07/10/2011

Chile: Camila Vallejo denuncia repressão sem precedentes por parte dos Carabineros (+fotos)

Diário Liberdade - No último balanço oficial são ao menos 132 presos e 30 feridos. As forças policiais atuaram com grande violência contra grupos de estudantes secundaristas, universitários e dirigentes do Colégio de Professores, que se congregaram de maneira pacífica na praça Itália de Santiago.

"Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor "

SALVADOR ALLENDE


"Isto é inaceitável, o governo continua tirando sarro de nosso povo, a repressão e a violência de hoje não tem precedentes!!!", postou no Twitter a porta-voz da Confederação de Estudantes do Chile, Camila Vallejo, sobre a atuação que teve as forças especiais da polícia militar dos Carabineros contra a marcha convocada pela Confech e que não foi autorizada pela Superintendência Metropolitana.
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A destacada líder universitária se referiu em particular à repressão policial realizada contra milhares de jovens e trabalhadores concentrados na Praça Itália desta cidade para iniciar uma marcha pela Alameda no contexto das mobilizações contra a educação de mercado.
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Após o fracasso da mesa de diálogo com o Governo Piñera, que rechaçou nesta quinta-feira a demanda de ensino gratuito, universitários, secundaristas e professores convocaram uma marcha na Praça Itália para ratificar a luta que mantém desde há cinco meses e que estão a ponto de perder o ano escolar.
Desde cedo, através de seus carros lançadores de jato e lançadores de gases, as forças policiais atuaram com grande violência contra o grupo de estudantes secundaristas, universitários e dirigentes do Colégio de Professores que se congregaram cedo, de modo pacífico, na praça Itália.
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Os Carabineros por megafones instaram a se retirarem por não estar autorizado este ponto de concentração. Ao ver que ninguém se movia, atuou com todo o material repressor, enquanto um grupo de encapuzados os enfrentou com pedras e barricadas.
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Durante duas horas se viveu um ar irrespirável e a locomoção coletiva e privada teve de ser desviada.
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Os enfrentamentos terminaram com ao menos 132 presos, 25 carabineros feridos e cinco civis feridos, segundo o último balanço publicado pela prefeita de Santiago, Cecilia Pérez.
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Os ânimos vinham se acirrando desde a noite, quando os representantes dos secundaristas se retiraram após três horas da mesa de diálogo com o ministro da Educação, Felipe Bulnes, atitude imitada em seguida pelos líderes da Confech.
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O tema principal que abordaram ontem ambas as partes foi a gratuidade do ensino, que o movimento pretende que abarque a totalidade do sistema educacional, enquanto o govenro propõe sua limitação aos setores mais pobres e maior flexibilidade nos créditos com os quais os estudantes financiam sua educação.
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Foto: Camila Vallejo intoxicada com gases lacrimogêneos
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"Não nos parece que terminemos financiado gratuidade para todos, ou seja, que os pobres financiem a educação dos mais ricos; os ricos podem pagar a educação, não corresponde educação gratuita para os setores mais acomodados do país", explicou o ministro Bulnes, que precisou que o objetivo do governo é "avançar na gratuidade para os setores mais vulneráveis e avançar nas becas e créditos para classe média".
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"Aqui, ao que parece, há uma postura obtusa, que não quer escutar nossa demanda de mudança estrutural que queremos para a educação", respondeu Vallejo, que afirmou que "novamente" os estudantes sofreram "um portazo" ["bater a porta na cara" – N.T.] por parte do governo.
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"Não havia disposição por parte do governo para que a mesa tivesse o piso necessário para gerar acordos; vamos avaliar a situação com as bases e daremos um pronunciamento no sábado", explicou o vice-presidente da Confech, Francisco Figueroa, em relação com a assembleia que a Confech realizará em Valdivia.
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Foto: "Cobrimos nosso rosto para fazer-nos visíveis"
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A disputa se trasladou ao Congresso Nacional, onde parlamentares da oposição instou o presidente Sebastián Piñera a assumir um rol protagonista para solucionar o conflito.
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O deputado do Partido Socialista, Carlos Montes, sustentou que "toda a iniciativa em matéria de recursos e em matéria institucional é somente do Executivo", e precisa "assumir a responsabilidade de resolver esta demanda".
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O democrata cristão Patricio Vallespín afirmou que "quando o governo faz fracassar o diálogo com posições inflexíveis, nós ficamos com muito poucos graus de manobra", ainda que, advertiu, a oposição freará "a discussão dos péssimos projetos para fazer um olhar integral".
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O presidente do Senado, Guido Girardi (Partido Por la Democracia), afirmou que "o governo faz uma suposta defesa dos pobres", mas "o que há por trás disto é impedir o debate de uma reforma tributária".
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Os conflitos sociais, atravessados pela desigual distribuição da renda nacional, derivaram em uma crise de representação política, com altos índices de rechaço ao Governo e à oposição.
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Com informações de La Radio del Sur
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Estudante ferida por bomba lacrimogêneo no rosto
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