21/10/2009

A conversa tem de chegar à cozinha

Por Edson Amaro de Souza - SEPE Núcleo São Gonçalo.

Na Luta Pela Educação

Há muitos anos não há concurso para merendeira(o)s na rede pública estadual de ensino e essa falta afeta de perto a qualidade da merenda oferecida às nossas crianças, questão que não pode ser desprezada, pois as escolas públicas atendem crianças de comunidades carentes que, muitas vezes, têm a merenda como a principal ou única refeição do dia.


Não havendo concurso nos últimos anos, os(as) profissionais concursado(a)s têm se afastado da rede por motivos de saúde, aposentadoria, morte ou demissão, sendo substituídos por terceirizados, o que prejudica muito a organização do movimento sindical entre esses profissionais que também são importantíssimos para a Educação de nossas crianças e jovens.



Já diz o ditado popular que saco vazio não para em pé e, por isso, temos que discutir não apenas as condições de trabalho e a estabilidade de quem trabalha na cozinha, como também a qualidade e a quantidade da merenda escolar.


Convido a você que lê este texto a refletir por que nossos alunos não têm refeições que se igualem em quantidade e qualidade às dos restaurantes populares? Uma das razões é o pouco dinheiro que o governo estadual investe na alimentação de nossos alunos, que é apenas R$ 0,32 por cabeça diariamente. Ou seja, são precisos mais de dez alunos para que a escola compre um quilo de feijão e outro de arroz. Pior: os diretores têm de comprar apenas em estabelecimentos conveniados com o governo do estado, ao contrário das donas de casa que compram onde acham mais barato.


No início do ano, a secretária de Educação, Teresa Porto, mostrou-se disposta a elevar essa verba para cerca de R$ 2,30 por aluno diariamente. Desde que as cozinhas fossem terceirizadas. Vale dizer que uma merendeira concursada ganha pouco mais de R$ 500,00 por mês, o mesmo que uma merendeira que entre na escola indicada por uma empresa terceirizada, mas esta que não é concursada custa cerca de R$ 2000,00 para os cofres do estado. Não é preciso ser bom em Matemática para saber que sairia mais barato empregar gente concursada, não é mesmo? Mas o governo prefere os terceirizados porque essa diferença entre o que é pago por cada profissional e o que entra no bolso de quem trabalha vai para as gordas contas bancárias de empresários amigos do governador que, alegres e satisfeitos, agradecerão contribuindo com suas faraônicas campanhas eleitorais. Temos então de lutar para que esse dinheiro gasto com o enriquecimento dos amigos do governador melhore o salário de quem trabalha na cozinha e que todos os terceirizados sejam substituídos por profissionais concursados e com estabilidade.


É preciso dizer ainda que esses números indecentes impedem que nossos alunos tenham uma merenda de qualidade. Por exemplo, recentemente, os deputados da Comissão de Educação da ALERJ incluíram no cardápio escolar o queijo de cabra. Você já viu isso sendo servido em alguma escola estadual? Com essa mísera verba paga por cada estudante, esse cardápio torna-se uma lei para inglês ver. Mas a secretária Teresa Porto declarou-se disposta a destinar R$ 2,30 diariamente por estudante desde que esse dinheiro beneficiasse os amigos do governador, como nos restaurantes populares, onde todos são terceirizados, o que ajuda a enriquecer os empresários que apóiam o governo estadual. Assim sendo, dinheiro suficiente para melhorar e muito a merenda escolar há, mas eles só querem gastá-lo em proveito próprio. É preciso fazer uma campanha para que esse dinheiro esteja disponível agora mesmo e liberar os diretores para que comprem alimentos onde for mais em conta, desde que administrem o dinheiro com honestidade e transparência, sendo fiscalizados pela comunidade escolar. E, nas comunidades rurais, que se dê prioridade às cooperativas de produtores locais, fortalecendo a agricultura familiar e os pequenos produtores.


ESTUDANTE QUE SE ALIMENTA BEM APRENDE MELHOR!


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