No entanto, a maioria dos clamores e receitas de educação que circulam hoje pelo Brasil e pelo mundo representam na verdade grandes entraves para a universalização dessa educação para a cidadania, de qualidade, gratuita, laica e transformadora. O que querem de fato são respostas rápidas às exigências das engrenagens da economia, o crescimento da produtividade da mão de obra, a aquisição de vantagens comparativas dinâmicas pelas empresas para a concorrência no mercado.
Nesse contexto emergem muitos especialistas e gestores formulando e aplicando suas receitas de educação. Promovendo uma enxurrada de avaliações externas, focadas apenas nos conhecimentos de Português e Matemática, reduzindo o tempo de aulas das demais disciplinas, sobretudo de Sociologia e Filosofia. Lançando mão de bonificações para os professores com base no resultado obtido pelos alunos nessas avaliações, ao mesmo tempo que mantém a baixa remuneração e ausência de um plano de cargos e salários. O projeto é transformar a ação humana em repetições de papéis pré-fabricados para mover as engrenagens de um sistema baseado na limitação e negação de direitos.
Não, não estão todos pela educação. A crescente privatização do ensino, a perda da autonomia pedagógica dos professores, sucessivos ataques ao currículo escolar e a carreira docente vêm sendo empreendidos por muitos que aparentemente coincidem sobre a importância da educação. Os responsáveis por esse triste quadro sabem muito bem o que querem. E nós? É urgente que aqueles que lutam por um outro mundo possível, saibam separar o joio do trigo e sobretudo sejam capazes de oferecer alternativas em termos de políticas públicas para uma educação inclusiva e transformadora que dispute hegemonia com esse nefasto projeto.
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