Prefeitura de São Gonçalo irá demolir escola municipal
Danielle Rabello e Gutemberg Ramon
A Prefeitura de São Gonçalo decidiu demolir a Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, na localidade de Manoel da Ilhota, em Itaoca, para construir um novo prédio. Mas enquanto a nova escola não estiver pronta, os alunos terão de estudar em um prédio provisório de madeira, que será levantado no terreno da escola. Os pais dos alunos reclamam que não foram avisados sobre a obra, nem como ela será desenvolvida, e exigem saber qual será o destino dos alunos durante as intervenções.
A unidade do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado, em São Gonçalo, (Sepe-SG) critica a realização das obras durante o período letivo, argumentando que elas deveriam ser realizadas durante as férias, para não prejudicar as aulas.
"Foi a primeira escola em que trabalhei, em 1991, e é fato que precisa de obra, mas o que nos assusta é esse anúncio feito no meio do ano letivo. Isso prejudica o andamento das aulas. Não tem condições de prosseguir com as aulas em um prédio improvisado, com uma obra ao lado, com poeira e barulho. É uma obra para ser feita em dezembro", criticou a diretora do Sepe-SG, Iara de Souza Ferreira.
Explicações – O presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de São Gonçalo, vereador Marlos Costa (PT), também foi pego de surpresa com o anúncio da obra em meio ao ano letivo e informou que irá pedir explicações à Secretaria de Educação, e negociar para que as intervenções só comecem após o fim do ano letivo.
"É um absurdo colocar os alunos em um prédio provisório com obra ao lado. Uma demonstração de improviso e falta de planejamento da Secretaria de Educação. Já convivemos com o drama da Escola Municipal Luiz Gonzaga, que era para ser construída em seis meses e está há três anos em um prédio provisório, e agora vão tentar piorar colocando a Carlos Drumond de Andrade em um prédio de madeira. É inaceitável", disse Marlos.
A dona de casa Vilma Alice Moraes, mãe de um aluno da 3ª série, diz que até o momento só ouviu boatos sobre as obras.
"Ouvi por alto que vão demolir a escola e construir outra no lugar, mas não fui informada de como isso vai acontecer. O que sei é que o piso está ruim, mas não sei se tem algum outro problema", reclamou Vilma.
Sem informação – A também dona de casa Ana Paula Pereira Monteiro, mãe de três alunos da escola, um da alfabetização, um da 1ª série e outro da 2ª, não sabia sequer que a escola passará por obras.
"Não recebi nenhum comunicado até agora. Se for mesmo verdade, não sei nem para onde as crianças vão. O pior é que eles gostam da escola, vão a pé para lá", lamentou Ana Paula.
Mãe de um aluno da alfabetização, a dona de casa Carla da Conceição, teme ter que transferir o filho da unidade.
"Estão dizendo que vão demolir a escola e construir outra, mas a direção não falou nada com a gente ainda. Se a escola acabar vou ter que colocar meu filho no Ciep do Salgueiro, onde a irmã dele estuda", argumentou Carla.
Justificativa e prazo para obra
No dia 13 de julho, a Prefeitura publicou no Diário Oficial, a contratação da empresa Perfil Nichteroy Construções LTDA para a construção da escola provisória e do prédio principal da escola, pelo valor de R$ 1.721.092,72. O prazo para conclusão é de seis meses a partir da publicação, segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Educação (SME). A empresa é a mesma que assumiu as obras da Escola Municipal Luiz Gonzaga, em junho.
A justificativa da SME para a demolição é que o prédio atual, em breve, não atenderá mais a demanda da região. Além disso, a unidade também apresentaria desgaste característico de construções pré-moldadas e necessidade de modernização das instalações.
Enquanto o novo prédio, com dois pavimentos em alvenaria, não estiver pronto, os 387 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental estudarão em prédio provisório. De acordo com a SME, uma forma rápida, segura e adequada à finalidade. O prédio provisório terá oito salas com teto rebaixado, iluminação e ventilação adequadas.
A assessoria disse que os pais foram informados antes do início das férias de que o prédio atual será demolido. Contudo, a SME alega que não foi possível dar mais detalhes à comunidade escolar, já que o processo ainda estava em fase de licitação. Após o retorno das aulas, os pais terão mais detalhes sobre a obra.
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