21/12/2009

Campo Grande e Pavuna no pódio das melhores escolas do Rio


Nas unidades que se destacaram em 2009 na rede municipal do Rio, média de alunos foi de até 96. Diretora vai à casa de quem falta muito

Rio - Uma estratégia de ensino repleta de contos, poesias, equações e fórmulas levou os alunos da Escola Municipal Ministro Alcides Carneiro, em Campo Grande, ao lugar mais alto do pódio. Por duas semanas, os alunos experimentaram uma maratona de leitura e solução de questões matemáticas como preparatório para o provão do 4º bimestre da rede pública. O resultado foi campeão: 1º lugar entre os 341 colégios do 6º ao 9º ano em 2009. Do 3º ao 5º, brilhou o Ciep Glauber Rocha, na Pavuna. O ranking foi divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Educação.

“Com o fim da aprovação automática, o processo de avaliação ficou mais justo, e partimos do princípio de que todo professor tem de ir até aonde o aluno está. Por isso visitamos as casas dos alunos que apresentaram queda no rendimento ou que começaram a faltar sem explicação”, explicou a diretora Janete Jane Braga Castilho Corval. “Usamos os módulos de estudo de todas as disciplinas dos quatro bimestres, fizemos reuniões com os pais e alfabetizamos os analfabetos funcionais”, orgulha-se a diretora, que fez curso de capacitação em Matemática e deu aulas de reforço na Escola Cora Coralina, na Favela da Carobinha, em Campo Grande.

Muito orgulhosa também estava a amazonense de Manaus Simone Freitas Neponuceno Campos, 14 anos, a formanda do 9º ano: “Passei para a segunda fase das provas do Cefet, Fiocruz e Colégio Técnico da Rural, com a base que recebi aqui. Adoro Química e Biologia”. Na solenidade de formatura, ontem, os 260 alunos do 9º ano receberam exemplar do livro ‘A Invenção de Hugo Cabret’, de Brian Selznick, presente da secretaria em reconhecimento pelo bom desempenho no provão.

Ontem, a ex- aluna Hozana dos Reis Alcântara, 16, voltou à escola Alcides Carneiro para buscar a autorização para sacar o Bônus de Mérito Escolar de R$ 1.860: “Vou fazer uma boa poupança, comprar umas coisinhas e cuidar do meu futuro, investindo em cursos técnicos”. Para cada avaliação MB (Muito Bom) nos provões bimestrais, os alunos do 8º e 9º anos acumulam R$ 465, resgatados 12 meses após o fim do Ensino Fundamental. Jaqueline de Araújo Silva, 14, espera repetir o sucesso de Hozana. “Estou de olho no Bônus de Mérito, afinal estou acumulando boas notas para isso”, revelou ela, que brilhou com notas máximas em Português e Matemática.


Entre os 1.260 alunos da Alcides Carneiro, 24 são da Escola Especial e 110 do Ensino de Jovens Adultos (EJA). Entre os 1.126 restantes, 62 ou 4,9% do total ficaram em recuperação. O índice está bem abaixo dos 12,69% de toda a rede municipal que terão que enfrenta essa última chance para não repetir de ano. Essa unidade está entre as com menos alunos reprovados, apenas 51, ou 4,1%. “A sala de leitura foi o local mais usado para o sucesso nas provas de Português”, completou Manuel Castilho, professor de História. No mural da secretaria, um verso da canção ‘Caminhando’, de Geraldo Vandré, resume o sucesso da escola: “Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

Colégio estimula gosto pela leitura

Na sala de leitura da Escola Alcides Carneiro, os alunos ficam ‘íntimos’ do estilo de autores consagrados, como Cecília Meirelles, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Vinicius de Moraes, Patativa do Assaré e Carlos Heitor Cony. Outra receita de sucesso da unidade são as aulas de química em laboratório.

Você está satisfeita com a qualidade da escola pública onde seu filho estuda?

Mãe de Christian, 11, aluno do 6º ano, Amanda Cunha do Nascimento, 27, se surpreendeu com o interesse crescente dele por livros de contos e poesia crescer: “Vim para Campo Grande e matriculei meu filho onde tive boas referências, mas não sabia que iria encontrar uma escola tão organizada e moderna”.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação , a escola campeã do 6º ao 9º ano ocupava o 10º lugar no provão do 3º bimestre. Em Português, o desempenho dos alunos subiu de 64,6% de acertos para 80,7%. Em Matemática, o salto foi de 58,4% para 75,9%.

Questões com mais erros eram repetidas

A correção das provas do quarto bimestre revelou que as questões que os alunos mais erraram foram justamente as que tinham sido repetidas da avaliação anterior. O uso de perguntas iguais chegou a ser questionado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), que não concordou com a metodologia e chegou a procurar o Ministério Público.

No 6º ano, apenas de 27,3% dos alunos conseguiram responder a uma questão de Matemática que já havia sido dada em avaliação e que tratava de problemas com números naturais. No 7º ano — em que 67% das perguntas da disciplina eram repetidas — , num item sobre fração apenas 18,4% dos estudantes conseguiram acertar, mesmo se tratando de conteúdo já ensinado: até o enunciado e resposta eram os mesmos. No 9º ano, na prova de Português, uma questão que exigia comparação entre textos, também repetida, foi a que teve pior desempenho nas turmas.

Reportagem de Christina Nascimento e Ricardo Albuquerque

FONTE  O DIA



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