazer uma tarefa que não faz parte de suas atribuições, isto representa abuso de autoridade e assédio moral;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de explorar financeiramente os professores por não cumprir a lei federal nº 11.738/2008, que estabelece que 1/3 da carga horária dos professores deve ser cumprida fora da sala de aulas, acumulando assim um passivo trabalhista gigantesco e sobrecarregando sua carga horária efetiva;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de ingerência nas unidades escolares com a adoção de avaliações externas bimestrais chamadas de Saerj e Saerjinho que comprometem o calendário escolar das unidades e até agora não retornaram com qualquer contribuição válida para melhoria da educação, sendo mais um exemplo da utilização não pública (privatização) da verba pública de educação e pelo não cumprimento do Artigo 15, da LDB, lei 9394/1996 e do Artigo 17, da Resolução CNE/CEB no. 2 de 30/01/2012. Ambas propõem que: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”; isso não tem acontecido;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de quebrar a isonomia entre os professores ao adotar ações retaliativas contra os professores que não laçam notas no sistema, ainda que isso não seja atribuição do docente o que mostra o grau de perversidade dos atuais gestores da educação, perseguindo aqueles que não se submetem aos seus caprichos. Está prometida para este ano uma certificação dos docentes e um dos pré-requisitos é o lançamento de notas, atividade que não é competência do educador;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de comprometer a qualidade da educação do Rio de Janeiro ao se negar a ouvir os profissionais da educação e adotar uma postura tirânica, arrogante, prepotente e unilateral quando toma decisões que interferem no cotidiano da educação à revelia da categoria profissional e do Sindicato de classe;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A SEEDUC-RJ de não reconhecer o direito Constitucional de greve ao impedir o Sindicato da categoria de deliberar a favor da greve, único instrumento de luta do trabalhador frente ao seu empregador, tolhendo o profissional de seu legítimo direito e levando ao extremo a hipossuficiência do trabalhador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mediante ao exposto, solicita-se deste Douto Ministério Público que:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1. Exija um compromisso público da SEEDUC-RJ no sentido de melhorar as relações interpessoais em todas as esferas de sua atuação, já que ignorar esta medida gera prejuízo direto à relação professor-aluno;</div>
<div style="text-align: justify;">
2. Impedir que os professores sejam coagidos a realização de tarefas administrativas e que a SEEEUC-RJ seja obrigada a contratar profissionais ou estagiários para digitarem as notas no sistema conexão educação, além de anular qualquer retaliação que pese contra os professores que se negam a se submeter a essa prática perversa;</div>
<div style="text-align: justify;">
3. Obrigue a SEEDUC-RJ a cumprir a lei Federal 11.738/2008, adotando a regra de cumprimento de 1/3 da jornada de trabalho fora da sala de aulas;</div>
<div style="text-align: justify;">
4. Exija da SEEDUC-RJ um estudo da relação custo benefício da realização das avaliações externas Saerj e Saerjinho, e se houver indício de transferência das verbas públicas da educação para a iniciativa privada que estas sejam proibidas ou que só haja uma avaliação anual, porque a avaliação bimestral, como acontece atualmente, fere o Artigo 15 da Lei 9.394/96;</div>
<div style="text-align: justify;">
5. Exija da SEEDUC-RJ que submeta, antecipadamente, qualquer medida que possa interferir na rotina ou produza ônus a ação didática ao crivo da categoria e da Comissão Estadual de Educação da Alerj;</div>
<div style="text-align: justify;">
6. Que o Ministério Público puna a SEEDUC-RJ todas as vezes que criar impedimento à realização da greve, como aconteceu agora em abril que uma liminar da justiça impediu o direito de greve e ainda ameaçou multar o Sepe em R$ 500 mil diários; e a Constituição? O que legitima o impedimento do exercício de um direito constitucional? Sugerimos, finalmente, que o Ministério Público, como legítimo defensor dos direitos coletivos difusos, proponha essa discussão no âmbito da justiça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
N. Termos,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E. Deferimento,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Rio de Janeiro 1 de maio de 2013 (Dia do Trabalhador)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Erley Mairon Faria da Silva</div>
<div style="text-align: justify;">
Denúncia registrada sob o nº 23517</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte :<a href="http://blogpodegiz.blogspot.com.br/"> PÓ DE GIZ</a></div>
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</span>KAUTSCHERhttp://www.blogger.com/profile/04689048769474124969noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-2693743246009197472013-04-29T10:20:00.001-03:002013-04-29T10:20:15.361-03:00Em defesa do Sepe - Sepe realiza ato contra ataques do governo estadual<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>No dia 3 de maio (sexta-feira), o Sepe realiza na ABI (Rua Araújo Porto Alegre 71, 9º andar, Centro), às 18h, atoem defesa do direito democrático de livre organização e manifestação previsto em Constituição, com aparticipação de diversas entidades sindicais e da sociedade organizada, além de parlamentares e militantes. Oato foi motivado pelos recentes ataques do governo estadual contra o legítimo direito do Sepe de representar ostrabalhadores de educação e de realizar campanhas. Durante o ato, as entidades irão assinar uma carta emdefesa da liberdade sindical no estado do Rio. Leia o documento:</b></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSGxrmW2lTtYCzIiwXUMwIxH8F_pn7AiljJf3S5oipu-cBxpEUNe68HzBUbTDsOo2iQ9AA6riH0inPqDvWTwCJIrNcL4FcSKAeYbo-Yojw3XG9vGH3VcgGsL1-Ex__CYh9EnaqGkOEKkGi/s1600/SEPE+36+ANOS.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSGxrmW2lTtYCzIiwXUMwIxH8F_pn7AiljJf3S5oipu-cBxpEUNe68HzBUbTDsOo2iQ9AA6riH0inPqDvWTwCJIrNcL4FcSKAeYbo-Yojw3XG9vGH3VcgGsL1-Ex__CYh9EnaqGkOEKkGi/s400/SEPE+36+ANOS.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A direção do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), representante legítima dos trabalhadores daeducação no estado do Rio de Janeiro, conclama associações, sindicatos, parlamentares e demais entidades da sociedadeorganizada a se somarem na luta em defesa do direito democrático de livre organização e manifestação previsto emConstituição.</div>
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É publico que a rede estadual encontra-se em campanha salarial desde o início de 2013 – ou seja, é notório que acategoria está em luta pela sua pauta de reivindicações. No entanto, até o presente momento não obtivemos qualquerretorno sobre as inúmeras solicitações feitas pelo sindicato para a instalação de uma agenda de negociações com aSecretaria Estadual de Educação/RJ (Seeduc).</div>
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<br /></div>
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A Seeduc tentou esvaziar o movimento, divulgando bonificações e um índice de reajuste salarial “ainda em estudo”. Depois, partiu para o ataque direto ao Sepe na Justiça. Assim, ao contrário de buscar a negociação, o governo judicializa a relação com a categoria em luta e tenta criminalizar o movimento sindical. O direito de greve é uma conquista da sociedade brasileira e está em nossa Constituição.</div>
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A decisão da Justiça, favorável ao governo, estabeleceu multa de R$ 500 mil no total, caso a paralisação fosse mantida. O Sepe esclarece que o governo foi comunicado, oficialmente e com antecedência, sobre a paralisação.</div>
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<br /></div>
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Esse é mais um ataque desse governo autoritário contra a organização dos trabalhadores que viola o direito de greve, de organização e reunião pacífica. O Sepe está recorrendo contra a ação do governo do estado, tanto no Tribunal de Justiça, como no STF. O Sepe tem uma bonita história de luta em defesa dos trabalhadores da Educação. Não calaremos nossa voz! Esse ataque atinge não só ao Sepe como a todos os trabalhadores, sindicatos e entidades de classe.</div>
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<br /></div>
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O sindicato será incansável na luta pela garantia dos direitos fundamentais dos profissionais de educação e por uma escola pública de qualidade e sabe que contará com o apoio da sociedade. Em razão desse ataque, conclamamos todos a irem ao ato em defesa do Sepe, que se realizará na ABI, dia 3 de maio de 2013, às 18h.</div>
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<a href="http://www.seperj.org.br/index.php" target="_blank">SINDICATO ESTADUAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO RJ (SEPE/RJ)</a></div>
</span>LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-56714294102651743672013-04-28T21:15:00.001-03:002013-04-28T21:15:17.170-03:00<div style="text-align: justify;">
<a href="http://racismoambiental.net.br/" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Combate o racismo ambiental</a><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> - [Aleanice Baeta] Segundo o escritor francês Balzac, há duas histórias: a Oficial, que é mentirosa e a Verdadeira, que é secreta.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com a abertura democrática de nosso país, cada vez mais vamos sabendo de coisas que são diferentes daquelas aprendidas na escola. Uma delas é a respeito de Tiradentes. Tiradentes não usava nem barba e nem bigode. Esta imitação de Cristo, foi feita há tempos e sacramentada através da Lei Federal 4897 de 1966 pelo presidente Castelo Branco, quando foi definido a imagem com barba e cabelos longos de Tiradentes.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3dxB2qKmBqM77MC0kngY8XXAoB8ABIgWzW_3tY_HKFQKX9NsIBYFZb9CGe8fG6KjNMNhIRUUpK5TUMAivIG9t5nEXj3qNeKE4SIh5nf3lmm9TqaCM8LiS_RkrsTFLpHZLFZjvYDcsW9tN/s1600/Tiradentes-Joaquim-Jos%C3%A9-da-Silva-Xavier.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3dxB2qKmBqM77MC0kngY8XXAoB8ABIgWzW_3tY_HKFQKX9NsIBYFZb9CGe8fG6KjNMNhIRUUpK5TUMAivIG9t5nEXj3qNeKE4SIh5nf3lmm9TqaCM8LiS_RkrsTFLpHZLFZjvYDcsW9tN/s400/Tiradentes-Joaquim-Jos%C3%A9-da-Silva-Xavier.jpg" width="292" /></a></div>
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Poucos sabem que Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, era maçom, bem como quase a totalidade dos líderes do movimento de independência. O movimento de independência tinha como caráter principal três províncias do Brasil, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, sendo que o resto do país deveria acompanhar as três províncias citadas.</div>
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A Inconfidência Mineira começou em Vila Rica, que era a cidade mais rica de Minas Gerais, tendo uma vida praticamente européia com orquestras, teatros e grupos literários.</div>
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Em 1756 houve um grande terremoto em Portugal que destruiu quase que toda a cidade de Lisboa. E quem arcou com os custos foi o Brasil, pois o Marques de Pombal impôs uma cobrança sobre o ouro de 1/5 sobre o peso do mesmo que deveria ser mandado a Portugal por um prazo de 10 anos consecutivos. Como sempre no Brasil, tudo que é definitivo é provisório e o que é provisório é definitivo. Assim a cobrança do ouro durou 60 anos.</div>
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<br /></div>
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O que houve foi que as minas de ouro em Vila Rica esgotaram-se e os mineiros não tinham mais como pagar o quinto de imposto. Para piorar, como o ouro estava diminuindo, Portugal estabeleceu uma cota fixa para Vila Rica, devendo ser arrecadado de qualquer maneira 1.500 kg de ouro por ano, não importando a quantidade de produção.</div>
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Na verdade ninguém sabe quem foi o verdadeiro líder da revolução, mas não há dúvida que foi um movimento maçônico que lutava pela independência do Brasil, contando com homens como o Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, o engenheiro químico Dr. José Alvares Maciel, o poeta e coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto, o poeta e magistrado Tomaz Antônio Gonzaga (autor das Cartas Chilenas e do poema Marília de Dirceu) e outros.</div>
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<br /></div>
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O delator Joaquim Silvério dos Reis sofreu um atentado no Rio de Janeiro e foi perseguido em Minas Gerais. Foi para Portugal onde foi homenageado e recebeu alta condecoração do governo português, ganhando também uma pensão mensal de 200 mil reis e teve uma vida muito boa. Acompanhou D. João VI quando a família real veio para o Brasil e quando retornou para Portugal.</div>
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<br /></div>
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Tiradentes foi preso em 1789, justamente o ano em que se deu a revolução francesa e quando praticamente nascia a maçonaria no Brasil.</div>
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Tiradentes usava como desculpa para ir ao Rio de Janeiro, fazer um plano de "puxar água potável" para a cidade.</div>
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<br /></div>
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É quase certo que Tiradentes esteve na França, onde se encontrou com Thomas Jefferson, pedindo ajuda americana para a independência do Brasil. A bandeira dos Inconfidentes, tinha como base um triângulo, que é o símbolo base da maçonaria. A cor vermelha deste triângulo, se deve aos brasileiros que se filiaram a maçonaria na França que era de tendência republicana, enquanto que a maçonaria Portuguesa e Inglesa tinham tendências monarquistas e tinham como símbolo a cor azul.</div>
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<br /></div>
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O enforcamento de Tiradentes se deu em 1792 no Rio de Janeiro, só que foi tramado que os inconfidentes seriam exilados e que toda a culpa seria somente de Tiradentes, que seria o bode expiatório.</div>
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<br /></div>
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A armação foi bem feita e Tiradentes foi substituído por um ator de circo, o Sr. Renzo Orsini, que resolveu fazer o seu último papel, isto é, ser enforcado no lugar de Tiradentes.</div>
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<br /></div>
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Tiradentes depois foi para Portugal, voltando depois ao Brasil e viveu até 1818 quando reinava no Brasil D. João VI, o qual lhe dava uma pensão. O historiador Assis Brasil cita que Machado de Assis, escreveu que Tiradentes morreu de um antraz (bacilo infeccioso que produz pústula maligna) e morava no Rio de Janeiro, na antiga Rua dos Latoeiros, que ficava entre a Rua do Ouvidor e Rosário, em uma loja de barbeiro, sendo que Tiradentes era dentista e sangrador (uso antigo de sanguessugas e sangramento), cuja abertura de negócio se deu em 1810 a conselho do próprio D. João VI.</div>
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<br /></div>
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Com o malogro da conspiração dos mineiros a maçonaria brasileira, muito sabiamente ficou quieta até melhor oportunidade, reaparecendo na Revolução Pernambucana de 1817 e que também fracassou. Novamente em</div>
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1822, a mesma proporcionou a Independência do Brasil.</div>
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<br /></div>
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Como se pode ver, a história Verdadeira é bem mais interessante, embora muitas vezes por comodismo optamos pela história Oficial.</div>
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Fonte:<a href="http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/37897-tiradentes-a-verdadeira-hist%C3%B3ria.html">http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/37897-tiradentes-a-verdadeira-hist%C3%B3ria.html</a></div>
</span><br />
<div style="background-color: white; color: #575757; font-family: Arial, Helvetica, FreeSans, 'Liberation Sans', 'Nimbus Sans L', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #575757; font-family: Arial, Helvetica, FreeSans, 'Liberation Sans', 'Nimbus Sans L', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">
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LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-16735430022498388972013-04-26T21:47:00.000-03:002013-04-26T21:47:01.711-03:00Dez anos depois, lei que obriga ensino afro-brasileiro ainda não é aplicada<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://www.redebrasilatual.com.br/">Rede Brasil Atual</a> - Aprovada pelo Congresso e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda em 2003, a Lei 10.639 – que prevê a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo das escolas do país – é aplicada apenas de forma mínima, mesmo dez anos depois. A situação da lei voltou a ser discutida nesta semana no Rio Grande do Sul, com a audiência pública solicitada pelo movimento negro que provocou declarações no governo do estado e entre deputados estaduais.</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPoqlTfpzDGH9mqPAkVgVszKMao1YtPF1lkL7WSr7pAGsw3xLPri_G7CHCIWe3Qa0ajcdUhtXFD4nGmw74TAU08eZTltvWXlXaWYElwSgKYG0icVFjOVtDVW-5nAGOkZi2lvFwEWjeodEY/s1600/escravos_1839-castigo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPoqlTfpzDGH9mqPAkVgVszKMao1YtPF1lkL7WSr7pAGsw3xLPri_G7CHCIWe3Qa0ajcdUhtXFD4nGmw74TAU08eZTltvWXlXaWYElwSgKYG0icVFjOVtDVW-5nAGOkZi2lvFwEWjeodEY/s200/escravos_1839-castigo.jpg" width="161" /></a></div>
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A audiência ocorreu na última terça-feira (23), na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. A reivindicação principal, de cobrar maior rigor no cumprimento da lei e na fiscalização do que é realizado, fez com que deputados e representantes do governo buscassem encaminhamentos para um panorama que, segundo os movimentos sociais, se alterou pouco ou nada mesmo após uma década de implementação.</div>
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<br /></div>
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Para a assessora de Diversidade Étnico-Racial da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, Marielda Medeiros, em entrevista para o Sul21, "o poder público tem responsabilidade na questão, que é importante no combate ao racismo e ao desconhecimento". Para Marielda, o grande número de escolas, a fragilidade da formação de parte dos professores e o desafio cultural que é discutir o racismo podem atrasar a aplicação da lei – mas não o desconhecimento do tema. "Depois de dez anos (da aprovação da lei), ninguém pode dizer que não a conhece, e nem quais são os conteúdos necessários", diz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Quanto à formação dos professores nas universidades, processo intimamente relacionado ao sucesso das medidas, a assessora afirma que "o governo do estado tem parceria com universidades públicas e privadas para que o professor receba a formação necessária. Ainda assim, o currículo de muitas universidades permanece frágil e professores saem com deficiência nos temas relacionados à cultura e história afro-brasileira".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Presidenta da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, a deputada Ana Affonso (PT) tampouco nega a deficiência nos resultados até agora visíveis da Lei 10.639. Para a deputada, "é difícil para o educador romper com a formação que recebeu durante os anos de estudo, mas não é motivo para que não estejam aptos". Ana Affonso acredita que a discussão permanente sobre o tema pode provocar transformações no que hoje se observa nas escolas: "o debate sobre o assunto pode vencer a dificuldade ou a má vontade de quem quer que seja".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para a deputada do Partido dos Trabalhadores, apesar da necessidade de buscar uma melhor aplicação do que diz a lei, não se pode deixar de lado o esforço já existente. "Precisamos de divulgação do que vem sendo feito nas escolas, porque há avanços também, até para mostrarmos ao movimento negro que o discurso de que nada está acontecendo não é correto", defende.</div>
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<br /></div>
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A audiência pública da última terça-feira pode render encaminhamentos em breve sobre a questão, como a criação de um pólo de formação acadêmica de formação continuada, a fiscalização de conselhos estaduais e municipais sobre o que é feito nas escolas e o agendamento de uma reunião de movimentos sociais com o secretário de Educação do Rio Grande do Sul, José Clóvis de Azevedo.</div>
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<br /></div>
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Onir Araújo, advogado e membro do Movimento Negro Unificado (MNU), problematiza o não cumprimento da lei de outra forma: para ele, trata-se de uma reação previsível de quem busca manter a ordem dominante. "A não aplicação da lei sinaliza o quão farto é o conteúdo racista da sociedade, e demonstra uma inabilidade política enquanto sujeitos históricos", opina. Para o advogado, a presença de conteúdos relacionados à história e à cultura afro-brasileira é uma demanda antiga do movimento negro.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A origem desses anseios no Brasil, inclusive, remontaria a oitenta anos atrás: "para o movimento negro, desde a Frente Negra, nos anos 1930, a questão da história do nosso povo ser contada no ensino é essencial para a integração do negro". A aprovação de uma lei como a 10.639 seria, no entanto, o "desaguadouro institucional" do problema – que estaria muito longe de uma resolução definitiva mesmo com o cumprimento ideal, já que transcende a presença do tema no currículo escolar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para Onir Araújo, "a lei é importante e necessária, mas é limitada, precisa ser vista dentro de um contexto político e ideológico. Por exemplo, nunca foi organizado um orçamento que garantisse que ela fosse cumprida. Assim, os governos podem alegar que falta dinheiro, que não há verba". Na mesma linha, ele acredita que verdadeiros avanços no combate ao racismo no Brasil não podem depender apenas da esfera institucional, e sim de efetiva mobilização popular.</div>
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<br /></div>
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O militante do MNU acredita que "quando se tenta abrir uma cunha nesta estrutura que é patriarcal, burguesa e racista", ocorre a reação dos que buscam manter "um status de 513 anos de história". O descumprimento da lei, que ocorre "em todos os estados do Brasil", seria tecnicamente um caso típico de mandado de injunção – no caso, quando a Justiça ordena a aplicação de uma lei. Entretanto, tampouco haveria boa vontade do Judiciário. "Apenas com o bloco na rua isso não vai ser um diálogo de surdos", resume Araújo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O exemplo utilizado pelo advogado para demonstrar que a lei, ainda que bem executada, permanece sendo insuficiente, relaciona a não aplicação com um histórico de violência constante: "a prova de que a lei não basta é que 30 mil jovens negros são vítimas de homicídio por ano no Brasil, e esse é um massacre invisível para muita gente. Não é só uma lei que vai adiantar". Está previsto ainda para o primeiro semestre de 2013, segundo a deputada Ana Affonso, um seminário que busca mapear a aplicação da lei 10.639 no Rio Grande do Sul.</div>
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Fonte :<a href="http://www.diarioliberdade.org/brasil/lingua-educacom/37842-dez-anos-depois,-lei-que-obriga-ensino-afro-brasileiro-ainda-n%C3%A3o-%C3%A9-aplicada.html"> Diário Liberdade</a></div>
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</span><br />
<div style="background-color: white; color: #575757; font-family: Arial, Helvetica, FreeSans, 'Liberation Sans', 'Nimbus Sans L', sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; text-align: justify;">
.</div>
LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1588636674516120675.post-82162049490272316542013-04-25T12:53:00.000-03:002013-04-25T12:53:22.493-03:00Educação - Mão do mercado esbofeteia soberania<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><b>Aquisição da Anhanguera evidencia que educação brasileira foi elevada à mesma categoria de distribuidora de combustíveis</b></span></div>
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<br /></div>
<div style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: justify;">
Guardada a sete chaves como todo negócio que envolve ações na Bolsa de Valores, a aquisição da Anhanguera pela Kroton foi tratada pela grande imprensa como “fato relevante”, o que é, e como “fusão”, o que não é. Numa só canetada, ditada pelo interesse econômico, a educação brasileira foi elevada à mesma categoria de distribuidora de combustíveis e produtos alimentícios. A Kroton é o braço educacional da Adviser, um dos maiores fundos globais de investimento, especializado no ditado popular “quem pode, manda, quem tem juízo, obedece”.</div>
<div style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg-qH3KEU1iEK2YuZEERil1YsQNbNoz8nHj57g89Ij3MYVv0guQf-AdIs5XT3XFniGj7vhW3Hp_-W2t5pJen_Qsr4sDeuRjnGT6GflvgeJfSQPHSxy7ps4HLKcEhvTo_AoJcUD8VisrX_Q/s1600/ESCOLA+N%C3%83O+%C3%89+FABRICA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg-qH3KEU1iEK2YuZEERil1YsQNbNoz8nHj57g89Ij3MYVv0guQf-AdIs5XT3XFniGj7vhW3Hp_-W2t5pJen_Qsr4sDeuRjnGT6GflvgeJfSQPHSxy7ps4HLKcEhvTo_AoJcUD8VisrX_Q/s400/ESCOLA+N%C3%83O+%C3%89+FABRICA.jpg" width="396" /></a></div>
<div style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: justify;">
A operação está avaliada em R$ 5 bilhões, o que faz da Kroton uma empresa de R$ 12 bilhões em ações na BM&FBovespa. Dinheiro em espécie mesmo, nenhum. Para que? Somente o anúncio do fato relevante, que é, elevou em 8% o valor das ações do grupo. Mas, para quanto será elevada a qualidade do ensino proporcionado aos estudantes das classes C e D que frequentam as faculdades da dupla Kroton/Anhanguera? Esse é um problema do MEC, dizem os comentaristas econômicos da grande mídia. Cabe às autoridades da educação fiscalizar e exigir seus critérios de qualidade. Simples assim. Os alunos, por sua vez, poderão dizer se estão satisfeitos ou não com os seus cursos mudando de faculdade, se for o caso. Mais simples ainda.</div>
<div style="font-family: Verdana, sans-serif; text-align: justify;">
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Entretanto, o que está por trás de um negócio dessa dimensão ultrapassa as fronteiras da economia para alcançar o terreno da soberania. Vejamos. O Brasil, ao contrário de vizinhos mais pobres da América do Sul, possui proporcionalmente menos estudantes universitários. São 6,7 milhões de estudantes no ensino superior. Desse total, 4,9 milhões frequentam instituições privadas e 1,8 milhão estão na rede pública nos três níveis: federal, estadual e municipal. Somente a Kroton terá, de saída, 1,2 milhão de alunos. Na escala decrescente dos maiores grupos educacionais privados estão New Oriental, Estácio, DeVry, Apollo, Abril Educação, Apei, Strayer e Megastudy. Um doce para quem adivinhar qual desses grupos tem capital exclusivamente brasileiro.</div>
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Nos últimos dez anos, o Governo Federal tem incrementado políticas públicas de estímulo ao ingresso no ensino superior. O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa Universidade Para Todos (Prouni) são exemplos de políticas bem sucedidas, mas que por resistências ideológicas de variados matizes, ainda não deslancharam como poderiam. A distribuição da renda e a política de aumento real dos salários proporcionaram a consolidação de uma nova classe média, disposta a comprar, num primeiro momento, aqueles bens que a cultura do consumo torna necessários. No segundo momento da onda de consumo, a juventude dessa nova classe média poderá comprar bens de educação. Por isso, numa conta de chegada o Brasil pode colocar para dentro da faculdade algo em torno de 10 milhões de jovens entre 18 e 24 anos no próximo quinquênio . Nada mal para as estratégias empresariais de larga escala.</div>
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Mas, qual será a formação que esses jovens terão? Serão treinados na doutrina do “pode quem manda, obedece quem tem juízo” ou poderemos sonhar com um Brasil mais justo, soberano e solidário? O que acontecerá com os últimos grupos educacionais 100% brasileiros? Brandirão uma resistência heroica ao lado da sociedade em aliança com os movimentos sociais ou vão sucumbir aos apelos sedutores de uma conta bancária gorda e individual?</div>
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Certos comentaristas da grande mídia insistem em dizer que política não se mistura com economia, que é a pegadinha ideológica para passar gato por lebre. No caso da educação, a concentração nas mãos de poucos grupos privados sustentados por fundos globais de investimento coloca, no mínimo, uma questão estratégica para o futuro: qual a educação que queremos para o Brasil? O CADE e o MEC tem a palavra.</div>
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* Marco Piva é jornalista especializado em educação.</div>
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Fonte<a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/28542/mao+do+mercado+esbofeteia+soberania.shtml"> : </a><a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/28542/mao+do+mercado+esbofeteia+soberania.shtml">operamundi</a></div>
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LUTA PELA EDUCAÇÃO-UNIDADE CLASSISTAhttp://www.blogger.com/profile/07189963561022180619noreply@blogger.com0