Os pupilos (o redator desse texto terá nascido no século 18?), nesse primeiro momento, serão alunos dos 6º e 7º anos do ensino fundamental, com 11 a 12 anos de idade (ou mais velhos, como sabemos que existem). Os tutores serão adolescentes do 2º e 3º anos do ensino médio e receberão bolsa mensal de R$ 115 entre setembro e novembro deste ano. A nobre missão desses adolescentes será atuar como verdadeiros educadores, sem nenhuma experiência docente, sem diploma de Pedagogia e sem, sequer, terem participado de curso algum da "revolucionária" Escola de Formação de Professores criada pelo governo Serra...
O Programa é apresentado como se tudo fosse muito natural. A meta é identificar 35 "pupilos" por escola de ensino fundamental e 15 "tutores" por escola do ensino médio. Mas o que realmente causa surpresa e apreensão é que os estudantes com baixo rendimento em matemática receberão ajuda monetária, como explica o artigo da Folha de S.Paulo do dia 13/8:
"O governo de São Paulo vai pagar até R$ 50 a alunos do ensino fundamental (11 e 12 anos) com notas baixas que participem de aulas de reforço em matemática – disciplina em que os resultados da rede estadual são piores. O dinheiro será dado diretamente ao estudante, e não a sua família."
Ora, que tipo de reação se espera dos professores, da mídia e da população perante esse programa? Por que a Secretaria de Educação de Paulo Renato Souza não consultou os pais desses alunos? Terá perguntado aos especialistas em educação se essa tutoria remunerada é uma boa solução? Ou a psicólogos, sobre o que significa para uma criança de 11 anos receber uma espécie de esmola de luxo de R$ 50,00 diretamente do gestor público? Ou estamos diante de uma decisão desesperada, cujo pano de fundo é a campanha presidencial, momento em que o PSDB precisa mostrar algum tipo, qualquer tipo de serviço no campo educacional?
Iniciativa bizarra
Essa experiência de ensino mútuo é bem conhecida dos historiadores da educação, e conhecida como recurso anacrônico. Trata-se do "sistema monitorial" ou "sistema de Lancaster" que, no contexto do século 19, nos Estados Unidos e posteriormente no Brasil, servia como medida provisória e precária para acolher o número cada vez maior de alunos provenientes de classes pobres. Havia escassez de professores. Era uma medida de emergência.
O governo estadual quer provar, por acaso, que não temos professores disponíveis ou capacitados em São Paulo para ensinar matemática em aulas de reforço? E se não os temos, com quem os alunos do ensino médio aprenderam para, agora, cumprirem essa tarefa em lugar dos seus mestres? E se faltam professores, não será por que a profissão docente continua a ser muito pouco atraente do ponto de vista salarial?
Uma leitora do Portal Terra fez o seguinte comentário depois de ler a matéria:
"[...] Trata-se de bolsa eleição, pois ao invés de investirem em salas com 25 alunos e salários dignos aos professores, preferem comprar os votos de adolescente para ensinarem seus colegas, recebendo mais que o professor que estudou muito para se graduar, prestar concurso e se manter na docência, mesmo sendo uma profissão atualmente sem nenhuma decência" (Vera Filósofa).
E o conselheiro estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) José Wilson de Souza Maciel fez uma declaração que vale a pena difundir: "É o fim do mundo você ter de pagar para motivar o aluno a ir a uma aula, isso é o caos da educação. Os estudantes têm de frequentar a escola sabendo que se preparam para o futuro."
Professores e seus sindicatos, autoridades políticas e educacionais precisam refletir sobre várias questões que estão em jogo aqui:
** Institucionalizar a ajuda entre alunos mediante pagamento de bolsa promove a mercantilização da solidariedade em sala de aula.
** Incentivar monetariamente quem não tem bom desempenho escolar, remunerando-lhe a presença em aulas de reforço que, afinal, são um direito do aluno, gera a sensação de que estudar e obter boas notas não compensa...
** Pagar R$ 50,00 diretamente aos alunos é um risco. Não se despreze a possibilidade de esse dinheiro, entregue à revelia dos pais, ser usado em consumo de bebida alcoólica, drogas etc.
** Fazer circular notas de R$ 50,00 no ambiente escolar pode criar ocasiões de bullying no dia do pagamento...
** Imiscuir recebimento de dinheiro em nome de incentivo ao estudo é uma forma de desmoralizar, não só os professores, mas a própria família do aluno e, em casos mais graves, suscitar situações anômalas em que a criança sofrerá pressão para ter notas baixas.
É de se esperar, por fim, que o MEC esteja atento a essa bizarra iniciativa, a essa piada de péssimo gosto. E que se manifeste.
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=603CID001
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Que vergonha querem forma néscios , vamos rever nossos direitos em relação educação, exigimos aprender de forma decente e com pessoas capazes
ResponderExcluirque nos incentive a buscar mais conhecimentos
e não a desistir deles .
De: Rubia
Salvador - ba
Cadê o direito pela educação , conhecimento vamos rever o que de fato o governo quer criar , ou seja pessoas nércias, vamos nos atentar para as próximas gerações e a concepção que o governo que impor para para eles, como possuem renda menos favoráveis se tornam alvos dessa pouca vergonha que é chamada de educação aqui no Brasil .
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