10/11/2011

Folha e Estadão juntam-se à Globo contra os estudantes

Jornalismo B - Iniciadas na última semana, continuam as manifestações dos estudantes da USP contra a presença de policiamento ostensivo da PM no Campus da Universidade e contra a truculência que essa mesma polícia demonstrou em uma ação na semana passada. Continuam as mobilizações na USP e continua o debate fora dela. As velhas elites, os “herdeiros da Casa-Grande” – como bem chamou Mino Carta –, têm atacado os manifestantes através das mais variadas mentiras e distorções. Os ataques, em sua maioria enraizados nos mais conservadores preconceitos, costumam basear-se em informações distorcidas vindas diretamente de um setor da mídia que historicamente sempre esteve ao lado dos poderosos e contrário a qualquer tipo de ação de protesto.
Aqui no Jornalismo B também seguimos acompanhando os acontecimentos da USP. O post de segunda-feira mostrou charges de Carlos Latuff justamente sobre esse tipo de influência midiática, e o texto de terça desmascarou a reportagem do Jornal Nacional que atacou os estudantes. Os jornalões também estão na trincheira do lado de lá, e a cobertura feita nesta quarta-feira pelo Estadão e pela Folha de S. Paulo demonstram isso.
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Três textos se destacam no site do Estadão. O primeiro é obra de José Nêumanne, editorialista do Jornal da Tarde, e tem por título (absolutamente jornalístico, claro) “A revolução dos ‘bichos grilos’ mimados da USP”. O autor chama os estudantes de “vândalos”, “jovens turbulentos e estranhos ao expediente”, “invasores”, “grupelhos esquerdistas”, “filhinhos dos papais” e “bandidos”. Há também no Estadão um artigo de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo pelo DEM, agora no PSD, mas curiosamente não há nada escrito por algum estudante.
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O terceiro texto é uma matéria do repórter Felipe Tau. São oito entrevistados, mas a boa quantidade de fontes não se reflete em pluralidade. Dos seis estudantes ouvidos, um é a favor da greve dos estudantes iniciada nesta quarta. Para a fala dele, duas linhas. Contra a greve são três os entrevistados. Doze linhas para suas falas. Há ainda um mais ou menos em cima do muro. Por fim, há a citação de um aluno francês. O texto que introduz a pequena entrevista o coloca como mais um “em cima do muro”, mas a fala do estudante é totalmente favorável à greve. O Estadão manipula a declaração. Senão, vejamos. Diz a matéria: “Ele disse ser favorável à manutenção de um esquema de segurança no campus, mas criticou a ação da PM. ‘A polícia não deveria fazer uma invasão como a de ontem, ainda mais com uma tropa de elite. Se fosse na França, certamente os alunos se revoltariam e quebrariam tudo’”. Se ele disse ser favorável à presença da PM, o Estadão não mostrou.
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No site da Folha de S. Paulo, um artigo tenta justificar judicialmente as ações da PM e deslegitimar da mesma forma os atos dos estudantes. O título é “A invasão do prédio da USP do ponto de vista jurídico”. Há também um vídeo, entitulado “Conflito na USP vira pauta em reunião de socialites de SP”. Sim, a Folha resolveu cobrir uma reunião política de um grupo de socialites, e abriu o microfone para que falassem sobre suas opiniões sobre a corrupção e a USP. Uma chega a dizer que certamente os estudantes têm vinculação com a Venezuela, as Farc e as máfias chinesa, francesa e russa, segundo ela grupos anarquistas.
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Por fim, na maior matéria publicada no site sobre o tema, a Folha mostra novamente que não se furta em distorcer e brigar abertamente com as imagens que ela mesma produz. Em uma espécie de cronologia da desocupação da USP, há três fotos. Duas delas com legendas totalmente de acordo com o que é visto. Mas, na primeira foto, um escândalo. A imagem mostra um estudante com as mãos na nuca e um policial que, ao lado de vários outros, aponta um rifle contra o rosto do jovem. O texto da cronologia ligado à foto, que cumpre papel de legenda, diz: “Do lado de fora, estudantes protestam contra a operação e tentam ultrapassar o cerco policial. Um carro da PM tem o vidro danificado”.
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Estadão e Folha sempre estiveram a serviço da fatia mais conservadora da sociedade, e têm caminhado lado a lado aos governos do PSDB em São Paulo e às candidaturas dos tucanos ao governo federal. Não seria diferente agora, em um momento em que se enfrentam de um lado um grupo de estudantes que se rebela contra a truculência policial e de outro o reacionarismo das elites e o governo do PSDB de Alckmin.
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Fonte:http://www.diarioliberdade.org/

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