24/11/2011

Sob suspeitas de corrupção, reitor da Unir renuncia

 Aline Scarso
Saída de José Januário de Oliveira Amaral era uma das reivindicações de professores e alunos, em greve há mais de três meses
O reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), José Januário de OliveiraAmaral, renunciou ao cargo que ocupava desde 2007, informou o Ministério da Educação (MEC) nesta quarta-feira (23). Amaral está sendo investigado por causa de várias denúncias de corrupção na gestão. Na próxima semana, o ex-reitor formalizará seu pedido ao Conselho Universitário, instância máxima de deliberação da Universidade.
De acordo com nota do MEC, “Januário Amaral tomou a decisão de renunciar ao constatar a falta de condições para conduzir a Universidade, em razão da série de denúncias de malversação e desvio de recursos que envolvem a Fundação Rio Madeira (Riomar), que serve de apoio à Unir”.
Professores e estudantes estão em greve desde o dia 14 de setembro. A saída do reitor era uma das reivindicações do movimento e está sendo comemorada. De acordo com o comando de greve, carreatas acontecem em Porto Velho, Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena, cidades que abrigam campis da Unir.
“Neste momento as pessoas estão bastante eufóricas aqui, mas também receosas sobre qual será a postura do MEC. A queda do reitor é apenas um passo. Agora podemos rediscutir questões importantes ligadas à estrutura da Universidade, de modo que a mobilização permanece”, explica o professor e Chefe do Departamento de Ciências Sociais do campi de Porto Velho, Estevão Rafael Fernandes.
O movimento grevista reivindica também investimentos na infraestrutura da Universidade e contratação de servidores técnicos e professores. Segundo o professor, estudantes irão realizar uma assembleia para decidir se mantêm ou não a ocupação do prédio da reitoria.
Iniciada em 5 de outubro, estudantes afirmam que ocupam o local para proteger documentos que devem ser investigados. “Meu palpite é que a ocupação persista, ao menos por enquanto - a depender de como será feita a transição [do cargo de reitor]. O prédio da reitoria ainda possui muitos documentos que podem servir como provas nas denúncias e os alunos terão que pensar como isso acontecerá”, argumenta Fernandes.
De acordo com o MEC, uma comissão indicada pelo ministro Fernando Haddad irá avaliar as condições de funcionamento da universidade. “Segundo denúncias de estudantes e professores, tais condições são as piores possíveis”, registra a nota.
Desde o último dia 24, auditores ligados à Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC e à Controladoria-Geral da União (CGU) realizam um levantamento das contas da Unir e da Riomar. Um relatório deve ser entregue nos próximos dias.
O Ministério Público Estadual de Rondônia tem 16 investigações abertas para averiguar a situação da Unir. O ex-reitor também é investigado pelo órgão que aponta desvio de recursos públicos, contratação de empresas fantasmas, fraudes em concurso público e compras de produtos superfaturados. Já um laudo produzido pelo Corpo de Bombeiros, divulgado em 21 de outubro e solicitado pelo comando de greve da Universidade, identificou 25 irregularidades nos prédios da instituição.
“O reitor era uma das pessoas envolvidas nas denúncias, mas há muitas outras mais. O movimento segue. Devemos isso à sociedade que vem nos apoiando por uma educação de qualidade e pela ética no ensino superior. Aliás, o fato do movimento persistir é mais uma prova de que não era um movimento golpista, mas algo estrutural. O que tivemos hoje foi uma etapa essencial vitoriosa, mas há muitas outras pela frente, mais importantes até do que esta”, complementa Fernandes.
Veja parte do laudo dos bombeiros, que aponta irregularidades nos prédios:

 Fonte: BRASILDEFATO

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