A implantação foi feita em conjunto entre as equipes das duas instituições, com contribuições do IPF para o projeto desenvolvido pela USP. A Corisco, por sua vez, usa como base o sistema Dspace, criado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e que é aplicado no mundo todo por centenas de instituições. "O que nós fizemos foi adaptar o Dspace para as nossas necessidades. Acrescentamos, por exemplo, um dispositivo para visualizar os livros completos na rede", explica o professor Edson Gomi, da Escola Politécnica (Poli) da USP, responsável pela plataforma.
Na versão original, os livros precisavam ser baixados e lidos no formato PDF. "O problema é que isso requeria o uso de programas específicos, de empresas privadas. Na Corisco, é necessário apenas o navegador", explica Gomi. Agora o IPF trabalha na ampliação dessa funcionalidade para o acesso ao acervo audiovisual de Paulo Freire, com ferramentas para assistir a vídeos e ouvir arquivos sonoros – tudo online e sem custos para o usuário.
Software livre
uso livre do Dspace e da Corisco é possível porque ambos se tratam de programas "open-source", ou seja, eles podem ser usados, adaptados e modificados livremente. O código do qual são constituídos está aberto para qualquer um. O exemplo mais famoso desse tipo de software é o Linux, um sistema operacional gratuito que faz frente ao Windows, propriedade da americana Microsoft.Por ser de uso livre, a Plataforma Corisco já está sendo implantada no acervo digital de instituições como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Senado Federal, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). E também para o Instituto Hercules Florence, a biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, e a biblioteca de obras raras da USP. Muitos deles contam com consultoria da equipe da USP.
"É um jeito de testar o sistema para encontrar falhas e aprimorá-lo", diz Gomi. Até agora, a Brasiliana USP digitalizou 3 mil livros ao longo de três anos. O professor espera que o processo se acelere após a conclusão do prédio que sediará a biblioteca com o acervo de Mindlin. "Teremos um espaço próprio lá, mais equipamentos e equipe para dar conta de todas as obras", completa. Também será preciso verificar os direitos autorais vigentes para cada título – só poderão ser disponibilizados na íntegra aquelas que já forem de domínio público.
Um dos desafios de se lidar com softwares open-source é que o aprimoramento depende apenas dos usuários, que o fazem de modo colaborativo e sem fins lucrativos. Não há uma empresa privada por trás para buscar novas soluções. Desse modo, é preciso escolher um sistema que possui número grande de usuários, para evitar que ele morra precocemente.
Acervo Paulo Freire
Por questões de direitos autorais, o IPF não pode digitalizar livros escritos por Paulo Freire. Tem direito, contudo, a colocar no ar artigos, manuscritos raros, itens não publicados, cartas e anotações dele. Também estarão disponíveis as publicações do instituto e textos de outros autores sobre o educador.
No total, serão 50 mil páginas de texto, mais de 3 mil fotos, 200 videos e cerca de duas mil páginas de obras em áudio, incluindo obras famosas do autor como Pedagogia do Oprimido e Aprendendo com a Própria História – disponíveis apenas na versão para ouvir. "Nada desse acervo pode ser utilizado para uso comercial ou obras derivadas", explica Anderson Fernandes de Alencar, coordenador do projeto.
Mais informações
Até o final deste mês, todas as páginas devem entrar no ar. Os vídeos já foram digitalizados e agora estão na fase final de conversão para a web. Estão sendo utilizadas extensões livres, que não requerem programas pagos para rodar. A única exceção são os arquivos para celular no formato mp4. "O objetivo é eliminar ao máximo as restrições de acesso à obra", diz Alencar.
Acervo do IPF: http://acervo.paulofreire.org/xmlui
Matéria publicada originalmente no USP Online.
Fonte:http://www.brasildefato.com.br/
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