11/02/2011

EDUCAÇÃO PAULISTA - A obesidade e o peso da mídia

Gabriel Perissé 

Um episódio recente, constrangedor, poderá ensinar os professores a abrirem espaço na mídia, jogando luzes sobre reivindicações históricas da categoria.
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Trata-se de um aprendizado, que pode nascer nas conversas de uma comunidade do Orkut e se concretizar em oferecimento de uma pauta. Trata-se de tornar público problemas desconhecidos da maioria, que atinjam simultaneamente a classe docente e outras classes. Em suma, trata-se de aproveitar o interesse da imprensa sobre determinados temas para, com o tempo, trazer à tona questões ainda mais prementes, como as condições de trabalho, os baixos salários, a real situação da educação brasileira.

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No ano passado, foi aberto concurso para 10.083 vagas na rede estadual de ensino do estado de São Paulo. Um ano depois, vários professores que superaram todas as etapas eliminatórias (uma prova, um curso à distância, uma nova prova) descobriram que o Departamento de Perícias Médicas de São Paulo os considerava inaptos. A argumentação, repetida pelo governador Geraldo Alckmin, é que o estatuto dos funcionários públicos exige que ingressantes no serviço público gozem de boa saúde. Nada a ver com aparência... dizem eles.

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Apelo à imprensa 

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Surgiram várias especulações sobre quais seriam os motivos por trás desse veredicto. Uma das hipóteses é a da obesidade mórbida. Considerada doença pela Organização Mundial da Saúde, justificaria a desclassificação de candidatos.
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De que adianta reclamar na sala de professores, e mais nada? Há, em geral (faz parte do perfil dessa profissão), abnegação e comodismo. Por outro lado, as contradições parecem não incomodar autoridades. Obesos foram eliminados. Mas como explicar professores agora discriminados pela obesidade que, no entanto, já foram aceitos antes como concursados ou temporários?

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Os prejudicados não recorreram à lenta justiça. Entraram em contato com os jornalistas. No dia 02/02, o Jornal da Record fez matéria em tom de denúncia:



Golpe de misericórdia 

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Também no dia 2, a Folha de S.Paulo publicou matéria sobre o tema, gerando multiplicação de referências na web, em blogs, em fóruns de discussão. No domingo, dia 6, o golpe de misericórdia, no Fantástico, reportagem de Renata Ceribelli.
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O secretário da Educação de São Paulo, Jacobus Cornelis Voorwald, tem agora grande oportunidade de tomar uma atitude à altura da situação. Ou será necessário adotar, para todos, o mesmo critério da obesidade impeditiva, colocando em xeque a posse de deputados, juízes e ministros que estejam acima do peso?

Fonte:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=628CID001


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