Crédito: UJC | |
17/07/2011
"Chapa-branca" ou máfia de calças curtas?
União da Juventude Comunista
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As últimas semanas tem sido de imensas mobilizações e confrontos. Após um trabalho político que buscou a unidade entre segmentos como estudantes secundaristas e universitários, professores, funcionários e pais, para enraizar as solicitações entre a sociedade, todo o país debate o modelo de educação - gerado por uma ditadura militar.
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A principal bandeira é o financiamento público para o ensino público, retirando assim o apoio estatal para o lucro privado dos tubarões do ensino. A luta, em sua última jornada, gerou 62 manifestantes presos e 34 policiais feridos.
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Falamos do Chile, de seus estudantes e sua Federação dos Estudantes das Universidades, da luta popular.
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As últimas duas décadas tem sido de inconfessáveis jogadas de gabinete, acordos espúrios e descaracterização. Após um trabalho político que visa usar uma entidade histórica como poder de barganha por cargos, verbas públicas e projeção política, muitos gabinetes foram ocupados, campanhas financiadas, parlamentares e até mesmo prefeitos eleitos para gerir desavergonhadamente a política exploratória do capital.
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Falamos do Brasil, das últimas diretorias da UNE, da vergonha de se vender ao poder.
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A imprensa burguesa, movida por sua moral burguesa, critica a UNE por realizar seu 52º Congresso com verbas públicas - e a isso dá o nome de "congresso chapa-branca". São muitas as matérias publicadas nos últimos dias dando conta de que Petrobras, Eletrobras, Caixa e ministérios dos Transportes, Turismo, Saúde e Educação despejaram verbas para a realização do evento.
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Aliada de primeira hora da face mais crua do capitalismo no Brasil (PSDB-DEM) e difusora - como aparelho ideológico do Estado - do ideário do Estado Mínimo, identifica este financiamento com o início dos governos petistas no país - ou seja, 2003.
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Pressionado por tais notícias e tentando jogar a própria imprensa em contradição, o atual presidente da entidade afirmou que a destinação de dinheiro do governo para os eventos da UNE não são novidade e nem começou no governo Lula. "O Congresso da UNE de 1989, realizado na Bahia, recebeu verbas do governo baiano, então comandado pelo PFL, atual DEM", afirmou.
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Algo esclarecedor, pois um bom ouvinte - ou uma imprensa séria - ao ouvir isso teria a curiosidade de pesquisar desde quando, e até onde, vai a relação de "parceria" entre a força política que dirige a UNE e governos não necessariamente capitaneados pelo PT.
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Descobriria, sem muito esforço, que o PFL, ou DEM, fez parte das últimas gestões da UNE na chapa dirigida por este grupo, que certa governadora do Maranhão (estado que tem os piores índices sociais do país, e no qual as discrepâncias de renda e condições de vida saltam aos olhos) de sobrenome sugador da coisa pública também é parceira das últimas diretorias da UNE. Verá que esta história realmente - e infelizmente - não começou em 2003.
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Também saberia porque o Governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo, despejou dinheiro no evento - como havia feito outras vezes, inclusive durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso.
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Outro ponto não tocado pela imprensa é o patrocínio dado ao 52º Congresso da UNE pela pouco famosa - mas muito ativa... - Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Representantes do empresariado que comandam o intragável e ultralucrativo sistema de transportes do país, é de se deixar curioso que esta entidade tenha oferecido verbas para a realização de um congresso estudantil.
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Seria falta de pureza crer que isto se dá pelas expectativas criadas de superfaturamento com a realização das obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que envolvem diretamente a máquina de interesses, jogatinas e comissões gerenciadas dentro dos Ministérios dos Esportes, controlado pela mesma força política que dirige a UNE?
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Novamente - e mais uma vez infelizmente - essa estória não começou agora: é filha direta de acordos com o sistema de rádios Jovem Pan para a confecção das "carteirinhas", a Fundação Roberto Marinho e as Organizações Globo para a desconstrução da História e da Memória do movimento estudantil brasileiro.
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Analisados os aspectos não citados pela imprensa burguesa, é hora de fazer uma consideração: as últimas diretorias da UNE são algo bem pior que pelegas ou chapa-brancas e caminham a passos largos para o pior tipo de representação de liderança dos movimentos sociais: a pura e simples máfia.
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Para nós da União da Juventude Comunista (UJC), se a política do governo federal fosse voltada aos interesses dos trabalhadores, se as empresas e órgãos públicos citados tivessem sua atuação marcadamente voltada aos interesses dos trabalhadores e se o comando político da UNE tivesse seus interesses voltados aos interesses dos estudantes, não haveria problema ou dúvida alguma sobre as causas e consequências desses patrocínios. Mas não é o caso, como demonstrou a participação do ex-presidente Lula e do ministro da educação Fernando Haddad no evento.
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Convescote para troca de afagos ou apresentação de faturas?
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Ao participar na quinta-feira do 52º Congresso da UNE, Lula disse ser grato "pela lealdade na adversidade". Deve ter falado dos inúmeros momentos em que a diretoria da entidade deveria mobilizar sua base para estar ao lado dos interesses de trabalhadores e estudantes mas se escondeu por fazer parte do projeto de expansão do capitalismo brasileiro do qual ele, Lula, é maior fiador político.
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Capitalismo que se expressa também na área da Educação - e que leva a acordos inconfessáveis entre os tubarões do Ensino Superior privado e de péssima qualidade, as forças políticas que comandam a UNE e o MEC.
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MEC, aliás, cujo titular da pasta perdeu uma ótima oportunidade de permanecer calado. Assim como o presidente da UNE, para jogar a imprensa em contradição, o ministro Fernando Haddad afirmou a seguinte pérola para afirmar que a entidade não poderia ser chamada de "chapa-branca" por receber verbas públicas:
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"Você liga a televisão e vê propaganda de quem? Quem é a propaganda do futebol brasileiro? Quem é a propaganda das novelas? Para eles, é democrático. Para vocês, é chapa-branca".
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A afirmação de Haddad soa como resposta ao provocante comunista Apparício Torelly, o "Barão de Itararé": "Esqueçamos a ética e nos locupletemos todos!"
Não, ministro, não concordamos com verbas públicas financiando a linha editorial das TVs privadas, quiçá de suas telenovelas. Esse dinheiro seria bem melhor aplicado no salário de nossos professores, nas bibliotecas e laboratórios de nossas escolas, na merenda de nossas crianças.
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Não concordamos com a linha política que levou a presidente da UNE entre 2007 e 2009 a dizer que a entidade "não faz críticas e sim ressalvas a política do Governo Federal". Não concordamos com o fato de a UNE não ter protagonizado ao longo dos oito anos e seis meses de governo social-liberal do PT e aliados nenhuma ação, protesto ou manifestação contrária ao Governo Federal.
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Mesmo quando o governo cortou verbas para a Educação, retirou direitos dos aposentados e se posicionou contra as propostas da entidade - hoje "mais realista do que o rei".
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Por isso nós, da UJC, decididamente mantemos nossa posição firme de lutar, como os precursores da UNE e seu único fundador ainda vivo, Irun Sant'Anna, que nos orgulha por fincar pés nas trincheiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB), como nos mostram os companheiros chilenos. Nossa índole é de luta!
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No Chile, "reunião" com governo é nas ruas. "Representante" do Ministério é a polícia
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Os jovens comunistas brasileiros nos somamos de longe à luta desses estudantes, professores e pais por entendermos que sua luta também é nossa, e precisa ser implementada também no Brasil: a luta para que aumentem as verbas públicas para a educação pública, e que o estado deixe de financiar a iniciativa privada em seu assalto ao sistema de educação.
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Lá, assim como cá, lutamos por uma mudança estrutural no modelo educacional e em seu sistema de financiamento, que é o subsídio ao lucro privado. Felizmente lá - e infelizmente cá - essa luta hoje mobiliza as atenções de um país, chamam à atenção da sociedade e do mundo, ocorrem nas ruas em confronto aberto contra o sistema opressor do capital e seus costumeiros verdugos, a polícia.
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No Chile, a direção política das manifestações estudantis está com os camaradas da Juventude Comunista (JJCC), que usam sua influência e presença política nas Federações Estudantis para o que é justo e correto: mobilizar por transformações.
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Ao que nos cabe, aqui no Brasil, com ou sem a diretoria da UNE, seguiremos nessa batalha.
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Fonte: UJC
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