Um estudo do professor Nicholas Davies, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, mostra bem como a falta de investimentos e o descaso para com a educação pública em nosso estado se mantém ao longo dos anos e continuou na gestão do governador Sérgio Cabral. A pesquisa do professor Nicholas Davies comprova que o número de matrículas na educação básica entre os anos de 2006 e 2009 teve uma queda significativa, o que faz com que o nosso estado possua hoje em dia uma das menores ofertas de escolas públicas, ficando atrás dos outros estados das regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. Enquanto isto, o número de matrículas na rede privada, não por acaso, apresentou um crescimento bastante significativo. Veja a conclusão do pesquisador:
O descompromisso dos governos estaduais do Rio de Janeiro com a educação pública não é de hoje e continuou no atual governo. Um indicador disso é a queda significativa do número de matrículas estaduais na educação básica (conceito que, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, abrange desde creche até o ensino médio) em 2009 na comparação com 2006, o que foi acompanhado, não por acaso, pelo crescimento do número de matrículas na rede privada. Em 2006 as matrículas estaduais totalizavam 1.490.137 e correspondiam a 35% do total no Estado. Já em 2009 caíram para 1.288.756 (- 201.381 ou -13,5%), respondendo por 32,2% do total. Por outro lado, as matrículas da rede privada, de 856.835 em 2006, correspondentes a 20,2% do total, subiram para 877.568 (+ 20.733 ou +2,4%) em 2009 e passaram a deter 21,9% do total.
Em outras palavras, o recuo do Estado na oferta de educação, que faz com que ele tenha uma das menores redes em termos percentuais (a oitava menor do Brasil e a menor das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste), tem resultado na maior presença da rede privada no Rio de Janeiro, que em 2009 foi em termos percentuais a segunda maior do Brasil (só perde para a do Distrito Federal).
No dia 14/8, o MEC divulgou os resultados do IDEB 2011 (Índice Básico de Desenvolvimento da Educação Básica), mostrando que a educação municipal “apresentou avanços”. A SME aproveitou a divulgação do índice para comemorar a "melhora" dos resultados. Mas os profissionais de educação da rede municipal sabem muito bem o quanto estes índices podem ser enganadores e que os resultados apresentados não traduzem a realidade das escolas municipais.
Leia aqui o estudo do professor Nicholas Davies.
Índice não mede a qualidade nem condições de trabalho nas escolas municipais:
A SME aproveitou a divulgação do índice para comemorar a "melhora" dos resultados. Mas os profissionais de educação da rede municipal sabem muito bem o quanto estes índices podem ser enganadores e que os resultados apresentados não traduzem a realidade das escolas municipais.
Para o Sepe, a qualidade na educação é mais do que IDEB, um índice precário, que combina fluxo escolar e desempenho e não leva em consideração as reais necessidades da escola. Um mecanismo que envolvesse os pais e a comunidade para discutir a escola como um bem público e que pudessem revindicar suas demandas no poder público seria muito mais bem-vindo.
A SME trata as escolas como fábricas e a comunidade como clientes em potenciais. O prefeito Eduardo Paes e a Secretária Cláudia Costin estão querendo pressionar de todas as maneiras para garantir o aumento do IDEB e mostrar sua “eficiência” na educação, utilizando esse argumento como plataforma eleitoral. É mais uma pressão para reforçar a política de “aprovação automática” disfarçada, implementada dentro das escolas e que ajudaria no aumento do IDEB.
A secretaria trabalha apenas com dois conceitos: forçar o professorado a produzir um IDEB elevado, sem efetivamente melhorar as suas condições de trabalho, e baratear o custo da educação, adotando medidas que reforçam a ideia de que, no fim das contas, os profissionais da educação são os responsáveis pelos problemas educacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Serão eliminados do Blog os comentários que:
1-Configurem qualquer tipo de crime de acordo com as leis do país;
2-Contenham insultos, agressões, ofensas e baixarias;
3-Contenham conteúdos racistas ou homofóbicos.