04/11/2011

A POLÍCIA E A UNIVERSIDADE

A situação da ocupação da reitoria da USP deve ser tema de preocupação de todos a mídia tem tratado a questão como se apenas um grupo irresponsável de estudantes defendesse a o uso de maconha no campus, tergiversando propositalmente o problema da autonomia universitária e do conhecidíssimo despreparo da polícia militar em tratar com estudantes e com a população em geral.

Agora mesmo pela manhã, o jornal fuleiro Bom Dia Brasil, da Globo, fazia apologia senso comum da polícia no Campus apelando para imagens do reitor Rodas, vociferando contra a ocupação, e de Alckmin tentando preparar o espírito da população para uma ação violenta por parte da PM.


Sabemos, no entanto, que o problema é mais grave e complexo, pois envolve objetivamente a presença da polícia no Campus para inibir os movimentos reivindicatórios na USP, como foi denunciado no ato em novembro do ano passado contra a perseguição a estudantes e funcionários, na FFLCH, prática não somente da reitoria da USP, como também na Unesp, onde estudantes foram expulsos por terem feito manifestação contra o reitor.


O que a comunidade acadêmica das Universidades estaduais paulistas deseja é o debate democrático sobre as alternativas de segurança nos Campi Universitários, com a participação de todos e com a modernização das guardas universitárias e da infraestrutura dos Campi.


A Universidade pública não quer a "autonomia" da PM no Campus, constrangendo e abordando agressivamente estudantes e funcionários, invadindo os prédios das faculdades, desrespeitando a Comunidade Acadêmica, mas a autonomia universitária em um ambiente onde deve prevalecer a inteligência e a perspectiva que vá para além do senso comum conservador.


Uma agremiação anacrônica e autocrática, porque fruto da tradição autocrática da burguesia brasileira, permanentemente envolvida em casos de violação de direitos, de assassinatos e de corrupção, que se orgulha de haver participado do massacre de Canudos, da repressão à greve de 1917, em São Paulo (que inseriu o país na modernidade capitalista e colocou a questão social no centro das discussões, em uma sociedade de corte escravista) e que alardeia seu apoio ao golpe militar-bonapartista, em 1964, não tem a moral nem a legitimidade necessária para atuar em um ambiente de produção de conhecimento e de cultura. Não reconhecemos a legitimidade de um instrumento de repressão que aterroriza os trabalhadores nas periferias e que deveria ser reformulada e desmilitarizada.


A Comunidade Acadêmica não pode ser intimidada com a ofensiva conservadora, nem com a polícia nem com a imprensa fuleira e reacionária. Mesmo não concordando com a decisão de ocupação da reitoria da USP, devemos defender os estudantes que ainda estão na ocupação, devemos nos perfilar contra qualquer ação repressiva e policial, típica dos autocratas e de seus aliados da imprensa fuleira. Não é de nossa tradição a truculência, mas o diálogo democrático e a inteligência.


A saída para impasse é voltar a discutir democraticamente as alternativas de segurança das pessoas que frequentam a USP, e todos os campi das Universidades paulistas, com toda a Comunidade e sem os capitães-do-mato fardados e anacrônicos.

FORA A PM DOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, PELA AUTONOMIA DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS PAULISTAS!!!!
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