03/05/2010

Começam os protestos do Maio de 1968 na França

Hoje na História: Começam os protestos do Maio de 1968 na França

Em 3 de maio de 1968, a polícia da França retirou à força estudantes da universidade Sorbonne, onde estava havendo um ato de protesto. Os alunos levantaram barricadas no "boul'Mich", apelido do bulevar Saint Michel. A crise de maio de 1968 começou nas ruas do Quartier Latin: barricadas, pedras e coquetéis Molotov eram as armas dos estudantes contra os cassetetes e o gás lacrimogêneo da polícia. A operação se desenrola com grande tumulto e em meio à violência: 600 pessoas são presas. A revolta, inicialmente universitária, desembocaria em greves e uma grave crise social generalizada.


Sob o impulso dos estudantes parisienses, a França, de repente, mergulha numa agitação sem precedentes, no período pós-guerra, durante um mês. Cansados de uma sociedade paternalista e autoritária, os jovens denunciam confusamente o capitalismo, a austeridade moral gaulista, as prisões de seus colegas ao mesmo tempo em que pregavam a liberação sexual e mais direitos para a mulher, brandindo, por vezes, no ar o Livro Vermelho de Mao. A princípio isolados, esses “gauchistas”, que cobriam os muros da cidade com seus slogans libertários, aos poucos iriam receber adesão de outros setores da sociedade francesa.

Em 22 de março de 1968, um grupo de tendência anarquista é organizado, na Universidade de Nanterre, em torno da liderança de Daniel Cohn-Bendit. Trata-se do “Movimento 22 de Março” Os estudantes que o compõem reagem à prisão dos colegas por ocasião de uma manifestação contra a Guerra do Vietnã. Eles ocupam a sala do conselho da faculdade de Letras. A ocupação perdura e os incidentes se multiplicam enquanto o reitor decide fechar a faculdade o que viria a ocorrer no dia 2 de maio.

No dia 3 de maio, no curso de uma jornada marcada por rumores de intervenção da organização de extrema-direita Occident contra os esquerdistas do Movimento 22 de Março, a confusão passa a reinar no campus da Nanterre. No final da tarde o reitor decide pelo seu fechamento. A desordem que se segue sinaliza o ponto de partida dos acontecimentos do Maio de 68 francês.

A revolta dos estudantes atinge seu ponto culminante na noite de 10 a 11 de maio quando os estudantes e a ‘gendarmerie’ – CRS, Polícia Nacional – Companhia Republicana de Segurança, se enfrentam em verdadeiros combates de rua: veículos incendiados, calçamento das ruas arrancado, vitrines estilhaçadas, centenas de feridos. O país está assombrado e pasmo. A agitação estudantil, até aquele instante, isolada, passa a receber a simpatia de uma grande parte da opinião pública. Em 13 de maio, os sindicatos saem às ruas para manifestar junto aos estudantes, contra a brutalidade policial. No dia seguinte uma onda de greves teria início. 




Os sindicatos de trabalhadores - CGT e CFDT, desencadeiam uma grave geral e apelam à população que se junte aos estudantes. Em 16 de maio, uma multidão de 800 mil pessoas – 170 mil segundo a polícia – invade as ruas de Paris aos gritos de “10 anos, chega” em alusão ao décimo aniversário da volta ao pode de Charles de Gaulle. Os manifestantes denunciam também a sociedade de consumo e o desemprego decorrente do regime capitalista.

As negociações entabuladas a partir de 25 de maio entre o governo, o patronato e os sindicatos concluem com um acordo firmado em 27 de maio no ministério dos Assuntos Sociais, localizado na rua Grenelle. Previam um aumento do salário-mínimo de 25%, aumento dos salários em geral de 10% e a redução da jornada de trabalho. Contudo, essas concessões não satisfazem os trabalhadores que, em assembléia geral maciça, decidem pela continuação da greve. É o impasse. A crise social de Maio de 68 desemboca numa grave crise política. Em 30 de maio, De Gaulle anuncia a dissolução da Assembleia Nacional para assumir o poder absoluto, autoritariamente.

No dia anterior, diante do impasse total, De Gaulle abandona repentinamente o território francês, viajando para a base militar francesa de Baden-Baden, na Alemanha Ocidental. Enquanto se reunia com o general Massu, o sanguinário comandante das tropas francesas da Argélia, ninguém sabia onde se encontrava o presidente francês.

Depois de ter saído do mapa por um dia ao voar para Baden-Baden sem mesmo ter avisado seu primeiro-ministro, Charles de Gaulle pronuncia o famoso discurso de endurecimento diante das manifestações. Denunciando a chienlit (extremo da desordem) como já havia feito em 15 de maio, conclama a uma contramanifestação de suas forças de apoio para respaldá-lo no poder. Decide igualmente dissolver a Assembleia Nacional. Suas decisões parecem ter sido eficazes visto que as contramanifestações conheceram um grande êxito. As eleições legislativas que se seguiram reforçaram as hostes gaullistas. Mas De Gaulle só se beneficiaria desse sursis por um ano apenas. 
O protesto dos estudantes tomou as ruas de Paris em 1968.


Para responder aos desejos de modernização do país expressos quando das manifestações de maio de 1968, Charles de Gaulle preparou uma reforma do Senado acompanhado de uma lei sobre a regionalização. Decidiu igualmente jogar todo o seu peso no referendo convocado para aprovar as mudanças constitucionais, anunciando que renunciaria ao poder em caso de vitória do não. Quando os resultados oficiais dando a vitória ao não foram proclamados, envia à Assembléia Nacional sua renúncia deixando definitivamente, em 29 de abril de 1969, a vida política. 


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Um comentário:

  1. Gostei muito , só tenho uma sugestão poderia colocar um filme de documentário mostrando o que ocorreu naquela data.

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