15/05/2010

MERENDEIROS(AS) DE NOVA IAGUAÇU COM SALÁRIOS ATRASADOS

‘Nunca passei por tanta humilhação’

Considerado suspeito durante visita à Câmara de Nova Iguaçu, homem diz que é merendeiro e que só queria informações sobre salário atrasado

Rio - Apresentou-se ontem à 52ª DP (Nova Iguaçu) o homem filmado, terça-feira, pelo circuito interno em sessão da Câmara de Nova Iguaçu e considerado suspeito de integrar organização criminosa. Alegando ser merendeiro terceirizado da prefeitura, ele conta que esteve no plenário em busca de informações sobre o pagamento de 2 meses de salários atrasados. Na sessão, foram discutidos temas relacionados a profissionais da Educação.

Foto: Paulo Alvadia / Agência O
 Dia
Homem que assustou vereadores diz que é merendeiro e que só queria informações sobre salário atrasado | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Apesar do depoimento, o delegado Júlio Cesar Vasconcellos não deu o caso por encerrado. Segundo ele, Moisés da Silva Oliveira, 38 anos, prestará novo depoimento, mais detalhado: “Quero esmiuçar o fato, ouvir duas mulheres que estiveram com ele na Câmara e aguardar o laudo técnico das imagens. Só depois dessas medidas, tomarei uma decisão sobre o caso”.

O merendeiro, casado e pai de dois filhos, entregou cópia de contracheque e disse que trabalha na Escola Newton Gonçalves de Barros, em Jardim Nova Era. Contou que enfrenta necessidades porque seu último salário líquido de R$ 339,40, foi pago em março.

Disse que ficou triste ao saber, que sua imagem foi divulgada como possível criminoso. Segundo ele, duas colegas, Dalva e Rosaura, estavam na Câmara. As imagens do circuito de vídeo que estão sendo analisadas pela polícia mostram-no perto de duas mulheres.

“Nunca passei por tanta humilhação na minha vida. Tenho família, amigos e conhecidos, e todos ficaram me telefonando, preocupados comigo”, lamentou Moisés.

Segundo ele, a minicâmera com que ele foi visto no plenário é usada para melhorar o orçamento da família. Mas ele não gravou a sessão por falta de ângulo. “Eu queria gravar as palavras dos vereadores para mostrar aos meus colegas de trabalho o que eles disseram, mas desisti”.

‘Devaneio dos vereadores’

“A diretora do colégio me telefonou dizendo para eu ir à delegacia. Fui com o advogado. O policial disse para a gente voltar no dia seguinte, porque não havia mais expediente após as 17h. Voltei ontem. Falaram até que eu estava camuflado. Eu gosto de usar esse tipo de casaco, porque servi ao Exército e amo as Forças Armadas”, explicou.

O advogado Willian Guedes, que defende Moisés, classificou o caso como uma covardia: “Foi tudo um lamentável devaneio dos vereadores. Já não chega o fato de ele estar passando necessidade e ainda é taxado como marginal”.

FONTE:  DIA

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