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Quem teria estrutura psicológica para retornar ao local de um massacre e, nele, voltar a estudar e lecionar, voltar a brincar e fazer planos para o futuro? Qual criança poderá descer e subir novamente as escadas, sem vê-las como um mar de sangue?
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Não se trata de um caso de polícia simplesmente. Não se trata de instalar detectores de metal e câmeras de vídeo; serão tão úteis ou inúteis como as que existem em bancos e outras instituições. De nada adianta pintar as paredes com novas cores. Celebrar cultos ecumênicos. Promover shows ou levar jogadores de futebol para visitar as vítimas. Nada disso vai alterar o passado. Pesadelos não podem ser controlados da noite para o dia.
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João Ubaldo Ribeiro, no domingo (Estado de S.Paulo, 17/04), descreveu a dor e o sofrimento que se abateram sobre aquela comunidade escolar e sobre nós:
"Coitados de tantos jovens trucidados bárbara e sadicamente, coitadas das mães que jamais se recuperarão do golpe recebido, coitados dos pais cujo sofrimento jamais cessará, coitados dos sobreviventes que jamais deixarão de carregar essa lembrança de terror, coitados de nós todos, lançados no horror de tanta aflição, participantes, mesmo muito distantes, da tragédia."Postura solidária
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Em inúmeras entrevistas e matérias, fica evidente que as crianças temem andar de novo por aqueles corredores, frequentar aquelas salas e reviver, na memória, o encontro cara a cara com a loucura e a morte.
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O fácil (e frio) discurso da superação é insuficiente. Por que o poder público carioca quer forçar o retorno às aulas neste prédio, a rápida recuperação da escola e da vizinhança? Tangencia-se o cinismo. Por que fazer de conta que tudo voltará à normalidade? Esquecer a história? A escola massacrada deveria se transformar agora num memorial da paz, num local para se refletir sobre temas da educação contemporânea: tolerância, inclusão, bullying...
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Que os alunos e professores sejam transferidos, em respeito à dor que sentem, à angústia, ao medo. Que a escola Tasso da Silveira seja realmente reinventada, mais do que maquiada. Que suas instalações recebam outro significado social e novas funções. Que se torne símbolo de uma postura solidária e humanitária!
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FONTE:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=638JDB004
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